Acessibilidade / Reportar erro

Protocolos e procedimentos de avaliação em endoscopia da deglutição: uma revisão sistemática atualizada Como citar este artigo: Prikladnicki A, Santana MG, Cardoso MC. Protocols and assessment procedures in fiberoptic endoscopic evaluation of swallowing: an updated systematic review. Braz J Otorhinolaryngol. 2022;88:445-70.

Resumo

Introdução

As alterações neurológicas podem gerar distúrbios deglutitórios e a videoendoscopia da deglutição é um dos exames feitos para o seu diagnóstico e auxílio no manejo da disfagia.

Objetivo

Identificar e descrever o protocolo para videoendoscopia da deglutição padronizado para a população adulta com transtornos neurológicos e suas etapas.

Método

Revisão sistemática registrada na plataforma Prospero (CRD42018069428), realizada nos sites: Medline, Cochrane Library e Scielo; publicados entre 2009 e 2020. Foram incluídos ensaios clínicos randomizados, estudos transversais e longitudinais. Dois avaliadores independentes analisaram o delineamento do estudo e extrairam os dados dos estudos selecionados. As dúvidas de inclusão ou não dos estudos foram avaliadas por um terceiro avaliador. Artigos científicos incluídos englobam pacientes adultos neurológicos. Os desfechos avaliados: 1) diagnóstico de distúrbio deglutitório ou disfagia; (2) alteração de sensibilidade em região laríngea; (3) penetração laríngea do bolo alimentar ofertado; (4) aspiração traqueal do bolo alimentar ofertado.

Resultados

Foram selecionados inicialmente 3.724 artigos, após busca personalizada para pacientes com alterações neurológicas permaneceram 101 estudos. Ao final, 21 estudos qualitativos de 2009 a 2020 permaneceram na revisão sistemática e foram descritos detalhadamente e comparados. Sete estudos usaram protocolos das instituições promotoras e quatro citaram usar o mesmo protocolo. A reprodutibilidade fidedigna dos protocolos é viável apenas em três dos artigos, mesmo com protocolos diferentes.

Conclusões

Não há protocolo padronizado ou validado para avaliar a deglutição da população adulta neurológica.

Palavras-chave
Transtornos de deglutição; Endoscopia; Fonoaudiologia

Abstract

Introduction

Neurological alterations can generate swallowing disorders and fiberoptic endoscopic evaluation of swallowing is one of the tests performed for its diagnosis, as well as assistance in dysphagia management.

Objective

To identify and describe a fiberoptic endoscopic evaluation of swallowing standardized protocol for the neurological adult population and its stages.

Methods

Systematic review registered on the PROSPERO platform (CRD42018069428), carried out on the websites: MEDLINE, Cochrane Library and Scielo; published between 2009 and 2020. Randomized clinical trials, cross-sectional, and longitudinal studies were included. Two independent judges evaluated the study design and extracted the data from the selected studies. Doubts regarding inclusion or not of the studies were evaluated by a third judge. Scientific articles included were those with adult neurological remained patients with outcomes: (1) diagnosis of swallowing disorder (2) change in sensitivity in laryngeal region (3) penetration of food offered (4) aspiration of food offered.

Results

3724 articles were initially selected, after personalized search for patients with neurological alterations 101 studies remained. In the end, 21 qualitative studies from 2009 to 2020 remained in the systematic review and they were described in detail and compared. Seven articles used protocols of the institutions in which the research took place and four mentioned using the same protocol. The reliable reproducibility of the protocols is feasible only in three of the articles, even presenting different protocols.

Conclusion

There is no standard or validated protocol to assess the swallowing function of adults with neurological diseases.

Keywords
Swallowing disorders; Endoscopy; Speech-language and hearing science

Introdução

A avaliação endoscópica da deglutição (FEES ou VED) é um dos exames usado para avaliar a função da deglutição e, atualmente, é considerado um exame já estabelecido para identificação de disfagia tanto em crianças quanto em adultos. Descrita em 1988 por Langmore11 Langmore SE, Schatz K, Olsen N. Fiberoptic endoscopic examination of swallowing safety: a new procedure. Dysphagia. 1988;2:216-9. em artigo científico, em 2001 a VED teve as suas etapas detalhadas.22 Langmore S. Endoscopic evaluation and treatment of swallowing disorders. 1st ed. New York: Thieme; 2001. p. 263. Recentemente publicou-se um estudo histórico sobre a VED,33 Langmore SE. History of fiberoptic endoscopic evaluation of swallowing for evaluation and management of pharyngeal dysphagia: changes over the years. Dysphagia. 2017;32:27-38. que descreve a evolução dos protocolos utilizados para a realização do exame e o seu manejo da disfagia, assim como algumas validações em populações específicas.

Alguns estudos publicados sobre a VED se detiveram na validação de protocolos para populações específicas, como pacientes extubados,44 Ajemian MS, Nirmul GB, Anderson MT, Zirlen DM, Kwasnik EM. Routine fiberoptic endoscopic evaluation of swallowing following prolonged intubation: implications for management. Arch Surg. 2001;136:434-7. frente ao câncer de cabeça e pescoço,55 Deutschmann MW, McDonough A, Dort JC, Dort E, Nakoneshny S, Mathews TW. Fiber-optic endoscopic evaluation of swallowing (FEES): predictor of swallowing-related complications in the head and neck cancer population. Head Neck. 2013;35:974-9. junto aos traqueostomizados,66 Leder SB, Ross DA. Confirmation of no causal relationship between tracheotomy and aspiration status: a direct replication study. Dysphagia. 2010;25:35-9. na paralisia de prega vocal,77 Ollivere B, Duce K, Rowlands G, Harrison P, O’Reilley BJ. Swallowing dysfunction in patients with unilateral vocal fold paralysis: aetiology and outcomes. J Laryngol Otol. 2006;120:38-41. osteopatia,88 Seidler TO, Alvarez JCP, Wonneberger K, Hacki T. Dysphagia caused by ventral osteophytes of the cervical spine: clinical and radiographic findings. Eur Arch Otorhinolaryngol. 2009;266:285-91. miastenia gravis.99 Warnecke T, Teismann I, Zimmermann J, Oelenberg S, Ringelstein EB, Dziewas R. Fiberoptic endoscopic evaluation of swallowing with simultaneous Tensilon application in diagnosis and therapy of myasthenia gravis. J Neurol. 2008;255:224-30. Outros estudos validaram protocolos de VED para populações com transtornos neurológicos. Entretanto, nem todos descreveram o protocolo usado e validado, de forma a ser usado na prática clínica, ou mesmo ter seu estudo reproduzido para confirmação de resultados em populações similares.

O foco do uso da VED frente às populações de etiologia neurológica apresenta algumas particularidades, visto que a realização do exame na população adulta neurológica pode ser dificultada em razão de fatores como: o aspecto cognitivo;1010 Castagna A, Ferrara L, Asnaghi E, Rega V, Fiorini G. Functional limitations, and cognitive impairment predict the outcome of dysphagia in older patients after an acute neurologic event. Neuro Rehabil. 2019;44:413-8.,1111 Tangalos EG, Petersen RC. Mild cognitive impairment in geriatrics. Clin Geriatr Med. 2018;34:563-89. a postura de tronco e cabeça durante o exame; e a ocorrência de fadiga.1212 Penner IK, Paul F. Fatigue as a symptom or comorbidity of neurological diseases. Nat Rev Neurol. 2017;13:662-75.

13 Siciliano M, Trojano L, Santangelo G, De Micco R, Tedeschi G, Tessitore A. Fatigue in Parkinson’s disease: a systematic review and meta-analysis. Mov Disord. 2018;33:1712-23.
-1414 Farrugia ME, Di Marco M, Kersel D, Carmichael C. A physical and psychological approach to managing fatigue in myasthenia gravis: a pilot study. J Neuromuscul Dis. 2018;5:373-85. Esses fatores podem levar à interrupção do exame, o que dificulta o diagnóstico e plano terapêutico.

Em geral, o protocolo de avaliação da VED é dividido em três etapas: a primeira é a observação cuidadosa da anatomia, das secreções e a visualização dos movimentos das estruturas nasais, orofaríngeas e laríngeas frente à solicitação de fala e respiração. Alguns protocolos incluem a avaliação da sensibilidade de região orofaríngea, através do toque do endoscópio em regiões específicas;1515 Aviv JE, Kim T, Sacco RL, Kaplan S, Goodhart K, Diamond B, et al. FEESST: a new bedside endoscopic test of the motor and sensory components of swallowing. Ann Otol Rhinol Laryngol. 1998;107:378-87.,1616 Kamarunas EE, McCullough GH, Guidry TJ, Mennemeier M, Schluterman K. Effects of topical nasal anesthetic on fiberoptic endoscopic examination of swallowing with sensory testing (FEESST). Dysphagia. 2014;29:33-43. a segunda etapa se constitui pela avaliação direta da deglutição, com oferta de comidas e líquidos em diferentes consistências; a terceira compõe-se da verificação de manobras posturais, variações de consistências e pela observação de comportamentos alimentares, identificam-se, diretamente, posturas e consistências alimentares que favoreçam a ingestão oral de forma mais segura.

As avaliações instrumentais para avaliar a função da deglutição,a VED e a videofluoroscopia da deglutição (VFSS) são consideradas padrão-ouro.1717 Costa MM. Videofluoroscopy: the gold standard exam for studying swallowing and its dysfunction. Arq Gastroenterol. 2010;47:327-8.

A VFSS é um exame em que se observa o processo da deglutição desde a captação do bolo, passa por todas as fases da deglutição (fase preparatória oral, fase oral, fase faríngea e fase esofágica).1818 The Speech Pathology Association of Australia Limited. Clinical guideline videofluoroscopic swallow study; 2013. Logo, esse é um exame que determina o grau (leve, moderado, grave) de alteração da deglutição. Em contrapartida, a VED observa a fase faríngea da deglutição, contudo tem a vantagem de identificar o exato local de resíduo nessa fase da deglutição, a sua quantidade e identificar qual manobra melhor faz a limpeza parcial ou total desse resíduo. Adicionalmente, a VED, pelo fato de não usar radiação, demonstra maior facilidade de reprodutibilidade e replicabilidade, tanto em pacientes no leito quanto em ambulatório. Portanto, na população adulta com transtornos neurológicos, em sua avaliação e em seu acompanhamento terapêutico, a VED frequentemente é indicada.1919 Madden C, Fenton J, Hughes J, Timon C. Comparison between videofluoroscopy and milk-swallow endoscopy in the assessment of swallowing function. Clin Otolaryngol Allied Sci. 2000;25:504-6.

Logo, o uso de protocolo específico por fonoaudiólogos e médicos durante a execução da VED facilita a realização do exame e do diagnóstico clínico, oferece recomendações baseadas em evidências e reduz índice de variações. O objetivo deste estudo é identificar e descrever, com base na revisão sistemática da literatura científica, o protocolo da VED para ser usado na população adulta neurológica com detalhamento e possibilidade de padronização mundial.

Método

Fez-se uma revisão sistemática da literatura, norteada pela pergunta: “Existe um protocolo para realização da VED e, se sim, é validado para ser usado universalmente junto aos pacientes adultos com doenças neurológicas?”

Este estudo foi registrado junto à plataforma Prospero (CRD42018069428). As bases de dados consultadas foram PubMed/Medline, Cochrane Library, Web of Science e SciELO. Os principais descritores relacionados ao tema investigado, cruzados foram: avaliação VED; adultos; doença neurológica avaliação da deglutição, como mostram as estratégias apresentadas na tabela 1. O desfecho de cada estudo foi considerado, ou seja: presença de diagnóstico de transtorno de deglutição ou disfagia; sensação laríngea prejudicada (em nível das pregas vocais); presença de penetração laríngea de bolo alimentar; e/ou ocorrência de aspiração traqueal.

Tabela 1
Estratégias de busca para os bancos de dados selecionados

A revisão incluiu estudos transversais, ensaios clínicos randomizados e estudos de coorte longitudinais, que usaram a avaliação VED como avaliação-padrão, junto aos pacientes com doenças neurológicas. Outros tipos de estudos ou formatos foram excluídos, bem como estudos transversais que incluíram crianças e/ou adolescentes. A seleção dos artigos cobriu o período entre 2009 e 2019. O levantamento dos dados bibliográficos ocorreu entre março de 2018 e março 2020, com base nos critérios de inclusão supracitados (tabela 1)

A primeira fase da seleção de artigos foi a exclusão de estudos duplicados, seguida da leitura e análise de títulos e resumos de todos os trabalhos identificados. Após, ocorreu a leitura completa dos estudos selecionados, o que levou à exclusão de trabalhos que não atenderam à proposta da revisão. Os artigos selecionados foram submetidos à avaliação metodológica de acordo com a lista de verificação fornecida pelo relatório Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (Strobe)2020 Cuschieri S. The STROBE guidelines. Saudi J Anaesth. 2019;13:S31-4. para estudos transversais, os quais receberam o valor 1 quando o item foi contemplado, 0 quando não contemplado e 0,5 quando parcialmente contemplado. Após, foram estabelecidas as médias entre os valores atribuídos pelos dois avaliadores. Todas as fases foram feitas por dois dos autores/pesquisadores, de maneira independente. Frente a dúvidas de inclusão do estudo ou não, o terceiro autor/avaliador foi acionado. Este estudo incluiu apenas os artigos com pelo menos 70% do escore determinado pela lista de verificação Strobe. A média aritmética de pontuação dos estudos foi de 17,86; totalizando uma proporção de 81% de escore Strobe. Os artigos incluídos foram analisados quanto à declaração de possibilidade de viés, limitações dos estudos, número de participantes, gênero, idade e método estatístico (tabela 2). Todos os procedimentos da revisão aqui apresentados foram conduzidos de acordo com Checklist Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (Prisma).

Tabela 2
Média entre avaliadores cegados da avaliação de publicação dos estudos observacionais segundo a ferramenta Strobe

Resultados

A seleção dos estudos feita por dois avaliadores independentes em três bancos de dados, conforme descrito na metodologia. Ao total encontrou-se 3.824 estudos publicados com base nos descritores cruzados “fiberoptic endoscopic evaluation of swallowing AND protocols of assessments” e “endoscopic swallowing assessment AND assessment procedures”.

A partir da busca personalizada e da inclusão do descritor “neurology” com vistas ao direcionamento para artigos feitos com população adulta neurológica, foram eleitos 77 artigos na plataforma PubMed, 14 na Cochrane Library, 10 na Scielo, totalizaram 101 artigos. Em busca de elegibilidade dos artigos e a partir da leitura de resumos, foram excluídos os artigos que não contemplavam os critérios de inclusão do estudo e permaneceram 28 artigos para a leitura na íntegra e esses foram analisados por duas avaliadoras cegadas.

No fim, 21 estudos publicados entre 2009 e 2020, consideradas como publicações atualizadas, foram incluídas na revisão sistemática por serem os únicos com protocolos completos de VED descritos nas publicações. A descrição da busca dos artigos é descrita na figura 1 com base nas diretrizes Prisma (fig. 1).

Figura 1
Diagrama da busca dos estudos de acordo com Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses statement (Prisma).

Desses, 18 estudos são transversais, 2 transversais longitudinais e um de aplicação de protocolo desenvolvido por meio de coorte. As doenças neurológicas avaliadas nos estudos selecionados foram: paralisia supranuclear progressiva (PSP), esclerose lateral amiotrófica (ELA), idosos hospitalizados com alguma condição de saúde, doença de Parkinson (DP), acidente vascular encefálico (AVE), distrofia miotônica tipo 1 (DM1), miastenia gravis (MG), idosos > 60 anos, traumatismo cranioencencefálico (TCE) e demência vascular. A descrição dos artigos e as características metodológicas dos artigos constam na tabela 3.

Tabela 3
Análise dos estudos selecionados

A avaliação metodológica dos estudos foi feita por meio do relatório Strobe, por avaliação individual de duas avaliadoras cegadas e independentes, e atenderam à proposta desta revisão 21 estudos selecionados para essa revisão sistemática, 5 deles com pontuação alta,2121 Mandysova P, Skvrňáková J, Ehler E, Cerný M. Development of the brief bedside dysphagia screening test in the Czech Republic. Nurs Health Sci. 2011;13:388-95.

22 Leder SB, Suiter DM, Agogo GO, Cooney LM Jr. An epidemiologic study on ageing and dysphagia in the acute care geriatrichospitalized population: a replication and continuation study. Dysphagia. 2016;31:619-25.

23 de Lima Alvarenga EH, Dall’Oglio GP, Murano EZ, Abrahão M. Continuum theory: presbyphagia to dysphagia? Functional assessment of swallowing in the elderly. Eur Arch Otorhinolaryngol. 2018;275:443-9.

24 Braun T, Juenemann M, Viard M, Meyer M, Reuter I, Prosiegel M, et al. Adjustment of oral diet based on flexible endoscopic evaluation of swallowing (FEES) in acute stroke patients: a cross-sectional hospital-based registry study. BMC Neurol. 2019;19:282.
-2525 Suntrup-Krueger S, Schmidt S, Warnecke T, Steidl C, Muhle P, Schroeder JB, et al. Extubation readiness in critically ill stroke patients. Stroke. 2019;50:1981-8. e um em destaque quanto aos seus resultados e análise estatística apresentadas.2525 Suntrup-Krueger S, Schmidt S, Warnecke T, Steidl C, Muhle P, Schroeder JB, et al. Extubation readiness in critically ill stroke patients. Stroke. 2019;50:1981-8.

Ao se verificarem os riscos de vieses dentro dos estudos, alguns estudos expuseram suas limitações e encontrou-se em Warnecke et al.2626 Warnecke T, Oelenberg S, Teismann I, Hamacher C, Lohmann H, Ringelstein EB, et al. Endoscopic characteristics and levodopa responsiveness of swallowing function in progressive supranuclear palsy. Mov Disord. 2010;25:1239-45. que, para evitar viés de aferição, os exames de VED feitos no estudo foram avaliados por dois juízes independentes e aleatoriamente, ou seja, fora da ordem em que os exames foram feitos. Alvarenga et al.2323 de Lima Alvarenga EH, Dall’Oglio GP, Murano EZ, Abrahão M. Continuum theory: presbyphagia to dysphagia? Functional assessment of swallowing in the elderly. Eur Arch Otorhinolaryngol. 2018;275:443-9. referiram como uma das limitações do estudo um provável viés de amostra, pois os pacientes que aceitaram provavelmente o fizeram em virtude de apresentar sintomas deglutitórios. Braun et al.2424 Braun T, Juenemann M, Viard M, Meyer M, Reuter I, Prosiegel M, et al. Adjustment of oral diet based on flexible endoscopic evaluation of swallowing (FEES) in acute stroke patients: a cross-sectional hospital-based registry study. BMC Neurol. 2019;19:282. comentaram sobre um possível viés de seleção ao pesquisar pacientes em unidade de terapia intensiva, demonstraram que a amostra do estudo estava mais severamente acometida. Suntrup-Krueger et al.2525 Suntrup-Krueger S, Schmidt S, Warnecke T, Steidl C, Muhle P, Schroeder JB, et al. Extubation readiness in critically ill stroke patients. Stroke. 2019;50:1981-8. apontaram limitações sobre possíveis resultados enviesados do estudo pelo fato de em unidade de terapia intensiva haver um alto conhecimento de disfagia pós-extubação. Nienstedt et al.2727 Nienstedt JC, Buhmann C, Bihler M, Niessen A, Plaetke R, Gerloff C, et al. Drooling is no early sign of dysphagia in Parkinson’s disease. Neurogastroenterol Motil. 2018;30:e13259. e Pflug et al.2828 Pflug C, Bihler M, Emich K, Niessen A, Nienstedt JC, Flügel T, et al. Critical dysphagia is common in Parkinson disease and occurs even in early stages: a prospective cohort study. Dysphagia. 2018;33:41-50. expuseram que minimizaram o viés de seleção e Warnecke et al.2929 Warnecke T, Ritter MA, Kroger B, Oelenberg S, Teismann I, Heuschmann PU, et al. Fiberoptic endoscopic Dysphagia severity scale predicts outcome after acute stroke. Cerebrovasc Dis. 2009;28:283-9. comentaram um possível viés de seleção com base nos critérios de inclusão e exclusão do estudo. Shapira-Galitz et al.3030 Shapira-Galitz Y, Yousovich R, Halperin D, Wolf M, Lahav Y, Drendel M. Does the Hebrew Eating Assessment Tool-10 correlate with pharyngeal residue, penetration and aspiration on fiberoptic endoscopic examination of swallowing? Dysphagia. 2019;34:372-81. aventaram uma possibilidade de viés de avaliação no momento em que os pesquisadores precisaram ler o questionário, por telefone, para os pacientes. D’Ottaviano et al.,3131 D’Ottaviano FG, Linhares Filho TA, Andrade HM, Alves PC, Rocha MS. Fiberoptic endoscopy evaluation of swallowing in patients with amyotrophic lateral sclerosis. Braz J Otorhinolaryngol. 2013;79:349-53. Leder et al.,2222 Leder SB, Suiter DM, Agogo GO, Cooney LM Jr. An epidemiologic study on ageing and dysphagia in the acute care geriatrichospitalized population: a replication and continuation study. Dysphagia. 2016;31:619-25. Mandysova et al.,2121 Mandysova P, Skvrňáková J, Ehler E, Cerný M. Development of the brief bedside dysphagia screening test in the Czech Republic. Nurs Health Sci. 2011;13:388-95. Marian et al.,3232 Marian T, Schröder J, Muhle P, Claus I, Oelenberg S, Hamacher C, et al. Measurement of oxygen desaturation is not useful for the detection of aspiration in dysphagic stroke patients. Cerebrovasc Dis Extra. 2017;7:44-50. Gozzer et al.,3333 Gozzer MM, Cola PC, Onofri SMM, Merola BN, Silva RGD. Fiberoptic endoscopic findings of oropharyngeal swallowing of different food consistencies in Amyotrophic Lateral Sclerosis. Achados videoendoscópicos da deglutição em diferentes consistências de alimento na Esclerose Lateral Amiotrófica. CoDAS. 2019;32:e20180216. Imaizumi et al.,3434 Imaizumi M, Suzuki T, Matsuzuka T, Murono S, Omori K. Low-risk assessment of swallowing impairment using flexible endoscopy without food or liquid. Laryngoscope. 2019;129:2249-52. Schroder et al.,3535 Schröder JB, Marian T, Claus I, Muhle P, Pawlowski M, Wiendl H, et al. Substance P saliva reduction predicts pharyngeal dysphagia in parkinson’s disease. Front Neurol. 2019;10:386. Pilz et al.,3636 Pilz W, Baijens LW, Passos VL, Verdonschot R, Wesseling F, Roodenburg N, et al. Swallowing assessment in myotonic dystrophy type 1 using fiberoptic endoscopic evaluation of swallowing (FEES). Neuromuscul Disord. 2014;24:1054-62. Somasundaram et al.,3737 Somasundaram S, Henke C, Neumann-Haefelin T, Isenmann S, Hattigen E, Lorenz MW, et al. Dysphagia risk assessment in acute left-hemispheric middle cerebral artery stroke. Cerebrovasc Dis. 2014;37:217-22. Souza et al.,3838 Souza GAD de, Gozzer MM, Cola PC, Onofri SMM, Gonçalves da Silva R. Desempenho longitudinal da deglutição orofaríngea na distrofia miotônica tipo 1. Audiol Commun Res. 2019;24:e2114. Souza et al.,3939 Souza GAD de, Silva RG da, Cola PC, Onofri Suely MM. Resíduos faríngeos nas disfagias orofaríngeas neurogênicas. CoDAS. 2019;31:e20180160. Umay et al.4040 Umay EK, Karaahmet F, Gurcay E, Balli F, Ozturk E, Karaahmet O, et al. Dysphagia in myasthenia gravis: the tip of the Iceberg. Acta Neurol Belg. 2018;118:259-66. e Farnetti et al.4141 Farneti D, Fattori B, Bastiani L. Time as a factor during endoscopic assessment of swallowing: relevance in defining the score and severity of swallowing disorders. Acta Otorhinolaryngol Ital. 2019;39:244-9. não descreveram a verificação de vieses.

O número de pacientes avaliados nos estudos selecionados variou de um a 961, todos adultos e ou idosos, entre homens e mulheres, e 6 dos estudos fizeram avaliação em um grupo controle comparativamente com pareamento de idade.2525 Suntrup-Krueger S, Schmidt S, Warnecke T, Steidl C, Muhle P, Schroeder JB, et al. Extubation readiness in critically ill stroke patients. Stroke. 2019;50:1981-8.,2727 Nienstedt JC, Buhmann C, Bihler M, Niessen A, Plaetke R, Gerloff C, et al. Drooling is no early sign of dysphagia in Parkinson’s disease. Neurogastroenterol Motil. 2018;30:e13259.,2828 Pflug C, Bihler M, Emich K, Niessen A, Nienstedt JC, Flügel T, et al. Critical dysphagia is common in Parkinson disease and occurs even in early stages: a prospective cohort study. Dysphagia. 2018;33:41-50.,3030 Shapira-Galitz Y, Yousovich R, Halperin D, Wolf M, Lahav Y, Drendel M. Does the Hebrew Eating Assessment Tool-10 correlate with pharyngeal residue, penetration and aspiration on fiberoptic endoscopic examination of swallowing? Dysphagia. 2019;34:372-81.,3636 Pilz W, Baijens LW, Passos VL, Verdonschot R, Wesseling F, Roodenburg N, et al. Swallowing assessment in myotonic dystrophy type 1 using fiberoptic endoscopic evaluation of swallowing (FEES). Neuromuscul Disord. 2014;24:1054-62.,4040 Umay EK, Karaahmet F, Gurcay E, Balli F, Ozturk E, Karaahmet O, et al. Dysphagia in myasthenia gravis: the tip of the Iceberg. Acta Neurol Belg. 2018;118:259-66.

Entre os protocolos nos 21 estudos, 7 dos artigos usaram protocolos das instituições onde as pesquisas foram feitas ou mesmo protocolos apenas detalhados nos artigos; 2 usaram o protocolo de Dzeiwas et al.;4242 Dziewas R, Warnecke T, Olenberg S, Teismann I, Zimmermann J, Kramer C, et al. Towards a basic endoscopic assessment of swallowing in acute stroke development and evaluation of a simple dysphagia score. Cerebrovasc Dis. 2008;26:41 7. 2 estudos usaram protocolo de Langmore;11 Langmore SE, Schatz K, Olsen N. Fiberoptic endoscopic examination of swallowing safety: a new procedure. Dysphagia. 1988;2:216-9. 2 usaram protocolo de Langmore;4343 Langmore SE, Terpenning MS, Schork A, Chen Y, Murray JT, Lopatin D, et al. Predictors of aspiration pneumonia: how important is dysphagia? Dysphagia. 1998:69-81. 4 usaram o protocolo de Langmore,22 Langmore S. Endoscopic evaluation and treatment of swallowing disorders. 1st ed. New York: Thieme; 2001. p. 263. um artigo fez as avaliações de VED com protocolo de Warnecke et al.;99 Warnecke T, Teismann I, Zimmermann J, Oelenberg S, Ringelstein EB, Dziewas R. Fiberoptic endoscopic evaluation of swallowing with simultaneous Tensilon application in diagnosis and therapy of myasthenia gravis. J Neurol. 2008;255:224-30. um estudo avaliou por meio do Brief Bedside Dysphagia Screening Test;2121 Mandysova P, Skvrňáková J, Ehler E, Cerný M. Development of the brief bedside dysphagia screening test in the Czech Republic. Nurs Health Sci. 2011;13:388-95. um usou o FEES levedopa-test;2626 Warnecke T, Oelenberg S, Teismann I, Hamacher C, Lohmann H, Ringelstein EB, et al. Endoscopic characteristics and levodopa responsiveness of swallowing function in progressive supranuclear palsy. Mov Disord. 2010;25:1239-45. um fez avaliações sem uso de alimentos por meio do protocolo de Hyodo et al.4444 Hyodo M, Nishikubo K, Hirose K. New scoring proposed for endoscopic swallowing evaluation and clinical significance [in Japanese]. Nihon Jibiinkoka Gakkai Kaiho. 2010;113:670-8. Entretanto, ainda que os estudos tenham citado o uso do mesmo protocolo para realização da VED, na descrição dos protocolos observamos diferenças nas consistências escolhidas, nos alimentos e nos volumes, não caracterizando o mesmo protocolo. A forma de captação das imagens da VED não foi discutida nos artigos, por isso não discutida nesta revisão sistemática.

No detalhamento dos protocolos, apenas 3 dos estudos citaram a International Dysphagia Diet Standardisation Initiative (IDDSI)4545 ADA: American Dietetic Association. National dysphagia diet: standardization for optimal care. Chicago: ADA; 2002. como base para padronizar as consistências alimentares ofertadas durante a VED dos estudos. Nesses foram ofertadas consistências pastosa e líquida espessada e um dos estudos incluiu a avaliação de líquido, além das demais consistências citadas. Três dos artigos apresentaram melhor e mais precisos detalhamentos dos protocolos usados para a realização da VED, Warnecke et al.,2626 Warnecke T, Oelenberg S, Teismann I, Hamacher C, Lohmann H, Ringelstein EB, et al. Endoscopic characteristics and levodopa responsiveness of swallowing function in progressive supranuclear palsy. Mov Disord. 2010;25:1239-45. Shapira-Galitz et al.3030 Shapira-Galitz Y, Yousovich R, Halperin D, Wolf M, Lahav Y, Drendel M. Does the Hebrew Eating Assessment Tool-10 correlate with pharyngeal residue, penetration and aspiration on fiberoptic endoscopic examination of swallowing? Dysphagia. 2019;34:372-81. e Souza et al.,3838 Souza GAD de, Gozzer MM, Cola PC, Onofri SMM, Gonçalves da Silva R. Desempenho longitudinal da deglutição orofaríngea na distrofia miotônica tipo 1. Audiol Commun Res. 2019;24:e2114. especificaram as consistências testadas, declararam os alimentos que foram usados para cada consistência, a quantidade ofertada em cada momento e quantas vezes foi ofertada cada consistência. Dos 21 estudos, 11 citaram haver usado corante alimentício para contrastar a cor dos alimentos em relação às estruturas, de cor azul ou verde e possíveis secreções presentes durante o exame.

Entre os desfechos avaliados pelos estudos Alvarenga et al.2323 de Lima Alvarenga EH, Dall’Oglio GP, Murano EZ, Abrahão M. Continuum theory: presbyphagia to dysphagia? Functional assessment of swallowing in the elderly. Eur Arch Otorhinolaryngol. 2018;275:443-9. Gozzer et al.,3333 Gozzer MM, Cola PC, Onofri SMM, Merola BN, Silva RGD. Fiberoptic endoscopic findings of oropharyngeal swallowing of different food consistencies in Amyotrophic Lateral Sclerosis. Achados videoendoscópicos da deglutição em diferentes consistências de alimento na Esclerose Lateral Amiotrófica. CoDAS. 2019;32:e20180216. Souza et al.3838 Souza GAD de, Gozzer MM, Cola PC, Onofri SMM, Gonçalves da Silva R. Desempenho longitudinal da deglutição orofaríngea na distrofia miotônica tipo 1. Audiol Commun Res. 2019;24:e2114. Souza et al.3939 Souza GAD de, Silva RG da, Cola PC, Onofri Suely MM. Resíduos faríngeos nas disfagias orofaríngeas neurogênicas. CoDAS. 2019;31:e20180160. foram descritos como: escape oral posterior, resíduos faríngeos, penetração laríngea, aspiração laringotraqueal e sensibilidade laríngea. O estudo feito por Souza et al.3939 Souza GAD de, Silva RG da, Cola PC, Onofri Suely MM. Resíduos faríngeos nas disfagias orofaríngeas neurogênicas. CoDAS. 2019;31:e20180160. avaliou principalmente resíduos, todos eles de acordo com cada consistência testada. Os estudos de Warnecke et al.99 Warnecke T, Teismann I, Zimmermann J, Oelenberg S, Ringelstein EB, Dziewas R. Fiberoptic endoscopic evaluation of swallowing with simultaneous Tensilon application in diagnosis and therapy of myasthenia gravis. J Neurol. 2008;255:224-30. Warnecke et al.2626 Warnecke T, Oelenberg S, Teismann I, Hamacher C, Lohmann H, Ringelstein EB, et al. Endoscopic characteristics and levodopa responsiveness of swallowing function in progressive supranuclear palsy. Mov Disord. 2010;25:1239-45. Marian et al.3232 Marian T, Schröder J, Muhle P, Claus I, Oelenberg S, Hamacher C, et al. Measurement of oxygen desaturation is not useful for the detection of aspiration in dysphagic stroke patients. Cerebrovasc Dis Extra. 2017;7:44-50. e Braun et al.2424 Braun T, Juenemann M, Viard M, Meyer M, Reuter I, Prosiegel M, et al. Adjustment of oral diet based on flexible endoscopic evaluation of swallowing (FEES) in acute stroke patients: a cross-sectional hospital-based registry study. BMC Neurol. 2019;19:282. fizeram uso da escala de severidade para disfagia em seus desfechos, a Fiberoptic Endoscopic Dysphagia Severity Score (FEDSS).99 Warnecke T, Teismann I, Zimmermann J, Oelenberg S, Ringelstein EB, Dziewas R. Fiberoptic endoscopic evaluation of swallowing with simultaneous Tensilon application in diagnosis and therapy of myasthenia gravis. J Neurol. 2008;255:224-30. Quanto à autonomia e capacidade de ingesta por via oral com base na escala Functional Oral Intake Scale (FOIS), foram avaliadas como desfechos pelos estudos de Leder et al.,2222 Leder SB, Suiter DM, Agogo GO, Cooney LM Jr. An epidemiologic study on ageing and dysphagia in the acute care geriatrichospitalized population: a replication and continuation study. Dysphagia. 2016;31:619-25. Farnetti et al.,4141 Farneti D, Fattori B, Bastiani L. Time as a factor during endoscopic assessment of swallowing: relevance in defining the score and severity of swallowing disorders. Acta Otorhinolaryngol Ital. 2019;39:244-9. Imaizumi et al.3434 Imaizumi M, Suzuki T, Matsuzuka T, Murono S, Omori K. Low-risk assessment of swallowing impairment using flexible endoscopy without food or liquid. Laryngoscope. 2019;129:2249-52. e por Shapira-Galitz et al.3030 Shapira-Galitz Y, Yousovich R, Halperin D, Wolf M, Lahav Y, Drendel M. Does the Hebrew Eating Assessment Tool-10 correlate with pharyngeal residue, penetration and aspiration on fiberoptic endoscopic examination of swallowing? Dysphagia. 2019;34:372-81. No estudo de Imaizumi et al.3434 Imaizumi M, Suzuki T, Matsuzuka T, Murono S, Omori K. Low-risk assessment of swallowing impairment using flexible endoscopy without food or liquid. Laryngoscope. 2019;129:2249-52. a Classificação Internacional de Funcionalidade também foi usada para a avaliação. Os desfechos detalhados em cada estudo separadamente estão na tabela 4.

Tabela 4
Prevalência e desfechos de deglutição avaliados e demonstrados pelos estudos selecionados

Discussão

O objetivo dessa revisão sistemática, de identificar protocolo padronizado e validado para avaliação endoscópica da deglutição em pacientes com doença neurológica de base, não foi contemplado. Todas as pesquisas avaliadas e selecionadas para fazer parte deste estudo trouxeram protocolos descritos e detalhados, porém nenhum validado. Mandysova et al.2121 Mandysova P, Skvrňáková J, Ehler E, Cerný M. Development of the brief bedside dysphagia screening test in the Czech Republic. Nurs Health Sci. 2011;13:388-95. desenvolveram um teste de triagem de disfagia para aplicação à beira do leito e o validaram com base na VED, porém não é um protocolo de VED validado para a população neurológica. Dziewas et al.4242 Dziewas R, Warnecke T, Olenberg S, Teismann I, Zimmermann J, Kramer C, et al. Towards a basic endoscopic assessment of swallowing in acute stroke development and evaluation of a simple dysphagia score. Cerebrovasc Dis. 2008;26:41 7. foi citado em alguns dos artigos como protocolo validado de VED, porém se trata do desenvolvimento e da validação de um novo escore de avaliação da gravidade de disfagia, não corresponde a um protocolo de VED validado para população neurológica. Já o Hyodo Score4444 Hyodo M, Nishikubo K, Hirose K. New scoring proposed for endoscopic swallowing evaluation and clinical significance [in Japanese]. Nihon Jibiinkoka Gakkai Kaiho. 2010;113:670-8. foi desenvolvido e validado para identificar a presença e grau da disfagia, de forma indireta, ou seja, sem o uso de líquidos e de alimentos, apenas com base no manejo da secreção e sensibilidade intraoral, em pacientes neurológicos, consequentemente não caracteriza um protocolo de VED, mas um escore de avaliação. Quanto a todos os estudos que citaram protocolo de Langmore, em diferentes anos de publicação (1988, 1998, 2001) e atualizações, esses são considerados guidelines, conforme a própria autora afirma em um artigo recente de 2017,33 Langmore SE. History of fiberoptic endoscopic evaluation of swallowing for evaluation and management of pharyngeal dysphagia: changes over the years. Dysphagia. 2017;32:27-38. necessitam de validação para diferentes populações.

Quanto aos protocolos apresentados pelos estudos selecionados, 7 entre 21 estudos usaram as consistências pastosa, líquida, sólido macio, 6 das pesquisas usaram pastoso, líquido e sólido, os demais estudos usaram consistências diversas, como exemplo de líquido e líquido espessado apenas. Considerando a existência da padronização das consistências com base no IDDSI, uma iniciativa internacional de padronização de dietas4545 ADA: American Dietetic Association. National dysphagia diet: standardization for optimal care. Chicago: ADA; 2002. desde 2015 e atualizado em 2019, apenas Souza et al.,3838 Souza GAD de, Gozzer MM, Cola PC, Onofri SMM, Gonçalves da Silva R. Desempenho longitudinal da deglutição orofaríngea na distrofia miotônica tipo 1. Audiol Commun Res. 2019;24:e2114. Souza et al.3939 Souza GAD de, Silva RG da, Cola PC, Onofri Suely MM. Resíduos faríngeos nas disfagias orofaríngeas neurogênicas. CoDAS. 2019;31:e20180160. e Gozzer et al.3333 Gozzer MM, Cola PC, Onofri SMM, Merola BN, Silva RGD. Fiberoptic endoscopic findings of oropharyngeal swallowing of different food consistencies in Amyotrophic Lateral Sclerosis. Achados videoendoscópicos da deglutição em diferentes consistências de alimento na Esclerose Lateral Amiotrófica. CoDAS. 2019;32:e20180216. usaram a validação internacional. O IDDSI favorece o uso da mesma nomenclatura mundialmente, facilita a padronização e a validação de protocolos de avaliação como da VED para populações com transtornos neurológicos, por exemplo. Contudo, 13 dos 21 estudos foram publicados após 2015, ano de criação e publicação do IDDSI, e não usaram a padronização internacional, o que dificulta a validação de um protocolo.

Os volumes apresentados nos protocolos dos estudos foram amplamente variados, desde estudos que testaram todas as consistências em 3, 5 e 10 mL, outros testaram apenas 10 mL três vezes, outros identificaram volumes como tamanho da colher ofertada, a colher de chá foi a especificada, até estudos que não especificaram volumes nem número de ofertas ou mesmo utensílios usados.

Alguns dos utensílios usados por alguns estudos foram canudo, copo, porém sem especificar tamanho ou mesmo diâmetro de cada utensílio, o que dificulta a compreensão da quantidade ofertada ao participante do estudo. Logo, o uso de colheres, canudos ou copos sem especificar tamanho e quantidade não pode ser caracterizado como descrição de volumes, pois existem diferentes diâmetros e tamanhos de cada um desses utensílios. Adicionalmente, estudos que citaram o mesmo protocolo, na descrição do artigo usaram consistências e volumes diferentes, consequentemente não caracterizaram o mesmo protocolo.

Por fim, a presença de fonoaudiólogo para a oferta do alimento e orientar a deglutição dos pacientes durante a VED ao lado do médico que faz a endoscopia foi citada em 11 dos 21 estudos selecionados. A avaliação da deglutição e de suas possíveis alterações através da VED é de responsabilidade médica exclusiva no Brasil, a atuação do fonoaudiólogo é de acompanhar a avaliação e verificar as respostas do paciente frente às manobras corporais para a alimentação. O trabalho em equipe é padrão-ouro para um diagnóstico preciso e determinação de plano terapêutico adequado àquele paciente.

Quanto à qualidade dos estudos mesmo em se considerando um ponto de corte alto, a maioria dos estudos obteve avaliação como bons ou satisfatórios, o que dificulta a consideração de qualquer um desses protocolos para padronização e ou validação para VED na população neurológica. Entretanto, três desses estudos foram os que detalharam melhor seus procedimentos e protocolo de avaliação de VED2626 Warnecke T, Oelenberg S, Teismann I, Hamacher C, Lohmann H, Ringelstein EB, et al. Endoscopic characteristics and levodopa responsiveness of swallowing function in progressive supranuclear palsy. Mov Disord. 2010;25:1239-45.,3030 Shapira-Galitz Y, Yousovich R, Halperin D, Wolf M, Lahav Y, Drendel M. Does the Hebrew Eating Assessment Tool-10 correlate with pharyngeal residue, penetration and aspiration on fiberoptic endoscopic examination of swallowing? Dysphagia. 2019;34:372-81.,3838 Souza GAD de, Gozzer MM, Cola PC, Onofri SMM, Gonçalves da Silva R. Desempenho longitudinal da deglutição orofaríngea na distrofia miotônica tipo 1. Audiol Commun Res. 2019;24:e2114. em que três estudos trouxeram todos os itens minuciosamente detalhados desde as consistências testadas, um deles usou o IDDSI, os volumes ofertados em unidade de “mL” ou “cc”, citou o uso do corante alimentício para favorecer contraste em relação às estruturas e secreções do organismo, alimentos e líquidos ofertados de acordo com cada consistência, quantas vezes cada uma foi ofertada e quais utensílios foram usados para oferta de cada uma das consistências. A forma de captura das imagens da VED não foi discutida nos artigos, por isso não foi ressaltada nesta revisão sistemática.

Contudo, nenhum desses protocolos foi validado para população neurológica. A não existência de protocolo validado dificulta a padronização da avaliação e altera a abordagem terapêutica amplamente, visto que toda a reabilitação é baseada em uma avaliação detalhada, precisa e confiável. O diagnóstico adequado e correto é a base para qualquer reabilitação e gerenciamento das disfagias em pacientes adultos com doença neurológica.

A importância da existência de protocolo padronizado e validado para populações neurológicas é evidente, inclusive para populações específicas, visto que cada doença neurológica tem suas particularidades e fisiopatologias diferentes, assim como a apresentação da disfagia. As características da disfagia variam amplamente de acordo com o diagnóstico neurológico, a literatura traz detalhadamente essas diferenças, quanto à disfagia em doença de Parkinson,4646 Prosiegel M, Heintze M, Wagner-Sonntag E, Hannig C, Wuttge-Hannig A, Yassouridis A. Deglutition disorders in neurological patients. A prospective study of diagnosis, pattern of impairment, therapy and outcome. Der Nervenarzt. 2002;73:364-70. disfagia na paralisia supranuclear progressiva (PSP),4747 Clark HM, Stierwalt JAG, Tosakulwong N, Botha H, Ali F, Whitwell JL, et al. Dysphagia in progressive supranuclear palsy. Dysphagia. 2020;35:667-76. disfagia na esclerose lateral amiotrófica (ELA),4848 Jani MP, Gore GB. Swallowing characteristics in Amyotrophic Lateral Sclerosis. Neuro Rehabilitation. 2016;39:273-6. assim como a disfagia no traumatismo cranioencefálico (TCE),4949 Lee WK, Yeom J, Lee WH, Seo HG, Oh BM, Han TR. Characteristics of dysphagia in severe traumatic brain injury patients: a comparison with stroke patients. Ann Rehabil Med. 2016;40:432-9. entre outras.

Algumas das limitações enfrentadas nesta revisão sistemática foram o possível viés de avaliação da qualidade dos estudos pelo fato de uma das avaliadoras cegadas ser a mesma a fazer as médias dos itens e da pontuação final e o não uso do terceiro avaliador nesta fase do estudo. Além de existir possível viés de seleção dos estudos, pois delimitamos pesquisas mais recentes, dos últimos 11 anos, talvez tenhamos deixado de fora pesquisas historicamente importante para esse tema, embora citadas na introdução e discussão.

A falta de um protocolo padronizado e validado para a população adulta com doenças neurológicas limita significativamente uma avaliação detalhada, precisa e focada nas possíveis dificuldades deglutitórias enfrentadas por esses pacientes. O diagnóstico clínico da disfagia pode estar sendo subestimado ou superestimado de acordo com o protocolo usado e os desfechos avaliados. Esta revisão sistemática, primeira na área, ressalta a necessidade da validação de protocolos com foco em adultos com doenças neurológicas de base considerando as características das disfagias e sua fisiopatologia. O diagnóstico adequado, confiável e preciso é a base para o gerenciamento da deglutição dessas populações.

Conclusão

A reprodutibilidade fidedigna dos protocolos é viável apenas em três dos artigos, mesmo que apresentem protocolos diferentes, porém nenhum padronizado ou validado para a população adulta com transtornos neurológicos.

Agradecimentos

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

  • Como citar este artigo: Prikladnicki A, Santana MG, Cardoso MC. Protocols and assessment procedures in fiberoptic endoscopic evaluation of swallowing: an updated systematic review. Braz J Otorhinolaryngol. 2022;88:445-70.
  • A revisão por pares é da responsabilidade da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial.

References

  • 1
    Langmore SE, Schatz K, Olsen N. Fiberoptic endoscopic examination of swallowing safety: a new procedure. Dysphagia. 1988;2:216-9.
  • 2
    Langmore S. Endoscopic evaluation and treatment of swallowing disorders. 1st ed. New York: Thieme; 2001. p. 263.
  • 3
    Langmore SE. History of fiberoptic endoscopic evaluation of swallowing for evaluation and management of pharyngeal dysphagia: changes over the years. Dysphagia. 2017;32:27-38.
  • 4
    Ajemian MS, Nirmul GB, Anderson MT, Zirlen DM, Kwasnik EM. Routine fiberoptic endoscopic evaluation of swallowing following prolonged intubation: implications for management. Arch Surg. 2001;136:434-7.
  • 5
    Deutschmann MW, McDonough A, Dort JC, Dort E, Nakoneshny S, Mathews TW. Fiber-optic endoscopic evaluation of swallowing (FEES): predictor of swallowing-related complications in the head and neck cancer population. Head Neck. 2013;35:974-9.
  • 6
    Leder SB, Ross DA. Confirmation of no causal relationship between tracheotomy and aspiration status: a direct replication study. Dysphagia. 2010;25:35-9.
  • 7
    Ollivere B, Duce K, Rowlands G, Harrison P, O’Reilley BJ. Swallowing dysfunction in patients with unilateral vocal fold paralysis: aetiology and outcomes. J Laryngol Otol. 2006;120:38-41.
  • 8
    Seidler TO, Alvarez JCP, Wonneberger K, Hacki T. Dysphagia caused by ventral osteophytes of the cervical spine: clinical and radiographic findings. Eur Arch Otorhinolaryngol. 2009;266:285-91.
  • 9
    Warnecke T, Teismann I, Zimmermann J, Oelenberg S, Ringelstein EB, Dziewas R. Fiberoptic endoscopic evaluation of swallowing with simultaneous Tensilon application in diagnosis and therapy of myasthenia gravis. J Neurol. 2008;255:224-30.
  • 10
    Castagna A, Ferrara L, Asnaghi E, Rega V, Fiorini G. Functional limitations, and cognitive impairment predict the outcome of dysphagia in older patients after an acute neurologic event. Neuro Rehabil. 2019;44:413-8.
  • 11
    Tangalos EG, Petersen RC. Mild cognitive impairment in geriatrics. Clin Geriatr Med. 2018;34:563-89.
  • 12
    Penner IK, Paul F. Fatigue as a symptom or comorbidity of neurological diseases. Nat Rev Neurol. 2017;13:662-75.
  • 13
    Siciliano M, Trojano L, Santangelo G, De Micco R, Tedeschi G, Tessitore A. Fatigue in Parkinson’s disease: a systematic review and meta-analysis. Mov Disord. 2018;33:1712-23.
  • 14
    Farrugia ME, Di Marco M, Kersel D, Carmichael C. A physical and psychological approach to managing fatigue in myasthenia gravis: a pilot study. J Neuromuscul Dis. 2018;5:373-85.
  • 15
    Aviv JE, Kim T, Sacco RL, Kaplan S, Goodhart K, Diamond B, et al. FEESST: a new bedside endoscopic test of the motor and sensory components of swallowing. Ann Otol Rhinol Laryngol. 1998;107:378-87.
  • 16
    Kamarunas EE, McCullough GH, Guidry TJ, Mennemeier M, Schluterman K. Effects of topical nasal anesthetic on fiberoptic endoscopic examination of swallowing with sensory testing (FEESST). Dysphagia. 2014;29:33-43.
  • 17
    Costa MM. Videofluoroscopy: the gold standard exam for studying swallowing and its dysfunction. Arq Gastroenterol. 2010;47:327-8.
  • 18
    The Speech Pathology Association of Australia Limited. Clinical guideline videofluoroscopic swallow study; 2013.
  • 19
    Madden C, Fenton J, Hughes J, Timon C. Comparison between videofluoroscopy and milk-swallow endoscopy in the assessment of swallowing function. Clin Otolaryngol Allied Sci. 2000;25:504-6.
  • 20
    Cuschieri S. The STROBE guidelines. Saudi J Anaesth. 2019;13:S31-4.
  • 21
    Mandysova P, Skvrňáková J, Ehler E, Cerný M. Development of the brief bedside dysphagia screening test in the Czech Republic. Nurs Health Sci. 2011;13:388-95.
  • 22
    Leder SB, Suiter DM, Agogo GO, Cooney LM Jr. An epidemiologic study on ageing and dysphagia in the acute care geriatrichospitalized population: a replication and continuation study. Dysphagia. 2016;31:619-25.
  • 23
    de Lima Alvarenga EH, Dall’Oglio GP, Murano EZ, Abrahão M. Continuum theory: presbyphagia to dysphagia? Functional assessment of swallowing in the elderly. Eur Arch Otorhinolaryngol. 2018;275:443-9.
  • 24
    Braun T, Juenemann M, Viard M, Meyer M, Reuter I, Prosiegel M, et al. Adjustment of oral diet based on flexible endoscopic evaluation of swallowing (FEES) in acute stroke patients: a cross-sectional hospital-based registry study. BMC Neurol. 2019;19:282.
  • 25
    Suntrup-Krueger S, Schmidt S, Warnecke T, Steidl C, Muhle P, Schroeder JB, et al. Extubation readiness in critically ill stroke patients. Stroke. 2019;50:1981-8.
  • 26
    Warnecke T, Oelenberg S, Teismann I, Hamacher C, Lohmann H, Ringelstein EB, et al. Endoscopic characteristics and levodopa responsiveness of swallowing function in progressive supranuclear palsy. Mov Disord. 2010;25:1239-45.
  • 27
    Nienstedt JC, Buhmann C, Bihler M, Niessen A, Plaetke R, Gerloff C, et al. Drooling is no early sign of dysphagia in Parkinson’s disease. Neurogastroenterol Motil. 2018;30:e13259.
  • 28
    Pflug C, Bihler M, Emich K, Niessen A, Nienstedt JC, Flügel T, et al. Critical dysphagia is common in Parkinson disease and occurs even in early stages: a prospective cohort study. Dysphagia. 2018;33:41-50.
  • 29
    Warnecke T, Ritter MA, Kroger B, Oelenberg S, Teismann I, Heuschmann PU, et al. Fiberoptic endoscopic Dysphagia severity scale predicts outcome after acute stroke. Cerebrovasc Dis. 2009;28:283-9.
  • 30
    Shapira-Galitz Y, Yousovich R, Halperin D, Wolf M, Lahav Y, Drendel M. Does the Hebrew Eating Assessment Tool-10 correlate with pharyngeal residue, penetration and aspiration on fiberoptic endoscopic examination of swallowing? Dysphagia. 2019;34:372-81.
  • 31
    D’Ottaviano FG, Linhares Filho TA, Andrade HM, Alves PC, Rocha MS. Fiberoptic endoscopy evaluation of swallowing in patients with amyotrophic lateral sclerosis. Braz J Otorhinolaryngol. 2013;79:349-53.
  • 32
    Marian T, Schröder J, Muhle P, Claus I, Oelenberg S, Hamacher C, et al. Measurement of oxygen desaturation is not useful for the detection of aspiration in dysphagic stroke patients. Cerebrovasc Dis Extra. 2017;7:44-50.
  • 33
    Gozzer MM, Cola PC, Onofri SMM, Merola BN, Silva RGD. Fiberoptic endoscopic findings of oropharyngeal swallowing of different food consistencies in Amyotrophic Lateral Sclerosis. Achados videoendoscópicos da deglutição em diferentes consistências de alimento na Esclerose Lateral Amiotrófica. CoDAS. 2019;32:e20180216.
  • 34
    Imaizumi M, Suzuki T, Matsuzuka T, Murono S, Omori K. Low-risk assessment of swallowing impairment using flexible endoscopy without food or liquid. Laryngoscope. 2019;129:2249-52.
  • 35
    Schröder JB, Marian T, Claus I, Muhle P, Pawlowski M, Wiendl H, et al. Substance P saliva reduction predicts pharyngeal dysphagia in parkinson’s disease. Front Neurol. 2019;10:386.
  • 36
    Pilz W, Baijens LW, Passos VL, Verdonschot R, Wesseling F, Roodenburg N, et al. Swallowing assessment in myotonic dystrophy type 1 using fiberoptic endoscopic evaluation of swallowing (FEES). Neuromuscul Disord. 2014;24:1054-62.
  • 37
    Somasundaram S, Henke C, Neumann-Haefelin T, Isenmann S, Hattigen E, Lorenz MW, et al. Dysphagia risk assessment in acute left-hemispheric middle cerebral artery stroke. Cerebrovasc Dis. 2014;37:217-22.
  • 38
    Souza GAD de, Gozzer MM, Cola PC, Onofri SMM, Gonçalves da Silva R. Desempenho longitudinal da deglutição orofaríngea na distrofia miotônica tipo 1. Audiol Commun Res. 2019;24:e2114.
  • 39
    Souza GAD de, Silva RG da, Cola PC, Onofri Suely MM. Resíduos faríngeos nas disfagias orofaríngeas neurogênicas. CoDAS. 2019;31:e20180160.
  • 40
    Umay EK, Karaahmet F, Gurcay E, Balli F, Ozturk E, Karaahmet O, et al. Dysphagia in myasthenia gravis: the tip of the Iceberg. Acta Neurol Belg. 2018;118:259-66.
  • 41
    Farneti D, Fattori B, Bastiani L. Time as a factor during endoscopic assessment of swallowing: relevance in defining the score and severity of swallowing disorders. Acta Otorhinolaryngol Ital. 2019;39:244-9.
  • 42
    Dziewas R, Warnecke T, Olenberg S, Teismann I, Zimmermann J, Kramer C, et al. Towards a basic endoscopic assessment of swallowing in acute stroke development and evaluation of a simple dysphagia score. Cerebrovasc Dis. 2008;26:41 7.
  • 43
    Langmore SE, Terpenning MS, Schork A, Chen Y, Murray JT, Lopatin D, et al. Predictors of aspiration pneumonia: how important is dysphagia? Dysphagia. 1998:69-81.
  • 44
    Hyodo M, Nishikubo K, Hirose K. New scoring proposed for endoscopic swallowing evaluation and clinical significance [in Japanese]. Nihon Jibiinkoka Gakkai Kaiho. 2010;113:670-8.
  • 45
    ADA: American Dietetic Association. National dysphagia diet: standardization for optimal care. Chicago: ADA; 2002.
  • 46
    Prosiegel M, Heintze M, Wagner-Sonntag E, Hannig C, Wuttge-Hannig A, Yassouridis A. Deglutition disorders in neurological patients. A prospective study of diagnosis, pattern of impairment, therapy and outcome. Der Nervenarzt. 2002;73:364-70.
  • 47
    Clark HM, Stierwalt JAG, Tosakulwong N, Botha H, Ali F, Whitwell JL, et al. Dysphagia in progressive supranuclear palsy. Dysphagia. 2020;35:667-76.
  • 48
    Jani MP, Gore GB. Swallowing characteristics in Amyotrophic Lateral Sclerosis. Neuro Rehabilitation. 2016;39:273-6.
  • 49
    Lee WK, Yeom J, Lee WH, Seo HG, Oh BM, Han TR. Characteristics of dysphagia in severe traumatic brain injury patients: a comparison with stroke patients. Ann Rehabil Med. 2016;40:432-9.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Jun 2022
  • Data do Fascículo
    May-Jun 2022

Histórico

  • Recebido
    30 Set 2020
  • Aceito
    05 Mar 2021
Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Sede da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial, Av. Indianópolia, 1287, 04063-002 São Paulo/SP Brasil, Tel.: (0xx11) 5053-7500, Fax: (0xx11) 5053-7512 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista@aborlccf.org.br