Jabutis criados como animais de estimação entregues voluntariamente por seus donos ou apreendidos pelos agentes ambientais formam um grande contingente de animais que lotam os centros de triagem nas diversas regiões do Brasil. Não existe um consenso sobre o destino destes animais e os seus números continuam a crescer. Neste estudo avaliamos os deslocamentos de Chelonoidis carbonaria oriundos de centros de triagem em áreas de plantio de cacau e de remanescentes florestais buscando levantar a área de vida e a dispersão dos indivíduos. Após um período de quarentena e aclimatação de 120 dias 10 indivíduos adultos de C. carbonaria foram soltos e monitorados por radiotelemetria durante 10 meses. Os radiotransmissores de dois indivíduos apresentaram problemas não sendo possível acompanha-los. Cinco indivíduos permaneceram na área após 10 meses de soltura evitando, após os três meses iniciais, o contato com os humanos e vivendo em uma área de até 7,75 ha. Os principais problemas verificados foram a aproximação dos indivíduos das áreas habitadas nos três primeiros meses após a soltura, a morte de dois indivíduos e a dispersão de outro. Ao final do experimento os animais foram devolvidos ao centro de triagem de origem. Nossos resultados sugerem que uma parcela dos animais dos centros de triagem apresenta condições sobreviver em condições naturais. Considerando a sobrevivência e a fidelidade à área de soltura uma possível translocação poderia apresentar um sucesso parcial. Esta medida, entretanto, caso seja adotada, deve ser precedida de estudos sobre a origem dos animais e de uma rigorosa análise genética, sanitária e comportamental de cada indivíduo.
conservação; monitoramento; jabuti-piranga; Testudines; telemetria