Acessibilidade / Reportar erro

Estratigrafia e tectônica da seção rifte no Gráben de Camamu, porção emersa da Bacia de Camamu, Bahia

Stratigraphy and tectonics of the rift stage in Camamu Graben, onshore Camamu Basin, Bahia

Resumo:

O Gráben de Camamu corresponde à extremidade sul de um sistema de grábens conectados limitado pelo sistema de falhas de Maragogipe. Evidências estruturais e estratigráficas indicam que os depósitos deste gráben foram controlados por tectônica rifte. Foram reconhecidas duas sequências deposicionais. A base da Sequência I é composta por leques aluviais provenientes da margem leste, depositados durante a rotação do embasamento. Estes leques eram dominados por fluxos gravitacionais e por canais entrelaçados rasos com dunas eólicas subordinadas. A drenagem principal era caracterizada por canais entrelaçados profundos que fluíam para ENE, transpassando os altos estruturais da margem leste. O padrão agradacional e as características arquiteturais do sistema fluvial caracterizam um trato de sistemas de baixa acomodação. Sobre estes depósitos se estabelece um sistema fluvial distributário, caracterizado por canais fluviais de carga mista que perdem grande parte de sua energia em direção as suas porções distais, onde dominam inundações em lençol de baixa energia em uma planície de inundação com lagos efêmeros. O padrão de empilhamento retrogradacional é atribuído ao aumento nas taxas de subsidência tectônica. A Sequência II marca um rápido avanço do sistema distributário após uma erosão generalizada da planície de inundação causada pela queda no nível de base. Esta sequência é composta por canais fluviais de carga de fundo com preenchimento multiepisódico, que se intercalam com depósitos de inundações em lençol arenosas e dunas eólicas subordinadas. A arquitetura fluvial e o padrão agradacional indicam condições de baixas taxas de acomodação.

Palavras-chave:
Bacia de Camamu; seção rifte; estratigrafia.

Abstract:

Camamu Graben corresponds to the southern portion of a connected graben system bounded by Margogipe’s Fault System. Structural and stratigraphic evidences reveal that the deposits within this graben were controlled by rift related tectonics. Stratigraphic analysis allowed the recognition of two unconformity-bounded sequences. The base of Sequence I is composed by alluvial fans coming from the east margin and deposited during basement rotation. These systems were dominated by gravitational flow or braided channels, with subordinated aeolian dunes. The main drainage was characterized by a deep braided channel system, which flowed eastward, transposing the structural high of the east margin. The agradational stacking pattern and the fluvial architectural characteristics marks a low accommodation systems tract. Above these deposits takes place a distributary fluvial system, characterized by mixed load rivers and in its distal portion by sheet floods in a muddy flood plain with ephemeral lakes. The retrogradational stacking pattern is attributed to an increase on subsidence rates. Sequence II marks the ongoing of the distributary system basinward after a generalized erosion of theflood plain deposits caused by a base level fall. This sequence is composed by bed load channels interlayered with sandy sheet floods and subordinated aeolian dunes. The fluvial architecture and the agradational stacking pattern suggest low accommodation conditions.

Keywords:
Camamu Basin; rift; stratigraphy

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Agradecimentos

À PETROBRAS e à ANP pelo financiamento deste projeto.

Referências

  • Asmus H.E., & Porto R. 1980. Diferenças nos estágios iniciais da evolução da margem continental brasileira: possíveis causas e implicações. In: SBG, Congresso Brasileiro de Geologia, 31, Anais, p. 225-239.
  • Born C.C., Scherer C.M.S., Adegas F., Casagrande J. 2008. Análise faciológica e arcabouço estratigráfico da Fm. Sergi no norte da Bacia de Camamu, estudo com base em afloramentos da região de Guaibim (Valença). In: SBG, Congresso Brasileiro de Geologia, 44, Anais, p. 144.
  • Bouma J., Fox C.A., Miedema K. 1990. Micromorphology of hydromorphic soils: applications for soil genesis and land evaluation. In: Bridge J.S. (ed.) Rivers and Floodplains: Forms, Processes, and Sedimentary Record Oxford, Blackwell, 491 p.
  • Bridge J.S. (ed.) 2003. Rivers and Floodplains: Forms, Processes, and Sedimentary Record Oxford, Blackwell Science Ltd, 491 p.
  • Bridge J.S. 2006. Fluvial facies models: recent developments. In: Posamentier H.W., & Walker R.G (eds.) Facies Models Revisited Tulsa, SEPM Spec. Publ. 84, p. 85-70.
  • Brookfield M.E. 1984. Aeolian Sands. In: Walker R.G. (ed.) Facies Models Halmilton, Geoscience Canada Reprint Series, p. 91-103.
  • Caixeta J.M., Milhomem O.S., Witzke R.E., Dupuy I.S.S., Gontijo G.A. 2007. Bacia de Camamu. B. Geoci. Petrobras, 15(2):455-461.
  • Carvalho I.S. 1993. Os conchostráceos fósseis das Bacias interiores do Nordeste do Brasil Tese de Doutorado, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 319 p.
  • CBPM - Companhia Baiana de Pesquisa Mineral 2006. Projeto Costa do Dendê: Avaliação da Potencialidade Mineral e Subsídios Ambientais para o Desenvolvimento Sustentado dos Municípios da Costa do Dendê Landim J.M.D., & Gomes L.C.C (orgs.). Salvador, CBPM, Relatório Técnico, 131 p.
  • Deluca J.L., & Eriksson K.A. 1989. Controls on synchronous ephemeral- and perennial-river sedimentation in the middle sandstone members of the Triassic Chinle Formations, northeastern New Mexico, USA. Sedimentary Geology, 61:155-175.
  • Fisher J.A., Nichols G.J., Waltham D.A. 2007. Unconfined flow deposits in distal sectors of fluvial distributary systems: Examples from the Miocene Luna and Huesca Systems, northern Spain. Sedimentary Geology, 195:55-73.
  • Gallego O.F., & Martins-Neto R.G. 2006. The Brazilian Mesozoic Conchostracan Faunas: Its Geological History as an Alternative Tool for Stratigraphic Correlations. Geociências, 25(2):231-239.
  • Gupta S., Cowie P.A., Dawers N.H., Underhill J.R. 1998. A mechanism to explain rift-basin subsidence and stratigraphic patters through fault-array evolution. Geology, 7:595-598.
  • Hampton B.A., and Horton B.K. 2007. Sheetflow fluvial processes in a rapidly subsiding basin, Altiplano plateau, Bolivia. Sedimentology, 54(5):1121-1148.
  • Hassan M.A. 2005. Gravel bar characteristics in arid ephemeral streams. J. Sed. Res. 75:29-42.
  • Kocurek G. 1996. Desert aeolian systems. In: Reading H.G. (ed.) Sedimentary Environments: Processes, Facies and Stratigraphy 3.ed., London, Blackwell Science, p. 125-153.
  • Mack G.H., & Leeder M.R. 1998. Channel shifting of the Rio Grande, southern Rio Grande rift: implications for alluvial stratigraphic models. Sedimentary Geology, 117:207-219.
  • Mackey S.D., & Bridge J.S. 1995. Three-dimensional model of alluvial stratigraphy: theory and application. Journal of Sedimentary Research, 65(1):7-31.
  • Martinsen O.J., Ryseth A., Halland-Hansen W., Fleshe H., Torkildsen G., Idil S. 1999. Stratigraphic base level and fluvial architecture: Ericson Sandsote (Campanian), Rock Springs Uplift, SW Wyoming, USA. Sedimentology, 46:235-259.
  • McCarthy P.J., Martini I.P., Leckie D.A. 1997. Anatomy and evolution of a Lower Cretaceous alluvial plain: sedimentology and paleosols in the upper Blairmore Group, south-western Alberta, Canada. Sedimentology 44:197- 220.
  • Miall A.D. 1988. Facies architecture in clastic sedimentary basins. In: Kleinspehn K.L., & Paola C (eds.) New perspectives in basin analisys Berlin, Springer-Verlag, p. 67-81.
  • Miall A.D. (ed.) 1996. The Geology of Fluvial Deposits: Sedimentary Facies, Basin Analysis and Petroleum Geology New York, Springer-Verlag, 581 p.
  • Nichols G.J., & Fisher J.A. 2007. Processes, facies and architecture of fluvial distributary system deposits. Sedimentary Geology, 195:75-90.
  • Rhee C.W., & Chough S.K. 1993. The Cretaceous Pyonghae sequence, southeast Korea: terminal fan facies. Palaeogeogr. Palaeoclimatol. Palaeoecol, 105:139-156.
  • Retallack G.J. 1988. Field recognition of paleosols. In: Reinhardt J., & Sigleo W.R. (eds.) Paleosols and Weathering Through Geologic Time: Principals and Applications Boulder, GSA Special Publication 216, p. 1-20.
  • Rohn R., & Cavalheiro M.C.T. 1996. Conchostráceos cretácicos da Bacia de Tucano (Bahia) e avaliação do potencial cronoestratigráfico destes crustáceos no Mesozóico do Brasil. In: UNESP, Simp. sobre o Cretáceo do Brasil, 4, Boletim, p. 157-167.
  • Scherer C.M.S. 2000. Aeolian dunes of the Botucatu Formation (Cretaceous) in Southernmost Brazil: morphology and origin. Sedimentary Geology 137:63-84
  • Spalletti L.A., & Piñol F.C. 2005. From Alluvial Fan to Playa: An Upper Jurassic Ephemeral Fluvial System, Neuquén Basin, Argentina. Gondwana Research, 8(3):363-383.
  • Siegenthaler C., & Huggenberger P. 1993. Pleistocene Rhine gravel: deposits of a braided river system with dominant pool preservation. In: Best J.L., & Bristow C.S. (eds.) Braided Rivers London, Geol. Soc. Spec. Publ. 75, p. 147-162.
  • Tunbridge I.P. 1981. Sandy high-energy flood sedimentation - some criteria for recognition, with an example from the Devonian of S.W. England. Sedimentary Geology, 28:79-95.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2011

Histórico

  • Recebido
    20 Set 2009
  • Aceito
    13 Out 2011
Sociedade Brasileira de Geologia R. do Lago, 562 - Cidade Universitária, 05466-040 São Paulo SP Brasil, Tel.: (55 11) 3459-5940 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: sbgeol@uol.com.br