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“Anoche tuve un sueño, desde anoche, no dejo de mirar el río”: as relações cosmológicas nos sonhos do povo indígena Kukama (Peru)

“Anoche tuve un sueño, desde anoche, no dejo de mirar el río”: cosmological relationships in the dreams of the Kukama indigenous people (Peru)

Resumo

Os estudos sobre os sonhos têm sido abordados desde a psicanálise, a antropologia cultural e a linguística, constituindo uma base documentária relevante para compreender os diversos grupos humanos. No caso da América Latina, nos últimos anos, eventos oníricos se tornaram relevantes como objeto de pesquisa a partir da relação que os povos indígenas têm com sonhos, como os vivenciam e interpretam. Assim, as cosmologias de diversos povos, como os das terras baixas, acreditam que esses sonhos são acontecimentos ou eventos do cotidiano. Para o caso em estudo, realizou-se uma aproximação aos sonhos do povo indígena Kukama (Peru), da família Tupi-Guarani. Metodologicamente, o estudo utiliza a análise de conteúdo etnográfico aplicado a 12 vídeos do Youtube, produzidos pela rádio indígena Ucamara, que pertence aos Kukama. Os resultados principais evidenciam as formas nas quais as cosmologias amazônicas são representadas por meio de diversas relações espaço-temporais-ontológicas nas quais humanos e não humanos mantêm afetações constantes no tempo noturno. As conclusões principais mostram que nos sonhos é plausível ver, sentir e conversar com as ‘gentes’ numa linguagem comum para todos e, dependendo do sonhador, perceber as outras formas corporais que humanos e não humanos possuem, além do tempo presente.

Palavras-chave
Sonhos; Cosmologias; Ontologias; Amazônia; Povos indígenas

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