Produção de uma proteína hipoalergênica mutante de Ric c3, não-ligante de IgE ou atividade anafilactogênica

Resumo

Vários estudos têm sido realizados para ampliar o uso da mamona Ricinus communis L. (Ricinus communis L), oleaginosa que encontra condições adequadas para seu desenvolvimento no Brasil com mais de 700 aplicações. Os principais alérgenos desta planta são Ric c1 e Ric c3 que apresentam reação cruzada com vários alérgenos dispersos no ar e alérgenos alimentares, como amendoim, soja, milho e trigo. Este estudo teve como objetivo determinar o efeito de mutações nos resíduos de aminoácidos, presentes, em epítopos ligantes de IgE, de Ric c3 envolvidos no desencadeamento de respostas alérgicas. Com base na estrutura de Ric c3, epítopos de células B, e aminoácidos envolvidos na ligação de IgE, produzimos, em E. coli. uma proteína mutante recombinante, denominada mrRic c3. Resíduos estratégicos de ácido glutâmico, presentes nestes epítopos, foram alterados por Leucina. A alergenicidade da proteína mrRic c3 foi avaliada pela determinação dos níveis séricos de IgE, IgG1 e IgG total em camundongos Balb/c imunizados com a proteína mutante e por ensaios de degranulação de mastócitos isolados de ratos Wistar. A proteína mrRic c3 promoveu um percentual de degranulação de mastócitos próximo ao observado no controle negativo e camundongos imunizados com mrRic c3 apresentou níveis de IgE e IgG1 menores que o grupo tratado com a proteína recombinante nativa. A mutante mrRic c3 apresentou estrutura alterada e capacidade reduzida de estimular respostas pró-inflamatórias e de se ligar a IgE, mas manteve sua capacidade de induzir anticorpos bloqueadores. Assim, a produção de um alérgeno mutante hipoalergênico (mrRic c3) pode ser uma etapa essencial no desenvolvimento de novas estratégias para a AIT.

Palavras-chave:
albumina 2S; alérgenos de mamona; Ricinus commnis; recombinante hipoalergênica; Imunoterapia alérgeno específica