As infecções nosocomiais constituem um importante problema em hospitais, sendo que as unidades de terapia intensiva (UTI) apresentam a maior incidência deste tipo de infecções. Os estafilococos, especialmente S. epidermidis e S. aureus, estão entre os microrganismos mais importantes associados às infecções nosocomiais. S. epidermidis é uma espécie colonizante da pele, sendo frequentemente inoculado durante procedimentos invasivos ou veiculado pela equipe de saúde, e essa situação é agravada pela emergência de cepas multirresistentes endêmicas no ambiente hospitalar. No presente trabalho foi avaliada a resistência a antibióticos e presença de distintos fatores de patogenicidade em 98 isolados clínicos de S. epidermidis obtidos de vários materiais em unidades de terapia intensiva e 20 colonizantes de pele de voluntários saudáveis. Os resultados obtidos mostraram elevada freqüência de isolados clínicos multirresistentes a antibióticos (76,5%), enquanto esta não foi detectada em isolados de voluntários saudáveis. A frequência de isolados multiresistentes foi 67,7% na UTI neonatal, 66,6% na UTI pediátrica, e 60,8% na UTI adulto, a menor freqüência de isolados multirresistentes na UTI adulto é indicativo de maior incidência de cepas comunitárias nesse local. As diferenças significativas na freqüência de isolados com atividades hemolítica, proteolítica e formação de biofilme, encontradas entre isolados clínicos e controles, indica a maior incidência de cepas com potencial patogênico no ambiente hospitalar. Não foi observada correlação entre multirresistência e fatores de patogenicidade, exceto uma baixa correlação positiva com a atividade hemolítica.
Staphylococcus epidermidis; fatores de patogenicidade; resistência antimicrobiana; infecção hospitalar