Resumo
A grande biodiversidade das espécies de peixes neotropicais que possuem a fertilização externa como estratégia reprodutiva, a exemplo do tambaqui, exige análises mais criteriosas em testes toxicológicos dos diversos defensivos agrícolas implementados na agricultura brasileira ao longo dos últimos anos. Nesse contexto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar possíveis alterações espermáticas no sêmen de tambaqui (Colossoma macropomum) exposto a resíduos de dois diferentes pesticidas. Foram utilizadas amostras seminais de machos de tambaqui sexualmente maduros provenientes de uma piscicultura local. O sêmen foi coletado oito horas pós indução hormonal em tubos de vidro graduados. Após avaliação inicial de inexistência de ativação prévia, foi realizado o experimento em esquema fatorial, sendo testados dois pesticidas muito utilizados em sistemas agrícolas (glifosato e fenitrotiona). Para cada pesticida foram testadas cinco concentrações (6, 12, 24, 120 e 240 mg/L), com análise da motilidade nos tempos 0, 30 e 60 segundos pós ativação. Como controle, foi utilizada a ativação com solução de NaCl a 0,9% e análise da motilidade nos mesmos tempos descritos para os pesticidas. Resultados indicam que as amostras in natura exibiram motilidade inicial de 89,2 ± 4,9% e tempo de duração médio de 100 segundos (até 10% de motilidade espermática). A redução da motilidade espermática ocorreu de forma significativa (p < 0,05) após 30 segundos em todas as concentrações testadas, exceto na concentração de 240 mg/L por não ter sido observada ativação. Os testes aqui descritos demonstram que o sêmen de tambaqui se mostrou sensível ao processo de exposição aos resíduos de pesticidas, podendo ser utilizado em análises de biomonitoramento dos referidos defensivos agrícolas.
Palavras-chave
Agricultura; biomonitoramento; ecotoxicologia; peixe amazônico; poluição aquática; qualidade seminal