Resumo
O Brasil, com sua vasta porção territorial compreende uma alta riqueza de cavernas com cerca de 12 mil já registradas. Não obstante, os estudos sobre morcegos nestes ambientes são extremamente escassos e fragmentados. Neste estudo caracterizamos a quiropterofauna de duas cavernas areníticas sob influência da Usina Hidrelétrica de Belo Monte no Pará. As cavernas Kararaô e Kararaô Novo estão localizadas na mesma escarpa separadas por 250 m uma da outra. Foram realizadas três expedições com intervalo de 4 e 5 meses nos anos de 2013 e 2014. Realizou-se 589 capturas, sendo 246 na caverna Kararaô e 343 na Kararaô Novo. Quinze espécies foram registradas das quais duas foram exclusivas de cada caverna, equivalendo a 79% de similaridade. Excetuando-se o registro de Vampyrum spectrum, uma espécie não cavernícola, todas as demais são morcegos usualmente ou preferencialmente cavernícolas. Algumas espécies parecem usar sazonalmente as cavernas embora o porquê deste padrão seja ainda desconhecido. As espécies mais comumente observadas foram Pteronotus personatus (dominante na Kararaô), P. parnellii (dominante na Kararaô Novo) e Lionycteris spurrelli que totalizaram 65% das capturas somando-se os registros das duas cavernas. Uma espécie ameaçada regionalmente de extinção, Natalus macrourus, foi registrada na Kararaô. As duas cavernas estão a menos de 500 metros do futuro reservatório da UHE Belo Monte, porém, a entrada da caverna Kararaô está em uma cota mais baixa que a do limite do reservatório, podendo sofrer alteração em sua dinâmica, denotando maior preocupação em relação a sua fauna associada.
Palavras-chave: biodiversidade; cavernas; conservação; reservatório