Resumo
A pesca comercial amazônica é artesanal e os desembarques podem ser influenciados pelo pulso de inundação, mercado consumidor, nível de explotação das espécies, qualidade do hábitat e cobertura da vegetação. Nesse estudo, avaliamos as variáveis da paisagem e o nível do rio como possíveis impulsionadores na composição das capturas desembarcadas em três regiões do rio Solimões-Amazonas. Os dados de desembarque de pescado foram coletados no Alto e Baixo rio Solimões e Baixo rio Amazonas. Os locais de pesca foram mapeados com informações dos pescadores, da defesa civil e literatura. As informações relacionadas ao nível do rio e a paisagem foram adquiridas em bancos de dados disponíveis online. Mapas com o raio de atuação da frota pesqueira e a quantificação das variáveis da paisagem foram elaborados para períodos de águas altas e baixas e as análises de escalonamento multidimensional não-métrico (nMDS) com as capturas por espécie, por região e período hidrológico foram realizadas. O maior raio de atuação da frota pesqueira foi de 1.028 km e foi identificado no Baixo rio Amazonas provavelmente devido ao maior tamanho do mercado consumidor, características das embarcações e nível de explotação das espécies próximo do centro de desembarque. A proporção de cobertura de vegetação teve uma redução de 87% no trecho superior do rio Solimões para 46% no trecho inferior. As regiões do Alto e Baixo rio Solimões apresentaram maior variedade de espécies na composição dos desembarques. Foi identificada que a composição dos desembarques entre as três regiões analisadas variou possivelmente conforme a disponibilidade de hábitats, indicando a importância das variáveis da paisagem para os desembarques de pescado.
Palavras-chave: pesca artesanal; peixes comerciais; variáveis da paisagem; Amazônia