Prezado Editor,
A Brazilian Journal of Otorhinolaryngology publicou um artigo muito relevante clinicamente escrito por Mehel et al., intitulado “Resultados clínicos iniciais da utilização de radiofrequência e lateralização das conchas nasais inferiores combinadas à septoplastia”.11 Mehel DM, Yemi¸s T, C¸elebi M, Can E, Özdemir D, Ünal A, et al. Early clinical outcomes of inferior turbinate radiofrequency and lateralization combined with septoplasty. Braz J Otorhinolaryngol. 2021;87:90–3. Gostaríamos de expressar algumas preocupações sobre as imprecisões científicas do artigo e contribuir para a fundamentação clínica do tema investigado.
Mehel et al. sugerem que tanto a radiofrequência quanto a lateralização apresentam resultados semelhantes em relação ao alívio da obstrução nasal e que o método de intervenção deve ser selecionado a critério do paciente e do(s) cirurgião(s).
Em primeiro lugar, é preciso enfatizar que a cirurgia dos distúrbios das conchas nasais deve sempre suceder um tratamento clínico insatisfatório. Provavelmente foi o que aconteceu, mas isso não foi relatado no artigo e os leitores menos experientes podem ficar confusos.
Após a decisão pela opção cirúrgica, devemos considerar os fatores etiológicos da obstrução nasal. Doenças distintas, do septo nasal, columela e válvula nasal implicarão diferentes alterações da concha com consequentes resultados diferentes. Somado a isso, alguns tipos de desvios septais tenderão a predispor a uma maior ocorrência de sinusite, o que implica desfechos clínicos diversos.22 Teixeira J, Certal V, Chang ET, Camacho M. Nasal septal deviations: a systematic review of classification systems. Plast Surg Int. 2016;2016:7089123. Esperaríamos que os autores tivessem classificado e comparado esses fatores entre os grupos de radiofrequência e lateralização de modo que esse viés tão grande pudesse ter sido controlado.
Após o controle desses vieses, a técnica escolhida para tratar as conchas inferiores consideraria não apenas as conchas, mas também as características do meato inferior e da parede medial do seio maxilar. Além disso, Mehel et al. não parecem diferenciar a concha óssea inferior da mucosa da concha inferior. Por exemplo, um paciente com o osso do corneto nasal deslocado mais medialmente sem uma hipertrofia significativa da mucosa tem mais probabilidade de obter um benefício maior da lateralização do que da ablação por radiofrequência. Portanto, a comparação da secção do meato nasal inferior e do volume da concha nasal inferior deve ser considerada antes do planejamento cirúrgico. Por outro lado, se a parede medial do seio maxilar estiver mais vertical e/ou houver uma hipertrofia maior da mucosa da concha inferior, a radiofrequência seria o método com melhores resultados.
Por fim, e como os autores oportunamente lembraram, a lateralização da concha inferior é menos onerosa que a radiofrequência. Por que não usar as duas técnicas? Acreditamos que deveria haver um terceiro grupo no estudo, que incluiria pacientes que fariam tanto a radiofrequência quanto a lateralização da concha inferior.
References
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1Mehel DM, Yemi¸s T, C¸elebi M, Can E, Özdemir D, Ünal A, et al. Early clinical outcomes of inferior turbinate radiofrequency and lateralization combined with septoplasty. Braz J Otorhinolaryngol. 2021;87:90–3.
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2Teixeira J, Certal V, Chang ET, Camacho M. Nasal septal deviations: a systematic review of classification systems. Plast Surg Int. 2016;2016:7089123.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
29 Set 2021 -
Data do Fascículo
2021
Histórico
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Recebido
07 Maio 2021 -
Aceito
10 Maio 2021