Raciocínio ético nas decisões médicas: dilema médico-paciente

Andrade, Guilherme de Souza Almeida; Alves, Gustavo Pires; Melo, Tauá Alves; Santos, Vitória Amaro dos; Oliveira, Adailson Henrique Miranda de

doi:10.1590/1983-803420243658PT

Acessibilidade / Reportar erro

Brasil

Español English

sumário « anterior atual seguinte »

Sumário

Pesquisa • Rev. Bioét. 32 • 2024 • https://doi.org/10.1590/1983-803420243658PT copiar

Raciocínio ético nas decisões médicas: dilema médico-paciente

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Resumo

A ética é essencial para garantir uma prática médica responsável e comprometida com o bem-estar do paciente e da sociedade. Diante disso, a compreensão da autonomia do paciente e sua participação ativa nas decisões sobre tratamentos e procedimentos médicos são fundamentais. Realizou-se revisão sistemática da literatura, entre dezembro de 2018 e maio de 2023, com o objetivo de auxiliar o debate ético e a conduta profissional acerca do que deve ser ponderado em uma situação de conflito entre a decisão médica e a vontade do paciente e, assim, fornecer perspectivas sobre o gerenciamento dessa temática. Os 18 artigos selecionados abordam questões éticas relacionadas à relação médico-paciente, destacando a importância das diretivas antecipadas de vontade, comunicação honesta e respeito à autonomia do paciente. Assim, busca-se fornecer perspectivas e orientações para o gerenciamento de conflitos éticos na prática médica.

Palavras-chave
Ética médica; Relações médico-paciente; Autonomia pessoal

N°	Autoria; ano	Título	Ponderações
1	Armendane; 2018 ⁹	“Por um cuidado respeitoso”	Na medicina deve-se cumprir os desejos do paciente sobre o diagnóstico e o processo do tratamento, com exceção dos casos que indicam morte iminente. Assim, o médico precisa garantir privacidade, confidencialidade e fidelidade.
2	Cogo, Lunardi; 2018 ³	“Diretivas antecipadas: uma análise documental no contexto mundial”	Em situações de finitude, caso a declaração prévia de vontade do paciente se oponha aos ditames médicos, este poderá recusar-se a implementar a ortotanásia, desde que haja outro médico de prontidão, apto e disposto a assumir seu lugar.
3	Lima, Byk; 2018 ⁶	“Trauma e transfusão sanguínea precoce: o desafiante manejo de hemorragias em testemunhas de Jeová”	Em um cenário com uma vítima traumatizada, embora o paciente apresente liberdade na escolha do tratamento, o médico não pode abster-se do cuidado.
4	Scottini, Siqueira, Moritz; 2018 ¹⁰	“Direito dos pacientes às diretivas antecipadas de vontade”	O profissional precisa realizar as necessidades do enfermo com doenças terminais em respeito à autonomia, com amparo das diretivas antecipadas.
5	Souza e colaboradores; 2018 ¹¹	“Dilemas bioéticos na assistência médica às gestantes adolescentes”	Durante o atendimento de uma adolescente gestante, os princípios éticos devem ser respeitados, como privacidade, confidencialidade, sigilo e autonomia da paciente, além da tomada de ações que garantam o estabelecimento dos princípios bioéticos como a não maleficência e beneficência.
6	Cogo e colaboradores; 2019 ¹²	“Concepções médicas e dos cuidadores familiares diante das diretivas antecipadas de vontade”	Quanto às condutas e decisões relacionadas aos cuidados em final de vida, deve-se conceder aos pacientes aconselhamento apropriado e oportunidade de conhecer seu diagnóstico, permitindo que tomem decisões e manifestem seus desejos, desde que possuam capacidade de julgamento.
7	Monteiro, Silva; 2019 ¹³	“Diretivas antecipadas de vontade: percurso histórico na América Latina”	Quando um paciente não tem capacidade para tomar suas próprias decisões, é importante avaliar as diretivas antecipadas de vontade.
8	Pastura, Land; 2019 ¹	“Escritos de Alasdair MacIntyre sobre medicina e ética médica”	O paciente comumente coloca a responsabilidade na autoridade do médico. Assim, para trabalhar as necessidades individuais, os médicos devem ter capacidade de julgar com prudência.
9	Teixeira, Cardoso; 2019 ¹⁴	“Como discutir sobre não ressuscitação cardiopulmonar na unidade de terapia intensiva?”	O médico deve estar comprometido não apenas com o processo de tomada de decisão, mas também com o resultado da escolha do paciente ou de seus familiares.
10	Medeiros e colaboradores; 2020 ¹⁵	“Conflitos bioéticos nos cuidados de fim de vida”	É importante buscar o equilíbrio entre fazer o melhor para o paciente (beneficência) e respeitar sua liberdade (autonomia). Ademais, a equipe deve administrar as expectativas, sobretudo nos cuidados de fim de vida, e certificar-se das decisões referidas pela pessoa.
11	Oliveira; 2020 ¹⁶	“Aspectos bioéticos dos cuidados em saúde às pessoas idosas ao fim da vida”	As condutas terapêuticas tomadas nos cuidados de fim de vida devem considerar a preservação dos princípios bioéticos, principalmente quando envolvem sedação paliativa. Outro ponto a ser considerado é a decisão compartilhada entre membros da equipe, paciente e família, com o objetivo de aumentar as chances de encontrar o equilíbrio certo em uma abordagem clínica.
12	Silva e colaboradores; 2021 ¹⁷	“Perspectivas e princípios bioéticos na assistência aos pacientes submetidos à traqueostomia”	Apesar da expertise científica do médico para decisões, é essencial comunicar ao paciente de forma clara as opções de tratamento, permitindo seu envolvimento ativo na escolha do procedimento e respeitando sua autonomia.
13	Cecconello, Erbs, Geisler; 2022 ⁷	“Condutas éticas e o cuidado ao paciente terminal”	Ao diagnosticar a terminalidade do paciente, é essencial que haja uma comunicação honesta, franca e compassiva. Assim, é fundamental que condutas baseadas nos princípios éticos sejam aplicadas após discussão com a equipe e responsáveis pelo paciente.
14	Fusculim e colaboradores; 2022 ¹⁸	“Diretivas antecipadas de vontade: amparo bioético às questões éticas em saúde”	Perante a necessidade de deliberação em conflito ético, deve-se ponderar sobre valores e deveres, não por abstração, mas mediante análise reflexiva do problema e das condutas, que, por vezes, não objetivam a solução ideal, mas a razoável e prudente.
15	Gomes, Goldim; 2022 ²	“Diretivas antecipadas de vontade em unidade de emergência hospitalar”	Em emergências hospitalares, é crucial verificar se as diretivas antecipadas de vontade do paciente estão registradas e disponíveis. Implicações éticas e legais devem ser ponderadas, e a decisão deve ser tomada com base no melhor interesse do paciente e em conformidade com os princípios éticos médicos.
16	Lima e colaboradores; 2022 ¹⁹	“Diretivas antecipadas da vontade: autonomia do paciente e segurança profissional”	Diante de situações que envolvam a terminalidade, o médico deve respeitar as disposições finais do paciente.
17	Santana, Câmara; 2022 ²⁰	“Percepção e expectativas de pacientes com câncer acerca das diretivas antecipadas de vontade”	Deve-se respeitar as decisões do paciente para promover o bem-estar e a dignidade humana.
18	Sena e colaboradores; 2022 ²¹	“Considerações éticas relacionadas às condutas terapêuticas de pacientes terminais”	Ao discutir terminalidade, faz-se necessário direcionar a assistência para medidas de alívio do sofrimento, respeitando, assim, as perspectivas da vida humana e sua dignidade.

Conselho Federal de Medicina SGAS 915, lote 72, CEP 70390-150, Tel.: (55 61) 3445-5932, Fax: (55 61) 3346-7384 - Brasília - DF - Brazil
E-mail: bioetica@portalmedico.org.br

Acompanhe os números deste periódico no seu leitor de RSS

[1] Correspondência Guilherme de Souza Almeida Andrade – Av. Amélia Amado, 358, Centro CEP 45600-032. Itabuna/BA, Brasil.