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Relatório temático sobre espécies exóticas invasoras no Brasil: sumário para tomadores de decisão

Resumo

Invasões biológicas são uma das maiores ameaças à biodiversidade e à boa qualidade de vida, ocorrendo a partir da translocação de espécies por ação humana. Existem mais de 500 espécies exóticas invadindo ecossistemas atualmente no Brasil, com destaque para plantas e peixes. Pouco se sabe sobre microrganismos invasores. Apesar de existirem espécies exóticas invasoras em todos os ecossistemas no país, a maior parte dos registros foi feita em hábitats com maior interferência humana, como áreas urbanas, periurbanas, terras cultivadas, represas, reservatórios, portos e canais. Historicamente, as regiões sul e sudeste do Brasil apresentam mais espécies exóticas invasoras, mas nas últimas décadas se tem observado um aumento no número de espécies exóticas invasoras nas regiões centro-oeste e norte. O comércio de plantas e peixes ornamentais, assim como o comércio ilegal de mamíferos e répteis silvestres como animais de estimação são algumas das principais vias de introdução e disseminação de espécies exóticas invasoras no Brasil. Sistemas de criação e cultivo que possibilitam o escape para áreas naturais são uma relevante via de introdução em ecossistemas de águas continentais, enquanto introduções não intencionais a partir de navegação e de infraestrutura são de extrema preocupação em ecossistemas marinhos. Os impactos negativos de espécies exóticas invasoras sobre a biota incluem principalmente alterações na estrutura de comunidades e diminuição local da riqueza de espécies nativas, mediados por predação, competição e modificações ecossistêmicas. A maior parte dos impactos negativos registrados ocorreram para espécies introduzidas intencionalmente, como peixes e plantas, mas introduções não intencionais têm levado a impactos na boa qualidade de vida, com custos associados e impactos sobre a saúde humana. A gestão de invasões biológicas esbarra em desafios a serem superados, tais como a falta de conhecimento do público sobre o impacto de espécies exóticas invasoras, o apelo popular de espécies invasoras carismáticas ou utilizadas por humanos e o emprego de técnicas controversas de controle. Entretanto, experiências bem-sucedidas de erradicação e controle em ecossistemas terrestres e marinhos têm sido registrados, alguns deles envolvendo engajamento público nas ações de manejo. Reconhecer o tema como uma política pública transversal e desenvolver experiências continuadas de governança são metas fundamentais para a gestão e o manejo de espécies exóticas invasoras no Brasil.

Palavras-chave
Convenção de Diversidade Biológica; manejo; impactos; invasões biológicas; perda de biodiversidade; serviços ecossistêmicos

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