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As mudanças das origens da humanidade: paleoantropologia no hemisfério sul e além

Resumo

Este artigo examina os trabalhos do naturalista argentino Florentino Ameghino (1854-1911) e do zoólogo alemão Hermann von Ihering (1850-1930) sobre a origem e classificação das ‘raças’ humanas e o desenvolvimento da cultura humana, alguns dos temas centrais da antropologia da segunda metade do século XIX. Baseando-se sobretudo na leitura da correspondência trocada entre Ihering e Ameghino, discute-se primeiramente a importância dos crânios como evidência material a partir da qual se poderia reconstruir a evolução humana. Em seguida, analisa-se o papel de Ihering nas discussões sobre o desenvolvimento de um sistema craniométrico padronizado. Posteriormente, investiga-se as propostas de Ameghino sobre a origem e o desenvolvimento local da espécie humana, seguidas de um relato da recepção dessas propostas por Ihering e suas pesquisas sobre a origem da cultura humana. Ao fazê-lo, há a intenção de lançar luz sobre um relato de materiais e redes sociais locais, transnacionais e transatlânticas em que objetos de estudo, instrumentos e epistemes foram deslocados. Ao mesmo tempo, argumenta-se pelo caráter coletivo das práticas antropológicas, baseadas na lógica de alianças, cooperação e competição em vários níveis. Em conclusão, afirma-se que a conexão entre Ameghino e Ihering mostra em que grau o tecido do conhecimento antropológico tornou-se um empreendimento coletivo, transnacional e dialógico, e que mesmo teorias e hipóteses que se tornaram marginais na história da antropologia são passos importantes na construção do conhecimento antropológico.

Palavras-chave
Antropologia; Florentino Ameghino; Hermann von Ihering; Espécie humana; Paleontologia; Raças humanas

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