Durante o período de maior vazante do rio Crixás-Açu na região central do Brasil, nos meses de setembro e outubro, Podocnemis expansa (tartaruga-da-amazônia) desova nos bancos arenosos que surgem nas suas margens. Com o retorno do período chuvoso em novembro é comum que as praias deste rio sejam inundadas afogando ovos e filhotes. Este trabalho avalia a transferência como alternativa de manejo dos ninhos que seriam naturalmente alagados. Foram transferidos 40 ninhos de P. expansa oriundos de quatro praias do rio Crixás-Açu para berçários construídos em tanques de alvenaria que foram preenchidos com areia oriunda do próprio rio. Nove ninhos foram cobertos com folhas de palmeira para simular o sombreamento e diminuir a temperatura da incubação. A base da câmara de ovos de todos os ninhos situou-se a 60 cm de profundidade. A duração de incubação variou entre os ninhos ensolarados (49,1 ± 2,35 dias) e ninhos sombreados (51,7 ± 1,75 dias), mas não foi afetada pela posição do ninho, se nas bordas ou no centro dos berçários. O sucesso da eclosão foi de 47,3 ± 13,6% e não foi afetado pelo sombreamento ou pela posição do ninho nos berçários. A temperatura média de incubação durante o período termossensitivo variou de 33 ± 1,56 °C a 34,1 ± 1,40 °C. Os ninhos ensolarados produziram 100% de fêmeas em sua maioria. Os resultados mostram que a transferência é uma alternativa viável para o manejo dos ninhos que seriam alagados durante as cheias do rio Crixás-Açu e o sombreamento artificial dos ninhos é uma alternativa para aumentar a produção de machos nos berçários.
eclosão; incubação; berçário; razão sexual; tartaruga-da-amazônia