História clínica
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Sexo masculino, 65 anos, pardo, com carcinoma de sigmoide não responsivo à quimioterapia. O paciente foi submetido a cirurgia (colectomia à esquerda, por abdome agudo obstrutivo, com colocação de bolsa de colostomia). Começou com quimioterapia (QT) neoadjuvante (QT antes da cirurgia) e depois iniciou uma adjuvante (após a cirurgia); mas, apesar da retirada do tumor, teve uma recidiva e iniciou uma QT “mais forte”; porém, não houve resposta, e o tumor começou a crescer rapidamente. Desde então, começou com QT paliativa em casa. |
Sexo feminino, 55 anos, afro-brasileira, com encefalopatia cerebral acompanhada de lesões isquêmicas decorrentes de parada cardiorrespiratória. Está acamada, não responsiva, não contactuante, amparada mediante traqueostomia, sonda vesical de demora (SVD) e sonda nasoenteral (SNE). Presença de úlcera por pressão sacral, infectada. Em uso de enalapril, ácido valproico e Hidantal. É auxiliada pela equipe do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) da unidade (fisioterapeuta, nutricionista, fonoaudiólogo, educador físico). |
Descrição dos CP realizados
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A equipe de saúde já realizou várias visitas domiciliares, na modalidade da ESF para cuidados de baixa e média complexidade, relacionados, principalmente, à manipulação da bolsa de colostomia, mensuração da pressão arterial, orientações sobre medicações e curativos, e à reação alérgica não especificada que o usuário apresentou, com sintoma de prurido. Houve visitas pela equipe multiprofissional do serviço do seguro de saúde privado, que também acompanha o usuário na quimioterapia (equipe médica, enfermagem, serviço social, terapia ocupacional). O paciente tem hipertensão arterial e faz uso de hidroclorotiazida. Também usa prometazina, Tamarine e dimeticona. As equipes da ESF e do seguro de saúde atuam separadamente, sem referência e contrarreferência entre ambas. |
A equipe da ESF faz as visitas domiciliares previstas nessa modalidade de APS, com cuidados que se resumem a orientações sobre a melhor forma de proceder à mudança de decúbito, aos cuidados com a SVD e a SNE, ainda que isso implique mais de três visitas semanais ao domicílio. A equipe da UBS não faz a troca da SVD nem a manutenção da SNE; quando isso é preciso, a usuária tem de ser levada ao PS pela família, ou pagar um profissional, ou ainda recorrer a um vizinho que trabalha na enfermagem, para que faça o procedimento em casa usando o material fornecido pela unidade de saúde. A UBS também providencia o material para a realização dos curativos, além da troca da SVD e manutenção da SNE. A paciente demanda cuidados constantes, como troca de fralda, mudança de decúbito a cada 3 horas, controle da SVD, administração da dieta enteral; por isso, a família organizou-se, com recursos próprios, para que a paciente não ficasse desamparada em nenhum momento do dia. |
Condições da família
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Casa própria, não há informações sobre a renda familiar no prontuário; porém, segundo o agente comunitário de saúde (ACS), a família não tem dificuldades financeiras. O imóvel tem água, luz, telefone e fossa. Moram seis pessoas na casa: paciente, esposa e quatro filhos. A mulher, hipertensa, dislipidêmica e diabética, é a cuidadora. Um dos filhos, com 34 anos, tem deficiência mental entre moderada e grave, é aposentado por invalidez e segue em acompanhamento pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps) e serviço de psiquiatria, dado seu histórico de convulsões; segundo informações do prontuário, é “agitado, confuso, desorientado no tempo e espaço”. |
Casa própria, com água, luz, coleta de lixo e fossa. Moram quatro pessoas na casa: a paciente, uma filha, o genro e um neto. A cuidadora durante o dia é uma das filhas que não reside na casa; à noite, a filha que mora na casa assume os cuidados. A família já consultou diversos neurologistas, inclusive particulares, sempre buscando uma segunda opinião, mas todos disseram que seu quadro é praticamente irreversível. A paciente faz tratamento tanto na UBS quanto no convênio médico. Conforme anotações no prontuário, a família ainda tem esperança de que a paciente, um dia, se cure. |