Resumo:
Os girinos são capazes de perceber e discriminar sinais do ambiente e podem usar essa capacidade em comportamentos e processos ecológicos. Mecanismos de reconhecimento podem estar envolvidos na agregação por meio da atração entre indivíduos, caracterizando um processo social. O presente estudo investigou, por meio de experimentos de laboratório, a presença ou ausência de atração por coespecíficos em girinos de Rhinella icterica e R. ornata, duas espécies simpátricas, da Mata Atlântica do sudeste do Brasil. Coletamos ovos dessas duas espécies no campo e os cultivamos em laboratório de acordo com dois métodos diferentes (isolados ou em grupo de irmãos). Os girinos foram submetidos a experimentos de escolha entre coespecíficos, heteroespecíficos e compartimento vazio. Girinos de Rhinella icterica preferiram associar-se a coespecíficos do que com girinos de R. ornata, e verificamos que este é um comportamento inato. Os girinos de Rhinella ornata não conseguiram discriminar entre coespecíficos e girinos de R. icterica. Quando submetidos à escolha entre um grupo de girinos da outra espécie e um compartimento vazio, os girinos de R. icterica apresentaram distribuição aleatória, enquanto os girinos de R. ornata preferiram associar-se a girinos heteroespecíficos. Nossos resultados indicam que girinos de R. icterica preferem associar-se a coespecíficos, enquanto girinos de R. ornata podem agregar-se indiscriminadamente. Este estudo contribui para uma melhor compreensão do comportamento social de larvas de anuros.
Palavras-chave:
larvas de anuros; comportamento; comunicação; espécies simpátricas; Mata Atlântica; agregação; Sudeste do Brasil