O foco deste estudo é verificar se microcrustáceos apresentam migração horizontal diária (MHD) em um lago raso tropical, durante um ano, e o valor adaptativo com relação à predação. A abundância de predadores invertebrados, larvas de caoborídeos e ácaros aquáticos, e de cladóceros e copépodos foi avaliada mensalmente em três estações de coleta localizadas em um transecto, de dia e à noite. Ambos os predadores invertebrados foram predominantemente pelágicos. Os cladóceros não realizaram MHD, distribuindo-se indistintamente nas zonas litorânea e pelágica, ou foram mais abundantes na zona limnética. Os náuplios e copepoditos de duas espécies de copépodos e os adultos de Tropocyclops prasinus meridionalis Kiefer ocuparam principalmente a zona limnética, não migrando horizontalmente. As características limnológicas (temperatura, oxigênio dissolvido, pH e condutividade) foram adequadas nas duas zonas do lago. A concentração de alga foi um pouco menor no litoral do que na zona limnética durante o dia e parece ser adequada para os organismos; contudo, como a qualidade das algas não foi avaliada, não é possível ser conclusivo sobre sua influência. Os resultados indicaram que os microcrustáceos não realizaram MHD, a qual não constitui, portanto, uma estratégia para diminuir a predação dos dois invertebrados, Chaoborus brasiliensis Theobald e Krendowskia sp., em uma base anual, neste lago raso.
Chaoborus; ácaros aquáticos; cladóceros; copépodos; alimento; MHD
