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Identificação de fatores de risco para colesteatoma residual em crianças e adultos: um estudo retrospectivo de 110 casos de cirurgia revisionais Como citar este artigo: Volgger V, Lindeskog G, Krause E, Schrötzlmair F. Identification of risk factors for residual cholesteatoma in children and adults: a retrospective study on 110 cases of revision surgery. Braz J Otorhinolaryngol. 2020;86:201-8.

Resumo

Introdução:

A doença residual após a remoção do colesteatoma ainda é um desafio para o otorrinolaringologista. A cirurgia revisional programada e, mais recentemente, exames radiológicos são usados para identificar o colesteatoma residual o mais precocemente possível. Entretanto, esses procedimentos são dispendiosos e acompanhados de desconforto e riscos para o paciente.

Objetivo:

Identificar fatores de risco anamnésicos, clínicos e relacionados à cirurgia para o colesteatoma residual.

Método:

Foram analisados retrospectivamente os prontuários de 108 pacientes, crianças e adultos, que passaram por revisão cirúrgica após a remoção inicial do colesteatoma em um hospital terciário de referência.

Resultados:

Sexo, idade, pneumatização da mastoide, inserção anterior de tubo de ventilação, colesteatoma congênito, erosão dos ossículos, aticotomia, ressecção da corda do tímpano, diferentes materiais de reconstrução e otorreia pós-operatória não se mostraram fatores de risco estatisticamente significantes para a ocorrência de doença residual. Entretanto, remoção prévia da adenoide, crescimento do colesteatoma para o interior do seio timpânico e para o antro e a mastoide, abordagem de duas vias com canal wall-up e retração e perfuração pós-operatórias foram associados a uma taxa estatisticamente maior de doença residual. Um timpanograma tipo A, assim como a reconstrução de duas vias com a abordagem canal wall-down para colesteatomas com extensão para o recesso epitimpânico e/ou extensão epitimpânica e mesotimpânica, foram associados com taxas estatisticamente menores da doença residual. Um escore, que incluiu a retração ou perfuração pós-operatória da membrana timpânica, a qualidade do timpanograma pós-operatório e a extensão intraoperatória do colesteatoma para o seio timpânico e/ou antro, foi elaborado e se mostrou adequado para predizer colesteatoma residual com sensibilidade aceitável e alta especificidade.

Conclusão:

A extensão do colesteatoma para o seio timpânico, antro e mastoide torna a doença residual mais provável. A abordagem do tipo canal wall-down mais a reconstrução de 2 vias parecem seguras com taxas semelhantes de colesteatoma residual e sem as desvantagens conhecidas da cirurgia do tipo canal wall-down. O escore descrito pode ser útil para identificar pacientes que necessitam de controle radiológico pós-operatório e cirurgia revisional.

PALAVRAS-CHAVE
Colesteatoma; Canal wall-up; Canal wall-down; Colesteatoma residual

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