As assembléias de insetos aquáticos e edáficos de três igarapés da Amazônia Central foram utilizadas para avaliar o impacto sofrido por um deles (igarapé Cururu), após um vazamento de óleo derivado de petróleo, ocorrido em agosto de 1999. O igarapé Cururu já era impactado pelo despejo de esgoto doméstico. A avaliação desses sistemas foi realizada em quatro diferentes períodos do ciclo hidrológico da região (vazante, seca, enchente e cheia), entre setembro de 2000 e maio de 2001. Os insetos foram coletados com draga Eckman, rede entomológica aquática e trado, e utilizados para estimar a riqueza taxonômica (nível de família) e a densidade de insetos em cada sistema. Os efeitos de anóxia e os efeitos da eutroficação foram mensurados pelas médias de concentração de oxigênio dissolvido, nitrogênio total e fósforo total, estimadas nos três sistemas. A riqueza e abundância da fauna de insetos foram maiores no igarapé Cristalino (não impactado) do que nos igarapés Bom Jardim (impactado pelo despejo de esgoto) e Cururu, com exceção das amostragens de insetos litorâneos. A concentração do oxigênio dissolvido no igarapé Cururu foi menor do que nos outros dois sistemas, enquanto as concentrações de nitrogênio total e fósforo total no igarapé Cururu foram maiores. Esses elementos tiveram valores inversos no igarapé Cristalino e intermediários no igarapé Bom Jardim. As concentrações de oxigênio dissolvido, nitrogênio total e fósforo total refletem as modificações provocadas pela eutroficação antropogênica nos sistemas Bom Jardim e Cururu. Isso ocorreu devido à liberação de efluentes domésticos pelas comunidades locais e pelo óleo introduzido no igarapé Cururu, influenciando negativamente a riqueza e abundância de insetos nesses igarapés.
impacto urbano; esgoto; vazamento de óleo; macroinvertebrados; Amazônia