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Avaliação da expressão do HPV 16, HPV 18, e p16 em pacientes com câncer de laringe em estágio avançado e significado prognóstico ☆☆ Este artigo foi apresentado como um pôster no 6∘ Congresso Mundial da IFHNOS; 1 a 4 de setembro de 2018; Buenos Aires, Argentina. , ☆☆ Como citar este artigo: Dogantemur S, Ozdemir S, Uguz A, Surmelioglu O, Dagkiran M, Tarkan O, et al. Assessment of HPV 16, HPV 18, p16 expression in advanced stage laryngeal cancer patients and prognostic significance. Braz J Otorhinolaryngol. 2020;86:351-7.

Resumo

Introdução:

O papilomavírus humano é um fator de risco etiológico para um subconjunto de carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço. Tem sido demonstrado que o HPV é um poderoso biomarcador prognóstico para o câncer de orofaringe, mas seu papel na laringe ainda não foi explorado em profundidade. Os mecanismos de desenvolvimento dos carcinomas de laringe são bastante complexos e controlados por vários fatores. Tabagismo e álcool são os fatores de risco mais importantes. Estudos recentes indicam que a infecção pelo HPV também desempenha um papel importante nos carcinomas da laringe. Os carcinomas laríngeos relacionados ao HPV ocorrem especialmente na região supraglótica.

Objetivo:

Nosso objetivo foi determinar a frequência da positividade para o HPV / proteína 16 em pacientes com carcinoma da laringe e a associação da positividade para o HPV e /ou proteína 16 com variáveis como idade, sexo, tabagismo, localização do tumor, metástase linfonodal, recidiva e sobrevivência de carcinoma da laringe em estágio avançado em nosso estudo.

Método:

Este estudo retrospectivo incluiu 90 pacientes com carcinoma laríngeo avançado. O grupo controle incluiu 10 amostras de mucosa laríngea normal. A presença de HPV foi inves-tigada por anticorpo policlonal através de reação de polimerase em cadeia e a proteína 16 por método imunohistoquímico. Nos casos positivos para o HPV, a presença dos tipos 16 e 18 do foi avaliada por reação de polimerase em cadeia. As características demográficas dos pacientes foram observadas. A sobrevida dos pacientes e a associação com HPV / proteína 16 foram determinadas.

Resultados:

A positividade com anticorpo policlonal do HPV foi detectada em 11 (12,2%) dos 90 casos. Desses 11 casos, o HPV 16 foi positivo em 6, o HPV 18 em 4 e o HPV 16 e 18 foram positivos em 1. Em 18 (20%) dos casos, a proteína 16 foi positiva. Seis dos casos (6,6%) apresentaram positividade para HPV e proteína16. Nos casos positivos apenas para a proteína 16 ou quando HPV e a proteína 16 foram co-positivos, a ingestão de álcool foi menor e o tumor apresentou maior probabilidade de estar localizado na área supraglótica. Essas proporções foram estatisticamente significantes. A localização supraglótica do tumor foi maior em casos positivos para proteína 16. A correlação entre positividade para proteína 16 e localização da área supraglótica foi estatisticamente significante (p = 0,011). Dos casos positivos para proteína 16, 55,6% foram supraglóticos, 33,3% glóticos e 11,1% transglóticos. Embora a expectativa de vida acima de 5 anos tenha sido numericamente maior nos casos positivos para HPV e proteína 16, isso não foi estatisticamente significante. Não houve relação estatisticamente significante entre positividade do HPV e média de idade, diferenciação, tabagismo e uso de álcool, progressão tumoral, metástase linfonodal, localização, recidiva, causa de mortalidade e métodos de tratamento em nosso estudo. O período médio de seguimento de nossos pacientes foi de 6,7 anos.

Conclusão:

A estreita relação entre HPV e carcinoma espinocelular orofaríngeo não pôde ser demonstrada na laringe em muitos estudos, inclusive no nosso estudo. Nossos achados confirmam um papel limitado do HPV na carcinogênese da laringe. A proteína 16 não é um substituto confiável para o status do HPV nos cânceres de laringe e não é preditor da sobrevida do câncer de laringe. A localização supraglótica do tumor foi maior em casos positivos para proteína16. A correlação entre positividade para proteína 16 e localização na área supraglótica foi determinada como estatisticamente significante. Há necessidade de ensaios clínicos com amostras maiores, nos quais a proliferação neoplásica seja melhor demonstrada e a precisão dos resultados obtidos seja apoiada por diferentes técnicas.

PALAVRAS-CHAVE
Laringe; Carcinoma espinocelular; HPV; p16; Álcool

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