Nos últimos 30 anos, o cerrado tem sofrido severos impactos antrópicos que provocam alterações na composição de espécies, na estrutura e no funcionamento de habitats aquáticos. Dessa forma, estudos sobre impactos negativos são úteis para prevenir futuras degradações e restaurar a qualidade ambiental. Os objetivos do nosso estudo foram: i) adaptar um índice de integridade biótica para os riachos da bacia do rio Cuiabá e ii) analisar se o índice de integridade biótica (IIB) é correlacionado com a qualidade ambiental medida pelo índice de qualidade ambiental (IQA) e com a estrutura do meso-habitat. Amostramos 26 riachos da sub-bacia do rio Cuiabá; em cada um deles, delimitados um segmento de 50 m, utilizando a pesca elétrica como método de coleta. Para obter a medida de qualidade ambiental nas unidades amostradas, caracterizamos os riachos e sua microbacia. Para as análises nós usamos a correlação de Sperman, o teste Kruskal-Wallis e a análise de componentes principais. Coletamos 697 indivíduos distribuídos em 6 ordens, 15 famílias e 49 espécies. O IIB seguiu mudanças na qualidade ambiental medida pelo IQA quando nós removemos da análise os riachos que apresentavam barreiras ambientais (r² = 0.4; r²S= 0.58). Tipos de usos da terra não afetaram a integridade biótica (n = 26; df = 4; H = 4,860; p = 0.302), de modo oposto existiu uma associação negativa entre a presença de barreira e o IIB (n = 26; df = 4; H = 11,027; p = 0.026). O IIB não foi sensível às variações na estrutura do meso-habitat (F2,23 = 0.373; r² = 0.031; Axe 1 p = 0.620; Axe 2 p = 0.490). O IIB mostrou-se como um razoável instrumento para avaliar as mudanças do ambiente, mas não podemos ignorar que com várias combinações das métricas podemos obter um mesmo resultado, o que dificulta sua análise e interpretação.
qualidade ambiental; riachos de cabeceira; saúde ambiental; comunidade de peixes; agricultura; usos do solo; ecossistemas aquáticos
