Gestação e Planejamento Reprodutivo em Mulheres Transplantadas

Surita, Fernanda Garanhani; Guida, José Paulo Siqueira; Juliato, Cássia Raquel Teatin; Boin, Ilka de Fátima Santana Ferreira

doi:10.53855/bjt.v26i1.542_PORT

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Brazilian Journal of Transplantation

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Sumário

ARTIGO DE REVISÃO • Braz. J. Transplant. 26 • 2023 • https://doi.org/10.53855/bjt.v26i1.542_PORT copiar

Gestação e Planejamento Reprodutivo em Mulheres Transplantadas

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

RESUMO

O objetivo desta revisão de literatura é trazer alguns resultados de gestação em mulheres transplantadas, propostas de avaliação pré-concepcional, pré-natal e do puerpério, incluindo a contracepção pós-parto e orientação terapêutica na concomitância da gestação e lactação. Com base nos resultados encontrados em pesquisa no PubMed sem limitação de data ou língua, discutimos a importância do planejamento reprodutivo para mulheres com transplante de órgãos sólidos e que deve ser feito desde antes da realização do transplante. Existem contraindicações formais de gestação, entretanto quando planejada, dentro de critérios clínicos, laboratoriais e uso de imunossupressão adequada e em seguimento de pré-natal especializado essa gestação é possível e com bons resultados perinatais. Salientamos também a importância do acompanhamento psicológico entre gestantes com transplantes de órgãos sólidos.

Palavras-chave
Oxigenação hiperbárica; Oxigenoterapia hiperbárica; Transplante de fígado

Imunossupressor	Mecanismo de ação	Efeitos adversos	Uso na gestação	Uso na amamentação
Corticosteróides	Efeitos múltiplos	defeitos do palato (dados conflitantes e escassos), RCF, DMG,	Baixo risco	Compatível
Azatioprina	Inibe a síntese de purina, replicação do DNA, e células B e T	Sem evidência de MF, RCF, Prematuridade	Baixo risco	Compatível
Ciclosporina Tacrolimus	Inibidores da interleucina II, e da ativação das células T	Sem evidência de MF, RCF, Prematuridade Reações maternas dose -dependentes	Baixo risco	Compatível
Micofenolato	Inibidor da síntese de purina	Aborto 1º trimestre Teratogênico (defeitos faciais, cardíacos, SNC, atresia de esôfago	Contraindicado Descontinuar 6 semanas antes da gestação	Sem dados, deve ser desencorajado
Sirolimus Everolimus	Inibidores celulares B e T	Poucos dados, há descrição de defeitos congênitos	Contraindicado Descontinuar 12 semanas antes da gestação	Sem dados
Betacept	inibidores celulares T-seletivo	Sem dados	Sem dados	Sem dados

N°	Recomendação para receptores	Grau
1	Pessoas com TOS que sejam capazes de engravidar devem receber orientação pré-concepcional como parte da avaliação pré-transplante e antes de gravidez pós-transpalnte.	Boas práticas
2	Adiar a gravidez por pelo menos 1 ano após TOS (exceto para transplante de pulmão, caso em que o adiamento recomendado é de 2 anos) ou qualquer episódio de rejeição celular aguda.	1B
3	Função estável do aloenxerto e controle ideal de doenças crônicas antes de engravidar.	1B
4	Receptores de TOS em idade reprodutiva devem utilizar métodos contraceptivos altamente eficazes quando utilizarem micofenolato ou outros agentes imunossupressores com risco teratogênico conhecido.	1A
5	Receptores de TOS que desejem engravidar devem fazer transição prévia para regime imunossupressor que possa ser mantido na gestação, estabelecer a dosagem estável da medicação e a função do aloenxerto.	1C
6	Monitoramento rigoroso dos níveis séricos de medicamentos durante a gravidez e no período pós-parto para orientar dosagem de terapia imunossupressora.	1C
7	Gestantes ou que pretendam engravidar devem receber todas as vacinas indicadas antes e durante a gravidez	1C
8	Pelo risco fetal e neonatal da infecção vertical por CMV, o tratamento ou profilaxia com antivirais deve ser feito antes da gravidez, além de rastreamento durante a gestação	2B
9	Uso de AAS para prevenção de pré-eclâmpsia	1C
10	Acesso à cuidados de saúde mental com especialistas e triagem de depressão na gestação e puerpério	Boas práticas
11	Avaliação ultrassonográfica sistemática pelo risco de restrição de crescimento fetal ( a cada 4 a 6 semana)	1C
12	Avaliação da vitalidade fetal a partir da viabilidade do feto	2C
13	Avaliação de função renal pré-gestacional ou no início da gestação para qualquer tipo de TOS	1C
14	Interrupção eletiva das gestações não complicadas no termo (37 – 39+6 semanas)	2B
15	O parto vaginal espontâneo ou induzido ó o mais indicado, de menor risco para o enxerto e a cesariana deve seguir indicação obstétrica	1C
16	Transplantadas renais com HA devem seguir as recomendações para qualquer gestante com HAC (=130/80mmHg)	1C
17	Triagem de bacteriúria assintomática com urocultura mensal para transplantadas renais, e tratamento sempre que urocultura positiva para proteção do enxerto	1C
18	Casos de transplante pâncreas-rim devem seguir as recomendações para transplante renal	1C
19	Caracterizar a condição que levou ao transplante hepático e avaliar função renal em todos os casos	1C
20	Pelas alterações cardiovasculares da gestação, casos de transplante cardíaco precisam atendimento multidisciplinar com cardiologistas e anestesiologistas	Boas práticas
21	Planejamento do parto para minimizar o estresse hemodinâmico e monitoramento eletrocardiográfico intraparto ou intraoperatório contínuo nos casos de transplante cardíaco.	1C

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[1] * Autora correspondente: surita@unicamp.br