A represa de Barra Bonita localizada na bacia do médio Tietê, Estado de São Paulo (22° 29" a 22° 44" S e 48° 10" W) é o primeiro de uma série de seis reservatórios de grande porte localizados nesse rio. Construída em 1963, com a finalidade de produção de energia elétrica, esta represa é utilizada atualmente também para produção de peixes, recreação, turismo, navegação e irrigação. O ciclo estacional de eventos nesse reservatório é dirigido, em grande proporção, pelas características hidrológicas da bacia hidrográfica com conseqüências nas funções limnológicas desse ecossistema. O reservatório é polimítico com curtos períodos de estabilidade vertical. A hidrologia da bacia hidrográfica, o tempo de retenção do reservatório e as frentes frias têm um papel fundamental na estrutura horizontal e vertical do sistema, produzindo rápidas alterações na comunidade planctônica e na sucessão de espécies do fitoplâncton, zooplâncton e bacterioplâncton. Florescimentos de Microcystis aeruginosa são freqüentes durante períodos de estabilidade térmica vertical. Atelomixia é também um fenômeno recorrente na represa de Barra Bonita. Os 114 tributários são elementos de heterogeneidade espacial na represa. Superpostas às funções de forças climatológicas e hidrológicas, as atividades humanas na bacia hidrográfica produzem considerável impacto, tais como a descarga de nitrogênio e fósforo de esgotos não tratados, materiais particulados e dissolvidos em suspensão, e fertilizantes provenientes das extensas plantações de cana-de-açúcar na bacia hidrográfica. A fauna iíctica apresentou inúmeras alterações, principalmente, devido à introdução de espécies exóticas de peixes que exploram a zona pelágica do reservatório. Alterações na produção primária do fitoplancton, na comunidade zooplanctônica e no bacterioplâncton, e na estrutura trófica, são uma das conseqüências da eutrofização e do seu aumento nos últimos 20 anos. Além disto, a toxicidade e a predação intrazooplanctônica podem causar alterações substanciais na biodiversidade e na sucessão de espécies do fitoplâncton, zooplâncton, bacterioplâncton e bentos. Controle da eutrofização, reflorestamento da bacia hidrográfica, proteção das áreas alagadas nos tributários e controle da carga interna do reservatório são algumas das possíveis medidas para recuperação da represa, da qualidade da água e dos serviços neste ecossistema, inclusive recuperação da biodiversidade. Alterações nos sistemas de controle desta represa estão relacionadas com interações fisicas-fisicas; físicas-biológicas; biológicas-biológicas em várias intensidades durante o ciclo estacional.
represas; ciclo hidrológico; climatologia; tempo de retenção; biodiversidade