Resumo
Estudos argumentam que a escolarização formal em comunidades indígenas tende a ser associada negativamente com a aquisição de conhecimento cultural local pelas crianças, e que a escolarização formal usando uma linguagem e visões de mundo não relacionadas ao conhecimento local contribui para sua erosão. No entanto, o impacto da escolaridade em uma comunidade é muito mais amplo do que o do currículo em si. A escola reformula a rotina diária, bem como o trabalho e o lazer para crianças, professores, pais e comunidade. Em culturas como a dos Wauja, no Brasil central, onde, antes das escolas, todos os adultos contribuíam para a produção de alimentos, a escolarização cria imediatamente uma divisão do trabalho entre assalariados que podem comprar alimentos e pessoas sem salário que devem produzi-los por conta própria. Os salários mudam não apenas os padrões de trabalho, mas a própria economia local, bem como os padrões de residências e até os papéis de gênero. Os rapazes que ganham salários podem ser chefes de suas próprias famílias nucleares, em vez viverem sob a autoridade de um sogro. Essa mudança, por sua vez, afeta os papéis das mulheres. Os efeitos dessas forças disruptivas associadas à introdução escolar são aqui examinados.
Palavras-chave
Alfabetização; Desigualdade; Gênero