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O Impacto das Distâncias Transnacionais na Sobrevivência da Subsidiária Estrangeira

RESUMO

A sobrevivência da subsidiária é um importante indicador de sucesso de investimentos estrangeiros. Pesquisas dedicadas a abordagens institucionais foram realizadas nesse sentido, mas geralmente restritas a um número limitado de distâncias transnacionais. Esta pesquisa examina o impacto de nove distâncias transnacionais e da experiência local na sobrevivência da subsidiária estrangeira. Além disso, testamos os efeitos moderadores da experiência local na distância transnacional para analisar capacidade moderadora para redução das distâncias. Utilizamos uma amostra de 1.650 subsidiárias estrangeiras estabelecidas em 36 países europeus. Aplicamos a regressão de Cox em uma análise longitudinal do período entre 2007-2014. Os resultados indicam que as distâncias transnacionais impactam significativamente a sobrevivência subsidiária. Das nove distâncias transnacionais, quatro aumentam a taxa de risco de mortalidade, enquanto apenas uma auxilia o aumento da longevidade. A experiência local também desempenha papel significativo para a continuidade da operação no exterior, enquanto modera o impacto entre uma das distâncias e a sobrevivência. Os resultados encontrados podem amparar a seleção de estratégias, apoiar a tomada de decisões e contribuir para o sucesso de sobrevivência das operações internacionais.

Palavras-chave:
Distâncias transnacionais; Subsidiária estrangeira; Sobrevivência; Internacionalização; Estudo longitudinal

ABSTRACT

Survival of overseas subsidiaries is an important success indicator of foreign investments. Research on institutional approaches has been undertaken in this way, but generally restricted to a limited number of cross-national distances (CNDs). This research examines the impact of nine CNDs and local experience on subsidiary survival of foreign subsidiaries. Moreover, we tested the moderating effects of local experience on CND to analyze whether it could reduce these distances. Using a sample of 1,650 foreign subsidiaries established in 36 European countries, we applied Cox regression with a longitudinal analysis for the period 2007-2014. The results indicate that CND significantly affect subsidiary survival. Out of nine CND, four increase the risk of mortality, while one increases longevity. Local experience also plays a significant role for the continuity of the foreign operation in the local market, while moderating the impact between one CND and survival. These results can provide valuable information for strategic processes and better decision making of internationalization, and contribute to the success and survival of international operations.

Keywords:
Cross-national distance; Foreign subsidiary; Survival; Internationalization; Longitudinal study

1. INTRODUÇÃO

Um aspecto que merece atenção e é considerado um objeto básico de pesquisa da literatura de negócios internacionais é o desempenho da empresa (GLAUM; OESTERLE, 2007GLAUM, M.; OESTERLE, M-J. 40 years of research on internationalization and firm performance: more questions than answers? Management International Review, 47(3): 307-317, 2007.), sendo um dos constructos mais importantes na pesquisa de gestão (KIRBY, 2005KIRBY, J. Toward a theory of high performance. Harvard Business Review, 83(7): 30-39, 2005.). Richard et al. (2009)RICHARD, P.J.; DEVINNEY, T.M.; YIP, G.S.; JOHNSON, G. Measuring organizational performance: Towards methodological best practice. Journal of Management, 35(3): 718-804, 2009. afirmaram que essas pesquisas têm concentrado três principais medidas de desempenho da empresa: (i) medidas objetivas, incluindo contabilidade, mercado financeiro, vendas e participação de mercado; (ii) medidas subjetivas, como reputação, percepção de eficácia em termos de vendas e participação de mercado; (iii) sobrevivência - medida pertinente para pesquisadores e gestores (DUNNE et al., 1988DUNNE, T.; ROBERTS, M. J.; SAMUELSON, L. Patterns of firm entry and exit in US manufacturing industries. The RAND Journal of Economics, 19(4): 495-515, 1988.).

A sobrevivência tem sido utilizada como indicador de performance das subsidiárias estrangeiras, já que outras medidas de desempenho ao nível de subsidiárias não estão disponíveis (GARG; DELIOS, 2007GARG, M.; DELIOS, A. Survival of the foreign subsidiaries of TMNCs: The influence of business group affiliation. Journal of International Management, 13(3): 278-295, 2007.). Assim, a sobrevivência e os indicadores de desempenho financeiro estão intimamente relacionados (BAKER; KENNEDY, 2002BAKER, G.P.; KENNEDY, R.E. Survivorship and the economic grim reaper. Journal of Law, Economics and Organization, 18(2): 324-361, 2002.). Além disso, quando as empresas internacionalizam seus negócios, existem diferenças entre o mercado interno e o país que receberá investimentos estrangeiros. Esse cenário tem levado estudiosos do campo de negócios internacionais a dedicar atenção às distâncias transnacionais (Berry et al., 2010BERRY, H.; GUILLÉN, M.; ZHOU, N. An Institutional Approach to Cross-National Distance. Journal of International Business Studies, 41(9): 1460-1480, 2010.). Assim, analisar as diferenças entre os países sob sua diversidade e na perspectiva institucional pode representar um campo produtivo para investigação (JACKSON; DEEG, 2008JACKSON, G.; DEEG, R. Comparing capitalisms: Understanding institutional diversity and its implications for international business. Journal of International Business Studies, 39(4): 540-561, 2008.).

Ao observar desvantagens em ser estrangeiro, Hymer (1960)HYMER, S. The international operations of national firms, a study of direct foreign investment, 14: 139-155. MA: MIT Press, 1960. revelou a importância de apreciar as diferenças entre os países no processo de internacionalização de empresas. Mais tarde, John Dunning (1988DUNNING, J. The eclectic paradigm of international production: a restatement and some possible extensions. Journal of International Business Studies, 19(1): 1-31, 1988.; 2001)DUNNING, J. The eclectic (OLI) paradigm of international production: past, present and future. International Journal of the Economics of Business, 8(2): 173-190, 2001. indicou que os países enfrentam objeções maiores que aspectos geográficos para conquistar sucesso noutro país. Esses achados fomentam o interesse por pesquisas dedicadas a investigar a relação das diferenças transnacionais em características culturais, econômicas, políticas e sociais para o processo de internacionalização de empresas.

Apesar da abordagem amplamente utilizada em negócios internacionais das distâncias transnacionais, a distância cultural é apenas uma das propostas estabelecidas da nova perspectiva institucional. Hennart e Larimo (1998)HENNART, J-F.; LARIMO, J. The impact of culture on the strategy of multinational enterprises: does national origin affect ownership decisions? Journal of International Business Studies, 29(3): 515-538, 1998. declararam que a diferença cultural é apenas uma das distâncias que influenciam sobre os custos de transação. Henisz (2000)HENISZ, W. The institutional environment for economic growth. Economics & Politics, 12(1): 1-31, 2000. afirmou que a existência de diferenças econômicas pode promover o crescimento das multinacionais. Goerzen e Beamish (2003)GOERZEN, A.; BEAMISH, P. Geographic scope and multinational enterprise performance. Strategic Management Journal, 24(13): 1289-1306, 2003. consideraram que a distância geográfica apresenta objeção ao crescimento dos investimentos no estrangeiro ao afetar o desempenho da subsidiária em seus custos (BOEH; BEAMISH, 2015BOEH, K. K.; BEAMISH, P.W. The cost of distance on subsidiary performance. Asian Business & Management, 14(3): 171-193, 2015.). Kogut e Singh (1988)KOGUT, B.; SINGH, H. The effect of national culture on the choice of entry mode. Journal of International Business Studies, 19(3): 411-432, 1988. se dedicaram às características culturais do mercado estrangeiro como modo de mensuração da distância entre os países.

Diante do exposto, analisar países com a investigação das distâncias transnacionais e da perspectiva institucional (JACKSON; DEEG, 2008JACKSON, G.; DEEG, R. Comparing capitalisms: Understanding institutional diversity and its implications for international business. Journal of International Business Studies, 39(4): 540-561, 2008.) pode ajudar a empresa a estar preparada e adequada para enfrentar as dificuldades do outro país (KOSTOVA, 1999KOSTOVA, T. Transnational transfer of strategic organizational practices: A contextual perspective. Academy of Management Review, 24(2): 308-324, 1999.), a fim de proporcionar aumento da probabilidade de sobrevivência (KOSTOVA et al., 2008KOSTOVA, T., ROTH, K.; DACIN, M. Institutional theory in the study of multinational corporations: A critique and new directions. Academy of Management Review, 33(4): 994-1006, 2008.) e amparar estratégias para investimento estrangeiro (PENG; BEAMISH, 2014PENG, G.; BEAMISH, P. The effect of host country long term orientation on subsidiary ownership and survival. Asia Pacific Journal of Management, 31(2): 423-453, 2014.; GAUR; LU, 2007GAUR, A.; LU, J. Ownership strategies and survival of foreign subsidiaries: Impacts of institutional distance and experience. Journal of Management, 33(1): 84-110, 2007.; GERINGER; HEBERT, 1989GERINGER, J.; HEBERT, L. Control and performance of international joint ventures. Journal of International Business Studies, 20(2): 235-254, 1989.). No entanto, é prudente considerar a existência de outras distâncias transnacionais presentes na literatura de negócios internacionais.

Berry et al. (2010)BERRY, H.; GUILLÉN, M.; ZHOU, N. An Institutional Approach to Cross-National Distance. Journal of International Business Studies, 41(9): 1460-1480, 2010. proveram estudos em que oferecem medidas para nove distâncias transnacionais. De acordo com as recomendações de estudos recentes, são incluídas distâncias de constructos que contemplam informações de aspectos administrativos, geográficos, demográficos, de conhecimento, políticos, financeiros, de acesso global, econômicos e culturais. Analisar a diversidade entre países pode fornecer a compreensão do novo ambiente para negócios e seus desafios (BAE; SALOMON, 2010BAE, J-H; SALOMON, R. Institutional distance in international business research. In: The past, present and future of international business & management. Emerald Group Publishing Limited, 327-349, 2010.), tanto em relação a novos investimentos como sua sobrevivência (GAUR; LU, 2007GAUR, A.; LU, J. Ownership strategies and survival of foreign subsidiaries: Impacts of institutional distance and experience. Journal of Management, 33(1): 84-110, 2007.).

Nosso estudo tem como objetivo responder à seguinte questão de pesquisa: Qual o impacto das distâncias transnacionais na sobrevivência de subsidiárias estrangeiras? Desta forma, este estudo investiga a influência das distâncias transnacionais sobre a existência de subsidiárias estrangeiras e pretende contribuir com a literatura de negócios internacionais em quatro pontos. Primeiro, estudos prévios levaram em consideração uma ou poucas dimensões das distâncias em sua investigação (BARKEMA et al., 1996BARKEMA, H. G.; BELL, J. HJ; PENNINGS, J. M. Foreign entry, cultural barriers, and learning. Strategic Management Journal, 17(2): 151-166, 1996.; HUTZSCHENREUTER; HORSTKOTTE, 2013HUTZSCHENREUTER, T.; HORSTKOTTE, J. Performance effects of top management team demographic faultlines in the process of product diversification. Strategic Management Journal, 34(6):704-726, 2013.). Berry et al. (2010)BERRY, H.; GUILLÉN, M.; ZHOU, N. An Institutional Approach to Cross-National Distance. Journal of International Business Studies, 41(9): 1460-1480, 2010. mostraram a possibilidade de novas abordagens multidimensionais para análise de países em negócios internacionais. Proclamam que estudos adicionais poderiam usar as distâncias para buscar respostas a algumas inconsistências da literatura sobre o impacto das distâncias no desempenho das empresas. Surge com isso a oportunidade de investigação de como mais distâncias impactam a sobrevivência de subsidiárias estrangeiras.

Em segundo lugar, enquanto acreditamos que as distâncias transnacionais podem influenciar diretamente o desempenho da subsidiária estrangeira, e pesquisas anteriores sugerem que a experiência pode desempenhar efeito moderador nessa relação (SLANGEN; HENNART, 2008SLANGEN, A. H. L.; HENNART, J.-F. Do multinationals really prefer to enter culturally distant countries through greenfields rather than through acquisitions? The role of parent experience and subsidiary autonomy. Journal of International Business Studies, 39(3): 472-490, 2008; HUTZSCHENREUTER; HORSTKOTTE, 2013HUTZSCHENREUTER, T.; HORSTKOTTE, J. Performance effects of top management team demographic faultlines in the process of product diversification. Strategic Management Journal, 34(6):704-726, 2013.). Assim, pretendemos contribuir empiricamente nesse sentido. Nossa proposta avança para analisar se a experiência local desempenha efeito moderador entre distâncias transnacionais e a sobrevivência da subsidiária estrangeira.

Em terceiro lugar, estudos prévios fizeram uso das distâncias em análise de tempo transversal. Nosso estudo tem como proposta um recorte longitudinal. Há espaço e clamor por análises longitudinais, particularmente dedicadas ao exame do desempenho de subsidiárias estrangeiras. Assim, com dados longitudinais (2007-2014) de subsidiárias estrangeiras que operam em países europeus aplicamos a regressão Cox (COX; OAKES, 1984COX, D.; OAKES, D, Analysis of Survival Data. CRC Press. 1984.). Esperamos encontrar evidências sobre o impacto das distâncias transnacionais e a importância destas sobre a longevidade das atividades no exterior. A análise longitudinal proporciona benefícios não encontrados na análise transversal (HARZING, 2002HARZING, A.‐W. Acquisitions versus greenfield investments: International strategy and management of entry modes. Strategic Management Journal, 23(3): 211-227, 2002.).

Finalmente, ao entender o impacto das distâncias transnacionais como é mais importante para a longevidade da empresa noutro país, os resultados podem se mostrar efetivos para auxiliar executivos a dedicar atenção sobre essas características transnacionais, e, por conseguinte, superar os desafios enfrentados. Dessa forma, pode proporcionar aumento da probabilidade de sucesso de desempenho e longevidade do investimento.

Este artigo está estruturado da seguinte forma: apresentarmos na primeira seção a introdução ao tema, questões investigadas e contribuições esperadas de pesquisa. Na seção seguinte apresentamos a revisão da literatura e o desenvolvimento de 11 hipóteses para investigação. Na terceira, descrevemos percurso metodológico. Sequencialmente apresentamos resultados e análises. Concluímos com a discussão dos resultados, contribuições de pesquisa, limitações e sugestões para estudos futuros.

2. REVISÃO TEÓRICA E HIPÓTESES

Uma empresa inicia o processo de internacionalização ao decidir expandir suas atividades para além das fronteiras nacionais e chegar aos mercados estrangeiros. A operação compreende desde atividades comerciais por meio da exportação para outros países até o investimento e adoção de subsidiária estrangeira. Desta forma, a internacionalização é o processo pelo qual uma empresa deixa de operar apenas nos limites do mercado interno e começa a explorar mercados estrangeiros.

A eficiência da alocação de investimentos pode encontrar apoio na análise da sobrevivência da multinacional. Na literatura de negócios internacionais, a sobrevivência da subsidiária estrangeira é tratada como a continuidade das atividades dela noutro país. Assim, examinar a sobrevivência da subsidiária em países estrangeiros é um indicador relevante de sucesso dos investimentos.

O processo de internacionalização demanda a observação, além das diferenças culturais, de comportamento, valores, padrões e influências sociais para a expansão bem-sucedida da multinacional noutro país (BERRY et al., 2010BERRY, H.; GUILLÉN, M.; ZHOU, N. An Institutional Approach to Cross-National Distance. Journal of International Business Studies, 41(9): 1460-1480, 2010.). A organização deve considerar aspectos institucionais ao entrar em um novo país (DIMAGGIO; POWELL, 1983DIMAGGIO, P.; POWELL, W. And collective rationality in organizational fields. American Sociological Review, 48(2): 147-160, 1983.), porque existe um impacto positivo do desenvolvimento institucional dos países na atratividade de investimento direto estrangeiro (FERREIRA, FERREIRA, 2016FERREIRA, M. P.; FERREIRA, J. G. The impact of selected institutional environment dimensions of sub-Saharan countries on their ability to attract foreign direct investment. Internext, 11(1), 21-36, 2016.). De tal modo, pesquisar a internacionalização de empresas com base em perspectivas institucionais pode aumentar a probabilidade de sucesso (KOSTOVA et al., 2008KOSTOVA, T., ROTH, K.; DACIN, M. Institutional theory in the study of multinational corporations: A critique and new directions. Academy of Management Review, 33(4): 994-1006, 2008.). A compreensão da distância transnacional entre países é importante para empresas cujas operações vão além da fronteira nacional (BAE; SOLOMON, 2010BAE, J-H; SALOMON, R. Institutional distance in international business research. In: The past, present and future of international business & management. Emerald Group Publishing Limited, 327-349, 2010.).

A abordagem institucional apoia o exame das diferenças com a estruturação de constructos para compreender sua dimensão e diferenças entre os países como forma de auxiliar investimentos e negócios de empresas multinacionais (BERRY et al., 2010BERRY, H.; GUILLÉN, M.; ZHOU, N. An Institutional Approach to Cross-National Distance. Journal of International Business Studies, 41(9): 1460-1480, 2010.; GHEMAWAT, 2001GHEMAWAT, P. Distance still matters: the hard reality of global expansion. Harvard Business Review, 79(8): 137-145, 2001.). Pesquisas anteriores vêm contribuindo para a compreensão de como essas dimensões afetam o processo de internacionalização por suas semelhanças e desigualdades entre nações. Acreditamos que tais características, distâncias transnacionais, possam impactar na sobrevivência da subsidiária estrangeira. Desta forma, exploramos e apresentamos hipóteses para nove distâncias transnacionais e seu impacto na sobrevivência e o efeito moderador da experiência local.

A primeira distância compreende a comparação entre sistemas empresariais nacionais, que são definidos como distância administrativa. Países apresentam assimetrias em vários aspectos, incluindo padrões administrativos (LA PORTA et al., 1998LA PORTA, R.; LÓPEZ-DE-SILANES, F.; SHLEIFER, A.; VISHNY, R. W. Law and finance. Journal of Political Economy, 106(6): 1113-1155, 1998.). Por exemplo, as nações são diferentes em seus sistemas burocráticos, do relacionamento entre nação colonizada e colonizador, idioma, religião e sistemas legislativos (GULER; GUILLÉN, 2010GULER, I.; GUILLÉN, M. Institutions and the internationalization of US venture capital firms. Journal of International Business Studies, 41(2): 185-205, 2010.; GHEMAWAT, 2001GHEMAWAT, P. Distance still matters: the hard reality of global expansion. Harvard Business Review, 79(8): 137-145, 2001.; HEINSZ, 2000). A distância administrativa não é considerada nas medidas culturais e políticas, apesar da proximidade conceitual como sugere Berry et al. (2010)BERRY, H.; GUILLÉN, M.; ZHOU, N. An Institutional Approach to Cross-National Distance. Journal of International Business Studies, 41(9): 1460-1480, 2010..

Os aspectos administrativos podem apoiar estratégias para operação e seleção do país que recebe investimento estrangeiro (BELDERBOS; ZOU; 2007BELDERBOS, R.; ZOU, J. On the growth of foreign affiliates: multinational plant networks, joint ventures, and flexibility. Journal of International Business Studies, 38(7), 1095-1112, 2007.; GOERZEN, 2007GOERZEN, A. Alliance networks and firm performance: The impact of repeated partnerships. Strategic Management Journal, 28(5): 487-509, 2007.; LU; BEAMISH, 2004LU, J.; BEAMISH, P. International diversification and firm performance: The S-curve hypothesis. Academy of Management Journal, 47(4): 598-609, 2004.; XU; SHENKAR, 2002XU, D.; SHENKAR, O. Note: Institutional distance and the multinational enterprise. Academy of Management Review, 27(4): 608-618, 2002.). Os arranjos institucionais formais e informais ultrapassam a natureza puramente política da nação (BERRY et al., 2010BERRY, H.; GUILLÉN, M.; ZHOU, N. An Institutional Approach to Cross-National Distance. Journal of International Business Studies, 41(9): 1460-1480, 2010.). A existência de diferenças serve de fonte de conhecimento para o gradualismo e formação de uma rede (JOHANSON, VAHLNE, 1977JOHANSON, J.; VAHLNE, J. The internationalization process of the firm-a model of knowledge development and increasing foreign market commitments. Journal of International Business Studies, 8(1): 23-32, 1977.) para adaptar-se aos desafios dos negócios e obter sucesso em longevidade. Examinar a distância administrativa pode fornecer indícios sobre a necessidade de adaptação ante a internacionalização e, por conseguinte, revelar como impacta na sobrevivência da subsidiária estrangeira. De tal sorte, apresentamos a hipótese de que:

H1: a distância administrativa entre países está relacionada negativamente à taxa de risco à sobrevivência da subsidiária estrangeira.

Com base na teoria gravitacional, países similares em termos de tamanho e proximidade tendem a atrair maior fluxo de comércio. O inverso também é verdadeiro, e os países com maior distância geográfica tendem a apresentar um menor fluxo comercial entre eles (FRANKEL; ROSE, 2002FRANKEL, J.; ROSE, A. An estimate of the effect of common currencies on trade and income. Quarterly Journal of Economics, 117(2): 437-466, 2002. Alguns estudos avançaram ao analisar a distância geográfica e seu impacto nos negócios, e existem diferentes modos para aferir tal distância. Por exemplo, a utilização de informações sobre latitude e longitude, ou com a utilização de círculo (BERRY et al. 2010BERRY, H.; GUILLÉN, M.; ZHOU, N. An Institutional Approach to Cross-National Distance. Journal of International Business Studies, 41(9): 1460-1480, 2010.), ou ainda, linhas retas (KRISHNA, 2003KRISHNA, P. Are Regional Trading Partners “Natural”? Journal of Political Economy, 111(1): 202-226, 2003.) entre pontos pré-estabelecidos entre os países. Delios e Beamish (2001)DELIOS, A; BEAMISH, P. Survival and profitability: The roles of experience and intangible assets in foreign subsidiary performance. Academy of Management Journal, 44(5): 1028-1038, 2001. afirmam que aspectos geográficos podem afetar o desempenho e a lucratividade da subsidiária. De tal sorte, a distância geográfica deve ser considerada ao impactar diretamente os resultados e desempenho dos negócios internacionais.

Aspectos geográficos impactam em operações logísticas e em custos de comunicação e de informações entre sede e subsidiárias (DAI et al. 2013DAI, L.; EDEN, L.; BEAMISH, P. Place, space, and geographical exposure: Foreign subsidiary survival in conflict zones. Journal of International Business Studies, 44(6): 554-578, 2013.; GOERZEN; BEAMISH, 2003GOERZEN, A.; BEAMISH, P. Geographic scope and multinational enterprise performance. Strategic Management Journal, 24(13): 1289-1306, 2003.). Distâncias de acessibilidade, infraestrutura, extensão física, fuso horário, logística, clima e topografia são atributos associados à distância geográfica e afetam o desempenho da organização. Desse modo, as empresas internacionalizadas são diretamente impactadas por aspectos geográficos quanto ao acesso a novos países (GHEMAWAT, 2001GHEMAWAT, P. Distance still matters: the hard reality of global expansion. Harvard Business Review, 79(8): 137-145, 2001.). Isso sugere que a distância transnacional geográfica tenha impacto no sucesso de sobrevivência da subsidiária estrangeira. Desse modo, apresentamos a hipótese de que:

H2: a distância geográfica entre os países envolvidos está negativamente associada à taxa de risco à sobrevivência da subsidiária estrangeira.

A atratividade de um país para investimentos pode ser revelada através de análises sobre alguns aspectos demográficos, tais como indicadores das diferenças entre países quanto à sua população e suas características, quanto ao tamanho de uma nação, taxa de crescimento, distribuição etária e composição por classes sociais. Todos esses indicadores são considerados para o exame da distância transnacional demográfica. E apresentam-se como indicadores importantes para dimensionar as diferenças entre as nações envolvidas e captar tais dimensões no âmbito de negócios (WHITLEY, 1992WHITLEY, R. Business systems in East Asia: Firms, markets and societies. Oxford University Press, 1992.).

Alguns indicadores são utilizados para determinar a atratividade e o potencial de crescimento de determinado mercado internacional. Expectativa de vida, fertilidade e estratificação populacional atestam características fundamentais dos países e realçam diferenças entre eles (BERRY et al., 2010BERRY, H.; GUILLÉN, M.; ZHOU, N. An Institutional Approach to Cross-National Distance. Journal of International Business Studies, 41(9): 1460-1480, 2010.). No campo dos negócios internacionais, estudos dos índices demográficos estão relacionados à seleção de países para investimentos (WILLIAMS; GRÉGOIRE, 2014WILLIAMS, D.; GRÉGOIRE, D. Seeking commonalities or avoiding differences? Re-conceptualizing distance and its effects on internationalization decisions. Journal of International Business Studies, 46(5): 253-284, 2014.; ZHOU; GUILLÉN, 2014ZHOU, N.; GUILLÉN, M. From home country to home base: A dynamic approach to the liability of foreignness. Strategic Management Journal, 36(6): 907-917, 2014.). Investigar o desempenho da subsidiária na forma da sobrevivência e continuidade dos negócios parece ser um trajeto capaz de evidenciar contribuições para a área. Dessa forma, propomos que:

H3: a distância demográfica entre países está associada negativamente à taxa de risco à sobrevivência da subsidiária estrangeira.

Os diferentes sistemas governamentais servem de base para a análise da distância política entre nações (HENISZ, 2000HENISZ, W. The institutional environment for economic growth. Economics & Politics, 12(1): 1-31, 2000.). Delios e Henizs (2003)DELIOS, A.; HENISZ, W. Political hazards, experience, and sequential entry strategies: The international expansion of Japanese firms, 1980-1998. Strategic Management Journal, 24(11): 1153-1164, 2003. declaram a obrigação de compreender as instituições políticas quanto à sua permissividade e controle de vantagens ou desvantagens para as empresas na escolha de países em que são realizados investimentos estrangeiros. Por exemplo, investigar como a seleção do país de destino é impactada para a realização de investimentos quando analisados pelo nível de influência governamental na economia, grau de estabilidade política, nível de democracia e a participação em acordos comerciais locais e/ou regionais. Pesquisadores de negócios internacionais concentraram esforços em investigações que analisaram como diferenças políticas, sistemas governamentais e instabilidade política amparam a seleção de mercados internacionais e modo de entrada (DAI et al. 2013DAI, L.; EDEN, L.; BEAMISH, P. Place, space, and geographical exposure: Foreign subsidiary survival in conflict zones. Journal of International Business Studies, 44(6): 554-578, 2013.; GARCIA-CANAL; GUILLÉN, 2008GARCIA-CANAL, E.; GUILLÉN, M. Risk and the strategy of foreign location choice in regulated industries. Strategic Management Journal, 29(10): 1097-1115, 2008.; WAN, 2008WAN, W. The performance implications of relationship banking during macroeconomic expansion and contraction: a study of Japanese banks’ social relationships and overseas expansion. Journal of International Business Studies, 39(3): 406-427, 2008.).

Além disso, como recomendaram Delios e Henizs (2003)DELIOS, A.; HENISZ, W. Political hazards, experience, and sequential entry strategies: The international expansion of Japanese firms, 1980-1998. Strategic Management Journal, 24(11): 1153-1164, 2003., pesquisadores deveriam avançar para compreender como as instituições políticas afetam o desempenho das multinacionais. Isso parece ser relevante para o campo gerencial uma vez que ao capturar a vulnerabilidade política as empresas multinacionais aumentam sua legitimidade por meio de indústrias locais (OGASAVARA, 2014OGASAVARA, M. The effects of own-and other-prior entry modes in the internationalization of Japanese multinational companies in the electronic sector. Journal of Asia Business Studies, 8(1): 18-28, 2014.; PENG, 2012PENG, M. The global strategy of emerging multinationals from China. Global Strategy Journal, 2(2): 97-107, 2012.). Parece legítimo que multinacionais elejam países com maior estabilidade política para receber seus investimentos (CHAN; MAKINO, 2007CHAN, C.; MAKINO, S. Legitimacy and multi-level institutional environments: Implications for foreign subsidiary ownership structure. Journal of International Business Studies, 38(4): 621-638, 2007.). De acordo com tais decisões, aspectos políticos podem afetar a seleção de investimentos tanto quanto impactar no desempenho da subsidiária estrangeira. É possível que a sobrevivência também sofra impacto da distância política transnacional. Com isso, pretendemos investigar se:

H4: a distância política entre países está negativamente associada à taxa de risco à sobrevivência da subsidiária estrangeira.

A distância financeira tem relação com o desenvolvimento econômico nacional. A literatura de negócios internacionais contempla estudos conexos aos níveis de desenvolvimento de sistemas financeiros, o acesso ao crédito e a forma como as empresas financiam suas operações (LA PORTA et al., 1998LA PORTA, R.; LÓPEZ-DE-SILANES, F.; SHLEIFER, A.; VISHNY, R. W. Law and finance. Journal of Political Economy, 106(6): 1113-1155, 1998.). Países com maior grau de facilidade ao crédito atraem mais investimentos como indicam La Porta et al. (1998)LA PORTA, R.; LÓPEZ-DE-SILANES, F.; SHLEIFER, A.; VISHNY, R. W. Law and finance. Journal of Political Economy, 106(6): 1113-1155, 1998.. Indicadores econômicos têm sido utilizados em associação à governança corporativa, investimento estrangeiro e aquisições (FANG et al. 2013FANG, Y.; WADE, M.; DELIOS, A.; BEAMISH, P. An exploration of multinational enterprise knowledge resources and foreign subsidiary performance. Journal of World Business 48(1): 30-38, 2013.; CHUNG; BEAMISH, 2005CHUNG, C.; BEAMISH, P. Investment mode strategy and expatriate strategy during times of economic crisis. Journal of International Management, 11(3): 331-355, 2005.). Este é um dos temas que mais tem despertado interesse por pesquisas no campo de negócios internacionais. Analisar as diferenças transnacionais financeiras pode fornecer evidências sobre como são realizados os investimentos, a estratégia de entrada em países com maior ou menor proximidade financeira, bem como revelar indícios acerca do sucesso em países distantes financeiramente.

Acreditamos que exista relação entre a distância transnacional financeira e a sobrevivência da subsidiária estrangeira. Como medida de sucesso de investimentos estrangeiro na subsidiária, propomos que:

H5: a distância financeira entre países está positivamente associada à taxa de risco à sobrevivência da subsidiária estrangeira.

A capacidade de criação e inovação de determinada nação proporciona implicações positivas ao grau de desenvolvimento e de investimentos estrangeiros. O número de patentes requisitadas e quantidade de produção científica revelam a capacidade de geração de conhecimento de cada nação e pode ser calculado de forma per capita. Tais indicadores estão presentes nas distâncias transnacionais de conhecimento e revelam características importantes aos negócios e desafios noutro país.

Segundo Berry e Guillén (2010)BERRY, H.; GUILLÉN, M.; ZHOU, N. An Institutional Approach to Cross-National Distance. Journal of International Business Studies, 41(9): 1460-1480, 2010., diversos pesquisadores examinaram a distância de conhecimento entre países em associação com a escolha de localização de investimentos estrangeiros. Estudos anteriores observaram a influência dos níveis de transferência de conhecimento sobre o desempenho da empresa, o comportamento organizacional (SOHN, 1994SOHN, J. Social knowledge as a control system: A proposition and evidence from the Japanese FDI behavior. Journal of International Business Studies, 25(2): 295-324, 1994.) e a relação entre conhecimento e experiência (POWELL; RHEE, 2013POWELL, K.; RHEE, M. Experience in different institutional environments and foreign subsidiary ownership structure. Journal of Management, 42(6): 1434-1461, 2013.). Ademais, investigaram integração e transferência de conhecimento, níveis de conhecimento local e influência de expatriados no conhecimento (PENG, 2012PENG, M. The global strategy of emerging multinationals from China. Global Strategy Journal, 2(2): 97-107, 2012.). Dessa forma, parece apropriado admitir que a distância transnacional de conhecimento pode impactar no desempenho e contribuir para o exame da sobrevivência da subsidiária estrangeira. De tal sorte, acreditamos que:

H6: a distância de conhecimento entre países está associada negativamente à taxa de risco à sobrevivência da subsidiária estrangeira.

A capacidade de se conectar através dos negócios associados ao turismo ou com acesso à internet com outros países suporta a construção da distância transnacional global de acesso e conectividade (BERRY et al., 2010BERRY, H.; GUILLÉN, M.; ZHOU, N. An Institutional Approach to Cross-National Distance. Journal of International Business Studies, 41(9): 1460-1480, 2010.). Tal constructo indica a capacidade da nação em acessar e difundir informações para outros países (GUILLÉN; SUÁREZ, 2005GUILLÉN, M.; SUÁREZ, S. Explaining the global digital divide: Economic, political and sociological drivers of cross-national Internet use. Social Forces, 84(2): 681-708, 2005.), e contribuir como herança de conhecimento para a rede da empresa (BERRY, et al., 2014BERRY, H.; GUILLÉN, M.; HENDI, A. Is there convergence across countries? A spatial approach. Journal of International Business Studies, 45(4): 387-404, 2014.) em processos de inovação, formação de alianças, transferência de conhecimento, legitimidade e aprendizagem (POWELL; RHEE, 2013POWELL, K.; RHEE, M. Experience in different institutional environments and foreign subsidiary ownership structure. Journal of Management, 42(6): 1434-1461, 2013.). Fortes relações turísticas e de acesso à internet promovem a conectividade global entre nações e podem representar cooperação aos negócios.

Pesquisas sobre a capacidade de inserção global turística e a capacidade de se conectar a outras nações pode revelar caminhos para a redução de incertezas (HENNART, 1991HENNART, J-F. The transaction costs theory of joint ventures: An empirical study of Japanese subsidiaries in the United States. Management Science, 37(4): 483-497, 1991.): informações sobre a probabilidade de saída e reversibilidade de investimentos (SONG, 2014SONG, S. Entry mode irreversibility, host market uncertainty, and foreign subsidiary exits. Asia Pacific Journal of Management, 31(2): 455-471, 2014.), ou ainda a sua relação com o compartilhamento da experiência (POWELL; RHEE, 2013POWELL, K.; RHEE, M. Experience in different institutional environments and foreign subsidiary ownership structure. Journal of Management, 42(6): 1434-1461, 2013.). O exame da distância global e de acesso entre países permite compreender o nível dos desafios para difusão e acesso a informações relevantes para as empresas no processo de internacionalização. Desse modo, quanto mais elevado o grau de isolamento turístico e de acesso à internet de determinada nação, maiores são os desafios de empresas estrangeiras naquele país, bem como a dificuldade daquela nação em fazer negócios com outros países. Propomo-nos a investigar a hipótese que:

H7: a distância de conectividade global e de acesso entre países está associada negativamente à taxa de risco à sobrevivência da subsidiária estrangeira.

Diferentes aspectos econômicos têm sido observados para revelar o potencial econômico dos países. Ghemawat (2001)GHEMAWAT, P. Distance still matters: the hard reality of global expansion. Harvard Business Review, 79(8): 137-145, 2001. indica que uma qualidade econômica importante de um mercado ou país está na renda dos consumidores de tal forma que impacte os níveis de comércio e parcerias que cada país consegue atrair. Esses indicadores têm relação com o poder de compra e preferências do consumidor, estabilidade econômica e quanto à abertura da economia e influências externas (BERRY et al., 2010BERRY, H.; GUILLÉN, M.; ZHOU, N. An Institutional Approach to Cross-National Distance. Journal of International Business Studies, 41(9): 1460-1480, 2010.). A distância transnacional econômica concentra características como o potencial de consumo, tamanho de mercado, estabilidade monetária, produto interno bruto e capacidade produtiva de uma nação.

Países com níveis econômicos semelhantes podem facilitar a transferência de modelos de negócios (GHEMAWAT, 2001GHEMAWAT, P. Distance still matters: the hard reality of global expansion. Harvard Business Review, 79(8): 137-145, 2001.). Estruturas semelhantes desse constructo entre os países envolvidos podem ser mais atrativas para investimentos estrangeiros. No entanto, disparidades entre elas podem elevar custos de transação, proporcionando um cenário de incertezas para negócios internacionais (HUTZSCHENREUTER et al, 2014). Do mesmo modo, é apropriado presumir oportunidades para novos negócios. Deste modo, a distância econômica pode ser um relevante indicador para análise de desempenho, onde a sobrevivência da subsidiária estrangeira pode sofrer influência do nível de distância de cada país. É necessário investigar se:

H8: a distância econômica entre países está associada negativamente à taxa de risco à sobrevivência da subsidiária estrangeira.

Finalmente, a distância transnacional cultural tem concentrado grande interesse e produção na literatura de negócios internacionais. Diversos pesquisadores utilizaram esse constructo em pesquisas empíricas, particularmente com pesquisas dedicadas à seleção de mercados, modo de entrada e para o campo gerencial e estratégico. Examinar a distância transnacional cultural proporciona maior compreensão sobre diferenças entre matriz e subsidiárias. Por exemplo, funcionários de uma empresa japonesa estabelecida em um país europeu podem ser impactados pelas diferenças culturais entre a matriz e a subsidiária.

Trabalhadores franceses da americana Citybanck Company consideram a cultura francesa como sua principal, mesmo dentro de uma organização americana. Trabalhadores americanos da japonesa Toyota trazem a cultura americana para dentro da subsidiária em território norte-americano (CAPRAR, 2011CAPRAR, D. Foreign locals: A cautionary tale on the culture of MNC local employees. Journal of International Business Studies, 42(5), 608-628, 2011.). Essa relação entre diferentes culturas pode apoiar a perenidade além da fronteira. Assim, a relação entre distância cultural e sobrevivência subsidiária pode revelar indicadores importantes para diversos aspectos gerenciais e de desempenho, como sua relação com expatriados e desempenho (COLAKOGLU; CALIGIURI, 2008COLAKOGLU, S.; CALIGIURI, P. Cultural distance, expatriate staffing and subsidiary performance: The case of US subsidiaries of multinational corporations. The International Journal of Human Resource Management, 19(2): 223-239, 2008.). A distância cultural transnacional pode revelar indícios sobre a longevidade de operações internacionais. Assim:

H9: a distância cultural entre os países está relacionada negativamente à taxa de risco à sobrevivência da subsidiária estrangeira.

A experiência da subsidiária local pode ser um indicador de capacidades multinacionais (GAUR; LU, 2007GAUR, A.; LU, J. Ownership strategies and survival of foreign subsidiaries: Impacts of institutional distance and experience. Journal of Management, 33(1): 84-110, 2007.). Isso pode proporcionar alguma vantagem informacional sobre a transferência de recursos em práticas organizacionais (DELIOS; BEAMISH, 1999DELIOS, A.; BEAMISH, P. Ownership strategy of Japanese firms: Transactional, institutional and experience influences. Japanese Subsidiaries in the New Global Economy Strategic Management Journal, 20(10): 915-933, 1999.; KOSTOVA, 1999KOSTOVA, T. Transnational transfer of strategic organizational practices: A contextual perspective. Academy of Management Review, 24(2): 308-324, 1999.) e de conhecimento (BERRY, 2015BERRY, H. Knowledge Inheritance in Global Industries: The Impact of Parent Firm Knowledge on the Performance of Foreign Subsidiaries. Academy of Management Journal, 58(5): 1438-1458, 2015.; SOHN, 1994SOHN, J. Social knowledge as a control system: A proposition and evidence from the Japanese FDI behavior. Journal of International Business Studies, 25(2): 295-324, 1994.). Com isso, empresas multinacionais devem explorar adequadamente as capacidades e recursos de suas subsidiárias para transferência de conhecimento (BERRY, 2015BERRY, H. Knowledge Inheritance in Global Industries: The Impact of Parent Firm Knowledge on the Performance of Foreign Subsidiaries. Academy of Management Journal, 58(5): 1438-1458, 2015.). A experiência local da subsidiária pode contribuir para esclarecer aspectos de como aumentar a longevidade estrangeira para outros investimentos.

A prática comercial duradoura em outro país proporciona conhecimento daquele mercado (HENNART, 1991HENNART, J-F. The transaction costs theory of joint ventures: An empirical study of Japanese subsidiaries in the United States. Management Science, 37(4): 483-497, 1991.), e a flexibilidade parece ser a resposta para a adaptação da empresa ao meio ambiente (ROMAN et al., 2012ROMAN, D. J.; PIANA, J.; L. LOZANO, M. A. S.; MELLO, N. R.; ERDMANN, R. H. Fatores de competitividade organizacional. Brazilian Business Review, 9(1), 27-46, 2012.). Assim, o desenvolvimento da experiência local pode desempenhar papel importante na sobrevivência da empresa em outro país (WANG; LARIMO, 2015WANG, Y.; LARIMO, J. Subsidiary Survival of Multinational Enterprises in China: An Analysis of Nordic Firms. The Rise of Multinationals from Emerging Economies: Achieving a New Balance. The Academy of International Business, Palgrave Macmillan UK, 135-158, 2015.; YIU MAKINO, 2002YIU, D.; MAKINO, S. The choice between joint venture and wholly owned subsidiary: An institutional perspective. Organization Science, 13(6): 667-683, 2002.). Delios e Henisz (2003)DELIOS, A.; HENISZ, W. Political hazards, experience, and sequential entry strategies: The international expansion of Japanese firms, 1980-1998. Strategic Management Journal, 24(11): 1153-1164, 2003. mostraram o efeito da experiência local como caminho para redução da sensibilidade às diferenças institucionais. Com base nisso, apresentamos a seguinte hipótese:

H10: a experiência local está positivamente associada à taxa de risco à sobrevivência da subsidiária estrangeira.

Conforme mencionado anteriormente, espera-se que a experiência local tenha uma influência direta e positiva sobre o desempenho da subsidiária. No entanto, outros aspectos relacionados ao ambiente institucional podem ter um papel fundamental na estrutura e no comportamento organizacional. Por exemplo, Hsu e Pereira (2008) descobriram a importância do efeito de moderação do aprendizado organizacional sobre internacionalização e desempenho. No processo de internacionalização, a aprendizagem organizacional pode estar associada à experiência local ou ao conhecimento institucional local (JAVERNICK-WILL, 2009JAVERNICK-WILL, A.N. Organizational learning during internationalization: acquiring local institutional knowledge, Construction Management and Economics, 27(8): 783-797, 2009.).

Alguns autores revelaram que a evolução desse conhecimento local, ou da experiência internacional, tem papel fundamental para sobrevivência da subsidiária em mercados internacionais (WANG; LARIMO, 2015WANG, Y.; LARIMO, J. Subsidiary Survival of Multinational Enterprises in China: An Analysis of Nordic Firms. The Rise of Multinationals from Emerging Economies: Achieving a New Balance. The Academy of International Business, Palgrave Macmillan UK, 135-158, 2015.; YIU; MAKINO, 2002YIU, D.; MAKINO, S. The choice between joint venture and wholly owned subsidiary: An institutional perspective. Organization Science, 13(6): 667-683, 2002.). De acordo com Delios e Henisz (2003)DELIOS, A.; HENISZ, W. Political hazards, experience, and sequential entry strategies: The international expansion of Japanese firms, 1980-1998. Strategic Management Journal, 24(11): 1153-1164, 2003., uma empresa tenta acumular experiência antes de entrar em países que apresentem maior ameaça e grau de incertezas. Além disso, a experiência pode fornecer importantes vantagens de propriedade, tais como práticas de gestão, patentes, tecnologia e habilidades de gerenciamento (DUNNING; LUNDAN, 2008DUNNING, J.; LUNDAN, S. M. Institutions and the OLI paradigm of the multinational enterprise. Asia Pacific Journal of Management, 25(4): 573-593, 2008.). Hutzschenreuter e Horstkotte (2013)HUTZSCHENREUTER, T.; HORSTKOTTE, J. Performance effects of top management team demographic faultlines in the process of product diversification. Strategic Management Journal, 34(6):704-726, 2013. descobriram que a experiência internacional atenua o efeito negativo da distância cultural no desempenho da empresa. Assim, espera-se que a experiência local possa moderar o impacto das distâncias transnacionais na longevidade subsidiária. Desse modo, acreditamos que:

H11: a experiência local tenha efeito moderador sobre as distâncias transnacionais e a taxa de risco à sobrevivência da subsidiária estrangeira.

3. METODOLOGIA

Para alcance dos objetivos desta investigação, apresentamos o percurso metodológico selecionado. Utilizamos uma base de dados secundária publicada por Toyo Keizai. A publicação é a difusão de dados de investimentos japoneses em outros países presente desde 1970. Esse anuário é amplamente utilizado na pesquisa de negócios internacionais (DUTTA; BEAMISH, 2013DUTTA, D.V.; BEAMISH, P.W. expatriate managers, product relatedness, and IJV performance: A resource and knowledge-based perspective. Journal of International Management, 19(2): 152-162, 2013.; JIANG et al., 2014JIANG, R.J.: BEAMISH, P.W.; MAKINO, S. Time compression diseconomies in foreign expansion. Journal of World Business, 49(1): 114-121, 2014.).

Elegemos subsidiárias japonesas como dados para testar nossas hipóteses com base nos argumentos listados a seguir. Primeiro, o Japão foi o quinto maior investidor estrangeiro durante o período 1970-2012 (UNCTAD, 2015UNCTAD. World Investiment Report Foreign, Direct Investment and Multinational Enterprises. http://unctad.org/en/PublicationsLibrary/wir2015_en.pdfUnited Nations. New York, acessed 02 June 2015
http://unctad.org/en/PublicationsLibrary...
), atrás de EUA, Reino Unido, França e Alemanha. Além disso, o Japão é o único país asiático presente entre os cinco maiores investimentos diretos estrangeiros. Em segundo lugar, as empresas japonesas figuram no ranking da Fortune Global 500, que lista 62 empresas entre as 500 maiores do mundo. Em terceiro lugar, a disponibilidade de dados em nível de subsidiárias, o que é muito positivo para a pesquisa. A maioria dos dados disponíveis consiste no nível da empresa e nos dados agregados. Isso revela a oportunidade para usar o banco de dados de subsidiárias japonesas e testar empiricamente alguns desafios da literatura de negócios internacionais, como as distâncias transnacionais. Finalmente, as multinacionais japonesas servem como objeto de pesquisa para vários estudos no campo de negócios internacionais (OGASAVARA, 2014OGASAVARA, M. The effects of own-and other-prior entry modes in the internationalization of Japanese multinational companies in the electronic sector. Journal of Asia Business Studies, 8(1): 18-28, 2014.; ANDO; ENDO, 2013ANDO, N.; ENDO, N. Determinants of foreign subsidiary staffing by service firms. Management Research Review, 36(6), 548-561, 2013.; BELDERBOS; ZOU, 2009; WAN, 2008WAN, W. The performance implications of relationship banking during macroeconomic expansion and contraction: a study of Japanese banks’ social relationships and overseas expansion. Journal of International Business Studies, 39(3): 406-427, 2008.).

A seleção para analisar o investimento estrangeiro em países europeus durante o período 2007-2014 é motivada por diferentes razões. O período de análise abrange uma transformação recente que o continente europeu vivenciou em aspectos econômicos associados à crise e a mudanças políticas e institucionais. Com base nesses argumentos, parece ser um momento e um contexto propícios para investigar os efeitos transnacionais sobre a sobrevivência das operações internacionais das empresas.

Aplicamos a análise de sobrevivência, com a implementação da Regressão Cox (COX, OAKES, 1984COX, D.; OAKES, D, Analysis of Survival Data. CRC Press. 1984.). A variável dependente é a sobrevivência subsidiária. O evento analisado é denominado “falha” de dados e sua oposição é a sobrevivência com a continuidade dos dados. Outro conceito importante para a análise de sobrevivência é a taxa de risco. O foco é investigar a probabilidade de influência das variáveis independentes sobre a sobrevivência subsidiária (OGASAVARA; HOSHINO, 2008OGASAVARA, M.; HOSHINO, Y. The effects of entry strategy and inter-firm trust on the survival of Japanese manufacturing subsidiaries in Brazil. Asian Business and Management, 7(3): 353-380, 2008.). O modelo tem sua descrição da seguinte maneira:

(1) h t = h 0 t exp β 1 x 1 + . . . + β kxk

onde h0 (t) é uma função da linha base de tempo de sobrevivência e depende apenas do tempo, enquanto β1x1 + . . . + βkxk 1 é dependente dos índices das variáveis independentes, covariáveis, e dos coeficientes alcançados com a regressão.

Como algumas variáveis no modelo têm influência de variação no tempo, foram introduzidas as variáveis na fórmula zi (t) = zig (t).

(2) h t = h 0 t exp β 1 x 1 + . . . + β kxk + g t γ izi + . . . + γ mzm

onde (zi , . . . , zm) são as covariáveis dependentes do tempo e em que a estimativa tem o efeito líquido de uma estimativa de coeficiente de regressão γi para uma covariável g(t) zi, que é uma função do tempo limite do exame, ano de 2014.

A significância estatística das covariáveis e interações foram examinadas com o valor-p e associado à estatística de z do teste de Wald. Para tanto, qualquer valor-p positivo, superior a 0, e com índice de z maior que 0,10, refuta qualquer ameaça da variável à sobrevivência. Inversamente, o valor-p negativo e z menor a 0,10 confirma maior probabilidade de impacto na sobrevivência.

A análise de regressão mostra variáveis que contribuem positiva ou negativamente para a sobrevivência subsidiária. A vantagem da taxa de risco é a observação do número total de subsidiárias de forma não linear, e igualmente, considerar o tempo de observação do estudo. Essa técnica demonstra eficácia nos casos em que não há uniformidade de tempo, uma característica peculiar da análise de sobrevivência.

As variáveis independentes são nove distâncias transnacionais e a experiência local. As informações de oito distâncias transnacionais foram coletadas por meio do website do Center for International Business Education and Research - CIBER, da Wharton Business School (LAUDER INSTITUTE, 2015THE LAUDER INSTITUTE. The Lauder Institute. Available in: <http://lauder.wharton.upenn.edu/resources-publications> accessed 10 June 2015.
http://lauder.wharton.upenn.edu/resource...
). A nona distância transnacional, da distância cultural, foi coletada através do website do Hofstede Center (HOFSTEDE, 2010HOFSTEDE. Geert Hofstede. National Cultural Dimensions, 2010. Available in: <https://geert-hofstede.com> accessed 11 June 2015.
https://geert-hofstede.com...
). A outra variável independente é a experiência local, a qual mede a experiência total (em anos) da subsidiária no mercado local. Para essa informação, consideramos o ano de entrada declarado no país como início das atividades da subsidiária, informação disponível no anuário Toyo Keizai.

Os 36 países europeus selecionados para esta pesquisa são: Áustria, Bélgica, Bósnia e Herzegovina, Bulgária, Croácia, República Checa, Dinamarca, Estônia, Finlândia, Franca, Alemanha, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Macedônia, Montenegro, Holanda, Noruega, Polônia, Portugal, Principado de Mônaco, Romênia, Rússia, Sérvia, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Suíça, Suécia, Turquia, Ucrânia e Reino Unido. Todos com dados disponíveis de subsidiárias japonesas.

Usamos como variável de controle o tamanho da subsidiária pelo número de funcionários relatados no Toyo Keizai. O tamanho da subsidiária tem analogia com a proporção de investimentos no país de destino, e uma subsidiária de tamanho grande demanda um compromisso maior da matriz com aquela unidade (OGASAVARA; HOSHINO, 2008OGASAVARA, M.; HOSHINO, Y. The effects of entry strategy and inter-firm trust on the survival of Japanese manufacturing subsidiaries in Brazil. Asian Business and Management, 7(3): 353-380, 2008.).

A amostra contemplou 14.247 observações de subsidiárias estrangeiras e foi submetida a testes preliminares e análises para verificar os índices de correlação entre as variáveis. Os resultados da correlação podem ser vistos em Tabela 1. Os índices revelaram grau de correlação muito fraco entre as variáveis (COHEN, 1988COHEN, J. Statistical power analysis for the behavioral sciences. Lawrence Earlbaum Associates. Hillsdale, NJ, 20-26, 1988.), o que não indica problemas de correlação entre as variáveis.

Tabela 1
Resultados dos testes de correlação (N=14247).

4. RESULTADOS

Os resultados (Tabela 2) confirmam o impacto de cinco das nove distâncias transnacionais sobre a sobrevivência subsidiária. O modelo possibilitou aplicar separadamente o efeito de cada distância e da experiência local (Modelos 1 a 9). Os resultados evidenciam que cinco distâncias mostraram resultados significativos. As distâncias demográfica, política, financeira e de conhecimento impactam negativamente a sobrevivência subsidiária, enquanto a distância cultural tem impacto positivo na sobrevivência. As outras quatro distâncias (administrativa, geográfica, global e econômica) não alcançaram o nível esperado de significância, que não deram suporte para H1, H2, H7 e H8.

Tabela 2
Resultados da Regressão Cox (+ = maior sobrevivência).

As características apresentadas na distância demográfica demonstram o desafio existente entre os países, e é preciso que a empresa o considere para sua eficácia distante da matriz. Empresas de países com maior grau entre diferenças demográficas devem considerar isso como ameaça à sua sobrevivência naquele país, ou ao investimento estrangeiro (TSANG; YIP, 2007TSANG, E. W.K; YIP, P. S.L. Economic distance and the survival of foreign direct investments. Academy of Management Journal, 50(5): 1156-1168, 2007.). Por isso, pode não ser suficiente considerar aspectos restritos à atratividade do mercado (MALHOTRA et al., 2009MALHOTRA, S.; SIVAKUMAR, K.; ZHU, P.C. Distance factors and target market selection: the moderating effect of market potential. International Marketing Review, 26(6): 651-673, 2009.), mas também considerar características demográficas distintas entre países e economias de transição (MA; DELIOS, 2007). Os resultados dão suporte à hipótese H3 e em estão em concordância com outros estudos anteriores (FANG et al., 2013FANG, Y.; WADE, M.; DELIOS, A.; BEAMISH, P. An exploration of multinational enterprise knowledge resources and foreign subsidiary performance. Journal of World Business 48(1): 30-38, 2013.).

A distância política evidencia relação negativa com a taxa de risco de sobrevivência subsidiária (p<0,01), dando suporte à hipótese H4. Isso significa que tal distância representa ameaça à sobrevivência da subsidiária estrangeira, e isso indica que países economicamente distantes tendem a proporcionar maior risco à adaptação e desempenho da subsidiária. As empresas que seguiram um processo sequencial de expansão internacional são menos sensíveis ao impacto dos riscos políticos (DELIOS; HENIZS, 2003DELIOS, A.; HENISZ, W. Political hazards, experience, and sequential entry strategies: The international expansion of Japanese firms, 1980-1998. Strategic Management Journal, 24(11): 1153-1164, 2003.). Os achados corroboram as descobertas de Dai et al. (2013)DAI, L.; EDEN, L.; BEAMISH, P. Place, space, and geographical exposure: Foreign subsidiary survival in conflict zones. Journal of International Business Studies, 44(6): 554-578, 2013., que enfatizaram o severo impacto que as diferenças políticas desempenham para sobrevivência em diferentes países. Além disso, Delios e Henisz (2003)DELIOS, A.; HENISZ, W. Political hazards, experience, and sequential entry strategies: The international expansion of Japanese firms, 1980-1998. Strategic Management Journal, 24(11): 1153-1164, 2003. declararam que a distância política pode ser um problema para as empresas multinacionais se adaptarem, e sugere dificuldades à continuidade dos negócios.

As descobertas demonstram a relação negativa entre a distância financeira e sobrevivência da subsidiária (p<0,10). O resultado oferece suporte à hipótese H5. Resultados semelhantes encontraram Chung e Beamish (2005)CHUNG, C.; BEAMISH, P. Investment mode strategy and expatriate strategy during times of economic crisis. Journal of International Management, 11(3): 331-355, 2005., Tsang e Yip (2007)TSANG, E. W.K; YIP, P. S.L. Economic distance and the survival of foreign direct investments. Academy of Management Journal, 50(5): 1156-1168, 2007., e Fang et al. (2013)FANG, Y.; WADE, M.; DELIOS, A.; BEAMISH, P. An exploration of multinational enterprise knowledge resources and foreign subsidiary performance. Journal of World Business 48(1): 30-38, 2013.. Tais pesquisas indicaram que aspectos econômicos são presentes nesta distância são obstáculos institucionais para o sucesso das operações no mercado externo. Delios e Henisz (2003)DELIOS, A.; HENISZ, W. Political hazards, experience, and sequential entry strategies: The international expansion of Japanese firms, 1980-1998. Strategic Management Journal, 24(11): 1153-1164, 2003. argumentaram que as empresas japonesas tomam decisões de investimento de acordo com o nível de incerteza do ambiente do país hospedeiro ao considerar os aspectos financeiros.

As subsidiárias estrangeiras são mais propensas a falhar em continuidade ao se depararem com diferenças maiores nas características associadas à distância do conhecimento (p<0,01), confirmando a hipótese H6. Isso significa que essa distância transnacional representa risco à sobrevivência subsidiária no exterior. O resultado é semelhante aos trabalhos de Fang et al. (2013)FANG, Y.; WADE, M.; DELIOS, A.; BEAMISH, P. An exploration of multinational enterprise knowledge resources and foreign subsidiary performance. Journal of World Business 48(1): 30-38, 2013. e Lu e Beamish (2004)LU, J.; BEAMISH, P. International diversification and firm performance: The S-curve hypothesis. Academy of Management Journal, 47(4): 598-609, 2004., os quais revelaram que diferenças de conhecimento do país são importantes para transferir conhecimento para entre suas subsidiárias.

O resultado mais contraintuitivo é o encontrado para a distância cultural. Os achados representam implicação inversa ao esperado na hipótese H9. Os resultados evidenciam que a distância cultural está positivamente associada à sobrevivência subsidiária estrangeira (p <0,01). Isso implica que os países com maior distância cultural apresentam maior probabilidade de sobrevivência da subsidiária naquele país, reduzindo a ameaça distante da matriz. Alguns pesquisadores encontraram resultados semelhantes.

Para Barkema et al. (1996)BARKEMA, H. G.; BELL, J. HJ; PENNINGS, J. M. Foreign entry, cultural barriers, and learning. Strategic Management Journal, 17(2): 151-166, 1996., empresas que se aventuraram em países mais culturalmente distantes tiveram menor incidência de mortalidade. A explicação para esse resultado inesperado pode estar relacionada a estratégias de aprendizagem e transferência de conhecimento (KOSTOVA, 1999KOSTOVA, T. Transnational transfer of strategic organizational practices: A contextual perspective. Academy of Management Review, 24(2): 308-324, 1999.), propriedade e experiência operacional como forma de reduzir o impacto dessa diferença (DELIOS; BEAMISH, 2001DELIOS, A; BEAMISH, P. Survival and profitability: The roles of experience and intangible assets in foreign subsidiary performance. Academy of Management Journal, 44(5): 1028-1038, 2001.), ou uso de expatriados (COLAKOGLU; CALIGIURI, 2008COLAKOGLU, S.; CALIGIURI, P. Cultural distance, expatriate staffing and subsidiary performance: The case of US subsidiaries of multinational corporations. The International Journal of Human Resource Management, 19(2): 223-239, 2008.).

Os resultados demonstram uma conexão significativa entre a experiência local e a sobrevivência da subsidiária. O conhecimento experiencial tem um impacto positivo na longevidade subsidiária (p<0,001). Isso significa que o crescimento da experiência local aumenta a probabilidade de sobrevivência subsidiária, e esse resultado oferece suporte à hipótese H10. Tal achado proporciona oportunidades para que a experiência acumulada seja transferida para seu domínio diante das operações comerciais. Os resultados são consistentes com os estudos de Powell e Rhee (2013)POWELL, K.; RHEE, M. Experience in different institutional environments and foreign subsidiary ownership structure. Journal of Management, 42(6): 1434-1461, 2013. e Gaur e Lu (2007)GAUR, A.; LU, J. Ownership strategies and survival of foreign subsidiaries: Impacts of institutional distance and experience. Journal of Management, 33(1): 84-110, 2007.. Para eles, a experiência local tem efeito de um recurso notável para reduzir a sensibilidade às diferenças institucionais noutros países (DELIOS; HENISZ, 2003DELIOS, A.; HENISZ, W. Political hazards, experience, and sequential entry strategies: The international expansion of Japanese firms, 1980-1998. Strategic Management Journal, 24(11): 1153-1164, 2003.).

Finalmente, analisamos se a experiência pode desempenhar efeito moderador para reduzir o impacto das distâncias transnacionais na sobrevivência da subsidiária estrangeira. De acordo com Tabela 3, apenas a moderação entre a experiência local e a distância econômica conseguiu desempenhar tal efeito satisfatório significativamente (p <0,10). Isso implica que a experiência local modera o efeito negativo entre a distância econômica e a sobrevivência da subsidiária estrangeira. À medida que a experiência no mercado local aumenta, o efeito da distância econômica se torna menor, o que contribui para a longevidade de desempenho. Desta forma, suporta parcialmente H11.

Tabela 3
Resultados da Regressão Cox com o efeito da moderação (+ = maior sobrevivência)

As descobertas dessa análise empírica podem promover algumas discussões. Primeiro, uma das implicações desta pesquisa é que as distâncias transnacionais e experiência local são importantes para entender a sobrevivência das subsidiárias estrangeiras. Ademais, a experiência local é um elemento significativo para moderar diferenças relacionadas aos aspectos econômicos entre os países. Evans e Mavondo (2002)EVANS, J.; MAVONDO, F. T. Psychic distance and organizational performance: An empirical examination of international retailing operations. Journal of International Business Studies, 33(0):515-532, 2002. argumentaram que, quando os gerentes são responsáveis por uma decisão envolvendo países, eles devem exercer maiores esforços para entender os mercados estrangeiros. Nosso estudo fornece os benefícios do reconhecimento de distâncias transnacionais, os quais representam aspectos multidimensionais como indicadores relevantes para a sobrevivência da subsidiária. Ao fazer uso mais de uma distância, é possível analisar mais profundamente o impacto de cada distância e qual a ameaça que cada um representa para a tomada de decisões nos negócios internacionais. Consequentemente, isso corrobora para aumentar a probabilidade de sobrevivência das operações no exterior em diferentes mercados.

Em segundo lugar, evidencia que maior distância entre os países exige maiores esforços no âmbito da pesquisa de mercado e planejamento (EVANS; MAVONDO, 2002EVANS, J.; MAVONDO, F. T. Psychic distance and organizational performance: An empirical examination of international retailing operations. Journal of International Business Studies, 33(0):515-532, 2002.). Isso também estabelece uma base confiável para decisões gerenciais envolvendo países distantes (DIKOVA, 2009DIKOVA, D. Performance of foreign subsidiaries: Does psychic distance matter? International Business Review, 18(1): 38-49, 2009.). Portanto, o processo de seleção de mercado pode obter significativas contribuições usando diferentes distâncias transnacionais. Sua aplicação pode fornecer informações importantes para as empresas multinacionais estarem preparadas para responder, enfrentar e ajustar suas metas aos níveis do desafio de cada mercado que receberá os investimentos estrangeiros.

Finalmente, usando informações longitudinais, os gerentes podem se apoiar melhor em estratégias para a sobrevivência da subsidiária, para selecionar mercados com maior precisão e desempenho, e selecionar o modo de entrada adequado mais eficaz nas operações comerciais internacionais.

5. CONCLUSÕES

Este artigo investigou a relação das distâncias transnacionais e experiência local na sobrevivência da subsidiária. As descobertas contribuem para a compreensão de como as subsidiárias são impactadas pelas distâncias entre os países envolvidos e sua subsidiária em diferentes mercados. Alguns pontos podem ser destacados quanto à contribuição para o campo dos negócios internacionais.

Primeiro, a natureza empírica desta pesquisa que ampliou a investigação da sobrevivência de subsidiárias estrangeiras ao fazer uso de diversas distâncias transnacionais. Ampliamos os estudos prévios dedicados a uma ou poucas distâncias a múltiplas dimensões junto ao desempenho da empresa (BERRY et al., 2010BERRY, H.; GUILLÉN, M.; ZHOU, N. An Institutional Approach to Cross-National Distance. Journal of International Business Studies, 41(9): 1460-1480, 2010.). Isso proporcionou melhor compreensão sobre os tipos de medidas institucionais externas relevantes para a sobrevivência da subsidiária. Devido à instabilidade e ao ambiente incerto dos negócios internacionais, é importante considerar os aspectos institucionais externos em comparação com os aspectos internos (KOSTOVA, ZAHEER, 1999KOSTOVA, T. Transnational transfer of strategic organizational practices: A contextual perspective. Academy of Management Review, 24(2): 308-324, 1999.) por períodos de recortes temporais maiores. Essa contribuição indica a existência de um campo promissor de pesquisa sobre a ação das distâncias e análise de sobrevivência, tanto em aspectos institucionais como não institucionais.

Em segundo lugar, a experiência local concentra outro significante elemento para diminuir a taxa de risco de mortalidade. Embora tenha sido investigado de forma proeminente na sobrevivência, nenhum estudo prévio expandiu a experiência local em muitas investigações no campo das distâncias transnacionais. Esta pesquisa mostra a possibilidade de novas pesquisas nesse sentido. Além disso, embora nossa investigação tenha analisado os efeitos de moderação da experiência local sobre nove distâncias, os resultados confirmaram que a experiência da subsidiária estrangeira acumulada tem efeito moderador da distância econômica sobre a sobrevivência da subsidiária. Essa descoberta estendeu os estudos anteriores (HUTZSCHENREUTER; HORSTKOTTE, 2013HUTZSCHENREUTER, T.; HORSTKOTTE, J. Performance effects of top management team demographic faultlines in the process of product diversification. Strategic Management Journal, 34(6):704-726, 2013.; DIKOVA, 2009DIKOVA, D. Performance of foreign subsidiaries: Does psychic distance matter? International Business Review, 18(1): 38-49, 2009.). Estudos futuros poderiam ampliar essa análise empírica ao testar diferentes variáveis na moderação das distâncias no desempenho da subsidiária estrangeira.

Em terceiro lugar, os resultados indicam que as distâncias desempenham papel fundamental para a compreensão da longevidade subsidiária noutro país. Isso revela a relevância de análises entre similaridades e desigualdades entre os países envolvidos no processo de internacionalização. É imprescindível que as empresas analisem distâncias entre os países em seus vários constructos em profundidade, considerando a gama de distâncias, tanto em observações individuais quanto concomitante. Dessa forma, a criteriosa decisão de estratégias sobre o cenário de confronto para a sobrevivência da empresa.

Em quarto lugar, esta pesquisa de análise longitudinal nos possibilitou encontrar evidências mais precisas sobre o impacto das distâncias na sobrevivência. Devido à falta de compreensão das diferentes perspectivas institucionais envolvidas nos negócios internacionais, incentivamos os pesquisadores a usar distâncias multidimensionais em análises longitudinais para estudos futuros. Promover análises por períodos prolongados pode ajudar a elucidar o fenômeno da internacionalização em diferentes pressupostos teóricos.

Como contribuição gerencial, os resultados revelam evidências importantes de como as distâncias podem fornecer informações importantes aos gestores no processo estratégico e de tomada de decisão. A sobrevivência no mercado estrangeiro transcende barreiras do desempenho financeiro. É necessário considerar a existência de outros constructos das distâncias capazes de contribuir ou atrapalhar o sucesso de operações internacionais. O que revela formas de antever riscos aos investimentos ante a seleção de países para o estabelecimento de subsidiárias.

Para as acadêmicas e científicas, é esperado que nossas descobertas incentivem o desenvolvimento de mais pesquisas sobre diversas distâncias com abordagens institucionais e complementares. É preciso aprofundar o conhecimento sobre como as distâncias se relacionam com outras variáveis, e não apenas restrita à sobrevivência da subsidiária ou como forma de desempenho.

Embora este estudo forneça descobertas relevantes para literatura de negócios internacionais, a pesquisa apresenta limitações. Em primeiro lugar, foram aplicadas apenas características exógenas, ou variáveis ​​ambientais externas - neste caso, as distâncias transnacionais. Investigar características endógenas em interação com exógeno pode fornecer oportunidades para futuras pesquisas. Em segundo lugar, nossa análise baseia-se em subsidiárias de empresas japonesas em países europeus, o que poderia ter influência em certas características especiais dessas empresas multinacionais ou do contexto específico da região onde estão estabelecidas. Estudos futuros podem buscar diferentes regiões, empresas originárias de outros países e diferentes recortes temporais para confirmar nossas descobertas ou revelar novas descobertas. Em terceiro lugar, devido à disponibilidade de dados, não poderíamos controlar as firmas por área de atuação. Alguns setores podem ser menos sensíveis às distâncias transnacionais. Recomendamos que novos estudos se apropriem do controle ao setor de atuação das empresas e investiguem a seleção de mercados internacionais.

Além disso, indicamos que pesquisas futuras investiguem a relação das distâncias com expatriados, a seleção do modo de entrada com a capacidade de se adaptar, aprender e transferir conhecimento entre redes das multinacionais. Muitos dos desafios podem ser explorados em futuras pesquisas para analisar em profundidade o impacto da diversidade entre os países e maximizar a probabilidade de alcançar o sucesso no processo de internacionalização.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May-Jun 2018

Histórico

  • Recebido
    10 Mar 2017
  • Revisado
    10 Maio 2017
  • Aceito
    20 Jun 2017
  • Publicado
    01 Fev 2018
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