O funcionamento das comunidades deve ser afetado pela diversidade funcional, uma vez que esta mede a extensão da complementaridade no uso de recursos. Testamos se havia relação entre diversidade funcional das espécies arbóreas e o funcionamento da comunidade em escala fina, usando a FD como medida de diversidade funcional e a taxa de decomposição da serapilheira como indicadora do funcionamento. Medimos oito traços funcionais de plantas arbóreas em uma comunidade de cerrado no sudeste do Brasil. Testamos a correlação entre a FD e as taxas de decomposição, considerando diferenças nas variáveis edáficas e entre as taxas de decomposição e cada traço, separadamente. As taxas de decomposição se mostraram relacionadas com as concentrações de alumínio e fósforo, e não com a FD, indicando que a diversidade funcional não é uma boa preditora do funcionamento da comunidade. Não houve relação significativa entre FD e decomposição, mesmo quando consideramos cada traço separadamente. A maioria dos estudos sobre a relação entre diversidade e funcionamento em escalas finas foi desenvolvida por meio da manipulação experimental da diversidade e em regiões temperadas. Nossos resultados indicaram que a relação entre biodiversidade e funcionamento das comunidades não é tão direta como se assume usualmente.
decomposição de serapilheira; ciclagem de nutrientes; savana; Cerrado sensu stricto