Os "cascudos" do gênero Hypostomus são comuns em todos os ambientes de água doce da América do Sul. O comportamento de peixes pertencentes a quatro espécies desse gênero, Hypostomus alatus, Hypostomus francisci, Hypostomus cf. wuchereri e Hypostomus sp., foi observado. A morfologia externa também foi estudada em espécimes preservados em coleção procedentes da localidade de Canindé do São Francisco, em regiões a jusante da usina hidroelétrica de Xingó, Estado de Sergipe. Foram estudados caracteres anatômicos e o protocolo de equações descritas por Gatz (1979) foi utilizado para explicar algumas das interações dos peixes com o ambiente bentônico do rio. Os resultados revelaram que os peixes se utilizam da região bucal através do disco oral que produz forte ação suctória e das nadadeiras pares para se equilibrarem no fundo rochoso do rio São Francisco. Descreve-se ainda a ação dos espinhos das nadadeiras peitorais e pélvicas em arco, que permitem aos peixes se ancorarem horizontalmente sobre o fundo do rio. A nadadeira caudal tem formato entalhado, promovendo locomoção rápida na coluna de água. É ainda discutida a ação dos dentes móveis e em forma de pente, que atuam na raspagem de algas que crescem sobre as rochas do fundo. A atuação desses caracteres de maneira associada sugere que as espécies do gênero Hypostomus devem habitar e interagir com o ambiente bentônico dos rios maiores da América do Sul.
peixes; rio São Francisco; Hypostomus; Loricariidae; interações ecológicas