Acessibilidade / Reportar erro

Geologia, Petrografia e Geoquímica do Batólito Seringa, Província Carajás, SSE do Pará

Geology, Petrography and Geochemistry of the Seringa Batholith, Carajás Province, SSE of the Pará

Resumo:

O Granito Seringa, com cerca de 2250 km2 de superfície aflorante, representa o maior batólito da Província Carajás. É intrusivo em unidades arqueanas do Terreno Granito-Greenstone de Rio Maria, sudeste do Cráton Amazônico. É constituído por dois grandes conjuntos petrográficos: a) rochas monzograníticas, representadas por bitotita-anfibólio monzogranito grosso (BAMGrG) e anfibólio-bitotita monzogranito grosso (ABMGrG); b) rochas sienograníticas, representadas por anfibólio-biotita sienogranito porfirítico (ABSGrP), leucosienogranito heterogranular (LSGrH), leucomicrosienogranito (LMSGr) e anfibólio-biotita sienogranito heterogranular (ABSGrH). Biotita e anfibólio são os minerais varietais e zircão, apatita, minerais opacos e allanita, os acessórios. O Granito Seringa mostra caráter subalcalino, metaluminoso a fracamente peraluminoso e possui altas razões FeOt/FeOt+MgO (0,86 a 0,97) e K2O/Na2O (1 a 2). Os ETR mostram padrão de fracionamento moderado para os ETRL e sub-horizontalizado para os ETRP. As anomalias negativas de Eu são fracas nas rochas monzograníticas e moderadas a acentuadas nas sienograníticas e leucomonzograníticas, respectivamente, com exceção dos ABSGrP. Mostra afinidades geoquímicas com granitos intraplacas ricos em ferro, do subtipo A2 e do tipo A oxidados. As relações de campo e os aspectos petrográficos e geoquímicos não são coerentes com a evolução das fácies do Granito Seringa a partir da cristalização fracionada de um mesmo pulso magmático. O Granito Seringa apresenta maiores semelhanças petrográficas, geoquímicas e de suscetibilidade magnética com as rochas da Suíte Serra dos Carajás, podendo ser enquadrado nesta importante suíte granitoide.

Palavras-chave:
Paleoproterozoico; Cráton amazônico; Granito Seringa; Tipo A oxidado

Abstract:

The Seringa Granite, with 2250 km2 of outcropping area represents the biggest granite batholith of the Carajás Province. It is intrusive in Archean units of the Rio Maria Granite-Greenstone Terrane, located in the southeastern of the Amazonian Craton. The Seringa Granite is formed by two great petrographic groups: A) monzogranite rocks, represented by biotite-amphibole coarse-grained monzogranite, amphibolebiotite coarse-grained monzogranite; B) syenogranite rocks, represented by, porphyry amphibole-biotite syenogranite, heterogranular leuco-syenogranite, leuco-microsyenogranite, and heterogranular amphibolebiotite syenogranite. Biotite and amphibole are the varietal minerals and zircon, apatite, opaque, and allanite the accessories minerals. The Seringa Granite is subalkaline, metaluminous to peraluminous, display K2O/Na2O ratios between 1 and 2 and FeOt/(FeOt +MgO) between 0.86 and 0.97. The patterns of REE show increase in negative europium anomalies from the less evolved facies to the more evolved facies. In these sense, it is enriched in light REE parallel to the impoverishment of heavy REE. It shows geochemical affinities with within-plate ferroan granites, of the A2-subtype and oxidized A-type granites. The field relations and the petrographic and geochemical features of the Seringa Granite are not consistent with the evolution of its facies from a single magma pulse by fractional crystallization. The Seringa Granite show petrographic, geochemical and magnetic susceptibility properties that suggest its inclusion in the Serra dos Carajás Suite.

Keywords:
Paleoproterozoic; Amazonian Craton; Seringa Granite; oxidized A-type

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Agradecimentos

Aos pesquisadores e alunos do Grupo de Pesquisa Petrologia de Granitoides (GPPG) pelo apoio nas diversas etapas deste trabalho, ao Prof. Roberto Dall’Agnol pela discussões, ao CNPq pela concessão de bolsa de mestrado ao primeiro autor, ao Instituto de Geociências (IG-UFPA) pelo suporte técnico e laboratorial. Este artigo é uma contribuição aos Projetos PROCAD e PRONEX/CNPq (Proj. 103/98 - Proc. 66.2103/1998-0)

Referências

  • Almeida J.A.C. 2005. Geologia, petrografia e geoquímica do Granito anorogênico Bannach, Terreno GranitoGreenstone de Rio Maria, PA Dissertação de mestrado, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Pará, Belém, 171 p.
  • Althoff F.J., Barbey P., Boullier A.M. 2000. 2.8-3.0 Ga plutonism and deformation in the SE Amazonian craton: the Archean granitoids of Marajoara (Carajás Mineral province, Brazil). Precambrian Research, 104:187-206.
  • Anderson J.L., & Bender E.E. 1989. Nature and origin of Proterozoic A-Type granitic magmatism in the southwestern United States of America. Lithos, 23:19-52
  • Araújo O.J.B., & Maia R.G.N. 1991. Programa de Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil. Programa Grande Carajás. Folhas SB-22-Z-A. Estado do Pará Brasília, DNPM/CPRM, Texto Explicativo, 164 p.
  • Barros C.E.M., Dall’agnol R., Vieira E.A.P., Magalhães M.S., 1995. Granito Central da Serra dos Carajás: avaliação do potencial metalogenético para estanho com base em estudos da borda oeste do corpo. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi Série Ciências da Terra, 7:93- 123.
  • Chappell B.W., & White A.J.R. 1974. Two contrasting granite types. Pacific Geology, 8:173-174.
  • Collins W.J., Beams S. D., White A. J. R., Chappell B. W. 1982. Nature and Origin of A-type granites with particular reference to Southeastern Australia. Contribution to Mineralogy and. Petrology, 80:189-200.
  • CPRM 2004. Programa de Levantamentos Básicos do Brasil, Folha Araguaia (SB-22). Estado do Pará Belém, CPRM, Relatório Técnico, 120 p.
  • Dall’Agnol R., & Oliveira D.C. 2007. Oxidized, magnetiteseries, rapakivi-type granites of Carajás, Brazil: implications for classification and petrogenesis of A-type granites. Lithos
  • Dall’Agnol, R. 1980. Etudes sur des granites du type “Rondonian” en Amazonie Orientale et leurs transformations tardi-magmatiques Tese de Doutorado, Labor. Geól. Petrol., Univ. Paul Sabatier, Toulouse, 348 p.
  • Dall’Agnol R., Lafon J.M., Macambira M.J.B. 1994. Proterozoic anorogenic magmatism in the Central Amazonian province, Amazonian Craton. Geochronological, Petrological and Geochemical aspects. Mineralogy and Petrology, 50:113-138.
  • Dall’Agnol R., Ramö O. T., Magalhães M. S., Macambira M. J. B. 1999a. Petrology of the anorogenic, oxidised Jamon and Musa granites, Amazonian Craton: implications for the genesis of Proterozoic, A-type Granites. Lithos, 46:431-462
  • Dall’Agnol R., Scaillet B., Pichavant M. 1999c. Evolution of A-type granite magmas: an experimental study of the Lower Proterozoic Jamon Granite, eastern Amazonian craton, Brazil. Journal of Petrology, 40(11):1673-1698.
  • Dall’Agnol R., Teixeira N.P., Rämö O.T., Moura C.A.V., Macambira M.J.B., Oliveira D.C., 2005. Petrogenesis of the Paleoproterozoic, rapakivi, A-type granties of the Archean Carajás Metallogenic Province, Brazil. Lithos, 80:101-129.
  • Dall’Agnol R., Oliveira M.A., Almeida J.A.C., Althoff F.J., Leite A.A.S., Oliveira D.C., Barros C.E.M., 2006. Archean and Paleoproterozoic granitoids of the Carajás metallogenetic province, eastern Amazonian craton. In: Dall’Agnol R., Rosa-Costa L.T., Klein E.L. (eds.) Symposium on Magmatism, Crustal Evolution, and Metallogenesis of the Amazonian Craton, Abstracts Volume and Field Trips Guide Belém, PRONEXUFPA/SBG-NO, 150 p.
  • Debon F., Le Fort P., Sabaté P. 1988. Uma classificação químico-mineralógica das rochas plutônicas comuns e suas associações, método e aplicações. Revista Brasileira de Geociências, 18(2):122-133.
  • DOCEGEO (Rio Doce Geologia e Mineração - Distrito Amazônia) 1988. Revisão litoestratigráfica da Província Mineral de Carajás, Pará. In: SBG, Cong. Bras. Geol., 35, Anexos, p. 11-54.
  • Eby G.N. 1992. Chemical subdivision of the A-type granitoids: petrogenetic and tectonic implications. Geology, 20:641-644.
  • Frost B.R, Barnes C.G., Collins W.J., Arculus R.J, Ellis D.J, Frost C.D. 2001. A geochemical classification for granitic rocks. Journal of Petrology, 40:261-293.
  • Ishihara S. 1981. The granitoid series and mineralization. Economic Geology, 75th Anniv:458-484.
  • Javier Rios F., Villas R.N., Dall’agnol R. 1995. O Granito Serra dos Carajás: fácies petrográficas e avaliação do potencial metalogenético para estanho no setor norte. Revista Brasileira de Geociências, 25:20-31.
  • King P.L. White A.J.R.; Chapell B.W.; Allen C.M. 1997. Characterization and origin of aluminous A-type granites from the Lachlan Fold Belt, southeastern Australia, J. Petrol., 38:371-391.
  • Leite A. A. S. 2001. Geoquímica, petrogênese e evolução estrutural dos granitoides arqueanos da região de Xinguara, SE do Cráton Amazônico Tese de doutorado, Centro de Geociências, Universidade Federal do Pará, Belém, 330 p.
  • Leite A.A.S., Dall’agnol R., Macambira M.J.B., Althoff F.J. 2004. Geologia e geocronologia dos granitoides arqueanos da região de Xinguara e suas implicações na evolução do Terreno Granito-Greenstone de Rio Maria, Cráton Amazônico. Revista Brasileira de Geociências, 34(4):447-458.
  • Le Maitre R.W. 2002. A classification of igneous rocks and glossary of terms 2.ed., Cambridge, Cambridge University Press, 193 p.
  • Loiselle M.C., Wones D.R. 1979. Characteristics and origin of anorogenic granites. Geological Society of America Abstracts with Programs, 11:468.
  • Macambira M.J.B., Lafon J.M. 1995. Geocronologia da Província Mineral de Carajás; Síntese dos dados e novos desafios. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi Série Ciências da Terra, 7:263-287.
  • Marre J. 1982. Methodes d’analyse structural des granitoids. In: Bureau dès Recherche Géologiques et Minières (ed.) Manuels & Methodes Orléans, BRGM, 128 p.
  • Nakamura N. 1974. Determination of REE, Ba, Fe, Mg, Na and K in carbonaceous and ordinary chondrites. Geochemical and Cosmochemical Acta, 38:757-775.
  • Oliveira D.C., Dall’agnol R., Barros C.E.M., Figueiredo M.A.B.M. 2002. Petrologia magnética do Granito Paleoproterozóico Redenção, SE do Cráton Amazônico. In: Klein E.L., Vasquez M.L., Rosa-Costa L.T. (eds.) Contribuições à Geologia da Amazônia Belém, Sociedade Brasileira de Geologia Núcleo Norte, p. 115-132.
  • Oliveira M.A., Dall’agnol R., Althoff F. 2006. Petrografia e Geoquímica do Granodiorito Rio Maria da Região de Bannach e Comparações com as demais ocorrências no Terreno Granito-Greenstone de Rio Maria - Pará, Revista Brasileira de Geologia, 36(2):313-326.
  • Oliveira M.A., Dall’Agnol R., Althoff F.J., Leite A.A.S. 2009. Mesoarchean sanukitoid rocks of the Rio Maria Granite-Greenstone Terrane, Amazonian craton Brazil. Journal of South American Earth Science, 27:146-160.
  • Paiva Jr A.L. 2009. Geologia, petrografia, geocronologia e geoquímica do Granito Anorogênico Seringa, Província Mineral de Carajás, SSE do Pará Dissertação de Mestrado, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Pará, Belém, 123 p.
  • Pearce J.A, Harris N.B.W, Tindle A.G. 1984. Trace element discrimination diagrams for the tectonic interpretation of granitic rocks. J. Petrology, 25:956-983.
  • Pimentel M.M., Machado N. 1994. Geocronologia U-Pb dos Terrenos granito-greenstone de Rio Maria, Pará. In: SBG, Congresso Brasileiro de Geologia, 38, Boletim de Resumos Expandidos, p. 390-391.
  • Pitcher W.S., & Berger A.R. 1972. The controls of contact metamorphism. In: Pitcher W.S., & Beger A.R. (eds.) The geology of Donegal: a study of granite emplacement and unroofing New York, John Wiley & Sons, p. 302-327.
  • Shand S.J. 1951. Eruptive rocks their genesis, composition, classification and their relation to ore deposit 4ed. London, J. Wiley, 488 p.
  • Silva G.G., Lima M.I.C., Andrade A.R.F., Issler R.S., Guimarães G. 1974. Geologia das folhas SB-22 Araguaia e parte da SC-22 Tocantins Rio de Janeiro, DNPM, Projeto RADAMBRASIL 4, 143 p.
  • Taylor S.R. 1965. The application of trace element data to problems in petrology. In: AHRENS L.H., RANKAMA K., RUNCON S.K. (eds.) Physics And Chemistry Of The Earth London, Pergamon Press, p. 133-213.
  • Texeira N. P., Bettencourt J.S., Dall’Agol R., Moura C.A.V., Fernandes C.M.D., Pinho S.C.C.P. 2005. Geoquímica dos granitos paleoproterozóicos da Suíte granítica Velho Guilherme, Província Estanífera do Sul do Pará. Revista Brasileira de Geociências, 35(2):217-226.
  • Tuttle O.F., & Bowen N.L. 1958. Origin Of Granite In The Light Of Experimental Studies In The System NaAlSi3O8-KAlSi3O8-SiO2-H2O. [Sl:S.N.]. Geological Society Of America Memoir, 74:1-153
  • Wedepohl K.H. 1970. Rubidium. In: Wedepohl K.H. (ed.) Handbook of geochemistry Berlim, Springer-Verlag, p. 37-B-37-N.
  • Whalen J.W., Currie K.L., Chappel B.W. 1987. A-type granites: geochemical characteristics, discrimination and petrogenesis. Contribution to Mineralogy and Petrology, 95:407-419.
  • White A.J.R. 1979. Sources of granitic magmas. Geological Society of America Abstracts with Programs, 11(7):539.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2011

Histórico

  • Recebido
    10 Jul 2009
  • Aceito
    03 Out 2011
Sociedade Brasileira de Geologia R. do Lago, 562 - Cidade Universitária, 05466-040 São Paulo SP Brasil, Tel.: (55 11) 3459-5940 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: sbgeol@uol.com.br