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Carta do editor

CARTA DO EDITOR

O ano de 2010 representa um marco para o Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas. No primeiro semestre, a revista foi indexada em duas importantes bases de dados, o Directory of Open Access Journals (DOAJ) e a Scientific Electronic Library Online (SciELO). Ambos ampliaram a visibilidade do Boletim de maneira extraordinária. A vitalidade que a indexação confere à revista pode ser verificada pelos números de acessos e de submissões, significativamente ampliados se comparados com 2009.

Administrativamente, a equipe editorial do Boletim tem muito a comemorar com os resultados obtidos em 2010. No final do ano, recebemos a notícia de que a revista receberá financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará (FAPESPA), mediante aprovação de projeto em edital nacional, no primeiro caso, e assinatura de convênio, no segundo. Esses recursos vêm somar aos investimentos realizados pelo Museu Goeldi até o momento, garantindo mais autonomia para a revista e maior agilidade editorial. As perspectivas são, portanto, promissoras em muitos aspectos, sobretudo no que diz respeito à projeção do Boletim no circuito editorial brasileiro e internacional.

O atual número apresenta quatro artigos originais e duas memórias históricas. Os dois primeiros artigos têm relação direta com dinâmicas sociais contemporâneas e podem contribuir para políticas públicas nas áreas ambiental e social. No primeiro deles, Antoinette WinklerPrins (Michigan State University, Estados Unidos) e Perpétuo Socorro Oliveira (pesquisadora independente) apresentam o resultado de pesquisa antropológica realizada em Santarém, no Pará, sobre a agricultura urbana, ressaltando que a diversidade agrícola é mantida mesmo em cidades com um mercado de alimentos desenvolvido e que o mapeamento dos fluxos de material vegetal entre as unidades produtoras é importante para o entendimento dos processos sociais que mantêm a agrodiversidade em ambientes urbanos. No segundo, Danielle Garcez (UFCE), Jorge Iván Sanchez-Botero (UFCE) e Nidia Noemi Fabré (UFAL) estudam, do ponto de vista da geografia, a apropriação e o uso de territórios por comunidades de pescadores do rio Solimões, no Amazonas, formulando cenários e estabelecendo orientações para planos de manejo que integrem a diversidade de ambientes locais e os interesses dos grupos sociais.

Os outros dois artigos são análises históricas. Priscila Faulhaber (MAST/MCT) examina a trajetória de dois líderes políticos da Colômbia, entre o final do século XIX e o início do XX, com a intenção de demonstrar o processo de mitificação desses personagens em textos literários e biográficos publicados após sua morte. Por sua vez, Heloisa Maria Bertol Domingues (MAST/MCT) investiga as contradições da política científica brasileira de meados do século XX, oscilando entre o apoio que a ciência deveria dar ao desenvolvimento econômico e a conservação dos recursos naturais, por meio de uma proposta de inquérito sobre o estado das ciências naturais e antropológicas no Brasil elaborada em 1946 por Heloisa Alberto Torres, então diretora do Museu Nacional do Rio de Janeiro.

A primeira memória histórica, de Antonio Porro (USP), nos apresenta George Catlin (1796-1872), pintor pouquíssimo conhecido dos brasileiros, a despeito de ter publicado dois livros sobre suas viagens pela América do Sul e deixado centenas de pinturas elaboradas durante suas andanças pelo continente americano, no século XIX. Além da transcrição de trechos traduzidos dos livros de Catlin, o Boletim reproduz, pela primeira vez no Brasil, quatro daquelas pinturas, feitas entre índios Mayoruna, Mura, Waiwai e xinguanos (uma delas reproduzida também na capa deste número). A publicação foi feita com a autorização da National Gallery of Art, em Washington, Estados Unidos, onde o acervo iconográfico de Catlin está conservado, e graças à generosidade e ao empenho do autor da memória, a quem agradecemos.

Em seguida, Maria Cândida Drumond Mendes Barros (MPEG/MCT) e Vitor Manoel da Fonseca (Arquivo Nacional) analisam e transcrevem um trecho de um confessionário anônimo provavelmente escrito no Pará e em circulação pelas missões da região em 1751, chamando a atenção para a influência de textos produzidos na América espanhola no século XVII sobre a atuação dos missionários da Amazônia portuguesa. O manuscrito original, conservado na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, relata dificuldades relacionadas à evangelização de índios.

O número finaliza com duas resenhas, escritas por Nathália Silva (UFV) e Sheila Maria Doula (UFV), e por Alda Heizer (JBRJ). Na primeira, as autoras analisam uma coletânea sobre as sociedades indígenas americanas. Na segunda, a autora comenta livro sobre as implicações políticas do movimento conservacionista brasileiro da primeira metade do século XX.

Boa leitura!

Nelson Sanjad

Editor Científico

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Jan 2011
  • Data do Fascículo
    Dez 2010
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