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A Estrutura Competitiva e o Posicionamento Estratégico da Indústria Bancária Perante Grandes Distúrbios Ambientais: Um Estudo dos Bancos Brasileiros

RESUMO

Este trabalho examina a dinâmica da estrutura competitiva e o posicionamento estratégico dos bancos brasileiros. Ao longo dos dezoito anos abrangidos pelo estudo, observamos períodos de instabilidade estratégica nessa indústria e nas diferentes estruturas de grupos estratégicos, no que se refere não só ao seu número, mas também a sua composição. Este estudo, portanto, fornece evidências empíricas de que dificilmente encontraremos períodos de plena estabilidade estratégica. Esses resultados indicam que, em algum momento, há uma mudança no posicionamento estratégico dessas empresas e fornece uma visão em relação aos padrões competitivos de uma indústria ao longo do tempo.

Palavras-chave:
Estratégia dos bancos brasileiros; Grupos estratégicos; Teoria da organização industrial; Mclust

ABSTRACT

This work looks into the dynamics of the competitive structure and strategic positioning of Brazilian banks. Over the eighteen years covered by the study, we saw periods of strategic instability in this industry and differing structures of strategic groups, with regard to not only their number, but also their composition. Our study therefore provides empirical evidence that we will hardly find periods of full strategic stability. These findings denote that, at some moment, there is a change in the strategic positioning of these firms and provides insight with regard to the competitive patterns of an industry over the period.

Keywords:
Brazilian bank strategy; Strategic groups; Industrial organization theory; MCLUST

1. INTRODUÇÃO

A conduta e o desempenho das empresas e indústrias são temas que têm despertado considerável interesse científico há algum tempo. Uma compreensão lógica no que diz respeito ao modo de operação das firmas e indústrias era originalmente o objetivo principal da literatura em Organização Industrial (OI).

A teoria, então, baseada no paradigma da "estrutura-conduta-desempenho" (structure-conduct-performance) supôs que, para um determinado setor haveria uma estratégia ideal a ser seguida e, portanto, as variações na rentabilidade das empresas seriam o resultado de uma economia de escala (Mason, 1949 e Bain, 1959). No entanto, as observações de Hunt em 1972HUNT, M. Competition in the Major Home Appliance Industry, 1960-70. Doctoral Thesis, Harvard University, 1972. mostraram a presença de grupos no mesmo setor com estratégias diferentes e, assim, nasceu uma nova linha de investigação.

A abordagem de grupos estratégicos proporcionou uma nova caracterização dos fatos. Este trabalho está focado nesse tratamento. Questões como a dinâmica da estrutura competitiva e posicionamento estratégico das empresas e indústrias são de grande interesse acadêmico. No entanto, a análise da conduta dos grupos estratégicos ao longo do tempo mostra ser um veículo apropriado ao examinar sobre a história e evolução de um mercado.

Os estudos empíricos de Cool (1985COOL, K.; SCHENDEL, D. Strategic group formation and performance: the case of the U.S. pharmaceutical industry, 1963-82. Management Science, v. 33, p. 1102-1124, 1987.), Cool & Schendel (1987)COOL, K.; SCHENDEL, D. Strategic group formation and performance: the case of the U.S. pharmaceutical industry, 1963-82. Management Science, v. 33, p. 1102-1124, 1987., Fiegenbaum (1987)FIEGENBAUM, A. Dynamic Aspects of Strategic Groups and Competitive Strategy: concepts and empirical examination in the Insurance Industry. Doctoral Thesis, University of Illinois at Urban-Champaign, 1987., Mascarenhas (1989)MASCARENHAS, B. Strategic Groups Dynamics. Academy of Management Journal, v. 32, p. 333-352, 1989. e Fiegenbaum & Thomas (1990)FIEGENBAUM, A.; SUDHARSHAN, D.; THOMAS, H. Strategic time periods and strategic groups research: concepts and an empirical example. Journal of Management Studies, v. 27, p. 133-148, 1990. analisam as questões básicas no que se refere à composição dos grupos estratégicos, a sua evolução e aos tipos de mudanças a que tinham sido submetidos a partir de uma perspectiva dinâmica. Esses trabalhos deram origem a uma série de estudos semelhantes durante a década de 1990.

No entanto, algumas restrições devem ser destacadas, como apontado por Zúñiga et al (2004)ZÚÑIGA VICENTE, J. A.; FUENTE SABATÉ, J. M.; SUÁREZ GONZÁLEZ, I. Dynamics of the strategic group membership-performance linkage in rapidly changing environments. Journal of Business Research, v. 57, n. 12, p. 1378-1390, 2004., no que se refere a esses estudos, que, por um lado, em sua análise,,a maioria abrangeu um período caracterizado pela estabilidade em condições ambientais e, por outro fez uso de amostras estáveis de empresas, compostas pelas maiores empresas da indústria.

Em linha com os estudos de Zúñiga et al (2004)ZÚÑIGA VICENTE, J. A.; FUENTE SABATÉ, J. M.; SUÁREZ GONZÁLEZ, I. Dynamics of the strategic group membership-performance linkage in rapidly changing environments. Journal of Business Research, v. 57, n. 12, p. 1378-1390, 2004., examinamos, por meio de análise estatística, a dinâmica da estrutura competitiva e o posicionamento estratégico de uma indústria específica: o mercado bancário brasileiro. Durante o período analisado, as empresas dessa indústria estavam sujeitas a distúrbios ambientais contínuas; ademais, esta é uma indústria caracterizada por mudanças em sua composição (falência, fusões, aquisições e privatizações).

Embora este estudo esteja claramente em consonância com a pesquisa de Zúñiga et al (2004)ZÚÑIGA VICENTE, J. A.; FUENTE SABATÉ, J. M.; SUÁREZ GONZÁLEZ, I. Dynamics of the strategic group membership-performance linkage in rapidly changing environments. Journal of Business Research, v. 57, n. 12, p. 1378-1390, 2004., as diferenças relacionam-se às variáveis que caracterizam a ação estratégica ora utilizadas. Uma das lacunas no estudo de Zúñiga et al (2004)ZÚÑIGA VICENTE, J. A.; FUENTE SABATÉ, J. M.; SUÁREZ GONZÁLEZ, I. Dynamics of the strategic group membership-performance linkage in rapidly changing environments. Journal of Business Research, v. 57, n. 12, p. 1378-1390, 2004. está na investigação sobre o posicionamento estratégico dos bancos espanhóis por meio das variáveis que apenas caracterizam este posicionamento estratégico no nível do negócio (tipos de consumidores e produtos), considerando que este estudo preenche essas lacunas, ao expandir a pesquisa para o nível funcional (decisões quanto ao comprometimento de recursos) usando dados das estruturas patrimonial e de resultados dos bancos. De acordo com Amel & Rhoades (1988)AMEL, D. ; RHOADES, S. A. The performance effects of strategic groups in banking. The Antitrust Bulletin, v. 37, p. 171-186, 1992., decisões quanto ao comprometimento de recursos (políticas de captação e aplicação de recursos) e no âmbito dos negócios (tipo de consumidores, produtos e riscos) estão refletidas nessas estruturas.

Este trabalho está organizado em cinco seções. A seção seguinte mostra uma revisão da literatura sobre as pesquisas que contribuíram para a compreensão do campo do estudo e outros aspectos ligados a ele. Na seção 3, são detalhadas as variáveis do estudo e a metodologia utilizada na sua análise dos dados. Na seção 4, são apresentados e discutidos os resultados e as evidências obtidas. Por fim, na seção 5, concluímos nosso trabalho.

2. A LITERATURA DOS GRUPOS ESTRATÉGICOS

A abordagem de grupos estratégicos surge de uma tentativa de preencher as lacunas existentes na Teoria da organização industrial em relação ao paradigma "estrutura-conduta-desempenho" (structure-conduct-performance). O termo "grupo estratégico" foi originalmente cunhado por Hunt (1972)HUNT, M. Competition in the Major Home Appliance Industry, 1960-70. Doctoral Thesis, Harvard University, 1972., que identificou diferenças estratégicas entre as firmas da indústria americana de produtos da linha branca isolando-as em quatro grupos a partir de três dimensões estratégicas (assimetrias presentes naquela indústria).

Esses grupos foram chamados grupos estratégicos e definidos pelo autor como firmas da mesma indústria que são altamente simétricas no que diz respeito à sua estrutura de custos, ao grau de integração vertical, ao grau de diferenciação do produto, à sua organização formal, aos sistemas de controle, à remuneração e sanções da gestão: e, por fim, às suas opiniões e preferências pessoais com relação aos diversos resultados possíveis.

O conceito de grupos estratégicos passou a ser desenvolvido a partir de dois pontos de vista - o primeiro, que emana da escola da organização industrial (Hunt, 1972HUNT, M. Competition in the Major Home Appliance Industry, 1960-70. Doctoral Thesis, Harvard University, 1972.; Newman, 1973NEWMAN, H. H. Strategic Groups and the Structure-Performance Relationship: A Study with Respect to the Chemical Process Industries. Doctoral Thesis, Harvard University, 1973.; Porter, 1973PORTER, M. E. Consumer Behavior, Retailer Power, and Manufacturer Strategy in Consumer Goods Industries. Doctoral Thesis, Harvard University, 1973.; Caves & Porter, 1977CAVES, R. E.; PORTER, M. From entry barriers to mobility barriers: conjectural decisions and contrived deterrence to new competition. Quarterly Journal of Economics, v. 91, p. 241-26, 1977.; Newman, 1978NEWMAN H. H. Strategic groups and the structure-performance relationship. Review of Economics and Statistics, v. 60, p. 417-427, 1978. e Oster, 1982OSTER, S. M. Intraindustry structure and the ease of strategic change. Review of Economics and Statistics, v. 64, p. 376-383, 1982.), e o segundo, da escola da gestão estratégica (Hatten, 1974HATTEN, K. J. Strategic Models in the Brewing Industry. Doctoral Thesis, Purdue University, 1974.; Patton, 1976PATTON, G. R. A Simultaneous Equation Model of Corporate Strategy: The Case of the U.S. Brewing Industry. Doctoral Thesis, Purdue University, 1976. e Cool, 1985COOL, K.; SCHENDEL, D. Strategic group formation and performance: the case of the U.S. pharmaceutical industry, 1963-82. Management Science, v. 33, p. 1102-1124, 1987.).

A partir das perspectivas da escola da organização industrial, medidas tais como o tamanho da firma (Porter, 1973PORTER, M. E. Consumer Behavior, Retailer Power, and Manufacturer Strategy in Consumer Goods Industries. Doctoral Thesis, Harvard University, 1973. e 1979PORTER, M. E. The structure within industries and companies performance. Review of Economics and Statistics, v. 61, p.214-227, 1979.), o número de agentes em uma indústria (Porter 1976PORTER, M. E. Interbrand Choice, Strategy and Bilateral Market Power. Cambridge: Harvard University Press, 1976., Oster 1982OSTER, S. M. Intraindustry structure and the ease of strategic change. Review of Economics and Statistics, v. 64, p. 376-383, 1982.) e o grau de integração vertical (Newman, 1973NEWMAN, H. H. Strategic Groups and the Structure-Performance Relationship: A Study with Respect to the Chemical Process Industries. Doctoral Thesis, Harvard University, 1973.) foram tomadas como proxies para a estratégia e, portanto, relacionadas ao desempenho para assim explicar as diferenças ora existentes.

Por sua parte, a escola de gestão estratégica tratou os grupos estratégicos de uma perspectiva diferente. A partir da ideia de que esses grupos consistem em uma ferramenta analítica útil para agregar firmas com estratégias semelhantes permitindo então comparações, esta linha de pesquisa concentra-se nas firmas individualmente e nos seus padrões competitivos utilizando inúmeras variáveis ligadas à estratégia, de modo a identificar os grupos estratégicos em uma indústria particular (Hatten, 1974HATTEN, K. J. Strategic Models in the Brewing Industry. Doctoral Thesis, Purdue University, 1974.; Patton, 1976PATTON, G. R. A Simultaneous Equation Model of Corporate Strategy: The Case of the U.S. Brewing Industry. Doctoral Thesis, Purdue University, 1976. e Cool, 1985COOL, K.; SCHENDEL, D. Strategic group formation and performance: the case of the U.S. pharmaceutical industry, 1963-82. Management Science, v. 33, p. 1102-1124, 1987.).

Já em meados da década de 80, inicia-se uma nova fase de pesquisa agora focada em questões como a exploração das barreiras de mobilidade (McGee & Thomas, 1986MCGEE, J.; THOMAS, H. Strategic Groups: Theory, Research and Taxonomy. Strategic Management Journal, v. 7; p. 141-160, 1986. e Mascarenhas & Aaker, 1989MASCARENHAS, B.; AAKER, D. A. Mobility Barriers and Strategic Groups. Strategic Management Journal, v. 10, p. 475-485, 1989.) e a estabilidade dos grupos estratégicos (Oster, 1982OSTER, S. M. Intraindustry structure and the ease of strategic change. Review of Economics and Statistics, v. 64, p. 376-383, 1982.; Cool, 1985COOL, K. Strategic group formation and strategic group shifts: a longitudinal analysis of the U.S. Pharmaceutical Doctoral Thesis, Purdue University, 1985.; Cool & Schendel, 1987COOL, K.; SCHENDEL, D. Strategic group formation and performance: the case of the U.S. pharmaceutical industry, 1963-82. Management Science, v. 33, p. 1102-1124, 1987.; Cool & Schendel, 1988COOL, K.; SCHENDEL, D. Performance Differences Among Strategic Group Members. Strategic Management Journal, v. 9, p. 207-223, 1988.; Fiegenbaum, 1987FIEGENBAUM, A. Dynamic Aspects of Strategic Groups and Competitive Strategy: concepts and empirical examination in the Insurance Industry. Doctoral Thesis, University of Illinois at Urban-Champaign, 1987.; Mascarenhas, 1989MASCARENHAS, B. Strategic Groups Dynamics. Academy of Management Journal, v. 32, p. 333-352, 1989. e Fiegenbaum & Thomas, 1990FIEGENBAUM, A.; THOMAS, H. Strategic Groups and Performance: The U.S. Insurance Industry, 1970-84. Strategic Management Journal, v. 11, p. 197-215, 1990.).

Embora a dinâmica dos grupos estratégicos tenha sido documentada repetidamente em estudos longitudinais da conduta dos grupos, foram observadas diferenças metodológicas significativas nos referidos estudos empíricos.

Há trabalhos cujo método utilizado para definir o período de tempo durante o qual as estruturas do grupo não sofrem alterações significativas é subjetivo, e esses períodos são determinados a priori por meio do conhecimento do setor analisado (Amel & Rhoades, 1988AMEL, D. ; RHOADES, S. A. The performance effects of strategic groups in banking. The Antitrust Bulletin, v. 37, p. 171-186, 1992. e 1992AMEL, D. ; RHOADES, S. A. The performance effects of strategic groups in banking. The Antitrust Bulletin, v. 37, p. 171-186, 1992.; Ketchen, Thomas & Snow, 1993KETCHEN, D. J.; THOMAS J. B.; SNOW C. C. Organizational Configurations and Performance: A Comparison of Theoretical Approaches. Academy of Management Journal, v. 36, p. 1278-1313, 1993.) além de estudos em que técnicas estatísticas (entre as quais, o teste T2 de Hotelling e o teste M de Box) são utilizadas para definir os períodos de estabilidade estratégica (Cool & Schendel, 1987COOL, K.; SCHENDEL, D. Strategic group formation and performance: the case of the U.S. pharmaceutical industry, 1963-82. Management Science, v. 33, p. 1102-1124, 1987. e 1988COOL, K.; SCHENDEL, D. Performance Differences Among Strategic Group Members. Strategic Management Journal, v. 9, p. 207-223, 1988.; Fiegenbaum & Thomas, 1990FIEGENBAUM, A.; THOMAS, H. Strategic Groups and Performance: The U.S. Insurance Industry, 1970-84. Strategic Management Journal, v. 11, p. 197-215, 1990. e 1993FIEGENBAUM, A.; THOMAS, H. Industry and Strategic Group Dynamics: Competitive Strategy in the Insurance Industry, 1970-84. Journal of Management Studies, v. 30, p. 69-105, 1993.; Fiegenbaum et al, 1990FIEGENBAUM, A.; SUDHARSHAN, D.; THOMAS, H. Strategic time periods and strategic groups research: concepts and an empirical example. Journal of Management Studies, v. 27, p. 133-148, 1990.; Flavián & Polo, 1998FLAVIÁN, C.; POLO, Y. Competitive strategies in Southern Europe: the case of Spanish retailers. International Journal of Retail & Distribution Management, v. 26, p. 13-28, 1998.; Más, 1999MÁS, F. J. Dynamic analysis of competition in marketing: strategic groups in Spanish banking. International Journal of Bank Marketing, v. 17, p. 233-250, 1999.; García et al, 2001GARCÍA, M. T.; SANTOS, M. V.; VELLELADO, E. Grupos estratégicos en las cajas de ahorro españolas: dinámica temporal, consistencia interna y resultados. Cuadernos de Economía y Dirección de la Empresa, v. 10, p. 432-461, 2001.; Flavián et al, 2002FLAVIÁN, C.; HABERBERG, A.; POLO, Y. Food retailing strategies in the European Union. A comparative analysis in the UK and Spain. Journal of Retailing and Consumer Services, v. 9, p. 125-138, 2002. e Zúñiga et al, 2004ZÚÑIGA VICENTE, J. A.; FUENTE SABATÉ, J. M.; SUÁREZ GONZÁLEZ, I. Dynamics of the strategic group membership-performance linkage in rapidly changing environments. Journal of Business Research, v. 57, n. 12, p. 1378-1390, 2004.).

Vale destacar que o estudo de Amel & Rhoades (1988)AMEL, D. ; RHOADES, S. A. The performance effects of strategic groups in banking. The Antitrust Bulletin, v. 37, p. 171-186, 1992., embora defina os períodos de estabilidade estratégica subjetivamente, merece atenção porque traz como uma inovação o uso de dados do balanço contábil como variáveis que caracterizam a atividade estratégica da empresa.

Em consonância com os trabalhos que definem objetivamente o período do tempo em que a estrutura dos grupos não sofre quaisquer alterações significativas, despontam-se pesquisas que voltam sua atenção para as circunstâncias que afetam a classificação das firmas (Mascarenhas, 1989MASCARENHAS, B. Strategic Groups Dynamics. Academy of Management Journal, v. 32, p. 333-352, 1989.; Bogner, 1991BOGNER, W. C. Patterns of intra-industry competition: A dynamic analysis of theoretical foundations of strategic groups Doctoral Thesis, University of Illinois at Urban-Champaign, 1991. and Zúñiga et al. 2004ZÚÑIGA VICENTE, J. A.; FUENTE SABATÉ, J. M.; SUÁREZ GONZÁLEZ, I. Dynamics of the strategic group membership-performance linkage in rapidly changing environments. Journal of Business Research, v. 57, n. 12, p. 1378-1390, 2004.).

O trabalho de Mascarenhas (1989)MASCARENHAS, B. Strategic Groups Dynamics. Academy of Management Journal, v. 32, p. 333-352, 1989., uma análise dinâmica dos grupos estratégicos na indústria do petróleo, já fornecia dados no que se refere a uma conexão entre a mobilidade dos grupos estratégicos e as mudanças ambientais. Por sua parte, Bogner (1991)BOGNER, W. C. Patterns of intra-industry competition: A dynamic analysis of theoretical foundations of strategic groups Doctoral Thesis, University of Illinois at Urban-Champaign, 1991. estudou a dinâmica dos grupos estratégicos na indústria farmacêutica americana e testou várias hipóteses sobre por que as empresas mudaram seu posicionamento estratégico e em quais circunstâncias isso ocorreu. Dentro do conjunto de perguntas exploradas pelo autor, alguns ponderaram a possibilidade de mudanças das firmas de grupos estratégicos em tempos de turbulência.

Ao contrário do esperado, os resultados empíricos obtidos por Bogner (1991)BOGNER, W. C. Patterns of intra-industry competition: A dynamic analysis of theoretical foundations of strategic groups Doctoral Thesis, University of Illinois at Urban-Champaign, 1991. apresentaram mudanças em vários momentos e não apenas durante períodos de turbulência. O trabalho de Zúñiga et al (2004)ZÚÑIGA VICENTE, J. A.; FUENTE SABATÉ, J. M.; SUÁREZ GONZÁLEZ, I. Dynamics of the strategic group membership-performance linkage in rapidly changing environments. Journal of Business Research, v. 57, n. 12, p. 1378-1390, 2004. reforçou eses resultados. Um dos pressupostos deste estudo é que em algum ponto no tempo quase toda a indústria deve apresentar firmas que se deslocam de um grupo estratégico para outro quando o número total de empresas que compõem a indústria é considerado.

Os autores reconhecem que a existência de períodos de estabilidade estratégica demonstrada em estudos anteriores está relacionada à amostra ora selecionada pelos pesquisadores (as maiores empresas em uma indústria) e demonstram empiricamente que, tendo em conta uma população de empresas que ao longo do tempo foram sujeitas a distúrbios ambientais e compostas em grande parte de pequenas entidades, não há estabilidade estratégica, uma vez que, em diversos momentos do tempo, essas empresas se deslocam de um grupo estratégico para outro, contradizendo outros estudos entre os quais está o de Cool & Schendel (1987)COOL, K.; SCHENDEL, D. Strategic group formation and performance: the case of the U.S. pharmaceutical industry, 1963-82. Management Science, v. 33, p. 1102-1124, 1987..

No que se refere ao Brasil, considerando especificamente estudos relacionados com a indústria bancária, apenas a existência de grupos estratégicos foram exploradas por Savoia & Weiss (1995)SAVOIA, J. R. F.; WEISS, J. Uma aplicação de análise multivariada para a estrutura de ativos e passivos de bancos. In: CLADEA-CONSEJO LATINOAMERICANO DE ESCUELAS DE ADMINISTRACION, Jul. 1995, Monterrey Anais. Monterrey: CLADEA, 1995. e Gonzalez; Savoia & Gouvêa (2008)GONZALEZ, R. B.; SAVOIA, J. R.; GOUVÊA, M. A. Grupos estratégicos bancários: uma abordagem transversal multivariada para o problema da segmentação dos bancos no Brasil. RAM - Revista de Administração Mackenzie, v. 9, n. 7, p. 11-40, 2008. e até o presente momento não há trabalhos que lidem com a estabilidade dos grupos estratégicos na indústria bancária e as influências exercidas pelas novas condições ambientais sobre os padrões estratégicos dos grupos.

3. DADOS E METODOLOGIA

A identificação e a especificação das variáveis que melhor refletem o posicionamento estratégico de uma empresa dependem da indústria selecionada (Cool & Schendel, 1987COOL, K.; SCHENDEL, D. Strategic group formation and performance: the case of the U.S. pharmaceutical industry, 1963-82. Management Science, v. 33, p. 1102-1124, 1987.). Para a população selecionada neste estudo, a atividade estratégica foi vinculada às decisões no âmbito dos negócios (tipo de consumidores, produtos e riscos) e às decisões no que se refere ao comprometimento de recursos (recursos e investimento das políticas de recursos). Já a seleção das variáveis que caracterizam essa ação estratégica fundamenta-se na revisão da literatura sobre os grupos estratégicos na indústria bancária brasileira.

Com o propósito de examinar a relação entre as perturbações nas condições ambientais e as mudanças ocorridas durante o período na estrutura competitiva dos bancos brasileiros, utilizamos variáveis semelhantes às do estudo de Gonzalez; Savoia & Gouvêa (2008)GONZALEZ, R. B.; SAVOIA, J. R.; GOUVÊA, M. A. Grupos estratégicos bancários: uma abordagem transversal multivariada para o problema da segmentação dos bancos no Brasil. RAM - Revista de Administração Mackenzie, v. 9, n. 7, p. 11-40, 2008. descritas no Quadro 1. Essas variáveis foram selecionadas a partir do balanço patrimonial dessas instituições financeiras. A composição do balanço dessas firmas pode ser uma boa indicação dos diversos produtos e serviços financeiros com que cada uma delas compete em seus diferentes segmentos de mercado, e seu uso possibilitou eliminar arbitrariedades na escolha das variáveis que caracterizam a ação estratégica (Amel & Rhoades, 1988AMEL, D. ; RHOADES, S. A. The performance effects of strategic groups in banking. The Antitrust Bulletin, v. 37, p. 171-186, 1992.).

Tabela 1
Testes de igualdade da matriz de variância-covariância e vetor de média das variáveis

Este estudo utiliza dados de 18 anos de 533 bancos diferentes no período de 1994 a 2011. Esses bancos representavam a população completa das instituições bancárias brasileiras durante esse período (instituições financeiras não bancárias e cooperativas de crédito não são consideradas). A informação de base utilizada para as variáveis estratégicas foi tomada a partir dos relatórios anuais publicados pelo Banco Central do Brasil os quais forneceram dados patrimoniais detalhados, nós utilizados todos os relatórios anuais desde dezembro de 1994 a dezembro de 2011.

Apresentadas as variáveis de estudo do trabalho, realizaremos uma descrição específica dos métodos para a definição dos períodos de estabilidade estratégica e grupos estratégicos. Este estudo, como outros trabalhos (Fiegenbaum & Thomas, 1990FIEGENBAUM, A.; THOMAS, H. Strategic Groups and Performance: The U.S. Insurance Industry, 1970-84. Strategic Management Journal, v. 11, p. 197-215, 1990. e 1993FIEGENBAUM, A.; THOMAS, H. Industry and Strategic Group Dynamics: Competitive Strategy in the Insurance Industry, 1970-84. Journal of Management Studies, v. 30, p. 69-105, 1993.; Fiegenbaum et al, 1990FIEGENBAUM, A.; SUDHARSHAN, D.; THOMAS, H. Strategic time periods and strategic groups research: concepts and an empirical example. Journal of Management Studies, v. 27, p. 133-148, 1990.; Flavianos & Polo, 1998GARCÍA, M. T.; SANTOS, M. V.; VELLELADO, E. Grupos estratégicos en las cajas de ahorro españolas: dinámica temporal, consistencia interna y resultados. Cuadernos de Economía y Dirección de la Empresa, v. 10, p. 432-461, 2001.; Más, 1999MÁS, F. J. Dynamic analysis of competition in marketing: strategic groups in Spanish banking. International Journal of Bank Marketing, v. 17, p. 233-250, 1999.; Zúñiga et al, 2004ZÚÑIGA VICENTE, J. A.; FUENTE SABATÉ, J. M.; SUÁREZ GONZÁLEZ, I. Dynamics of the strategic group membership-performance linkage in rapidly changing environments. Journal of Business Research, v. 57, n. 12, p. 1378-1390, 2004.), seguiu uma metodologia similar à de Fiegenbaum et al (1987)FIEGENBAUM, A.; SUDHARSHAN, D.; THOMAS, H. The concept of stable strategic time periods in strategic groups research. Managerial and Decision Economics, v. 8, p. 139-148, 1987.. Os períodos de estabilidade estratégica são definidos como os que satisfazem a dupla condição de que a matriz de variância-covariância, bem como o vetor de média das variáveis estratégicas permanecem relativamente estáveis.

Neste contexto, a instabilidade estratégica entra em jogo no momento em que há uma violação de um dos dois critérios postulados por Fiegenbaum et al (1987)FIEGENBAUM, A.; SUDHARSHAN, D.; THOMAS, H. The concept of stable strategic time periods in strategic groups research. Managerial and Decision Economics, v. 8, p. 139-148, 1987.. Assim, dois testes estatísticos são aplicados aos dois critérios de estabilidade estratégicos. Para o primeiro, o teste M de Box é utilizado com a finalidade de testar a igualdade das matrizes de covariância das variáveis estratégicas, e o teste T2 de Hotelling é, portanto, utilizado para testar o segundo critério, isto é, a igualdade dos vetores de média das variáveis estratégicas.

O teste M de Box é definido como segue:

H0: ∑1 = ∑2

H1: ∑1 ≠ ∑2,

onde Σ representa a matriz de variância-covariância associada com as variáveis estratégicas em um determinado período.

No caso de a hipótese nula não ser rejeitada, esses dois períodos são considerados em conjunto e formam uma nova matriz de covariância Σ12. Em seguida, um terceiro período é incluído e as hipóteses nulas e alternativa são reformuladas, como segue:

H0: ∑12 = ∑3

H0: ∑1 = ∑23

H1: todas ∑ não são iguais,

onde Σ12 e Σ23 são as matrizes de variância-covariância de variáveis estratégicas consideradas em conjunto para os dois primeiros períodos e para os dois últimos períodos.

No caso de ambas as hipóteses nulas serem aceitas, os três períodos são considerados como um período de estabilidade estratégica e são agrupados. Os próximos passos na avaliação dos períodos de estabilidade estratégica seguirão a mesma lógica.

O teste T2 de Hotelling é importante diante da possibilidade de os valores médios das variáveis estratégicas mudarem, indicando um novo posicionamento estratégico sem necessariamente alterar os valores da matriz de variância-covariância das variáveis estratégicas. A lógica desse teste é semelhante à descrita no Box's M test.

A instabilidade estratégica significa que os bancos brasileiros mudaram seu posicionamento estratégico anualmente em termos de decisões no âmbito do negócio (tipo de consumidores, produtos e riscos) e as decisões no que se refere ao comprometimento dos recursos (os recursos e os investimentos das políticas de recursos), ou seja, em termos das nove variáveis de decisão estratégica do Quadro 1.

Quadro 1
Variáveis de estudo do trabalho

Para a construção dos grupos estratégicos, ou clusters, um dos métodos mais utilizados é o hierárquico aglomerativo desenvolvido por Banfield & Raftery (1993). Este método permite investigar heterogeneidade em uma população através de um modelo de mistura finita, no qual cada agrupamento é descrito por uma função densidade de probabilidade diferente de modo que:

(1) f x = k = 1 g π k f k x , sendo que 0 π k 1 e k = 1 g π k = 1

X é uma mistura finita de g componentes (cada componente da mistura é um cluster distinto) com função densidade de probabilidade definida de acordo com a expressão (1);

πk são as proporções ou pesos da mistura, ou seja, consiste na probabilidade de uma observação pertencer a k-ésima componente;

f1 (.), ... , fg (.) são chamadas de densidades componentes da mistura e representam qualquer distribuição.

No entanto, considerando fk (x) = fk (x) | θk) para k = 1, 2, ..., g, ou seja, as densidades componentes da mistura pertencendo a uma família paramétrica, sendo θk um vetor dos parâmetros desconhecidos da k-ésima densidade componente da mistura, a expressão (1) pode ser reescrita como se segue:

(2) f x θ , π = k = 1 g π k f k x θ k

πk consiste a probabilidade associada a cada componente da mistura para produzir as observações x = (x1,..., xn).

O vetor que contém todos os parâmetros desconhecidos, θk, é estimado pela aplicação do método de máxima verossimilhança utilizando o algoritmo EM (Expectation-Maximization). A função de verossimilhança é construída a partir de fórmula (2), da seguinte forma:

(3) L mix θ 1 ,... θ g ; π 1 ,... π g x = i = 1 n k = 1 g π k f k x i θ k

o vetor xi = xi1, xi2, ..., xin para i = 1, 2, ..., n.

Neste estudo, para a construção dos grupos estratégicos ou clusters, seguimos Zúñiga et al (2004)ZÚÑIGA VICENTE, J. A.; FUENTE SABATÉ, J. M.; SUÁREZ GONZÁLEZ, I. Dynamics of the strategic group membership-performance linkage in rapidly changing environments. Journal of Business Research, v. 57, n. 12, p. 1378-1390, 2004., que utilizaram o módulo informático Model-based Clustering (Mclust), por meio do qual é possível realizar a análise de clusters utilizando o método hierárquico aglomerativo proposto por Banfield & Raftery (1993).

Portanto, o Mclust torna possível obter a melhor solução possível no que refere-se ao número de clusters e, assim, a escolha desse número não depende do julgamento subjetivo do pesquisador como visto em casos onde os modelos hierárquicos e não hierárquicos tradicionais são usados. No Mclust, cada cluster é descrito por uma função densidade de probabilidade Φk de uma distribuição normal multivariada parametrizada pelo vetor de médias µk e a matriz de covariância Σk:

(4) φ x i μ k , k = exp 1 2 x i μ k T k 1 x i μ k det 2 π

o vetor xi = xi1, xi2, ..., xin para i = 1, 2, ..., n.

k é um número inteiro que identifica um determinado cluster,

(xi - µk)T é uma matriz transposta

Σk.-1 é uma matriz inversa

Os parâmetros πk, µk e Σk são estimados por meio da função de verossimilhança mostrada na expressão(5), aplicando o método de máxima verossimilhança com a utilização do algoritmo EM (Expectation-Maximization).

(5) i = 1 n k = 1 g π k φ x i μ k , k

Ressaltamos que as características de um cluster expressas por meio da matriz de covariâncias Σk podem variar e, portanto, é possível a construção de vários modelos para diferentes parametrizações dessa matriz. Outro aspecto tem a ver com a quantidade de componentes que particionam a população. Na medida em que esse número é desconhecido, é necessário utilizar uma técnica de seleção de modelos para estimar o número de componentes. Assim, a fim de escolher o melhor modelo e determinar o número de componentes (grupos) da mistura, o Critério de Informação Bayesiana (Bayesian Information Criterion - BIC) é utilizado. Esse critério, mostrado na expressão (6), consiste de uma estimativa aproximada da verossimilhança integral. Ao final, quanto maior for o valor da estatística BIC, mais forte será a evidência em favor do modelo correspondente.

(6) BIC M = 2 Λ M k M log n

Λ é a maxima log- verossimilhança no modelo M

k é a sua complexidade, ou seja, o número de parâmetros

n é o tamanho da amostra

As mudanças nas estratégias do grupo são estudadas como em Más (1999)MÁS, F. J. Dynamic analysis of competition in marketing: strategic groups in Spanish banking. International Journal of Bank Marketing, v. 17, p. 233-250, 1999. por meio de uma comparação dos grupos estratégicos e suas variáveis estratégicas - chaves em períodos consecutivos. Já as mudanças nos arranjos dos grupos (número de membros dos grupos) em cada período são estudadas pela taxa de mobilidade, a qual se trata do cálculo da probabilidade de uma firma mover-se entre grupos estratégicos em períodos consecutivos de acordo com o processo desenvolvido por Sudharshan et al (1991)SUDHARSHAN, D.;THOMAS, H.; FEIGENBAUM, A. Assessing mobility barriers in dynamic strategic groups analysis. Journal of Management Studies, v. 28, p. 429-438, 1991.. Por fim, as alterações no número de grupos estratégicos na indústria bancária brasileira são levantadas observando acréscimos e reduções de grupos em cada período.

4. RESULTADOS

Estudos empíricos sobre a dinâmica dos grupos estratégicos afirmam que, quando há uma súbita mudança nas condições ambientais, é possível observar um período de instabilidade estratégica em uma indústria. No entanto, existem algumas diferenças entre esswes estudos acerca do efeito de tais distúrbios ambientais na estrutura competitiva e posicionamento estratégico das empresas. Para mostrar empiricamente que, tendo em conta uma população que está sujeita a mudanças contínuas nas condições ambientais, existem alterações significativas na estratégia competitiva dos grupos estratégicos (mudanças nos padrões competitivos dos grupos) e instabilidade em tais grupos (variação no número de grupos), é necessário identificar quais são os períodos de estabilidade estratégica (ou seja, períodos de homogeneidade e semelhança no comportamento competitivo das empresas) e os grupos estratégicos em cada período.

A fim de definir o período de tempo quando a estrutura dos grupos estratégicos não estava sujeita a alterações significativas, foi realizado o teste M de Box e o teste T2 de Hotelling. Não obstante, Cool & Schendel (1987)COOL, K.; SCHENDEL, D. Strategic group formation and performance: the case of the U.S. pharmaceutical industry, 1963-82. Management Science, v. 33, p. 1102-1124, 1987. afirmam que a determinação dos pontos de transição estratégica pode ser afetada pela composição da amostra a ser utilizada e, para isso, é necessária uma análise complementar para verificar a sensibilidade dos resultados à composição da amostra.

A abordagem sugerida pelos autores consiste em determinar os pontos de transição estratégica em uma amostra "q" de empresas onde "q <n" e repetir essa análise várias vezes, adicionando empresas até obter o "n" total da amostra. Seguimos essa abordagem e repetimos os testes citados para as amostras de bancos selecionados aleatoriamente cujos resultados obtidos são apresentados na Tabela 1.

A existência de instabilidade estratégica pode ser inferida a partir da violação, para qualquer das amostras de bancos selecionadas aleatoriamente, de uma das seguintes condições: (i) a matriz de variância-covariância permaneça relativamente estável; (ii) o vetor de média das variáveis estratégicas permaneça relativamente estável.

Observamos que, em quase todos os anos estudados, para pelo menos uma das amostras de bancos selecionadas aleatoriamente, a hipótese nula sobre a igualdade entre as matrizes de covariância (teste M de Box) ou os vetores de média das variáveis estratégicas (teste T2 de Hotelling) é rejeitada. Exceto para os anos de 1994 e 1995, há elevada instabilidade estratégica. Uma possível explicação para isso são as contínuas mudanças ambientais a que estiveram sujeitas as firmas dessa indústria.

Uma série de eventos - os principais são apresentados cronologicamente no Quadro 2 - exerceram efeito sobre a indústria bancária brasileira ao longo do tempo. Essas perturbações ambientais podem ser consideradas como as justificativas para as interrupções na estabilidade estratégica, ou seja, elas resultaram na necessidade de os bancos brasileiros reformularem suas estratégias para adaptarem-se às novas condições impostas pelo ambiente.

Quadro 2
Possível causa ambiental da ruptura durante os períodos de tempo estável

Os resultados apresentados estão compatíveis com o trabalho de Zúñiga et al (2004)ZÚÑIGA VICENTE, J. A.; FUENTE SABATÉ, J. M.; SUÁREZ GONZÁLEZ, I. Dynamics of the strategic group membership-performance linkage in rapidly changing environments. Journal of Business Research, v. 57, n. 12, p. 1378-1390, 2004.. Considerando que cada ano está associado a um ponto de transição dos padrões competitivos dos bancos, testaremos nossa explicação para o elevado nível de instabilidade estratégica através da identificação dos grupos estratégicos para cada um dos anos em estudo.

O setor bancário brasileiro experimentou episódios marcantes que provocaram mudanças significativas em sua composição. Muitos bancos não se adaptaram facilmente às novas condições ambientais impostas, e, como resultado, ocorreram falências, fusões, aquisições e privatizações. A partir dessas constatações, espera-se que diferentes estruturas dos grupos estratégicos em termos de número de grupos e a sua composição terão lugar durante a janela temporal definida para este estudo.

Identificamos os grupos estratégicos em cada ano analisado por meio do Model-Based Clustering (Mclust) (Banfield e Raftery, 1993). Essa técnica de cluster permite aos pesquisadores obter a melhor solução possível (número de clusters) por meio do algoritmo EM (expectation-maximization) para o método da máxima verossimilhança com modelos de misturas gaussianas parametrizadas. O procedimento utilizado para determinar o número ideal de clusters foi critério BIC - (Bayesian Information Criterion). A tabela 2 resume o número de grupos estratégicos identificados em cada um dos anos considerados no estudo, o número de novos grupos estratégicos, aqueles que desapareceram, reapareceram e persistiram bem como a variação líquida ocorrida com o tempo.

Tabela 2
A evolução do número de grupos estratégicos ao longo do tempo

Durante a janela temporal do estudo, o número de grupos variou entre 3 e 9. Períodos que apresentaram um maior número de grupos foram sucedidos por aqueles com maior desaparecimento de grupos. Eles correspondem a anos de grandes distúrbios ambientais, tais como os anos 2002 e 2003 nos quais ocorreram perturbações econômicas nos países sul-americanos dentre eles o Brasil. Essa constatação pode ser considerada uma indicação de que as instituições bancárias modificam suas estratégias competitivas em resposta a mudanças nas condições ambientais.

Além disso, 29 (vinte e nove) grupos estratégicos foram identificados no período de 1994 a 2011, este número de grupos está proporcionalmente (considerando o número de bancos e a janela temporal do estudo) em linha com os estudos de Zúñiga et al (2004)ZÚÑIGA VICENTE, J. A.; FUENTE SABATÉ, J. M.; SUÁREZ GONZÁLEZ, I. Dynamics of the strategic group membership-performance linkage in rapidly changing environments. Journal of Business Research, v. 57, n. 12, p. 1378-1390, 2004. em que foram identificados 24 (vinte e quatro) grupos estratégicos no setor bancário espanhol.

Vale destacar que somente 4 (quatro) desses grupos estratégicos perduram no decorrer de toda janela temporal do estudo, portanto cerca de 23 (vinte e três) deles podem ser considerados como grupos transitórios detalharemos essa definição ainda nesta seção.

A fim de identificar as estratégias que distinguem um grupo do outro, seguindo o procedimento utilizado por Amel & Rhoades (1988)AMEL, D. ; RHOADES, S. A. The performance effects of strategic groups in banking. The Antitrust Bulletin, v. 37, p. 171-186, 1992., comparamos os valores médios das variáveis estratégicas de cada grupo com a média da indústria.

Dos grupos totais assim identificados, cerca de 6 (seis) desses descritos no Quadro 3 podem ser considerados como modelos básicos de conduta estratégica dos bancos brasileiros (quatro persistem por toda a janela temporal do estudo e dois desaparecem em um determinado ano, mas ressurgem no ano subsequente). Os outros grupos aparecem e desaparecem ao longo dos anos e, por isso, podem ser vistos como padrões competitivos transitórios (ou grupos estratégicos transitórios).

Quadro 3
Os grupos estratégicos mais estáveis e a frequência dos desaparecimentos LER

No que diz respeito aos bancos tomados como modelos básicos de conduta estratégica, os bancos de varejo, bancos de crédito e de tesouraria dedicam-se a uma intermediação bancária completa, enquanto os de operações interbancárias, comerciais e de transferência seriam os intermediários da intermediação bancária, ou seja, são intermediários dentro do sistema que visa garantir a liquidez dos outros negócios.

Já em relação aos bancos tidos como transitórios, a justificativa para tal comportamento está pautada no estudo de Gonzalez; Savoia & Gouvêa (2008)GONZALEZ, R. B.; SAVOIA, J. R.; GOUVÊA, M. A. Grupos estratégicos bancários: uma abordagem transversal multivariada para o problema da segmentação dos bancos no Brasil. RAM - Revista de Administração Mackenzie, v. 9, n. 7, p. 11-40, 2008., conforme ressaltado pelos autores, as operações interbancárias (DI) não são uma atividade lucrativa em longo prazo uma vez que uma instituição doadora incorre no custo elevado de sustentar uma estrutura bancária sem beneficiar-se das margens generosas do spread bancário.

Observa-se, então, que alguns dos grupos transitórios (aqueles que aparecem e desaparecem ao longo da janela temporal do estudo) são compostos por esses bancos de operações interbancárias (DI) que incrementaram recentemente sua carteira de crédito e portanto ainda não apresentam receitas de crédito expressivas em virtude da maturação incipiente dos empréstimos ora concedidos.

Uma parte desses grupos transitórios também é composta de bancos que mostraram uma carteira de crédito significativa em períodos anteriores, ou seja, eram bancos de crédito. No entanto, eles estão em uma fase de revisão de sua estratégia de atuação reduzindo sua exposição ao risco em operações de crédito, ou por bancos de tesouraria, operações interbancárias e negócios em fase de transição incrementando sua carteira de crédito.

Em anos de grandes distúrbios ambientais, observa-se claramente um aumento no número de grupos estratégicos seguido pela sua redução. Dentre tais anos, cabe citarmos 2002 e 2003, um período marcado por perturbações econômicas nos países sul-americanos (dentre os quais Argentina e Brasil).

No cenário internacional, a Crise da Nasdaq impulsionou a aversão ao risco dos investidores, assim como o avanço da Crise Argentina, que culminou na desvalorização da moeda e falência do Estado, o que afetou negativamente o Brasil. Somada ao conturbado contexto internacional a eleição presidencial, na qual o candidato de esquerda Luis Inácio Lula da Silva liderava as intenções de voto, provocou uma reação negativa do mercado financeiro em virtude do risco de que o futuro governo alterasse a política econômica.

No inicio de 2002, os títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional e Banco Central perderam valor, e a credibilidade da dívida publica brasileira é questionada; diante do crescimento da aversão ao risco, há um racionamento do crédito. Nesse ano observamos um aumento no número de grupos transitórios, o que indica um reposicionamento estratégico dos bancos brasileiros. Já em 2003 apenas três grupos estratégicos são observados (bancos de operações interbancárias, tesouraria e varejo). Estando o posicionamento estratégico desses bancos em linha com o contexto de racionamento de crédito, houve também uma retração na expansão dos bancos estrangeiros no Brasil marcada pelo encerramento das atividades de alguns deles no país.

Também a Crise do Subprime consiste em outro período merecedor de destaque. No Brasil a crise externa restringiu o acesso dos bancos e das empresas às linhas de crédito externo, além de afetar o mercado de capitais e de câmbio do país. Coube ao Governo e ao Banco Central a adoção de medidas para minimizar os impactos dessa crise. Dentre tais medidas, aquelas de cunho creditício estão refletidas no posicionamento estratégico dos bancos em 2008, quando observamos três grupos estratégicos (bancos de operações interbancárias, crédito e varejo), dos quais dois estão direcionados principalmente à concessão de crédito.

À luz dos resultados até o momento apresentados, podemos inferir que a evolução da indústria bancária brasileira tem sido marcada por períodos de ins ilidade estratégica - os bancos brasileiros redirecionam sua estratégia para assim enfrentar novos contextos ambientais. Alguns dos grupos estratégicos ora observados consistem em grupos transitórios constituídos por bancos que estão reposicionando sua estratégia competitiva em direção a um padrão competitivo, ou seja, estão realizando mudanças incrementais em sua estratégia reconfigurando sua base de ativos para assim competir sob novas condições de mercado.

Diante de um padrão estratégico viável, em direção ao qual os bancos tendem a mover-se e, portanto, esses grupos tendem a crescer. Cada vez mais outros bancos passam a seguir aqueles que se apresentam bem sucedidos. Para evidenciarmos as mudanças nos arranjos dos grupos (número de membros dos grupos) em cada período, calculamos as taxas de mobilidade entre grupos estratégicos; para construirmos este índice registramos o número de vezes em que os bancos se movem de um determinado grupo para outro, assim como o número de vezes em que permanecem no mesmo grupo.

Ao compararmos os grupos estratégicos em períodos consecutivos, nos casos em que os mesmos bancos pertencem a grupos idênticos em ambos os períodos, pode-se afirmar que não existe mobilidade uma vez que não há alterações na composição ou estrutura dos grupos em tais períodos. No instante em que qualquer banco difere de grupo, a mobilidade manifesta-se caso existam diferenças consideráveis na composição dos grupos.

Os resultados mostram uma taxa de mobilidade que oscila entre 0,455 e 0,745, indicando um nível relativamente elevado de mobilidade entre os grupos estratégicos. Em média, de acordo com a Tabela 3, cerca de 61,1% dos bancos mudaram seu posicionamento estratégico ao longo da janela temporal deste estudo.

Tabela 3
Taxa de mobilidade entre os grupos estratégicos

Esse nível alto de mobilidade evidencia uma maior instabilidade nos padrões estratégicos de uma indústria representada por uma população de empresas composta também por pequenas firmas, como é o caso do mercado bancário brasileiro.

Além disso, nossa constatação de redução no número de grupos estratégicos em anos em que há mudanças nas condições ambientais pode estar relacionada ao fato de que grupos que apresentam um padrão estratégico viável (aparentemente apresentariam estratégias que os tornariam bem-sucedidos) tendem a crescer ao atrair outros bancos em sua direção e também encontraria apoio na literatura sobre concentração bancária. Essa literatura sugere que crises são menos prováveis em economias nas quais há concentração bancária, bem como essa concentração proporciona às empresas lucros acima do normal. Assim, a concentração de mercado aumenta o poder de mercado e aumenta os lucros dos bancos uma vez que permite que eles aumentem as taxas de juros. (Becker et al 2006BECK, T.; DEMIRGÜÇ-KUNT, A.; LEVINE, R. (2006). Bank concentration, competition, and crises: First results. Journal of Banking & Finance, 30(5), 1581-1603.).

5. CONCLUSÕES

Diante das limitações apontadas por Zúñiga et al (2004)ZÚÑIGA VICENTE, J. A.; FUENTE SABATÉ, J. M.; SUÁREZ GONZÁLEZ, I. Dynamics of the strategic group membership-performance linkage in rapidly changing environments. Journal of Business Research, v. 57, n. 12, p. 1378-1390, 2004. quanto aos estudos empíricos que investigaram (através de uma perspectiva dinâmica) questões fundamentais sobre a formação dos grupos estratégicos, sua evolução e tipos de mudanças por eles sofridas, nosso estudo examinou questões como a dinâmica da estrutura competitiva e o posicionamento estratégico das firmas e da indústria bancária brasileira. Consideramos nesta análise um período caracterizado por instabilidade nas condições ambientais além de contemplarmos uma amostra instável de bancos (estes "nascem" e desaparecem no decorrer da janela temporal em estudo) a qual é composta não só pelos maiores bancos da indústria, mas também por pequenos bancos.

Inicialmente, reconheceu-se por meio de técnicas estatísticas (entre elas o M de Box e o teste T2 de Hotelling), a existência de períodos de grande instabilidade estratégica na indústria bancária brasileira. Uma das razões já atribuídas para isso estaria estritamente relacionada a contínuos distúrbios ambientais que ocorreram no setor ao longo do período.

No que se refere às perturbações ambientais, também destacamos que, tendo em conta uma amostra de bancos também constituídos por pequenos bancos, teria sido difícil encontrar períodos de estabilidade estratégica, uma vez que cada banco reagiria de forma diferente às transformações ambientais. A partir desses primeiros resultados, investigou-se a ocorrência de diferentes estruturas de grupos estratégicos em termos do número de grupos e da sua composição por meio da identificação deles ao longo da janela temporal definida para este estudo.

Ao longo dos 18 anos contemplados neste estudo, diferentes estruturas de grupos estratégicos em termos de número de grupos são observadas. Diversos estudos empíricos (Cool, 1985COOL, K.; SCHENDEL, D. Strategic group formation and performance: the case of the U.S. pharmaceutical industry, 1963-82. Management Science, v. 33, p. 1102-1124, 1987.; Cool & Schendel, 1987COOL, K.; SCHENDEL, D. Strategic group formation and performance: the case of the U.S. pharmaceutical industry, 1963-82. Management Science, v. 33, p. 1102-1124, 1987.; Fiegenbaum, 1987FIEGENBAUM, A. Dynamic Aspects of Strategic Groups and Competitive Strategy: concepts and empirical examination in the Insurance Industry. Doctoral Thesis, University of Illinois at Urban-Champaign, 1987.; Mascarenhas, 1989MASCARENHAS, B. Strategic Groups Dynamics. Academy of Management Journal, v. 32, p. 333-352, 1989.; Fiegenbaum & Thomas,1990FIEGENBAUM, A.; THOMAS, H. Strategic Groups and Performance: The U.S. Insurance Industry, 1970-84. Strategic Management Journal, v. 11, p. 197-215, 1990.) oferecem fortes evidências em relação à existência de períodos de estabilidade estratégica, além de uma certa estabilidade tanto no número de grupos estratégicos identificados quanto no padrão de comportamento competitivo de cada um e uma baixa mobilidade entre os grupos estratégicos ao longo do tempo. Nosso estudo, por sua vez, corrobora o trabalho de Zúñiga et al (2004)ZÚÑIGA VICENTE, J. A.; FUENTE SABATÉ, J. M.; SUÁREZ GONZÁLEZ, I. Dynamics of the strategic group membership-performance linkage in rapidly changing environments. Journal of Business Research, v. 57, n. 12, p. 1378-1390, 2004. e fornece evidências empíricas de que em uma amostra de grandes e pequenas firmas que tenham sido submetidas a instabilidades nas condições ambientais ao longo do tempo dificilmente encontraremos período de plena estabilidade estratégica.

Essa constatação significa que, em algum momento do tempo, há uma mudança no posicionamento estratégico dessas firmas, e permite uma compreensão quanto à evolução nos padrões competitivos de uma indústria ao longo do tempo.

Individualmente os bancos também alteraram seu posicionamento competitivo, e a taxa de mobilidade para a indústria brasileira apresentou-se alta (cerca de 61% dos bancos, em média, alteraram seu posicionamento estratégico) em relação outros estudos empíricos e bem próxima aos resultados de Zúñiga et al (2004)ZÚÑIGA VICENTE, J. A.; FUENTE SABATÉ, J. M.; SUÁREZ GONZÁLEZ, I. Dynamics of the strategic group membership-performance linkage in rapidly changing environments. Journal of Business Research, v. 57, n. 12, p. 1378-1390, 2004. na indústria bancária espanhola.

Ressaltamos que este resultado deve ser considerado com cautela, uma vez que a probabilidade de alterações no posicionamento estratégico dos bancos individualmente medido através da taxa de mobilidade na indústria bancária brasileira foi bastante diferente a cada ano considerado. Uma possível justificativa pao pode estar atrelada ao fato de que os indivíduos que conduzem a cada um dos bancos reagiriam de modo diferente a cada evento ambiental. Caberia também investigar-se a existência de um mimetismo na medida em que há o despontar de uma nova estratégia. Neste contexto, um bom desempenho por parte de alguns dos membros de um determinado grupo dominante seria também observado no decorrer do tempo nos demais.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Aug 2017

Histórico

  • Recebido
    28 Jul 2015
  • Revisado
    10 Nov 2015
  • Aceito
    21 Mar 2016
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