Na região nordeste do Brasil a doença diarréica na infância continua sendo altamente endêmica. Com o objetivo de determinar a prevalência das diferentes categorias de E. coli diarreiogênica foi realizado um estudo prospectivo de dois anos em dois grandes centros urbanos dessa região. Entre maio de 1997 a junho de 1999, foram examinadas amostras de Escherichia coli isoladas de 237 fezes de crianças com diarréia (217 aguda e 20 persistente casos) e 231 de crianças sem diarréia (controles) atendidas em dois hospitais na região nordeste do Brasil quanto a adesão a células HEp-2 e hibridização com sondas genéticas especîficas para as seis categorias de E. coli diarreiogênica. E. coli que adere difusamente (DAEC) e E. coli enteroagregativa (EAEC) foram as categorias mais frequentemente isoladas tanto em casos como em controles. E. coli enteropatogênica atípica (EPEC) foi isolada tanto em casos (5.5%) como em controles (5.6%). Amostras de E. coli enteropatogênica (EPEC típica), caracterizadas pelo padrão de adesão localizada, hibridização positiva com a sonda EAF e pertencentes aos sorogrupos clássicos foram mais frequentes em casos do que em controles, significantemente relacionadas com diarréia (P = 0.03). Essas amostras constituíram o terceiro patógeno, depois de rotavirus e Shigella spp, com predomínio significantemente maior entre os casos. Concluindo, na região nordeste do Brasil as EPEC respondem por 9% dos casos de diarréia grave em crianças menores de dois anos.
Escherichia coli; E. coli que adere difusamente; E. coli enteroagregativa; padrões de adesão; diarréia infantil