RESUMO
Neste artigo proponho uma análise dialógica de cinco charges online tematizadas pelo termo cristofobia, que reverberam o discurso na ONU do ex-presidente do Brasil (2019-2022) em setembro de 2020. Nele o mandatário conclamava a comunidade internacional a combater a cristofobia. Nas charges, o sentido de perseguição a cristãos é tensionado, apresentando um quadro de antagonismo interdiscursivo entre posicionamentos cristãos e dos fanáticos seguidores do ex-presidente. Partindo da premissa de que a charge é um gênero discursivo privilegiado para compreender as ressonâncias dialógicas entre interlocutores e discursos, a cristofobia é trabalhada como enunciado que responde a escalas de sentido que se revelam na relação entre as enunciações observadas. Percebe-se nas charges um jogo discursivo de incompatibilidade e estranhamento que produz um Outro cristofóbico em oposição a um “nós minoritário” e perseguido, apresentado no discurso da ONU. Nesse arranjo enunciativo, ressalta-se uma percepção sobre intolerância religiosa como resultado da agenda política do alinhamento ideológico-religioso do ex-presidente do Brasil.
PALAVRAS-CHAVE:
Cristofobia; Enunciado; Análise Dialógica; Religião; Alteridade