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Petrografia de cerâmicas da fase Bacabal (sambaqui Monte Castelo): um dos mais antigos usos de cauixi na Amazônia

Ceramic petrography of the Bacabal phase (sambaqui Monte Castelo): one of the oldest uses of freshwater sponge spicules in the Amazon

Resumo

Este artigo apresenta os resultados da análise petrográfica realizada em 22 fragmentos de cerâmicas provenientes da fase Bacabal, do sambaqui Monte Castelo (Rondônia), uma das cerâmicas mais antigas da Amazônia, datada de mais de 4.000 anos AP. A análise petrográfica confirmou a alta frequência de espículas de espongiários dulcícolas (cauixi) como antiplástico, com dados inéditos sobre a distribuição das espículas, que permitem inferir o processo de preparação da pasta cerâmica e de manufatura do vasilhame. A mesma proporção entre matriz argilosa e cauixi foi detectada ao longo de todas as camadas Bacabal, independente de variações individuais para cada elemento. Isso permite supor a existência de uma receita de cerâmica mantida ao longo da ocupação Bacabal do sítio. O mesmo tipo de cauixi descrito na pasta cerâmica foi identificado em sedimentos argilosos prospectados na região, embora em frequência menor. Assim, a fabricação das cerâmicas Bacabal poderia ter envolvido uma combinação entre: seleção de argilas naturalmente ricas em espículas e cauixi adicionado intencionalmente. O cauixi na fase Bacabal representa um caso excepcional para a investigação sobre o desenvolvimento de tecnologias cerâmicas, sustentadas pela utilização desses antiplásticos, que se tornaram populares durante o Holoceno Superior nas terras baixas da América do Sul.

Palavras-chave
Sudoeste amazônico; Tecnologia cerâmica; Antiplástico; Espículas de esponja; Arqueometria; Trempe

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