O objetivo deste estudo foi inventariar as espécies de pequenos mamíferos em Uberlândia, Minas Gerais, Brasil, com base em pelotas regurgitadas de suindara e comparar a freqüência das espécies de roedores na dieta e no ambiente. Como na região ocorre grande incidência de casos de hantavirose, também se avaliou a importância da suindara no controle de roedores que transmitem o hantavírus. Os dados de riqueza e abundância relativa de roedores no município foram fornecidos pelo Centro de Controle de Zoonoses, a partir de três amostragens semestrais com armadilhas. No total, foram encontrados 736 itens alimentares a partir da análise de 214 pelotas e fragmentos de regurgitação. Os mamíferos corresponderam a 86,0% dos itens alimentares e estiveram representados por uma espécie de marsupial (Gracilinanus agilis) e sete espécies de roedores, sendo os mais freqüentes Calomys tener (70,9%) e Necromys lasiurus (6,7%). A proporção das espécies de roedores nas pelotas da suindara diferiu daquela observada nas coletas com armadilhas, sendo que as espécies Calomys expulsus, C. tener e Oligoryzomys nigripes foram consumidas com maior freqüência do que o esperado. Apesar de restrito a um único local e baseado em poucos indivíduos, o presente estudo permitiu inventariar oito espécies de pequenos mamíferos em Uberlândia. A comparação da freqüência relativa das espécies de roedores na dieta e no ambiente indicou a existência de seletividade. A segunda espécie mais predada foi N. lasiurus, o principal reservatório de hantavírus no bioma Cerrado. Desta forma, a suindara parece desempenhar um importante papel no controle desse roedor na região, contribuindo para evitar um maior número de casos de hantavirose.
Calomys tener; Necromys lasiurus; seleção de presas; Síndrome Cardio-Pulmonar por Hantavírus; Strigiformes