As poesias de Gregório corriam em manuscrito de mão em mão, e o governador da Bahia, dom João de Alencastro, que tanto admirava "as valentias dessa musa", coligia os versos de Gregório e os fazia transcrever em livros especiais, além das cópias de seus admiradores, entre os quais o licenciado Manuel Pereira Rabelo, que também legou à posteridade a melhor biografia do Poeta. Gregório não compilou os versos, razão por que se torna difícil, à falta de cronologia, o estudo crítico da obra e da vida do Poeta. E assim foram sendo reunidas as poesias de Gregório, e aparecendo depois apógrafos e códices, que traziam também poemas alheios à musa gregoriana e atribuídos a ele. Entre os melhores códices e os mais completos, destacam-se o da Biblioteca Nacional, o de Varnhagen no Palácio Itamarati e o códice Asensio-Cunha, que serviu de base para a edição das poesias de Gregório realizada por James Amado em 1968, talvez o melhor códice de Gregório. A Academia Brasileira resolveu empreender a publicação das obras completas do Poeta e, recenseando os apógrafos que constam nessas coleções, distribuiu a produção poética de Gregório em cinco volumes: I. Sacra, aparecido em 1929; II. Lírica, em 1923; III. Graciosa; IV. Satírica; V. Satírica, estes três últimos de 1930. O dr. Afrânio Peixoto adquire pouco depois, num leilão realizado em Lisboa, dois magníficos códices que destinou à Biblioteca Nacional. O 2° códice, com 819 páginas, é o mais rico em composições do Poeta. Não é de estranhar que outros códices existam ainda. Afrânio Peixoto publica, então, em 1933, por ocasião do centenário do Poeta, o 6° volume da obra gregoriana, com o título de Última, compilação de poesias que encontrou nos referidos códices rematados, e que não constavam nas demais coleções conhecidas. [...] Na Biblioteca Municipal de São Paulo há uma cópia datilografada dos versos pornográficos de Gregório, com o título Satyras Sotádicas de Gregório de Matos (869.9711, G1). Da Erótica, há dois códices datilografados, um na Academia Brasileira de Letras, outro na Biblioteca Nacional, ambos organizados por Afrânio Peixoto. [...] Assinalou Eugênio Gomes (no Correio da Manhã, 17 dez. 1955, posteriormente republicado em Visões e Revisões, Rio de Janeiro, INL, 1958, pp.18-28), na obra de Gregório de Matos três sonetos, de autoria conhecida, a Fênix Renascida, o que evidencia a responsabilidade dos copistas, contemporâneos ou não, que incluíam nos códices, por inescrúpulo, inadvertência ou zelo mal dirigido, muita poesia de procedência diversa que circulava oralmente entre o povo. |