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SUJEITOS |
⯈ Os sujeitos da aprendizagem são concretos, históricos, marcados cultural e socialmente. ⯈ A perspectiva da criança também é assumida nas práticas pedagógicas, e não somente a do adulto. Essa mudança de olhar tem expandido a compreensão de como o princípio alfabético e outros conhecimentos relativos à escrita vêm a ser conhecidos e usados pelas crianças, atentando para o que elas podem e sabem fazer, e não para o que elas não podem e não sabem fazer. ⯈ A atenção se volta para quem elas são, e não para quem elas poderiam ou deveriam ser. |
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LINGUAGEM |
⯈ Atividade constitutiva, que se faz e se refaz pelo sujeito na direção do outro, isto é, na perspectiva ética da alteridade (GOULART, 2001GOULART, C. M. A. Letramento e polifonia: um estudo de aspectos discursivos do processo de alfabetização. Revista Brasileira de Educação, São Paulo, n. 18, p.5-21, set./dez, 2001.). |
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SISTEMA ALFABÉTICO |
⯈ O sistema alfabético é aprendido em contexto enunciativo, porém esse não se constitui numa moldura para o ensino. O chamado aspecto fônico da escrita não pode ser ensinado de forma isolada de outras dimensões do processo de alfabetização. ⯈ A "consciência" linguística não é uma pré-condição para a leitura e a escrita. Esta "consciência", em suas diferentes modalidades, se desenvolve por meio de atividades significativas, com textos, destaques e intervenções da professora e dos próprios alunos. |
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GRAMÁTICA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA ANÁLISE LINGUÍSTICA |
⯈ A gramática da língua deve ser entendida como um sistema aberto a uma multiplicidade de escolhas dos sujeitos, no plural. ⯈ Os aspectos internos às estruturas e aos sistemas linguísticos devem ser vistos em relação dinâmica e complexa com os aspectos que os caracterizam externamente. |
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GÊNEROS DO DISCURSO |
⯈ Na dinâmica da sala de aula, as crianças, sentindo-se confirmadas como pessoas, afirmam-se, dizendo as suas palavras, falando sobre o que sabem, evidenciam os gêneros do discurso que conhecem e abrem-se para novas apropriações. |
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PROCESSOS DE APRENDIZAGEM DA ESCRITA |
⯈ Processos que as crianças vivem para compreender como se organiza e se realiza a escrita, tanto do ponto de vista formal quanto de sua dimensão político-social, envolvem grande complexidade de conhecimentos. ⯈ No processo de aprender, as crianças articulam a imaginação, a realidade, a casa, a escola, a rua, o medo, a coragem com os conhecimentos, transitando livremente entre saberes, sentimentos e sensações. ⯈ O desafio à criação e à aprendizagem crítica é de suma relevância. |
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RELAÇÕES DE ENSINO |
⯈ Importa afirmar os cidadãos que, desde muito pequenas, as crianças são e os conhecimentos que têm. ⯈ O trabalho educativo deve ser contextualizado no horizonte de diferentes linguagens/conhecimentos sociais; logo, também no horizonte da cultura escrita, com seus produtos e práticas. ⯈ Colher a dialogicidade própria dos discursos que se produzem em sala de aula propicia conhecer melhor os alunos e abrir espaços para que eles também se conheçam e ampliem seus conhecimentos. ⯈ Salas de aula precisam ser espaços que se caracterizem por procedimentos heurísticos, em que professores e alunos não parem de buscar novas formas de conhecimento e ação. ⯈ O foco do trabalho pedagógico está no acompanhamento dos processos de aprendizagem e de suas produções, compreendendo o que as crianças sabem. ⯈ Os processos de aprendizagem e de ensino necessitam de amplos espaços dialógicos e dialogizados, para que possam florescer argumentos de vários tipos, como: o indutivo, do tipo simbólico, que se baseia em hábitos, sem relação de constrição entre premissa e conclusão, e caracterizando-se por repetição e identidade; o dedutivo, do tipo indicial, em que a conclusão deriva das premissas; e o abdutivo, do tipo icônico, altamente dialógico, implicando amplo espaço para invenção e grande margem de erro. |
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PERSPECTIVA DA CRIANÇA |
⯈ As crianças se tornam leitoras e produtoras de textos não só em linguagem verbal, oral e escrita, mas em outras formas de expressão, como a pintura, visitando as obras de grandes pintores; a escultura; o cinema; o teatro; a música; a dança, entre outras (GOULART, 2005GOULART, C. M. A. Letramento e polifonia: um estudo de aspectos discursivos do processo de alfabetização. Revista Brasileira de Educação, São Paulo, n. 18, p.5-21, set./dez, 2001.). ⯈ A aprendizagem da leitura e da escrita a partir de textos - e com base neles - se fortalece com a possibilidade de os alunos mergulharem nos sentidos do que leem e inventarem novos sentidos para os textos que escrevem, por meio de atividades heurísticas, como movimentos intelectuais para lidar com as demandas que as situações objetivas de aprendizagem implicam. ⯈ Com boas intervenções de professores e, também, de colegas de classe, vão ampliando conhecimentos e, ao mesmo tempo, aprendendo o funcionamento da escrita, discriminando e manipulando a relação entre sons e letras, entre outras distinções (GOULART et al, 2005GOULART, C. M. A. Letramento e polifonia: um estudo de aspectos discursivos do processo de alfabetização. Revista Brasileira de Educação, São Paulo, n. 18, p.5-21, set./dez, 2001.). |
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PERSPECTIVA DA PROFESSORA |
⯈ Olhar para as crianças como leitoras e produtoras de textos, na perspectiva do que já são e do potencial que têm. ⯈ Levar as crianças a sentir que podem, que devem ousar, correr riscos, para que se confirmem como pessoas capazes e se disponham a trocar de lugar conosco, falando, expondo seus saberes, discutindo. ⯈ Movimentar-nos em direção ao outro, para afirmarmo-nos e confirmarmo-nos como educadores comprometidos com o sentido ético, humano, de nossa profissão. ⯈ Assumir o papel de ensinar a escrita, de propor questões, revisões, reescritas, de discutir limites e possibilidades para as produções infantis. ⯈ Não temer as escritas estranhas que, muitas vezes, as crianças produzem ou interpretações e leituras bizarras que eventualmente proponham.(GOULART, 2019, p.33-36GOULART, C. M. A. Para início da conversa sobre os processos de alfabetização e de pesquisa. In: GOULART, C. M. A., GARCIA, I. H. M.; CORAIS, M. C. (orgs.). Alfabetização e discurso: dilemas e caminhos metodológicos. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2019. p.13-45.) |