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Avaliação de Fatores Clínicos na Evolução de Pacientes Transplantados Cardíacos: Estudo de Coorte Retrospectivo Unicêntrico

RESUMO

Introdução:

Após o transplante cardíaco (TxC), alguns pacientes continuam a apresentar mortalidade desproporcionalmente alta.

Objetivos:

Investigar quais variáveis clínicas estão associadas à sobrevida após o TxC.

Métodos:

Estudo do tipo coorte retrospectivo, unicêntrico, com 55 pacientes submetidos a TxC no período de maio de 2019 a abril de 2023.

Resultados:

A regressão logística identificou, como variáveis associadas ao óbito, o aumento da creatinina no pós-operatório imediato (POI) (p = 0,0067), a resistência vascular pulmonar (RVP) (p = 0,0185) e a pressão sistólica da artéria pulmonar (PSAP) prévios ao TxC (p = 0,0415). Ao construir a curva ROC (receiver operating characteristic curve) com o delta do aumento da creatinina nas primeiras 24 horas do pós-operatório, o ponto de corte foi de 0.35 mg/dL, a sensibilidade de 0,76 e a especificidade de 0,90. Na curva ROC para a RVP, o ponto de corte foi de 2,23 unidades Woods (WU), com sensibilidade de 0,79 e especificidade de 0,72. Na curva ROC para a PSAP, o ponto de corte foi de 40,50 mmHg, com sensibilidade de 0,89 e especificidade de 0,86.

Conclusão:

Aumento da creatinina para valor maior ou igual a 0,35 mg/dL nas primeiras 24 horas, PSAP com valores superiores a 40,5 mmHg e aumento da RVP para valor acima de 2,23 WU estão associados ao aumento das taxas de mortalidade hospitalar após o TxC.

Descritores
Transplante de Coração; Creatinina; Hipertensão Pulmonar; Insuficiência Cardíaca; Mortalidade

ABSTRACT

Introduction:

After heart transplantation (HTx), some patients continue to experience disproportionately high mortality.

Objectives:

To investigate which clinical variables are associated with survival after HTx.

Methods:

Retrospective, single-center cohort study with 55 patients undergoing HTx from May 2019 to April 2023.

Results:

Logistic regression identified, as variables associated with death, the increase in creatinine in the immediate postoperative period (POI) (p = 0.0067), pulmonary vascular resistance (RVP) (p = 0.0185) and pulmonary artery systolic pressure (PSAP) before HTx (p = 0.0415). When constructing the ROC curve (receiver operating characteristic curve) with the delta of the increase in creatinine in the first 24 postoperative hours, the cutoff point was 0.35 mg/dL, the sensitivity was 0.76, and the specificity was 0. 90. In the ROC curve for PVR, the cutoff point was 2.23 Woods units (WU), with sensitivity of 0.79 and specificity of 0.72. In the ROC curve for PSAP, the cutoff point was 40.50 mmHg, with a sensitivity of 0.89 and a specificity of 0.86.

Conclusion:

An increase in creatinine to a value greater than or equal to 0.35 mg/dL in the first 24 hours, PSAP with values greater than 40.5 mmHg and an increase in RVP to a value above 2.23 WU are associated with increased rates of hospital mortality after HTx.

Descriptors
Heart Transplantation; Creatinine; Hypertension Pulmonary; Heart Failure; Mortality

INTRODUÇÃO

As doenças cardiovasculares lideram em número de óbitos no Brasil, com destaque para a insuficiência cardíaca (IC), que figura como a principal causa de hospitalizações. Apesar dos avanços no tratamento dessa condição, o prognóstico continua desfavorável, resultando em taxas elevadas de mortalidade11 Almeida DE, Pereira-Barreto AC, Forestiero FJ, Nakamuta JS, Bichels A. A carga médica da insuficiência cardíaca: um delineamento comparativo com o câncer no Brasil. Int J Cardiovasc Sci 2022;35(4):514-20. https://doi.org/10.36660/ijcs.20200382
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,22 Brasil. Ministério da Saúde. DATASUS. Mortalidade. Brasília, 2016 [acesso em 12 Jul 2023]. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/obt10uf.def
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. O transplante cardíaco (TxC) é um dos tratamentos de escolha em casos de IC avançada33 Carvalho T, Milani M, Ferraz AS, Silveira ADD, Herdy AH, Hossri CAC, et al. Brazilian Cardiovascular Rehabilitation Guideline – 2020. Arq Bras Cardiol 2020;114(5):943-87. Erratum in: Arq Bras Cardiol 2021;117(2):423. https://doi.org/10.36660/abc.20200407
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.

O TxC é um procedimento cirúrgico de substituição de um coração doente por um coração sadio de um doador, possibilitando a normalização na hemodinâmica do paciente44 Shah KS, Kittleson MM, Kobashigawa JA. Updates on heart transplantation. Curr Heart Fail Rep 2019;16(5):150-6. https://doi.org/10.1007/s11897-019-00432-3
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5 Bacal F, Marcondes-Braga FG, Rohde LEP, Xavier Júnior JL, Brito FS, Moura LAZ, et al. 3ª Diretriz Brasileira de Transplante Cardíaco. Arq Bras Cardiol 2018;111(2):230-89. https://doi.org/10.5935/abc.20180153
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-66 Reich HJ, Kobashigawa JA, Aintablian T, Ramzy D, Kittleson MM, Esmailian F. Effects of older donor age and cold ischemic time on long-term outcomes of heart transplantation. Tex Heart Inst J 2018;45(1):17-22. https://doi.org/10.14503/THIJ-16-6178
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.

A cirurgia é um procedimento de alto risco e a compreensão dos fatores que podem influenciar a sobrevivência dos pacientes é de extrema importância para a otimização do suporte clínico oferecido aos pacientes77 Fuchs M, Schibilsky D, Zeh W, Berchtold-Herz M, Beyersdorf F, Siepe M. Does the heart transplant have a future? Eur J Cardiothorac Surg 2019;55 Suppl 1:i38-i48. https://doi.org/10.1093/ejcts/ezz107
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.

Mesmo após o TxC, o paciente pode continuar apresentando sintomas relacionados à IC, como, por exemplo, a capacidade funcional reduzida, sendo necessário o acompanhamento fisioterapêutico precoce88 Conceição TMA, Gonzáles AI, Figueiredo FCXS, Vieira DSR, Bündchen DC. Critérios de segurança para iniciar a mobilização precoce em unidades de terapia intensiva. Revisão sistemática. Rev Bras Ter Intensiva 2017;29(4)509-19. https://doi.org/10.5935/0103-507X.20170076
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.

A reabilitação cardíaca (RC) é dividida em quatro fases: fase I, que ocorre durante a internação; fase II, realizada em nível ambulatorial com início logo após a alta hospitalar; e fases III e IV, que visam a manutenção dos ganhos obtidos na reabilitação99 Chagas AM, Alves YM, Alencar AMC. Reabilitação cardíaca fase I: uma revisão sistemática. ASSOBRAFIR Ciência 2016;7(3)51-60.. A fase I se inicia com o ganho de condicionamento físico, enfatizando as atividades funcionais, e é composta por exercícios aeróbicos e de resistência dos grandes grupos musculares99 Chagas AM, Alves YM, Alencar AMC. Reabilitação cardíaca fase I: uma revisão sistemática. ASSOBRAFIR Ciência 2016;7(3)51-60.. A RC é uma excelente estratégia para melhorar a recuperação da saúde do paciente transplantado, proporcionando maior independência e redução dos sintomas de ansiedade e depressão33 Carvalho T, Milani M, Ferraz AS, Silveira ADD, Herdy AH, Hossri CAC, et al. Brazilian Cardiovascular Rehabilitation Guideline – 2020. Arq Bras Cardiol 2020;114(5):943-87. Erratum in: Arq Bras Cardiol 2021;117(2):423. https://doi.org/10.36660/abc.20200407
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,1010 Tackmann E, Dettmer S. Health-related quality of life in adult heart-transplant recipients-a systematic review. Herz 2020;45(5):475-82. https://doi.org/10.1007/s00059-018-4745-8
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,1111 Rolid K, Andreassen AK, Yardley M, Gude E, Bjørkelund E, Authen AR, et al. High-intensity interval training and health-related quality of life in de novo heart transplant recipients – Results from a randomized controlled trial. Health Qual Life Outcomes 2020;18(1):283. https://doi.org/10.1186/s12955-020-01536-4
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.

O objetivo deste estudo foi investigar quais variáveis clínicas estão associadas à mortalidade precoce, visando melhorar os resultados clínicos nessa população de pacientes.

MÉTODOS

Trata-se de estudo do tipo coorte retrospectivo, unicêntrico, realizado a partir da análise de prontuários eletrônicos e banco de dados de todos os pacientes submetidos à cirurgia de TxC no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) no período de maio de 2019 a abril de 2023. O serviço de TxC iniciou suas atividades em maio de 2019, e este estudo apresenta os dados dos primeiros 55 pacientes submetidos ao TxC nessa instituição hospitalar.

Foram coletados dados epidemiológicos, clínicos e antropométricos, exames laboratoriais da internação do paciente após o TxC, além de informações inerentes à RC na UTI.

O índice de Barthel (IB) foi empregado para avaliar a capacidade funcional, medindo o nível de assistência que uma pessoa requer em 10 atividades: alimentação, higiene pessoal, vestuário, controle de urina, controle de fezes, uso do banheiro, transferência cama/cadeira, mobilidade e capacidade de subir escadas. A pontuação varia de 0 a 100, sendo pontuações mais altas indicativas de maior independência funcional1212 de Paula GV, da Silva TR, de Souza JT, Luvizutto GJ, Bazan SGZ, Modolo GP, et al. Effect of ankle-foot orthosis on functional mobility and dynamic balance of patients after stroke: study protocol for a randomized controlled clinical trial. Medicine (Baltimore) 2019;98(39):e17317. . https://doi.org/10.1097/MD.0000000000017317,1313 Liu F, Tsang RC, Zhou J, Zhou M, Zha F, Long J, et al. Relationship of Barthel Index and its Short Form with the Modified Rankin Scale in acute stroke patients. J Stroke Cerebrovasc Dis 2020;29(9)105033. https://doi.org/10.1016/j.jstrokecerebrovasdis.2020.105033
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. O IB é aplicado em formato de entrevista pela equipe de fisioterapia a todos os pacientes admitidos na unidade de terapia intensiva (UTI) do HCFMB.

Análise estatística

As variáveis categóricas foram representadas em frequências absolutas e relativas e as variáveis contínuas em média ± desvio-padrão (DP). O teste de Kolmogorov-Smirnov (KS) verificou a normalidade da distribuição. As associações entre variáveis categorizadas e óbito foram obtidas utilizando teste qui-quadrado, para as variáveis contínuas com distribuição simétrica, aplicou-se o teste t de Student, enquanto para aquelas com distribuição assimétrica foi realizado um ajuste utilizando distribuição gama. Para variáveis discretas, a comparação foi feita utilizando ajuste em distribuição de Poisson. Um modelo de regressão logística foi ajustado, considerando as demais variáveis explanatórias para o desfecho de óbito durante a internação. Posteriormente, foi realizada a análise de curva ROC (receiver operating characteristic curve) utilizando os fatores de risco como preditores do desfecho de óbito durante a internação. Foi conduzida a análise por meio das correlações de Pearson entre tempo de internação após o transplante cardíaco e as variáveis da fisioterapia e funcionalidade com os sobreviventes após a cirurgia. Foi estabelecido p < 0,05 para significância estatística. As análises foram realizadas utilizando os programas SAS 9.4 for Windows e SPSS 21 for Windows.

Ética

Este estudo recebeu aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Estadual Paulista (CAAE: 68062123.8.0000.5411).

RESULTADOS

As características clínicas dos 55 pacientes que realizaram TxC de maio de 2019 a abril de 2023 estão ilustradas na Tabela 1. Dos 55 pacientes admitidos ao transplante, 36 (65,45%) sobreviveram à cirurgia, sendo 26 do sexo masculino e 10 do sexo feminino. A média de idade dos pacientes foi de 47 anos, com índice de massa corpórea (IMC) médio de 23 kg/m22 Brasil. Ministério da Saúde. DATASUS. Mortalidade. Brasília, 2016 [acesso em 12 Jul 2023]. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/obt10uf.def
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. A média de tempo de circulação extracorpórea (CEC) foi de 255 minutos, e 51% dos pacientes utilizaram balão intra-aórtico (BIA) no pré-operatório. Apenas 5% dos pacientes necessitaram de ventilação mecânica (VM) e assistência ventricular (AV) antes do transplante.

Tabela 1
Análise descritiva das variáveis quantitativas e qualitativas dos pacientes que realizaram TxC no período de maio de 2019 a abril de 2023 (n = 55).

Quanto às causas de óbito nesta população (Tabela 2), a principal foi o choque vasoplégico, seguida pela rejeição do enxerto e falência aguda do ventrículo direito (VD). Outras causas menos frequentes foram o choque cardiogênico, a disfunção sistólica biventricular, a discrasia sanguínea e o choque séptico.

Tabela 2
Análise descritiva das causas de óbitos de 19 pacientes que realizaram TxCno período de maio de 2019 a abril de 2023.

Foram realizadas comparações entre as variáveis clínicas e laboratoriais dos pacientes que receberam alta após o TxC e daqueles que evoluíram a óbito. Os resultados mostraram diferença estatisticamente significativa entre os grupos em relação à creatinina no POI (p = 0,0002), à resistência vascular pulmonar (RVP) (p = 0,0011), bem como à PSAP (p < 0,0001) e ao grau de capacidade funcional pré-cirúrgica mensurado pelo IB (p = 0,0001) (Tabela 3).

Tabela 3
Comparação das variáveis clínicas e laboratoriais dos pacientes receberam alta ou evoluíram a óbito durante a internação.

Foi desenvolvido um modelo de regressão logística para analisar o desfecho de óbito durante a internação, considerando as demais variáveis preditoras. Inicialmente, um modelo de regressão stepwise foi ajustado e as variáveis influentes foram gradualmente adicionadas para identificar os fatores de risco associados.

O aumento da creatinina nas primeiras 24 horas do pós-operatório foi identificado como fator de risco significativo para mortalidade durante o período de internação (p = 0,0067). Da mesma forma, a RVP (p = 0,0185) e a pressão sistólica da artéria pulmonar (PSAP) (p = 0,0415) mostraram associação significativa (Tabela 4).

Tabela 4
Modelo pelo método de estimativa por máxima verossimilhança com regressão logística por stepwise, levando em consideração variáveis influenciadoras para determinar os fatores de risco associados ao desfecho deóbito durante a internação de pacientes após o TxC.

Ao construir a curva ROC com o delta do aumento da creatinina no primeiro pós-operatório em comparação com o valor basal, identificou-se o ponto de corte de 0,35 mg/dL (Fig. 1). Nesse ponto, a sensibilidade é de 0,76 e a especificidade é de 0,90 (área sob a curva: 0,908).

Figura 1
Curva ROC considerando delta creatinina dos pacientes que realizaram TxC no período de maio de 2019 a abril de 2023.

Ao analisar a curva ROC para a PSAP, encontramos o ponto de corte de 40,5 (Fig. 2). Nesse ponto, a sensibilidade é de 0,89 e a especificidade é de 0,86 (área sob a curva: 0,940).

Figura 2
Curva ROC considerando o valor da PSAP dos pacientes que realizaram TxC no período de maio de 2019 a abril de 2023.

Para a RVP, a análise da curva ROC revelou o ponto de corte de 2,23 unidades Woods (WU) (Fig. 3). Nesse ponto, a sensibilidade é de 0,79 e a especificidade é de 0,72 (área sob a curva: 0,783).

Figura 3
Curva ROC considerando o valor da RVP (WU) dos pacientes que realizaram TxC no período de maio de 2019 a abril de 2023.

A Tabela 5 mostra a análise descritiva dos sobreviventes, considerando as variáveis da RC fase I. Dos 36 pacientes que passaram pela RC, a média de dias de internação após a cirurgia foi de 27. Em média, iniciaram RC no 5° dia do pós-operatório e realizaram a primeira sedestação e deambulação no 6° e 13° dias, respectivamente.

Tabela 5
Análise descritiva das variáveis quantitativas de 36 pacientes que realizaram RC após o TxC no período de maio de 2019 a abril de 2023.

Foi conduzida a análise usando as correlações de Pearson entre tempo de internação após o TxC e as variáveis da fisioterapia e funcionalidade com os 36 sobreviventes após a cirurgia. Verificou-se a correlação positiva entre o início da fisioterapia e a duração da internação após o TxC, ou seja, houve associação significativa entre o início tardio da fisioterapia e o período mais longo de internação do paciente, com diferença estatisticamente significativa (p = 0,013).

Além disso, foi identificada correlação negativa entre a funcionalidade do paciente e o tempo de internação, indicando que quanto menor a capacidade funcional do paciente, mais longo foi o período de internação, e essa relação também foi estatisticamente significativa (p = 0,007) (Tabela 6).

Tabela 6
Análise por correlações de Pearson entre tempo de internação após o TxC, capacidade funcional e variáveis da fisioterapia dos 36 pacientes que realizaram TxC e RC no período de maio de 2019 a abril de 2023.

DISCUSSÃO

Aumento da creatinina para valor maior ou igual a 0,35 mg/dL nas primeiras 24 horas, PSAP com valores superiores a 40,5 mmHg e aumento da RVP para valor acima de 2,23 WU estão associados ao aumento das taxas de mortalidade hospitalar após o TxC.

A injúria renal aguda (IRA) é caracterizada por perda abrupta da função renal. De acordo com as diretrizes do Kidney Disease: Improving Global Outcomes (KDIGO), o estágio I caracteriza-se por aumento na creatinina sérica maior ou igual a 0,3 mg/dL em 48 horas, aumento da creatinina sérica ≥ 1,5 vezes o valor basal nos últimos 7 dias e volume urinário < 0,5 mL/kg/h por 6 horas1414 Khwaja A. KDIGO clinical practice guidelines for acute kidney injury. Nephron Clin Pract 2012;120(4):c179-84. https://doi.org/10.1159/000339789
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.

A IRA é uma complicação frequente após o TxC e está ligada a maior risco de mortalidade precoce1515 Jiang YY, Kong XR, Xue FL, Chen HL, Zhou W, Chai JW, et al. Incidence, risk factors and clinical outcomes of acute kidney injury after heart transplantation: a retrospective single center study. J Cardiothorac Surg 2020;15(1):302. https://doi.org/10.1186/s13019-020-01351-4
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. García-Gigorro et al.1616 García-Gigorro R, Renes-Carreño E, Corres Peiretti MA, Arribas López P, Perez Vela JL, Gutierrez Rodríguez J, et al. Incidence, risk factors and outcomes of early acute kidney injury after heart transplantation: an 18-year experience. Transplantation 2018;102(11):1901-8. https://doi.org/10.1097/TP.0000000000002293
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encontraram que os pacientes com IRA, principalmente os que necessitavam de terapia renal substitutiva (TRS), apresentavam maior mortalidade hospitalar do que aqueles sem IRA. No entanto, após a alta hospitalar, a IRA não foi associada a desfechos ruins em longo prazo1616 García-Gigorro R, Renes-Carreño E, Corres Peiretti MA, Arribas López P, Perez Vela JL, Gutierrez Rodríguez J, et al. Incidence, risk factors and outcomes of early acute kidney injury after heart transplantation: an 18-year experience. Transplantation 2018;102(11):1901-8. https://doi.org/10.1097/TP.0000000000002293
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.

Conforme os resultados deste estudo, foi evidenciado que o aumento da creatinina já nas primeiras 24 horas mostrou-se fator de risco para mortalidade. Nesse contexto, enfatiza-se a importância de implementar estratégias para prevenir ou limitar a progressão para IRA, o que, consequentemente, pode melhorar a sobrevida desses pacientes.

A hipertensão pulmonar (HP) é conhecida por ser um fator de mau prognóstico após o TxC1717 Kanwar M, Raina A, Aponte MP, Benza R. Pulmonary hypertension in potential heart transplant recipients: current treatment strategies. Curr Opin Organ Transplant 2015;20(5):570-6. https://doi.org/10.1097/MOT.0000000000000228
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. Em pacientes candidatos ao TxC, a PSAP, a RVP e outros parâmetros hemodinâmicos são obtidos por cateterismo cardíaco direito. Esse exame invasivo é considerado padrão-ouro para diagnosticar e classificar a HP e é indicado para avaliação dos candidatos ao TxC1818 Humbert M, Kovacs G, Hoeper MM, Badagliacca R, Berger RMF; ESC/ERS Scientific Document Group. 2022 ESC/ERS Guidelines for the diagnosis and treatment of pulmonary hypertension. Developed by the task force for the diagnosis and treatment of pulmonary hypertension of the European Society of Cardiology (ESC) and the European Respiratory Society (ERS). Endorsed by the International Society for Heart and Lung Transplantation (ISHLT) and the European Reference Network on rare respiratory diseases (ERN-LUNG). Eur Heart J 2022;43(38):3618-3731. https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehac237
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. Além disso, ocorre acompanhamento da HP de maneira não invasiva por medidas indiretas de ecocardiograma transtorácico.

A RVP deve ser calculada individualmente para cada paciente utilizando a seguinte fórmula: RVP = (pressão arterial pulmonar média – pressão de oclusão capilar pulmonar)/débito cardíaco. De acordo com o Guia da European Society of Cardiology (ESC) de 2022, os valores normais de RVP situam-se entre 0,3 e 2,0 WU1818 Humbert M, Kovacs G, Hoeper MM, Badagliacca R, Berger RMF; ESC/ERS Scientific Document Group. 2022 ESC/ERS Guidelines for the diagnosis and treatment of pulmonary hypertension. Developed by the task force for the diagnosis and treatment of pulmonary hypertension of the European Society of Cardiology (ESC) and the European Respiratory Society (ERS). Endorsed by the International Society for Heart and Lung Transplantation (ISHLT) and the European Reference Network on rare respiratory diseases (ERN-LUNG). Eur Heart J 2022;43(38):3618-3731. https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehac237
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.

Matkovic et al.1919 Matkovic M, Milicevic V, Bilbija I, Aleksic N, Cubrilo M, Nestorovic E, et al. Pulmonary artery hypertension as a risk factor for long-term survival after heart transplantation. Heart Surg Forum 2021;24(3):E544-E549. https://doi.org/10.1532/hsf.3789. PMID: 34173749
https://doi.org/10.1532/hsf.3789https://...
conduziram um estudo observacional com 44 pacientes para investigar o impacto da HP pré-operatória na sobrevida após o TxC e concluíram que a HP é um fator de risco associado a uma maior taxa de mortalidade em 30 dias após o TxC.

Outro estudo2020 Cantero-Pérez EM, Sayago I, Sobrino-Márquez JM, Rangel-Sousa D, Grande-Trillo A, Rezaei K, et al. Impact of preoperative pulmonary hypertension on survival in patients undergoing elective heart transplant. Transplant Proc 2020;52(2):580-3. https://doi.org/10.1016/j.transproceed.2019.11.034
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envolvendo 102 pacientes após o TxC investigou a relação entre a presença de HP e a sobrevida. Os pacientes foram divididos em dois grupos: sem HP (< 25 mmHg) e com HP (> 25 mmHg). Além disso, o grupo com HP foi subdividido em leve (25 a 34 mmHg), moderada (35 a 44 mmHg) e grave (> 44 mmHg). Dos 102 pacientes avaliados, 61 (59,8%) apresentavam HP antes do TxC, com 25 classificados como leve, 34 como moderado e dois como grave. Conclui-se que a presença de HP pré-operatória não teve um impacto significativo na sobrevida após o TxC. No entanto, é importante ressaltar que apenas dois pacientes foram classificados no grupo de HP grave, o que pode explicar a ausência de diferenças entre os grupos2020 Cantero-Pérez EM, Sayago I, Sobrino-Márquez JM, Rangel-Sousa D, Grande-Trillo A, Rezaei K, et al. Impact of preoperative pulmonary hypertension on survival in patients undergoing elective heart transplant. Transplant Proc 2020;52(2):580-3. https://doi.org/10.1016/j.transproceed.2019.11.034
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Comparando nossa amostra com o estudo de Cantero et al.2020 Cantero-Pérez EM, Sayago I, Sobrino-Márquez JM, Rangel-Sousa D, Grande-Trillo A, Rezaei K, et al. Impact of preoperative pulmonary hypertension on survival in patients undergoing elective heart transplant. Transplant Proc 2020;52(2):580-3. https://doi.org/10.1016/j.transproceed.2019.11.034
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, observamos níveis significativamente mais elevados de HP. A PSAP média dos sobreviventes foi de 33,3 mmHg, enquanto no grupo de óbito foi de 51,5 mmHg. Essa discrepância talvez justifique a menor taxa de sobrevida (65,45%) em nossa amostra em comparação com a sobrevida de 79,9% relatada no estudo de Cantero et al.2020 Cantero-Pérez EM, Sayago I, Sobrino-Márquez JM, Rangel-Sousa D, Grande-Trillo A, Rezaei K, et al. Impact of preoperative pulmonary hypertension on survival in patients undergoing elective heart transplant. Transplant Proc 2020;52(2):580-3. https://doi.org/10.1016/j.transproceed.2019.11.034
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Foi constatado que houve associação significativa entre a implementação da RC fase I e a duração da internação após o TxC. Especificamente, quanto mais precocemente o paciente iniciou a RC, menor foi o tempo de internação observado nessa amostra. Esses dados são importantes, pois mostram a dinâmica entre a implementação precoce da RC fase I e um período reduzido de internação após o TxC. Isso sugere que a reabilitação pode desempenhar um papel fundamental na recuperação pós-cirúrgica, permitindo uma recuperação mais rápida dos pacientes, evitando complicações relacionadas à internação prolongada e facilitando a transição para a alta hospitalar. Esses resultados ressaltam a importância de incluir a reabilitação como parte integrante do cuidado pós-TxC. Nesse contexto, a realização de ensaios clínicos randomizados e mais estudos sobre RC fase 1 tornam-se essenciais, visando aprofundar nosso entendimento sobre os benefícios específicos dessa intervenção na melhoria do prognóstico e na qualidade de vida dos pacientes que passam por transplantes cardíacos.

Rosenbaum et al.2121 Rosenbaum AN, Kremers WK, Schirger JA, Thomas RJ, Squires RW, Allison TG, et al. Association between early cardiac rehabilitation and long-term survival in cardiac transplant recipients. Mayo Clin Proc 2016;91(2):149-56. https://doi.org/10.1016/j.mayocp.2015.12.002
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realizaram um estudo retrospectivo no qual foram analisados 201 pacientes que realizaram RC após o TxC. Constatou-se que a RC precoce está associada à sobrevida em longo prazo após o TxC.

Outro achado relevante nesse estudo foi a correlação negativa entre a funcionalidade do paciente, medida através do IB, e o tempo de internação. Isso significa que quanto menor a capacidade funcional do paciente, mais longo foi o período de internação. Embora não possamos inferir uma relação de causa e efeito devido à metodologia empregada, os resultados destacam a importância da funcionalidade na duração da internação pós-TxC. Essa associação ressalta a necessidade de se considerar a capacidade funcional dos pacientes um aspecto crucial no manejo pós-operatório, embora mais pesquisas sejam necessárias para compreender completamente essa relação.

A RC é benéfica em pacientes com IC, principalmente naqueles aguardando o transplante, e é recomendada como indicação de classe 1 (nível de evidência A) nas diretrizes práticas de IC2222 Yancy CW, Jessup M, Bozkurt B, Butler J, Casey Júnior DE, Drazber MH. 2013 ACCF/AHA guideline for the management of heart failure: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. J Am Coll Cardiol 2013;62(16):e147-239. https://doi.org/10.1016/j.jacc.2013.05.019
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. Várias revisões sistemáticas indicam que pacientes com IC que realizam RC apresentam redução nas taxas de mortalidade e hospitalização, além de melhora na qualidade de vida2323 Bozkurt B, Fonarow GC, Goldberg LR, Guglin M, Josephson RA; ACC’s Heart Failure and Transplant Section and Leadership Council. Cardiac rehabilitation for patients with heart failure: JACC Expert Panel. J Am Coll Cardiol 2021;77(11):1454-69. https://doi.org/10.1016/j.jacc.2021.01.030
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,2424 Taylor RS, Walker S, Ciani O, Warren F, Smart NA, Piepoli M, et al. Exercise-based cardiac rehabilitation for chronic heart failure: the EXTRAMATCH II individual participant data meta-analysis. Health Technol Assess 2019;23(25):1-98. https://doi.org/10.3310/hta23250
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.

Infelizmente, mesmo com os benefícios claros na literatura, a RC no período pré-TxC ainda permanece subutilizada2525 Grace SL, Gravely-Witte S, Brual J, Monette G, Suskin N, Higginson L, et al. Contribution of patient and physician factors to cardiac rehabilitation enrollment: a prospective multilevel study. Eur J Cardiovasc Prev Rehabil 2008;15(5):548-56. https://doi.org/10.1097/HJR.0b013e328305df05
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.

Esses achados enfatizam a necessidade de se instituírem medidas para preservação da capacidade funcional do paciente durante a internação ou ambulatorialmente, enquanto aguarda na fila do transplante, por meio de reabilitação pré-TxC. Além disso, é importante enfatizar a RC fase I para melhores desfechos após a cirurgia.

A limitação inerente é que se trata de um estudo retrospectivo unicêntrico com número limitado de pacientes. Devido à implementação do TxC nesse serviço estar na fase inicial, devemos considerar alguns pontos importantes: o impacto da experiência da equipe, a falta de disponibilidade de recursos e infraestrutura inerentes a serviços novos e a falta de dados longitudinais sobre os pacientes, o que pode limitar as análises e correlações com as complicações tardias.

CONCLUSÃO

Aumento da creatinina para valor maior ou igual a 0,35 mg/dL nas primeiras 24 horas, PSAP com valores superiores a 40,5 mmHg e aumento da RVP para valor acima de 2,23 WU estão associados ao aumento das taxas de mortalidade hospitalar após o TxC.

AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto e do Idoso e ao Programa de Pós-Graduação em Fisiopatologia em Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Botucatu.

  • FINANCIAMENTO

    Não aplicável.

DISPONIBILIDADE DE DADOS DE PESQUISA

Todos os dados foram gerados/apresentados no artigo.

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Editado por

Editora de Seção: Ilka de Fátima Santana F. Boin https://orcid.org/0000-0002-1165-2149

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Ago 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    23 Mar 2024
  • Aceito
    16 Jun 2024
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