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Padrões de atropelamentos de vertebrados na região sul da Mata Atlântica, litoral do Paraná – Brasil

Resumo

Sendo um importante hotspot de biodiversidade global, a Mata Atlântica tem sido drasticamente reduzida pelas atividades humanas. Entre as atividades antrópicas que mais afetam a biodiversidade desse ecossistema está a construção e operação de estradas e rodovias. Considerado um dos efeitos mais nocivos desses empreendimentos, o atropelamento de animais silvestres é atualmente uma das maiores causas de mortalidade de vertebrados silvestres. Neste estudo, avaliamos os padrões de atropelamentos de pequenos vertebrados em duas estradas na região litorânea do maior remanescente contínuo de Mata Atlântica brasileira. Durante doze meses realizamos coletas semanais com um veículo motorizado a uma velocidade constante de 40 km/h para busca de carcaças ao longo das estradas. Todas as carcaças encontradas foram georreferenciadas e identificadas até o menor nível taxonômico possível. Em seguida, usando o software Siriema v.2.0, analisamos a distribuição e os padrões espaciais dos eventos para identificar pontos de atropelamento de animais selvagens. Em um total de 43 dias de amostragem, foram registrados 209 animais atropelados (taxa média de atropelamentos de 0,105 e 0,111 animais/quilômetro/dia para PR-407 e PR-508 respectivamente). Extrapolando os índices encontrados, podemos estimar que cerca de 1.773 animais podem ser atropelados todos os anos nessas estradas. Os grupos mais afetados foram aves (33,01%) e anfíbios (30,62%), seguidos de répteis (19,13%) e mamíferos (17,33%). Os meses mais quentes tiveram as maiores taxas de atropelamentos. Durante o período encontramos dois pontos críticos de atropelamentos para a rodovia PR-407 (quilômetro 11,7 a 12,5 e quilômetro 14,7 a 16,7). Para a rodovia PR-508, encontramos um ponto crítico de 5,2 km (quilômetro 5 a 10,2). Como medida de curto prazo, recomendamos a instalação de redutores de velocidade nos trechos identificados e a implementação de campanhas de educação ambiental com moradores e turistas, principalmente nos meses de verão, visando mitigar o atropelamento em ambas as vias. No entanto, devido à importância e fragilidade ambiental da área, ressaltamos a necessidade de estudos de ecologia viária e de viabilidade populacional da fauna local a médio e longo prazo.

Palavras-chave:
ecologia de estradas; hotspots de atropelamento de fauna; taxas de atropelamento; litoral do Paraná

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