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Inovação e Marcas: A Perspectiva dos Gestores em Estudo de Casos Múltiplos no Triângulo Mineiro

RESUMO

O artigo tem como objetivo geral identificar o que é uma marca inovadora na perspectiva dos gestores de empresas do Triângulo Mineiro e descrever como eles administram as marcas inovadoras. Realizou-se um estudo de casos múltiplos com cinco empresas inovadoras de quatro setores econômicos: telecomunicações, tecnologia da informação, produtos químicos e eletricidade. As entrevistas com esses gestores foram submetidas à análise de conteúdo, sendo estabelecidas dezesseis categorias, entre elas: definição de inovação; características de marca inovadora; motivos para inovar; relação entre marcas e inovação; área responsável pela inovação; disseminação da inovação; cultura organizacional de novas ideias; tipos de inovação; redução de tempo, custos e riscos à inovação; relação da empresa com o mercado; estratégias de marca; personalidade de marcas; integração do consumidor final na inovação; recompensas para o consumidor; e herança de marca. Ao final, são apresentadas contribuições teóricas e gerenciais que podem ser aplicadas ou adaptadas a outras organizações no seu processo de inovação e gestão de marcas. Neste sentido, importante destacar que, nos casos estudados, a inovação incremental é dominante; há prevalência do estágio em que as inovações de sucesso melhoram a percepção de marca, a atitude e o uso dos consumidores; e as empresas estudadas puderam ser distribuídas em duas das possibilidades de inovação propostas por Brexendorf et al. (2015): follower brands e craft-designer led brands.

PALAVRAS-CHAVE
Inovação; Marcas; Marcas Inovadoras

ABSTRACT

This article aims to identify what an innovative brand is from the perspective of business managers in a region of Brazil, and describe how they manage innovative brands. A multiple case study was carried out with five innovative companies from four economic sectors: telecommunications, information technology, chemicals, and electricity. The interviews with these managers were processed with content analysis, being established sixteen categories which include: definition of innovation; innovative brand features; reasons for innovation; relationship between brands and innovation; area responsible for innovation; dissemination of innovation; organizational culture of new ideas; types of innovation; reduction of time, costs and risks to innovation; relationship between the company and the market; brand strategies; brand personality; integration of the end consumer into innovation; rewards for the consumer; and brand heritage. At the end, theoretical and managerial contributions are presented that can be applied or adapted to other organizations in their process of innovation and brand management. In this sense, it is important to highlight that, in the studied cases, incremental innovation is dominant; the stage at which successful innovations improve consumer brand awareness, attitude, and usage prevails; and the companies studied could be distributed in two of the innovation possibilities proposed by Brexendorf et al. (2015): follower brands and craft-designer led brands.

KEYWORDS
Innovation; Brands; Innovative Brands

1. INTRODUÇÃO

A gestão da inovação e a gestão de marcas passaram a receber atenção crescente da administração das empresas nas últimas décadas. É possível observar uma relação de interdependência entre a gestão de marcas e a gestão da inovação na forma de um círculo virtuoso (Brexendorf, Bayus, & Keller, 2015Brexendorf, T. O., Bayus, B., & Keller, K. L. (2015). Understanding the interplay between brand and innovation management: findings and future research directions.Journal of the Academy of Marketing Science,43(5), 548-557.). A inovação organizacional tem como consequência o desempenho de marca aferido em termos de crescimento de vendas, participação de mercado e desempenho geral (Weerawardena, Cass, & Julian, 2006Weerawardena, J., O’Cass, A., & Julian, C. (2006). Does industry matter? Examining the role of industry structure and organizational learning in innovation and brand performance.Journal of business research,59(1), 37-45.).

Desse modo, o objetivo deste artigo é identificar o que é uma marca inovadora na perspectiva dos gestores de empresas do Triângulo Mineiro e descrever como eles administram as marcas inovadoras.

A região do Triângulo Mineiro está situada em Minas Gerais e é composta por mais de 50 municípios, dentre eles: Uberlândia; Uberaba; Araxá; Patrocínio; Ituiutaba; e Frutal. O Triângulo Mineiro ocupa a segunda posição em Produto Interno Bruto (PIB) do estado de Minas Gerais, atrás apenas do Território Metropolitano, que inclui a capital Belo Horizonte (Alves & Barbosa, 2017Alves, F. O., & Barbosa, D. D. G. (2017). A força do Triângulo Mineiro. Retrieved in April, 2018, from http://www.indi.mg.gov.br/a-forca-do-triangulo-mineiro/
http://www.indi.mg.gov.br/a-forca-do-tri...
).

O desenvolvimento desta pesquisa foi motivado também, ainda que existam muitos estudos que tratem de inovação e de marcas separadamente, pela existência de poucos trabalhos que relacionem os dois temas, havendo necessidade de uma maior integração entre a gestão de marcas e a gestão de inovação. Gestão de marcas e gestão da inovação podem reciprocamente se beneficiar, entretanto é possível observar que as marcas recebem pouca atenção na literatura de inovação, e a literatura de marcas faz pouca referência à inovação (Brexendorf et al., 2015Brexendorf, T. O., Bayus, B., & Keller, K. L. (2015). Understanding the interplay between brand and innovation management: findings and future research directions.Journal of the Academy of Marketing Science,43(5), 548-557.).

Alguns estudos abordando esses conceitos podem ser destacados: Maldonado-Guzman, Pinzon-Castro e Popoca-Zamarripa (2019Maldonado-Guzman, G., Pinzon-Castro, S. Y., & Popoca-Zamarripa, J. L. (2019). Brand Equity and Service Innovation in Mexican Small Firms. Journal of Economics and Business, 2(4), 1176-1184.) tratam da relação entre inovação em serviços e brand equity, buscando aproximar os dois conceitos por serem parte de estratégias empresariais capazes de gerar vantagens competitivas. Lin (2015Lin, Y. H. (2015). Innovative brand experience’s influence on brand equity and brand satisfaction. Journal of Business Research, 68, 2254-2259.) também comenta o papel da inovação na vantagem competitiva e destaca a importância de se considerar a experiência do consumidor com marcas inovadoras para a construção de relacionamentos sólidos (no caso, no setor aéreo, considerando a experiência com a marca inovadora, brand equity e a satisfação). Por sua vez, Sharma, Davcik e Pillai (2016Sharma, P., Davcik, N. S., & Pillai, K. G. (2016). Product innovation as a mediator in the impact of R&D expenditure and brand equity on marketing performance. Journal of Business Research, 69, 5662-5669.) analisam o papel da inovação de produtos como mediador da performance de mercados resultante dos investimentos em P&D e brand equity.

Pappu e Quester (2016Pappu, R., & Quester, P. G. (2016). How does brand innovativeness affect brand loyalty? European Journal of Marketing, 50(1/2), 2-28.) buscam investigar como a percepção dos consumidores sobre o caráter inovador de uma marca afeta a lealdade a essa marca. Grębosz (2017Grębosz, M. (2017). The Character of Brands Positioning Messages of Selected Innovative Companies. Handel Wewnętrzny, 5 (370), 180-189.) discute as características de posicionamento de mercado, comunicação e ciclo de vida de marcas inovadoras. O impacto de inovações radicais em categorias de produtos é o objeto de estudo de Bagga, Noseworthyb e Dawar (2016Bagga, C. K., Noseworthyb, T. J., & Dawar, N. (2016). Asymmetric consequences of radical innovations on category representations of competing brands. Journal of Consumer Psychology, 26 (1), 29-39.), com foco na percepção do consumidor em relação às marcas concorrentes quando uma delas introduz uma inovação radical, com ou sem mudança significativa nos atributos centrais da categoria. Dessa forma, nota-se que estudos englobando os temas inovação e marcas começam a surgir recentemente, havendo ainda lacunas a serem preenchidas nesse campo. Importante, portanto, destacar a relevância deste estudo, por abordar marcas inovadoras na perspectiva de gestores, buscando aprofundar o conhecimento sobre essas marcas, como são desenvolvidas e gerenciadas.

Gehlhar, Regmi, Stefanou e Zoumas (2009Gehlhar, M. J., Regmi, A., Stefanou, S. E., & Zoumas, B. L. (2009). Brand leadership and product innovation as firm strategies in global food markets.Journal of Product & Brand Management,18(2), 115-126.) realizaram um estudo com marcas líderes de mercado que indica que para uma marca se manter na liderança não basta apenas ela responder às mudanças da demanda. É necessário também que a empresa direcione o mercado através das suas inovações de produto e educação do consumidor. Tal estudo está alinhado ao entendimento de Schumpeter (1939Schumpeter, J. A. (1939). Business Cycles: a theoretical, historical, a statistical analisys of the capitalist process. New York: McGraw-Hill.), que postulava que as mudanças nos gostos dos consumidores por iniciativa dos próprios consumidores são muito pequenas e que elas são geradas pela ação dos fabricantes. Para Gehlhar et al. (2009), a liderança de uma marca depende da capacidade de diferenciação de seus produtos que pode ser obtida por meio da inovação de produto.

A combinação de inovação tecnológica e organizacional com a reputação da marca contribui para a criação e o desenvolvimento da personalidade de marca (Bhat & Bowonder, 2001Bhat, B., & Bowonder, B. (2001). Innovation as an enhancer of brand personality: Globalization experience of titan industries.Creativity and Innovation management,10(1), 26-39.). A inovação é um dos valores frequentemente almejado pelas marcas corporativas, pois é considerada um elemento que amplia a credibilidade da empresa e a aceitação de novos produtos (Aaker, 2004Aaker, D. A. (2004). Leveraging the corporate brand. California management review, 46(3), 6-18.).

Visando à consecução do objetivo deste artigo, optou-se pela realização de pesquisa qualitativa descritiva, com estudo de casos múltiplos com cinco empresas inovadoras de quatro setores econômicos: telecomunicações; tecnologia da informação; produtos químicos; e eletricidade. Os dados foram coletados a partir de entrevistas e documentos, com triangulação mediante o uso de diferentes fontes de informações. As entrevistas com os gestores das cinco empresas foram submetidas à análise de conteúdo clássica, com categorização feita através de análise temática.

Como resultados deste artigo, há a estrutura do sistema de categorias ou referencial de codificação adotada neste trabalho, constituída por 16 categorias (A a P) subdivididas em 99 subcategorias ou códigos, extraídos da literatura, bem como sua contagem frequencial (F).

Notou-se, entre as empresas estudadas, a prevalência das que buscam responder às necessidades dos consumidores [market-driven] em relação às que procuram influenciar o consumo do mercado [driven-markets] (Beverland, Napoli, & Farrelly, 2010Beverland, M. B., Napoli, J., & Farrelly, F. (2010). Can all brands innovate in the same way? A typology of brand position and innovation effort.Journal of Product Innovation Management,27(1), 33-48.). As cinco empresas pesquisadas do Triângulo Mineiro foram distribuídas em apenas duas possibilidades de inovação da tipologia de inovação e posicionamento de marca construída por Beverland et al. (2010Beverland, M. B., Napoli, J., & Farrelly, F. (2010). Can all brands innovate in the same way? A typology of brand position and innovation effort.Journal of Product Innovation Management,27(1), 33-48.): (1) follower brands (quatro das cinco empresas); e (2) craft-designer led brands (uma empresa). Nas cinco empresas pesquisadas, a inovação incremental prevalece em relação à inovação radical (Gatignon, Tushman, Smith, & Anderson, 2002Gatignon, H., Tushman, M. L., Smith, W., & Anderson, P. (2002). A structural approach to assessing innovation: Construct development of innovation locus, type, and characteristics.Management science,48(9), 1103-1122.).

Com base na perspectiva dos gestores das empresas estudadas, observou-se a presença de estratégias de corporate branding (Rao, Agarwal, & Dahlhoff, 2004Rao, V. R., Agarwal, M. K., & Dahlhoff, D. (2004). How is manifest branding strategy related to the intangible value of a corporation?.Journal of Marketing,68(4), 126-141.; Sanchez, 2004Sanchez, R. (2004). Conceptual analysis of brand architecture and relationships within product categories.Journal of Brand Management,11(3), 233-247.), mixed branding (Rao et al., 2004Rao, V. R., Agarwal, M. K., & Dahlhoff, D. (2004). How is manifest branding strategy related to the intangible value of a corporation?.Journal of Marketing,68(4), 126-141.) e house of brands (Rao et al., 2004Rao, V. R., Agarwal, M. K., & Dahlhoff, D. (2004). How is manifest branding strategy related to the intangible value of a corporation?.Journal of Marketing,68(4), 126-141.; Sanchez, 2004Sanchez, R. (2004). Conceptual analysis of brand architecture and relationships within product categories.Journal of Brand Management,11(3), 233-247.); e a presença somente de duas das dimensões da personalidade de marcas propostas por Muniz e Marchetti (2012Muniz, K. M., & Marchetti, R. Z. (2012). Brand personality dimensions in the Brazilian context.BAR-Brazilian Administration Review, 9(2), 168-188.): a credibilidade e a audácia.

A partir dos resultados da pesquisa, o artigo traz contribuições teóricas e gerenciais. Como contribuições teóricas, destaca-se a identificação da prevalência do estágio conceitual em que as inovações de sucesso melhoram a percepção de marca, a atitude e o uso dos consumidores (Brexendorf et al., 2015Brexendorf, T. O., Bayus, B., & Keller, K. L. (2015). Understanding the interplay between brand and innovation management: findings and future research directions.Journal of the Academy of Marketing Science,43(5), 548-557.) e da inovação incremental em relação à inovação radical (Gatignon et al., 2002Gatignon, H., Tushman, M. L., Smith, W., & Anderson, P. (2002). A structural approach to assessing innovation: Construct development of innovation locus, type, and characteristics.Management science,48(9), 1103-1122.). Além disso, tem-se a classificação das empresas estudadas em apenas duas possibilidades de inovação da tipologia de inovação e posicionamento de marca construída por Beverland et al. (2010Beverland, M. B., Napoli, J., & Farrelly, F. (2010). Can all brands innovate in the same way? A typology of brand position and innovation effort.Journal of Product Innovation Management,27(1), 33-48.): follower brands; e craft-designer led brands.

A estrutura do referencial de codificação adotada no estudo (constituída por 16 categorias subdivididas em 99 subcategorias), definidos a partir da literatura, pode ser utilizada em pesquisas futuras, contribuindo para o conhecimento nesse campo.

Como contribuições gerenciais, é importante destacar algumas melhores práticas, como a criação de centro de inovação, programas de prospecção e parcerias com startups, ambiente que estimule a inovação e novas ideias e utilização de recursos de políticas públicas destinadas ao fomento da inovação.

2. INOVAÇÃO

É possível observar um consenso quanto à importância da inovação para o desenvolvimento econômico e social (Van de Ven, 1986Van de Ven, A. H. (1986). Central problems in the management of innovation.Management science,32(5), 590-607.). A ausência de inovações capazes de solucionar os problemas de ordem social e econômica contribui para um maior empobrecimento da sociedade como um todo (Bers, Dismukes, Miller, & Dubrovensky, 2009Bers, J. A., Dismukes, J. P., Miller, L. K., & Dubrovensky, A. (2009). Accelerated radical innovation: Theory and application.Technological Forecasting and Social Change,76(1), 165-177.). Para Galbraith (1999Galbraith, J. R. (1999). Designing the innovation organization.[CEO Publication G 99-7 (366)].Center for effective organizations (CEO), Los Angeles, CA-USA: CEO.), a inovação é algo universalmente desejável.

No âmbito da firma, Schumpeter (1939Schumpeter, J. A. (1939). Business Cycles: a theoretical, historical, a statistical analisys of the capitalist process. New York: McGraw-Hill.) já destacava a importância do papel da inovação ao apontar que o obsoletismo ou a ausência do novo nas empresas seriam a razão primordial de elas não existirem para sempre. Para ele, a causa natural do fim das empresas reside em elas não serem capazes de manter o ritmo de inovação que as mantinha prósperas. Segundo Damanpour e Gopalakrishnan (2001Damanpour, F., & Gopalakrishnan, S. (2001). The dynamics of the adoption of product and process innovations in organizations.Journal of management studies,38(1), 45-65.), a competitividade da empresa depende da adoção de inovações de produto e de processo.

Não existe consenso na literatura em relação aos conceitos de inovação (Gatignon, Tushman, Smith, & Anderson, 2002Gatignon, H., Tushman, M. L., Smith, W., & Anderson, P. (2002). A structural approach to assessing innovation: Construct development of innovation locus, type, and characteristics.Management science,48(9), 1103-1122.; Moch, & Morse, 1977Moch, M. K., & Morse, E. V. (1977). Size, centralization and organizational adoption of innovations.American sociological review, 716-725.; Testa, Luciano, & Jaeger Neto, 2013Testa, M. G., Luciano, E. M., & Jaeger Neto, J. I. (2013). Identificando o Potencial de Inovação das organizações por meio da análise do portfólio de projetos de Tecnologia da Informação.Gestão & Produção, 23(3), 495-510.). Há na literatura duas perspectivas diferentes para entender a inovação (Birkinshaw, Hamel, & Mol, 2008Birkinshaw, J., Hamel, G., & Mol, M. J. (2008). Management innovation.Academy of management Review,33 (4), 825-845.; Testa et al., 2013Testa, M. G., Luciano, E. M., & Jaeger Neto, J. I. (2013). Identificando o Potencial de Inovação das organizações por meio da análise do portfólio de projetos de Tecnologia da Informação.Gestão & Produção, 23(3), 495-510.). Para uma corrente de autores, a inovação tem como parâmetro o estado da arte, enquanto para outra corrente a inovação tem como referência a organização, sendo os dois pontos de vista válidos (Birkinshaw et al., 2008Birkinshaw, J., Hamel, G., & Mol, M. J. (2008). Management innovation.Academy of management Review,33 (4), 825-845.).

A inovação é diferente da invenção (Mohr, 1969Mohr, L. B. (1969). Determinants of innovation in organizations.American political science review,63(1), 111-126.; Van de Ven, 1986Van de Ven, A. H. (1986). Central problems in the management of innovation.Management science,32(5), 590-607.). Uma invenção está associada com fazer existir uma coisa nova, ao passo que uma inovação está relacionada com fazer com que a coisa nova seja usada (Mohr, 1969Mohr, L. B. (1969). Determinants of innovation in organizations.American political science review,63(1), 111-126.). A invenção é o resultado de uma atividade individual, enquanto a inovação é o resultado da atividade coletiva e institucional que buscou transformar uma determinada invenção ou ideia nova em um bem de circulação (Van de Ven, 1986Van de Ven, A. H. (1986). Central problems in the management of innovation.Management science,32(5), 590-607.). Assim, para uma invenção ou ideia nova se tornar uma inovação, é necessário que ocorra sua implementação e institucionalização (Van de Ven, 1986Van de Ven, A. H. (1986). Central problems in the management of innovation.Management science,32(5), 590-607.).

De uma forma bastante ampla, Schumpeter (1939Schumpeter, J. A. (1939). Business Cycles: a theoretical, historical, a statistical analisys of the capitalist process. New York: McGraw-Hill.) inclui no termo inovação qualquer coisa feita de forma diferente. Mohr (1969Mohr, L. B. (1969). Determinants of innovation in organizations.American political science review,63(1), 111-126.) considera que o conceito de inovação não está relacionado à ideia de criatividade por si, mas à ideia de adoção de algo não tradicional, que pode ter sido inventado tanto dentro quanto fora da organização. Por sua vez, o Manual de Oslo define inovação como: “implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas” (Financiadora de Estudos e Projetos [FINEP], 2005FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos. (2005). Manual de Oslo. Retrieved April 3, 2017, from Retrieved April 3, 2017, from http://www.finep.gov.br/images/apoio-e-financiamento/manualoslo.pdf.
http://www.finep.gov.br/images/apoio-e-f...
, p. 55).

O Manual de Oslo propõe também uma definição de empresa inovadora que toma por base a inovação de produto e processo na qual a empresa inovadora em produto/processo é aquela que implementou um produto ou processo novo ou significativamente melhorado ao longo do período de análise (FINEP, 2005FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos. (2005). Manual de Oslo. Retrieved April 3, 2017, from Retrieved April 3, 2017, from http://www.finep.gov.br/images/apoio-e-financiamento/manualoslo.pdf.
http://www.finep.gov.br/images/apoio-e-f...
).

As inovações incrementais podem ser definidas como aquelas orientadas para uma melhoria de preço e/ou desempenho numa taxa de progresso coerente com a taxa de progresso da trajetória técnica existente (Gatignon et al., 2002Gatignon, H., Tushman, M. L., Smith, W., & Anderson, P. (2002). A structural approach to assessing innovation: Construct development of innovation locus, type, and characteristics.Management science,48(9), 1103-1122.). Tironi e Cruz (2008Tironi, L. F., & Cruz, B. D. O. (2008). Inovação incremental ou radical: há motivos para diferenciar? Uma abordagem com dados da PINTEC.) definem inovação incremental como aquela que propicia melhoramentos nos produtos e processos já existentes, tais como características técnicas, usos e custos.

Já as inovações radicais são aquelas que promovem um avanço em preço e/ou desempenho numa taxa de progresso superior à taxa de progresso da trajetória técnica existente (Gatignon et al., 2002Gatignon, H., Tushman, M. L., Smith, W., & Anderson, P. (2002). A structural approach to assessing innovation: Construct development of innovation locus, type, and characteristics.Management science,48(9), 1103-1122.). Para Tironi e Cruz (2008Tironi, L. F., & Cruz, B. D. O. (2008). Inovação incremental ou radical: há motivos para diferenciar? Uma abordagem com dados da PINTEC.), inovação radical é aquela pautada em uma novidade tecnológica ou mercadológica, capaz de criar um novo mercado, e até levar à descontinuidade (disruption) do mercado existente. As inovações incrementais são preferidas em detrimento das inovações radicais, em virtude do custo (Utterback, & Abernathy, 1975Utterback, J. M., & Abernathy, W. J. (1975). A dynamic model of process and product innovation.Omega, 3(6), 639-656.). O risco e o nível de incerteza comercial e tecnológica são superiores nas inovações com maior grau de novidade (Tironi, & Cruz, 2008Tironi, L. F., & Cruz, B. D. O. (2008). Inovação incremental ou radical: há motivos para diferenciar? Uma abordagem com dados da PINTEC.).

Segundo Pihlajamaa (2017Pihlajamaa, M. (2017). Going the extra mile: Managing individual motivation in radical innovation development.Journal of Engineering and Technology Management,43, 48-66.), a implementação da inovação radical depende dos esforços das pessoas. Consoante Bers et al. (2009Bers, J. A., Dismukes, J. P., Miller, L. K., & Dubrovensky, A. (2009). Accelerated radical innovation: Theory and application.Technological Forecasting and Social Change,76(1), 165-177.), inovações radicais são iniciadas com uma relevante crise ou oportunidade de mercado e, por mais radicais que sejam, as inovações partem de um conhecimento anterior.

A adoção da inovação permite à empresa manter ou até aumentar sua produção a um custo total menor, ainda que os preços dos fatores de produção permaneçam constantes, o que confere à empresa um maior nível de competitividade (Schumpeter, 1939Schumpeter, J. A. (1939). Business Cycles: a theoretical, historical, a statistical analisys of the capitalist process. New York: McGraw-Hill.). Os resultados da pesquisa de Schmidt (2013Schmidt, R. C. (2013). Price competition and innovation in markets with brand loyalty.Journal of Economics,109(2), 147-173.) sugerem que as inovações podem envolver reduções de custos, possibilitando maior competitividade e ampliação da participação de mercado. A probabilidade de uma organização inovar pode ser maior em ambientes mais dinâmicos do que em ambientes mais estáveis (Mohr, 1969Mohr, L. B. (1969). Determinants of innovation in organizations.American political science review,63(1), 111-126.). Os achados do trabalho de Weerawardena et al. (2006Weerawardena, J., O’Cass, A., & Julian, C. (2006). Does industry matter? Examining the role of industry structure and organizational learning in innovation and brand performance.Journal of business research,59(1), 37-45.) também indicam que o elevado nível de competitividade e o dinamismo de um setor pressionam as empresas a buscar novas maneiras de realizar suas atividades para obter vantagens em relação à concorrência.

Para que haja inovação, três papéis devem ser desempenhados pelas pessoas: (1) os defensores de ideia; (2) os patrocinadores; e (3) a liderança organizacional capaz de dar condições para o desenvolvimento da inovação (Galbraith, 1999Galbraith, J. R. (1999). Designing the innovation organization.[CEO Publication G 99-7 (366)].Center for effective organizations (CEO), Los Angeles, CA-USA: CEO.). A liderança institucional deve ser capaz de implantar cultura organizacional bem como estratégias, sistemas e estrutura organizacional compatíveis com o fomento da inovação (Van de Ven, 1986Van de Ven, A. H. (1986). Central problems in the management of innovation.Management science,32(5), 590-607.). Galbraith (1999Galbraith, J. R. (1999). Designing the innovation organization.[CEO Publication G 99-7 (366)].Center for effective organizations (CEO), Los Angeles, CA-USA: CEO.) destaca a necessidade do encontro de defensores de ideia e os patrocinadores para favorecer o fomento da inovação em uma organização.

Para o êxito de uma estratégia organizacional voltada para a inovação, não basta apenas o envolvimento da equipe de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), sendo também necessária a participação de todas as pessoas da organização no processo de geração de novas ideias. A inovação não pode se limitar apenas às atividades inovativas, mas deve estar presente em todas as atividades da organização (Parolin, 2013Parolin, S. R. H. (2013). Estudo multicasos sobre atividades inovativas.Revista de Administração-RAUSP,48(3), 608-620.).

Na visão de Galbraith (1999Galbraith, J. R. (1999). Designing the innovation organization.[CEO Publication G 99-7 (366)].Center for effective organizations (CEO), Los Angeles, CA-USA: CEO.), duas organizações devem coexistir em uma empresa: uma organização operacional, responsável pela realização das atividades do dia a dia da empresa relacionadas ao seu negócio corrente e uma organização inovadora, dedicada à realização de novas atividades, tais como o teste de novos produtos e tecnologias. Para o autor, essas duas organizações são conflitantes e contraditórias, e entre elas deve haver uma separação com o intuito de proteger o esforço inovador, inclusive com a utilização de instalações físicas diferentes pelas duas organizações (plantas, prédios ou andares diferentes).

Vários estudos recentes mostram que o consumidor pode ser integrado no processo de inovação (Füller, Matzler, & Hoppe, 2008Füller, J., Matzler, K., & Hoppe, M. (2008). Brand community members as a source of innovation.Journal of Product Innovation Management,25(6), 608-619.; Mack & Landau, 2015Mack, T., & Landau, C. (2015). Winners, losers, and deniers: Self-selection in crowd innovation contests and the roles of motivation, creativity, and skills.Journal of Engineering and Technology Management,37, 52-64.; Mahr, Lievens, & Blazevic, 2014Mahr, D., Lievens, A., & Blazevic, V. (2014). The value of customer cocreated knowledge during the innovation process.Journal of Product Innovation Management,31(3), 599-615.; Pellizzoni, Buganza, & Colombo, 2015Pellizzoni, E., Buganza, T., & Colombo, G. (2015). Motivation orientations in innovation contests: Why people participate.International Journal of Innovation Management,19(04), 1550033.; Schaarschmidt & Kilian, 2014Schaarschmidt, M., & Kilian, T. (2014). Impediments to customer integration into the innovation process: A case study in the telecommunications industry.European Management Journal,32(2), 350-361.). Como instrumentos de integração do consumidor no processo de desenvolvimento de novos produtos podem ser citados: fóruns na internet e comunidades online, tais como blogs e redes sociais, call centers, visitas às residências dos consumidores durante um dia inteiro, workshops e entrevistas com consumidores, preenchimento pelos consumidores de diários online que registram seu comportamento, competição de ideias aberta à comunidade internacional, teste de protótipos, dentre outros (Schaarschmidt & Kilian, 2014Schaarschmidt, M., & Kilian, T. (2014). Impediments to customer integration into the innovation process: A case study in the telecommunications industry.European Management Journal,32(2), 350-361.).

Mack e Landau (2015Mack, T., & Landau, C. (2015). Winners, losers, and deniers: Self-selection in crowd innovation contests and the roles of motivation, creativity, and skills.Journal of Engineering and Technology Management,37, 52-64.) estudaram uma fonte externa de ideias para as empresas, os denominados concursos de inovação. A pesquisa de Pellizzoni et al. (2015Pellizzoni, E., Buganza, T., & Colombo, G. (2015). Motivation orientations in innovation contests: Why people participate.International Journal of Innovation Management,19(04), 1550033.) aponta que alguns dos participantes desses concursos podem buscar recompensa, seja ela monetária ou não, ao passo que outros podem ser dirigidos pela atividade em si de propositura de ideias, pela diversão e desafio que ela proporciona.

3. GESTÃO DE MARCAS

As estratégias de marca podem ser divididas nas seguintes categorias: (1) corporate branding, estratégia na qual o nome corporativo aparece no nome das suas marcas de produtos e serviços como uma forma de endosso (Rao et al., 2004Rao, V. R., Agarwal, M. K., & Dahlhoff, D. (2004). How is manifest branding strategy related to the intangible value of a corporation?.Journal of Marketing,68(4), 126-141.); (2) mixed branding, estratégia em que uma parte dos produtos e serviços da empresa recebe o nome corporativo, e uma parte dos produtos tem marcas que não levam o nome corporativo (Rao et al., 2004Rao, V. R., Agarwal, M. K., & Dahlhoff, D. (2004). How is manifest branding strategy related to the intangible value of a corporation?.Journal of Marketing,68(4), 126-141.); e (3) house of brands, estratégia na qual o nome corporativo não é utilizado nos nomes das marcas dos produtos e serviços da empresa (Rao et al., 2004Rao, V. R., Agarwal, M. K., & Dahlhoff, D. (2004). How is manifest branding strategy related to the intangible value of a corporation?.Journal of Marketing,68(4), 126-141.), sendo essas marcas trabalhadas de forma independente (Sanchez, 2004Sanchez, R. (2004). Conceptual analysis of brand architecture and relationships within product categories.Journal of Brand Management,11(3), 233-247.). Sanchez (2004Sanchez, R. (2004). Conceptual analysis of brand architecture and relationships within product categories.Journal of Brand Management,11(3), 233-247.) menciona ainda outra possibilidade de estratégia de arquitetura de marcas denominada branded house. Nessa estratégia, a marca do produto usa a marca corporativa acompanhada de uma descrição (Aaker, 2004Aaker, D. A. (2004). Leveraging the corporate brand. California management review, 46(3), 6-18.).

Brexendorf et al. (2015Brexendorf, T. O., Bayus, B., & Keller, K. L. (2015). Understanding the interplay between brand and innovation management: findings and future research directions.Journal of the Academy of Marketing Science,43(5), 548-557.) propõem um modelo conceitual, conforme a Figura 1, que apresenta uma relação de interdependência entre a gestão de marcas e a gestão da inovação na forma de um círculo virtuoso composto por três estágios: (1) as marcas oferecem foco estratégico e orientação para o desenvolvimento da inovação; (2) as marcas são capazes de apoiar a introdução e a adoção das inovações; e (3) as inovações de sucesso melhoram a percepção de marca, a atitude e o uso dos consumidores. Esclarecem os autores que por se tratar de um círculo virtuoso não existe um ponto de partida ou de fim, mas uma constante interação entre marcas e inovação capaz de criar valor para a organização.

Figura 1.
Círculo virtuoso da interdependência entre marcas e inovação.

De acordo com o modelo de Nguyen, Yu, Melewar e Chen (2015Nguyen, B., Yu, X., Melewar, T. C., & Chen, J. (2015). Brand innovation and social media: Knowledge acquisition from social media, market orientation, and the moderating role of social media strategic capability.Industrial Marketing Management,51, 11-25.), um dos antecedentes que impactam positivamente a inovação de marcas é a aquisição de conhecimento a partir das mídias sociais, que engloba informações obtidas em fóruns de discussão, redes sociais, sites na internet, blogs e outros canais online (Nguyen et al., 2015Nguyen, B., Yu, X., Melewar, T. C., & Chen, J. (2015). Brand innovation and social media: Knowledge acquisition from social media, market orientation, and the moderating role of social media strategic capability.Industrial Marketing Management,51, 11-25.).

Beverland et al. (2010Beverland, M. B., Napoli, J., & Farrelly, F. (2010). Can all brands innovate in the same way? A typology of brand position and innovation effort.Journal of Product Innovation Management,27(1), 33-48.) procuraram construir uma tipologia de inovação e posicionamento de marca. Em um estudo de casos múltiplos envolvendo doze marcas de diferentes países (França, Japão, Austrália e ova Zelândia), os autores compararam o tipo de inovação implementada (incremental e radical) e a relação da empresa com o mercado (market-driven e driven-markets). Com base nessas duas dimensões, os autores identificaram quatro possibilidades de inovação que podem resultar em reforço da marca, quais sejam: (1) follower brands; (2) category leader brands; (3) craft-designer led brands; e (4) product leader brands, conforme esquema apresentado na Figura 2.

Figura 2.
Tipologia de inovação e posicionamento de marca.

As marcas follower brands são as marcas que buscam responder às necessidades dos consumidores (market-driven) através do desenvolvimento de inovações incrementais em seus produtos. Já as marcas category leader brands também são caracterizadas por serem market-driven, entretanto elas buscam atender às necessidades dos consumidores por meio de inovações radicais. As marcas craft-designer led brands diferem das duas anteriores, por buscarem influenciar o consumo do mercado (driven-markets) por intermédio de pequenas inovações incrementais no produto que partem de dentro para fora da empresa. Por fim, as product leader brands são aquelas que procuram influenciar o consumo do mercado (driven-markets) através do desenvolvimento de inovações radicais que sejam novas para o mundo, sendo pioneiras nas indústrias a que pertençam (Beverland et al., 2010Beverland, M. B., Napoli, J., & Farrelly, F. (2010). Can all brands innovate in the same way? A typology of brand position and innovation effort.Journal of Product Innovation Management,27(1), 33-48.).

Muniz e Marchetti (2012Muniz, K. M., & Marchetti, R. Z. (2012). Brand personality dimensions in the Brazilian context.BAR-Brazilian Administration Review, 9(2), 168-188.) identificaram cinco dimensões da personalidade de marcas no contexto brasileiro. São elas: credibilidade; alegria; audácia; sofisticação e sensibilidade. Silva, Paula e Paula (2017Silva, C. H. P. da, Paula, V. M. F., & Paula, V. A. F. (2017). Marcas inovadoras: como os consumidores percebem a inovação. Revista Brasileira de Marketing , 16(1), 83-97.) buscaram identificar as características de marcas consideradas inovadoras, segundo a percepção dos consumidores. Os autores propõem o agrupamento em dez categorias de características das marcas inovadoras, sendo elas: empreendedorismo; marketing e comunicação; mix de produtos; praticidade e funcionalidade; embalagem e design; relacionamento com consumidor; gestão; sustentabilidade socioambiental; tecnologia e Pesquisa e Desenvolvimento (P&D); e novidade + experiência nova.

Bhat e Bowonder (2001Bhat, B., & Bowonder, B. (2001). Innovation as an enhancer of brand personality: Globalization experience of titan industries.Creativity and Innovation management,10(1), 26-39.) observaram que a inovação permite a obtenção de diferenciação, liderança de custo, segmentação e um maior alcance de consumidores, constituindo-se também em fonte de vantagem competitiva. Os resultados do trabalho de Rimoli, Noronha e Serralvo (2013) apontam que aspectos de inovação, tais como design moderno e características tecnológicas, afetam a imagem de marca.

A preocupação em buscar a inovação mantendo a tradição parece estar presente em algumas indústrias. Os resultados do estudo de caso realizado na Harley-Davidson Motor Company por Rimoli et al. (2013) indicam que o portfólio de marcas da empresa procura fazer a conjugação do tradicional e do inovador. Beverland (2005Beverland, M. B. (2005). Managing the design innovation-brand marketing interface: Resolving the tension between artistic creation and commercial imperatives.Journal of Product Innovation Management,22(2), 193-207.) sugere que alguns fabricantes de vinho de luxo se apresentam ao público externo como uma empresa de produção artesanal tradicional que não adere a modismos de mercado, ainda que, na prática, seus profissionais de design e de marketing estejam atentos aos movimentos dos competidores, inovações e mudanças nos gostos dos consumidores.

4. METODOLOGIA

O estudo foi orientado por uma base paradigmática interpretativista (Morgan, 2007Morgan, G. (2007). Paradigmas, metáforas e resolução de quebra-cabeças na teoria das organizações. In M. P. Caldas & C. O. Bertero (Coords.). Teoria das organizações (C. Bica, F. Zambaldi, J. L. Celeste & R. A. Chu, Trad.). São Paulo: Atlas.). Optou-se pela realização de uma pesquisa qualitativa (Bauer, Gaskell, & Allum, 2002Gaskell, G. (2002). Entrevistas individuais e grupais. In: M. W. Bauer & G. Gaskell (Eds.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. (P. A. Guareschi, Trad.). Petrópolis: Vozes.; Gaskell, 2002Gaskell, G. (2002). Entrevistas individuais e grupais. In: M. W. Bauer & G. Gaskell (Eds.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. (P. A. Guareschi, Trad.). Petrópolis: Vozes.), adotando-se o estudo de caso, na sua variante estudo de casos múltiplos (Yin, 2010Yin, R. K. (2010). Estudo de caso: planejamento e métodos (4th ed.). (A. Thorell, Trad.). Porto Alegre: Bookman.). O estudo teve um caráter descritivo (Triviños, 1987Triviños, A. N. S. (1987). Introdução à pesquisa em Ciências Sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas .). Os procedimentos de coleta de dados utilizados nesta pesquisa foram as entrevistas e documentos (Creswell, 2007Creswell, J. W. (2007). Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto (2a ed.). (L. O. Rocha, Trad.). Porto Alegre: Artmed.).

No período de 31/07/2017 a 21/09/2017 foram enviados e-mails para empresas que pudessem atender aos seguintes critérios cumulativos:

  1. empresa que tenha sede ou filial na região do Triângulo Mineiro;

  2. empresa que se dedique a atividade presente nos indicadores de inovação apresentados na PINTEC 2014 (IBGE, 2016IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2016). Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC). http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/industria/pintec/2014/default.shtm
    http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/...
    );

  3. empresa que se enquadre no conceito de empresa inovadora em produto/processo, conforme Manual de Oslo (FINEP, 2005FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos. (2005). Manual de Oslo. Retrieved April 3, 2017, from Retrieved April 3, 2017, from http://www.finep.gov.br/images/apoio-e-financiamento/manualoslo.pdf.
    http://www.finep.gov.br/images/apoio-e-f...
    ), durante o período da PINTEC 2014 (triênio 2012-2014) ou mais recente.

Dentre as empresas contatadas, cinco devolveram o termo de consentimento assinado até a data limite para o encerramento da coleta de dados (30/11/2017), sendo elas selecionadas, portanto, de forma não probabilística para participar do estudo. As demais empresas contatadas não responderam ao e-mail enviado no prazo fixado.

As empresas selecionadas para participar do estudo de casos múltiplos são apresentadas a seguir com nomes fictícios com o intuito de preservar o anonimato dos respondentes e o sigilo das informações por eles prestadas (Lüdke & André, 1986Lüdke, M., & André, M. E. D. A. (1986). Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU.): (1) empresa Alfa, que atua em projetos de TI, desde 2005, sendo entrevistado o responsável pela área de marketing e estruturação de novos negócios; (2) empresa Beta, que presta serviços de gestão de ambiente de tecnologia, gestão de serviço de telecomunicação e gestão de relacionamento com o cliente, há mais de 18 anos, sendo entrevistado um especialista em inovação; (3) empresa Gama, que atua no setor de telecomunicação e tecnologia da informação, há mais de 60 anos, sendo entrevistado um especialista de novos negócios; (4) empresa Delta, que atua no ramo de produtos químicos de limpeza e higienização, desde o final dos anos 80, sendo entrevistado o diretor comercial responsável pelo setor de Planejamento, Desenvolvimento e Inovação; e (5) empresa Sigma, que se dedica a projetos que combinam múltiplas fontes de energia, tais como energia solar, biodiesel e biogás, desde 2012, sendo entrevistada a ocupante do cargo de head de inovação e estratégia.

As entrevistas individuais foram realizadas entre os dias 22/08/2017 e 08/11/2017 e tiveram uma duração média aproximada de 1 hora e 5 minutos. Os executivos das empresas Alfa, Beta, Gama e Delta foram entrevistados pessoalmente, ao passo que a executiva da empresa Sigma foi entrevistada por telefone, em virtude de sua impossibilidade de agenda para uma entrevista presencial. De acordo com Creswell (2007Creswell, J. W. (2007). Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto (2a ed.). (L. O. Rocha, Trad.). Porto Alegre: Artmed.), as entrevistas podem ser realizadas face a face, por telefone ou em grupo.

Para tanto, foi utilizado um roteiro de entrevistas que teve um papel semelhante ao tópico guia sugerido por Gaskell (2002Gaskell, G. (2002). Entrevistas individuais e grupais. In: M. W. Bauer & G. Gaskell (Eds.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. (P. A. Guareschi, Trad.). Petrópolis: Vozes.). Após a realização da entrevista, foi solicitado ao entrevistado a indicação de executivos de outras empresas que se enquadrassem nos critérios de seleção estabelecidos e que também pudessem ser entrevistados, procedimento denominado snowball sampling (Goodman, 1961Goodman, L. A. (1961). Snowball sampling.The annals of mathematical statistics, 148-170.).

As entrevistas foram conduzidas e gravadas em áudio por um dos autores (Creswell, 2007Creswell, J. W. (2007). Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto (2a ed.). (L. O. Rocha, Trad.). Porto Alegre: Artmed.), sendo a transcrição realizada por profissional contratado (Creswell, 2007Creswell, J. W. (2007). Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto (2a ed.). (L. O. Rocha, Trad.). Porto Alegre: Artmed.; Gaskell, 2002Gaskell, G. (2002). Entrevistas individuais e grupais. In: M. W. Bauer & G. Gaskell (Eds.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. (P. A. Guareschi, Trad.). Petrópolis: Vozes.). A transcrição de todas as entrevistas resultou em um corpus de texto que totalizou 108 páginas.

O corpus de texto foi submetido à análise de conteúdo clássica (Bauer, 2002Bauer, M. W., Gaskell, G., & Allum, N. C. (2002). Qualidade, quantidade e interesses do conhecimento: evitando confusões. In: M. W. Bauer & G. Gaskell (Eds.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. (P. A. Guareschi, Trad.). Petrópolis: Vozes .), com a utilização da técnica de análise categorial, sendo a categorização feita através de análise temática (Bardin, 2011Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo (Rev. Ed.). (L. A. Reto & A. Pinheiro, Trad.). São Paulo: Edições 70.). Como regras de enumeração ou modos de contagem foram adotadas a frequência e a presença/ausência de uma determinada unidade de registro (Bardin, 2011Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo (Rev. Ed.). (L. A. Reto & A. Pinheiro, Trad.). São Paulo: Edições 70.). A codificação e a contagem das unidades de texto das transcrições das entrevistas foram realizadas manualmente (Bauer, 2002Bauer, M. W., Gaskell, G., & Allum, N. C. (2002). Qualidade, quantidade e interesses do conhecimento: evitando confusões. In: M. W. Bauer & G. Gaskell (Eds.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. (P. A. Guareschi, Trad.). Petrópolis: Vozes .).

Com o intuito de confirmar a precisão dos resultados obtidos e assegurar a validade da pesquisa, buscou-se realizar a triangulação de dados por meio do uso de diferentes fontes de informações (Creswell, 2007Creswell, J. W. (2007). Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto (2a ed.). (L. O. Rocha, Trad.). Porto Alegre: Artmed.). Para Yin (2010Yin, R. K. (2010). Estudo de caso: planejamento e métodos (4th ed.). (A. Thorell, Trad.). Porto Alegre: Bookman.), a triangulação de dados é realizada com a utilização de mais de uma única fonte de evidência que venha a convergir sobre os mesmos fatos. Nos estudos de casos das cinco empresas pesquisadas foram utilizadas as seguintes fontes de evidência: entrevistas e documentação (Yin, 2010Yin, R. K. (2010). Estudo de caso: planejamento e métodos (4th ed.). (A. Thorell, Trad.). Porto Alegre: Bookman.). Cabe aqui destacar que a maior parte dos dados foi obtida mediante as entrevistas individuais com os executivos das empresas pesquisadas. Os documentos foram utilizados, principalmente, para corroborar e fortalecer a evidência proveniente da outra fonte (Yin, 2010Yin, R. K. (2010). Estudo de caso: planejamento e métodos (4th ed.). (A. Thorell, Trad.). Porto Alegre: Bookman.).

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS

O Quadro 1 mostra a estrutura do sistema de categorias ou referencial de codificação adotada neste trabalho, constituída por 16 categorias (A a P) subdivididas em 99 subcategorias ou códigos, extraídos da literatura, bem como sua contagem frequencial (F).

Quadro 1.
Contagem frequencial das unidades de registro por código das categorias A a P

Pode-se observar que, apesar da falta de consenso no que diz respeito aos conceitos relacionados à inovação (Gatignon et al., 2002Gatignon, H., Tushman, M. L., Smith, W., & Anderson, P. (2002). A structural approach to assessing innovation: Construct development of innovation locus, type, and characteristics.Management science,48(9), 1103-1122.; Moch & Morse, 1977Moch, M. K., & Morse, E. V. (1977). Size, centralization and organizational adoption of innovations.American sociological review, 716-725.; Testa et al., 2013Testa, M. G., Luciano, E. M., & Jaeger Neto, J. I. (2013). Identificando o Potencial de Inovação das organizações por meio da análise do portfólio de projetos de Tecnologia da Informação.Gestão & Produção, 23(3), 495-510.), os resultados obtidos apontam algumas convergências na definição de inovação entre os executivos pesquisados, e dentre elas destacam-se: (1) todos os entrevistados associaram a definição de inovação à implementação de um novo processo e à implementação de um novo método organizacional, conforme Manual de Oslo (FINEP, 2005FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos. (2005). Manual de Oslo. Retrieved April 3, 2017, from Retrieved April 3, 2017, from http://www.finep.gov.br/images/apoio-e-financiamento/manualoslo.pdf.
http://www.finep.gov.br/images/apoio-e-f...
); e (2) entre os entrevistados prevalece a ideia de que a definição de inovação encontra-se também relacionada à implementação de um produto novo ou significativamente melhorado, segundo o Manual de Oslo (FINEP, 2005FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos. (2005). Manual de Oslo. Retrieved April 3, 2017, from Retrieved April 3, 2017, from http://www.finep.gov.br/images/apoio-e-financiamento/manualoslo.pdf.
http://www.finep.gov.br/images/apoio-e-f...
).

Todos os executivos entrevistados consideraram a praticidade e funcionalidade, o relacionamento com consumidor e a novidade + experiência nova como sendo característica de uma marca inovadora (Silva et al., 2017Silva, C. H. P. da, Paula, V. M. F., & Paula, V. A. F. (2017). Marcas inovadoras: como os consumidores percebem a inovação. Revista Brasileira de Marketing , 16(1), 83-97.). Dentre os cinco gestores entrevistados, quatro apontaram a embalagem e design bem como a tecnologia e P&D como características de uma marca inovadora (Silva et al., 2017Silva, C. H. P. da, Paula, V. M. F., & Paula, V. A. F. (2017). Marcas inovadoras: como os consumidores percebem a inovação. Revista Brasileira de Marketing , 16(1), 83-97.) e três consideraram as demais características identificadas no trabalho de Silva, Paula e Paula (2017Silva, C. H. P. da, Paula, V. M. F., & Paula, V. A. F. (2017). Marcas inovadoras: como os consumidores percebem a inovação. Revista Brasileira de Marketing , 16(1), 83-97.) como sendo de uma marca inovadora.

Os motivos para inovar mais citados pelos executivos entrevistados foram o maior nível de competitividade (Schmidt, 2013Schmidt, R. C. (2013). Price competition and innovation in markets with brand loyalty.Journal of Economics,109(2), 147-173.; Schumpeter, 1939Schumpeter, J. A. (1939). Business Cycles: a theoretical, historical, a statistical analisys of the capitalist process. New York: McGraw-Hill.; Tironi & Cruz, 2008Tironi, L. F., & Cruz, B. D. O. (2008). Inovação incremental ou radical: há motivos para diferenciar? Uma abordagem com dados da PINTEC.; Weerawardena et al., 2006Weerawardena, J., O’Cass, A., & Julian, C. (2006). Does industry matter? Examining the role of industry structure and organizational learning in innovation and brand performance.Journal of business research,59(1), 37-45.) e a motivação dos indivíduos (Pihlajamaa, 2017Pihlajamaa, M. (2017). Going the extra mile: Managing individual motivation in radical innovation development.Journal of Engineering and Technology Management,43, 48-66.).

O modelo conceitual de Brexendorf et al. (2015Brexendorf, T. O., Bayus, B., & Keller, K. L. (2015). Understanding the interplay between brand and innovation management: findings and future research directions.Journal of the Academy of Marketing Science,43(5), 548-557.) apresenta uma relação de interdependência entre a gestão de marcas e a gestão da inovação na forma de um círculo virtuoso composto por três estágios (que correspondem aos códigos 1, 2, e 3 da categoria D), no qual não existe um ponto de partida ou de fim, mas uma constante interação entre marcas e inovação capaz de criar valor para a organização. Entretanto, os resultados apresentados apontam que, entre os executivos pesquisados, observa-se uma prevalência de um dos três estágios: as inovações de sucesso melhoram a percepção de marca, a atitude e o uso dos consumidores (código 3 da categoria D). Nesse mesmo sentido, a contagem frequencial obtida para o código 4 da categoria D também indica que, na perspectiva dos gestores entrevistados, prevalece a ideia de que a inovação organizacional tem como consequente o desempenho de marca (Weerawardena et al., 2006Weerawardena, J., O’Cass, A., & Julian, C. (2006). Does industry matter? Examining the role of industry structure and organizational learning in innovation and brand performance.Journal of business research,59(1), 37-45.).

Nas empresas pesquisadas, prevalece a existência de uma área responsável pelo processo de inovação em local físico diverso do local da empresa, conforme sugere Galbraith (1999Galbraith, J. R. (1999). Designing the innovation organization.[CEO Publication G 99-7 (366)].Center for effective organizations (CEO), Los Angeles, CA-USA: CEO.), e o processo de inovação encontra-se disseminado por toda a organização, como recomenda Parolin (2013Parolin, S. R. H. (2013). Estudo multicasos sobre atividades inovativas.Revista de Administração-RAUSP,48(3), 608-620.).

No conjunto de entrevistas realizadas, a liderança institucional capaz de fomentar a inovação (Galbraith, 1999Galbraith, J. R. (1999). Designing the innovation organization.[CEO Publication G 99-7 (366)].Center for effective organizations (CEO), Los Angeles, CA-USA: CEO.; Van de Ven, 1986Van de Ven, A. H. (1986). Central problems in the management of innovation.Management science,32(5), 590-607.) e o acesso dos defensores de ideias aos patrocinadores (Galbraith, 1999Galbraith, J. R. (1999). Designing the innovation organization.[CEO Publication G 99-7 (366)].Center for effective organizations (CEO), Los Angeles, CA-USA: CEO.) apareceram com mais frequência como mecanismos de desenvolvimento de uma cultura organizacional que estimule o surgimento de novas ideias e estratégias para que essas novas ideias sejam implementadas. A pesquisa também apontou outros mecanismos de desenvolvimento dessa cultura organizacional. O executivo da empresa Beta, por exemplo, informou que ela possui programas incentivados de inovação nos quais os funcionários que propõem as melhores ideias recebem premiações financeiras. Os melhores projetos são selecionados para participar de uma mostra. Essas iniciativas, além de possibilitar uma maior visibilidade e reconhecimento para o funcionário, também podem permitir à empresa auferir ganhos reais.

Em todas as empresas pesquisadas, a inovação incremental (Gatignon et al., 2002Gatignon, H., Tushman, M. L., Smith, W., & Anderson, P. (2002). A structural approach to assessing innovation: Construct development of innovation locus, type, and characteristics.Management science,48(9), 1103-1122.) prevalece em relação à inovação radical (Gatignon et al., 2002Gatignon, H., Tushman, M. L., Smith, W., & Anderson, P. (2002). A structural approach to assessing innovation: Construct development of innovation locus, type, and characteristics.Management science,48(9), 1103-1122.). O risco e a incerteza associados às inovações de maior grau de novidade (Tironi & Cruz, 2008Tironi, L. F., & Cruz, B. D. O. (2008). Inovação incremental ou radical: há motivos para diferenciar? Uma abordagem com dados da PINTEC.) bem como a ideia de que inovações incrementais têm menor custo do que as inovações radicais (Utterback & Abernathy, 1975Utterback, J. M., & Abernathy, W. J. (1975). A dynamic model of process and product innovation.Omega, 3(6), 639-656.) apareceram nas entrevistas como motivos dessa prevalência da inovação incremental.

Nos textos transcritos das entrevistas realizadas observou-se uma quase ausência das estratégias para redução do tempo, custos e riscos associados à inovação elencadas nos códigos 1 a 6 da Categoria J. Entretanto, os entrevistados descreveram algumas estratégias adotadas em suas empresas que possibilitam que as inovações sejam implementadas com menor tempo, custo e risco, conforme discutido a seguir.

A empresa Beta, por exemplo, possui um programa formal de prospecção e estabelecimento de parcerias com startups. Ela prospecta e seleciona startups para passarem por uma etapa de aceleração de seis meses, através de mentorias, networking e novos negócios. As startups mais promissoras podem, inclusive, receber investimentos do grupo empresarial de que a empresa Beta faz parte. Outra estratégia adotada pela empresa Beta para reduzir a incerteza e o risco é a utilização de recursos públicos oriundos de políticas públicas destinadas ao fomento da inovação, tais como incentivos governamentais e fundações de amparo à pesquisa dos estados.

A empresa Sigma também aproveita recursos externos de fomento de P&D como meio de redução do risco associado à inovação. Já a empresa Gama destaca o papel da criação do seu centro de inovação como estratégia para redução do tempo, custo e risco associados à inovação. Esse centro de inovação conta com um ambiente despojado e inspirador, adequado para o desenvolvimento de inovações disruptivas. O plano da empresa é que os funcionários se desvinculem, temporariamente, de todas as suas atividades do dia a dia para se dedicarem exclusivamente ao Centro de Inovação, formando equipes multidisciplinares com duração de quatro a seis meses. A empresa espera que eles atuem como multiplicadores de um novo método de trabalho ao retornarem para suas áreas de origem. O entrevistado da empresa Alfa também destacou a importância do ambiente físico para o desenvolvimento de um espírito inovativo e o surgimento de novas ideias.

Entre as empresas pesquisadas, as que buscam responder às necessidades dos consumidores [market-driven] (Beverland et al., 2010Beverland, M. B., Napoli, J., & Farrelly, F. (2010). Can all brands innovate in the same way? A typology of brand position and innovation effort.Journal of Product Innovation Management,27(1), 33-48.) predominam em relação às que procuram influenciar o consumo do mercado [driven-markets] (Beverland et al., 2010Beverland, M. B., Napoli, J., & Farrelly, F. (2010). Can all brands innovate in the same way? A typology of brand position and innovation effort.Journal of Product Innovation Management,27(1), 33-48.). As empresas Alfa, Beta, Gama e Delta estão mais voltadas para responder às necessidades dos consumidores [market-driven] (Beverland et al., 2010Beverland, M. B., Napoli, J., & Farrelly, F. (2010). Can all brands innovate in the same way? A typology of brand position and innovation effort.Journal of Product Innovation Management,27(1), 33-48.). Já a empresa Sigma, na perspectiva da executiva entrevistada, parece estar mais inclinada a influenciar o consumo do mercado [driven-markets] (Beverland et al., 2010Beverland, M. B., Napoli, J., & Farrelly, F. (2010). Can all brands innovate in the same way? A typology of brand position and innovation effort.Journal of Product Innovation Management,27(1), 33-48.) do que apenas buscar responder às necessidades dos consumidores [market-driven] (Beverland et al., 2010Beverland, M. B., Napoli, J., & Farrelly, F. (2010). Can all brands innovate in the same way? A typology of brand position and innovation effort.Journal of Product Innovation Management,27(1), 33-48.).

Considerando o exposto acima, é possível construir uma tipologia de inovação e posicionamento das empresas pesquisadas nos moldes propostos por Beverland, Napoli e Farrelly (2010Beverland, M. B., Napoli, J., & Farrelly, F. (2010). Can all brands innovate in the same way? A typology of brand position and innovation effort.Journal of Product Innovation Management,27(1), 33-48.), a partir da análise das categorias K e H, conforme Figura 3.

Figura 3.
Tipologia de inovação e posicionamento das empresas pesquisadas.

Por essa análise, as empresas Alfa, Beta, Gama e Delta podem estar situadas preponderantemente no quadrante denominado follower brands, ao passo que a empresa Sigma pode estar situada, principalmente, no quadrante craft-designer led brands (Beverland et al., 2010Beverland, M. B., Napoli, J., & Farrelly, F. (2010). Can all brands innovate in the same way? A typology of brand position and innovation effort.Journal of Product Innovation Management,27(1), 33-48.).

Com base na perspectiva dos gestores das empresas pesquisadas a partir da transcrição das suas entrevistas, observou-se a presença das estratégias de marca corporate branding (RAO et al., 2004Rao, V. R., Agarwal, M. K., & Dahlhoff, D. (2004). How is manifest branding strategy related to the intangible value of a corporation?.Journal of Marketing,68(4), 126-141.; Sanchez, 2004Sanchez, R. (2004). Conceptual analysis of brand architecture and relationships within product categories.Journal of Brand Management,11(3), 233-247.), mixed branding (RAO et al., 2004Rao, V. R., Agarwal, M. K., & Dahlhoff, D. (2004). How is manifest branding strategy related to the intangible value of a corporation?.Journal of Marketing,68(4), 126-141.) e house of brands (RAO et al., 2004Rao, V. R., Agarwal, M. K., & Dahlhoff, D. (2004). How is manifest branding strategy related to the intangible value of a corporation?.Journal of Marketing,68(4), 126-141.; Sanchez, 2004Sanchez, R. (2004). Conceptual analysis of brand architecture and relationships within product categories.Journal of Brand Management,11(3), 233-247.). Nas entrevistas dos executivos observou-se a presença apenas de duas das dimensões da personalidade de marcas propostas por Muniz e Marchetti (2012Muniz, K. M., & Marchetti, R. Z. (2012). Brand personality dimensions in the Brazilian context.BAR-Brazilian Administration Review, 9(2), 168-188.): a credibilidade e a audácia. A dimensão credibilidade (Muniz & Marchetti, 2012Muniz, K. M., & Marchetti, R. Z. (2012). Brand personality dimensions in the Brazilian context.BAR-Brazilian Administration Review, 9(2), 168-188.) foi identificada nas falas de todos os executivos entrevistados.

Entre as empresas pesquisadas, as comunidades online, tais como redes sociais e blogs, fóruns de discussão, sites na internet e canais online (Nguyen et al., 2015Nguyen, B., Yu, X., Melewar, T. C., & Chen, J. (2015). Brand innovation and social media: Knowledge acquisition from social media, market orientation, and the moderating role of social media strategic capability.Industrial Marketing Management,51, 11-25.; Schaarschmidt & Kilian, 2014Schaarschmidt, M., & Kilian, T. (2014). Impediments to customer integration into the innovation process: A case study in the telecommunications industry.European Management Journal,32(2), 350-361.) têm prevalência, em termos de contagem frequencial, no âmbito das estratégias de integração do consumidor final no processo de inovação.

No que diz respeito às recompensas para o consumidor no processo de inovação de que tratam Pellizzoni et al. (2015Pellizzoni, E., Buganza, T., & Colombo, G. (2015). Motivation orientations in innovation contests: Why people participate.International Journal of Innovation Management,19(04), 1550033.), nenhuma das empresas pesquisadas oferece recompensa monetária ao consumidor pela sua participação nesse processo. Todas optam por oferecer recompensas não monetárias.

Nas entrevistas realizadas, quatro dos cinco gestores concordaram quanto à possibilidade de conciliação da herança de marca com a inovação, destacando a questão de fidelidade às tradições da herança de marca sem deixar de estar atentos aos movimentos dos competidores, inovações e mudanças nos gostos dos consumidores (Beverland, 2005Beverland, M. B. (2005). Managing the design innovation-brand marketing interface: Resolving the tension between artistic creation and commercial imperatives.Journal of Product Innovation Management,22(2), 193-207.).

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No âmbito do tema marcas inovadoras, o presente trabalho teve como objetivo identificar o que é uma marca inovadora na perspectiva dos gestores de empresas do Triângulo Mineiro e descrever como eles administram as marcas inovadoras.

Em termos de contribuições teóricas, cabe destacar que os resultados obtidos nesta pesquisa apontam que, entre os executivos entrevistados, observa-se uma prevalência de um dos três estágios do modelo conceitual de Brexendorf et al. (2015Brexendorf, T. O., Bayus, B., & Keller, K. L. (2015). Understanding the interplay between brand and innovation management: findings and future research directions.Journal of the Academy of Marketing Science,43(5), 548-557.): as inovações de sucesso melhoram a percepção de marca, a atitude e o uso dos consumidores. As cinco empresas pesquisadas do Triângulo Mineiro foram distribuídas em apenas duas possibilidades de inovação da tipologia de inovação e posicionamento de marca construída por Beverland et al. (2010Beverland, M. B., Napoli, J., & Farrelly, F. (2010). Can all brands innovate in the same way? A typology of brand position and innovation effort.Journal of Product Innovation Management,27(1), 33-48.): (1) follower brands; e (2) craft-designer led brands. Isso ocorreu porque em todas as empresas pesquisadas a inovação incremental (Gatignon et al., 2002Gatignon, H., Tushman, M. L., Smith, W., & Anderson, P. (2002). A structural approach to assessing innovation: Construct development of innovation locus, type, and characteristics.Management science,48(9), 1103-1122.) prevalece em relação à inovação radical (Gatignon et al., 2002Gatignon, H., Tushman, M. L., Smith, W., & Anderson, P. (2002). A structural approach to assessing innovation: Construct development of innovation locus, type, and characteristics.Management science,48(9), 1103-1122.).

As contribuições gerenciais do trabalho estão relacionadas à identificação de algumas práticas realizadas, e dentre elas é possível destacar: (1) criação de um centro de inovação; (2) estabelecimento de programas que ofereçam premiações financeiras pelas melhores ideias; (3) implementação de um programa de prospecção e estabelecimento de parcerias com startups; (4) manutenção de um ambiente físico que estimule a inovação e o surgimento de novas ideias; e (5) utilização de recursos públicos oriundos de políticas públicas destinadas ao fomento da inovação.

Uma das limitações desta pesquisa relaciona-se às fontes de evidências. Para a realização dos estudos de casos das cinco empresas pesquisadas, foram usadas apenas duas fontes de evidência: entrevistas e documentação (Yin, 2010Yin, R. K. (2010). Estudo de caso: planejamento e métodos (4th ed.). (A. Thorell, Trad.). Porto Alegre: Bookman.). Outra limitação deste trabalho diz respeito ao número relativamente restrito de empresas pesquisadas e entrevistas realizadas. Na análise de conteúdo, quando se trabalha com frequências reduzidas, o risco de erro cresce (Bardin, 2011Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo (Rev. Ed.). (L. A. Reto & A. Pinheiro, Trad.). São Paulo: Edições 70.). Além disso, a análise de conteúdo, apesar de ser uma técnica que utiliza procedimentos sistemáticos, explícitos e replicáveis, não permite uma leitura única dos textos, não estando, portanto, isenta de vieses (Bauer, 2002Bauer, M. W., Gaskell, G., & Allum, N. C. (2002). Qualidade, quantidade e interesses do conhecimento: evitando confusões. In: M. W. Bauer & G. Gaskell (Eds.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. (P. A. Guareschi, Trad.). Petrópolis: Vozes .).

Esta pesquisa contemplou empresas apenas de quatro setores econômicos: telecomunicações, tecnologia da informação, fabricação de produtos químicos e eletricidade. Entretanto, de acordo com Campos e Ruiz (2009Campos, B., & Ruiz, A. U. (2009). Padrões setoriais de inovação na indústria brasileira.Revista Brasileira de Inovação, 8(1), 167-210.), uma variedade de padrões de inovação pode ser observada em nível setorial na indústria brasileira. Consequentemente, estudos futuros podem investigar outros setores econômicos, e os resultados podem ser comparados com os obtidos neste trabalho. Ademais, a estrutura do sistema de categorias ou referencial de codificação adotada neste estudo, constituída por 16 categorias subdivididas em 99 subcategorias ou códigos, extraídos da literatura, também pode ser utilizada em pesquisas futuras tanto quantitativas quanto qualitativas.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Jan 2021
  • Data do Fascículo
    Nov-Dec 2020

Histórico

  • Recebido
    12 Out 2019
  • Revisado
    12 Dez 2019
  • Aceito
    20 Jan 2020
  • Publicado
    07 Set 2020
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