Resumos
Em 1999, conheciam-se 40 espécies de plecópteros do Estado de São Paulo. Em 2009, após os 10 primeiros anos do Programa BIOTA/FAPESP, 16 espécies foram descritas, elevando o total para 56 espécies.
Plecoptera; biota paulista; Programa BIOTA/FAPESP
In 1999 the number of species of stoneflies known from the State of São Paulo was 40. In 2009, during the first ten years of the BIOTA/FAPESP program 16 new species were added, bringing the total to 56 species.
Plecoptera; biodiversity of the State of São Paulo; BIOTA/FAPESP Program
INVENTÁRIOS
Checklist dos Plecoptera (Insecta) do Estado de São Paulo, Brasil
Checklist of Plecoptera from São Paulo State, Brazil
Claudio Gilberto Froehlich* * Autor para correspondência: Claudio Gilberto Froehlich, e-mail: cgfroeh@usp.br
Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, Universidade de São Paulo - USP Av. Bandeirantes, n. 3900, CEP 14040-901, Ribeirão Preto, SP, Brasil
RESUMO
Em 1999, conheciam-se 40 espécies de plecópteros do Estado de São Paulo. Em 2009, após os 10 primeiros anos do Programa BIOTA/FAPESP, 16 espécies foram descritas, elevando o total para 56 espécies.
Número de espécies: no mundo: 3.500 (Fochetti & Tierno de Figueroa 2008), no Brasil: 140, estimadas no Estado de São Paulo: 80.
Palavras-chave: Plecoptera, biota paulista, Programa BIOTA/FAPESP.
ABSTRACT
In 1999 the number of species of stoneflies known from the State of São Paulo was 40. In 2009, during the first ten years of the BIOTA/FAPESP program 16 new species were added, bringing the total to 56 species.
Number of species: in the world: 3,500 (Fochetti & Tierno de Figueroa 2008), in Brazil: 140, estimated in São Paulo State: 80.
Keywords: Plecoptera, biodiversity of the State of São Paulo, BIOTA/FAPESP Program.
Introdução
Os Plecoptera constituem uma ordem relativamente pequena de insetos caracterizados por terem ninfas aquáticas e adultos do ambiente aéreo. Sua posição filogenética é discutida, podendo ser o grupo-irmão dos Neoptera restantes ou o grupo-irmão dos Polyneoptera restantes (Zwick 2009). São cosmopolitas, faltando em muitas ilhas oceânicas e na Antártica. São divididos em 16 famílias, das quais 6 ocorrem na Região Neotropical e apenas duas (Gripopterygidae e Perlidae) no Brasil. Ambas ocorrem no Estado de São Paulo.
Adultos de Plecoptera são encontrados próximos dos rios onde vivem as ninfas. Estas preferem águas limpas e, geralmente, de temperaturas mais baixas, razão porque são mais frequentes em áreas montanhosas.
Foi publicado recentemente um livro sobre a ordem Plecoptera na América Latina (Stark et al. 2009), onde se encontram chaves para famílias e gêneros e informações gerais sobre os táxons.
Metodologia
Para elaboração da lista das espécies do Estado de São Paulo (Tabela 1) foram consultados:
Froehlich (2010): Catalogue of Neotropical Plecoptera. Illiesia, 6 (12): 118-205.
Lecci e Froehlich (2006): Plecoptera. http://sites.ffclrp.usp.br/aguadoce/plecoptera/plecindex.htm. In: Levantamento e biologia de Insecta e Oligochaeta aquáticos de sistemas lóticos do Estado de São Paulo. http://sites.ffclrp.usp.br/aguadoce (última atualização: junho 2008).
Resultados e Discussão
Froehlich (1999), na obra sobre a Biodiversidade do Estado de São Paulo, listou 40 espécies conhecidas do estado. Este número subiu para 56 no presente artigo. O aumento relativamente pequeno de 16 espécies deve-se, por um lado, ao fato de os Plecoptera já serem melhor conhecidos que outras ordens de insetos aquáticos e, por outro lado, à importância dada à ecologia durante o desenvolvimento dos projetos incluídos no Programa BIOTA/FAPESP (Processos 1998/05073-4 e 2003/10517-9), como pode ser visto na lista de artigos publicados e de dissertações ou teses defendidas. Essa ênfase decorreu da percepção de que trabalhos ecológicos sobre a fauna de rios do Estado de São Paulo, em particular os referentes a insetos, eram escassos. Com o crescente uso da biota fluvial, em especial os insetos, em programas de biomonitoramento da qualidade da água e na elaboração de estudos ou relatórios de impactos ambientais, os participantes dos dois projetos de levantamento e biologia de insetos e outros invertebrados junto ao Programa BIOTA/FAPESP sentiram a necessidade de, além dos levantamentos faunísticos, iniciarem um programa de estudos ecológicos.
Os dois projetos contribuíram, sem dúvida, para um conhecimento muito maior da fauna dos macroinvertebrados de águas correntes no Estado, em termos de composição faunística, distribuição geográfica e ecologia. Em ecologia foram abordadas pesquisas de estrutura de comunidades, distribuição espacial em diferentes escalas, distribuição temporal, e influência de fatores ambientais, inclusive daqueles causados pelos impactos antropogênicos. No primeiro projeto foram estudados os Crustacea, Mollusca, Insecta e Oligochaeta e, no segundo, Oligochaeta e Insecta. As ordens de insetos consideradas foram os Ephemeroptera, Odonata, Plecoptera, Coleoptera, Trichoptera e Diptera (famílias Chironomidae e Simuliidae).
Comentários Sobre a Lista, Riqueza do Estado Comparada com Outras Regiões
O conhecimento taxonômico dos insetos aquáticos do Brasil, exceto os de interesse médico, é muito incipiente. A situação é melhor nos Estados de São Paulo, em grande parte devida ao Programa BIOTA/FAPESP, do Rio de Janeiro, pelos trabalhos desenvolvidos por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Instituto Oswaldo Cruz e do Amazonas, por pesquisadores do INPA. O Estado de São Paulo é o que tem o maior número de espécies conhecidas de Plecoptera, 56 até 2009. O segundo é o Estado do Rio de Janeiro, com 32 e o terceiro é Santa Catarina, com 23 espécies. Dez estados brasileiros, principalmente do Nordeste, e o Distrito Federal não têm registros de Plecoptera.
Principais Avanços Relacionados ao Programa BIOTA/FAPESP
Como citado acima, foram adicionadas, até 2009, 16 espécies de Plecoptera à fauna do Estado de São Paulo. Os estudos ecológicos realizados pela equipe dos projetos ligados ao Programa BIOTA/FAPESP, incluindo os Plecoptera, representaram praticamente o início do desenvolvimento dessa área de pesquisa no Estado.
Principais Grupos de Pesquisa
1) Laboratório de Entomologia Aquática, do Departamento de Biologia da FFCL de Ribeirão, Preto, USP, liderado por Claudio Gilberto Froehlich.
2) Laboratório de Biologia Aquática, UNESP, campus de Assis, liderado por Pitágoras da Conceição Bispo.
Principais Acervos
O principal acervo de Plecoptera encontra-se no Museu de Zoologia da USP, onde se encontra depositado o material já estudado dos projetos BIOTA e de projetos anteriores. Material em estudo encontra-se no Laboratório de Entomologia Aquática, Departamento de Biologia, FFCLRP, USP de Ribeirão Preto e no Laboratório de Biologia Aquática, UNESP, campus de Assis, onde é também mantida uma coleção de referência.
Principais Lacunas do Conhecimento
Grandes áreas do Estado de São Paulo permanecem inexploradas quanto aos insetos aquáticos. Com o tempo, essas áreas deverão ser amostradas.
Perspectivas de Pesquisa para os Próximos 10 Anos
Os estudos ecológicos sobre os insetos aquáticos devem ser incrementados pela importância que têm adquirido com a crescente preocupação pela qualidade ambiental e necessidade de biomonitoramento. Ao mesmo tempo, as pesquisas taxonômicas são fundamentalmente necessárias para as pesquisas ecológicas, além do interesse acadêmico. No caso dos Plecoptera, além de ampliar o conhecimento da ordem, estudos filogenéticos, já iniciados, devem ter prosseguimento.
Recebido em 10/05/2010
Versão reformulada recebida em 05/10/2010
Publicado em 15/12/2010
Clique para ampliar
Clique para ampliar
Clique para ampliar
- FOCHETTI, R. & TIERNO DE FIGUEROA, J.M. 2008. Global diversity of stoneflies (Plecoptera; Insecta) in freshwater. Hydrobiologia 595:365-377. http://dx.doi.org/10.1007/s10750-007-9031-3
- FROEHLICH, C.G. 1999. Insetos Plecópteros. In: Biodiversidade do Estado de São Paulo. Invertebrados de água doce. (D. Ismael, C. Valenti, T. Matsumura-Tundisi & O. Rocha, eds.). FAPESP, São Paulo, v.4, cap.23, p.159-160.
- FROEHLICH, C.G. 2010. Catalogue of Neotropical Plecoptera. Illiesia 6(12):118-205.
- LECCI, L.S. & FROEHLICH, C.G. 2006. Plecoptera. In Levantamento e biologia de Insecta e Oligochaeta aquáticos de sistemas lóticos do Estado de São Paulo. http://sites.ffclrp.usp.br/aguadoce/plecoptera/plecindex.htm: (último acesso em 17/02/2011).
- STARK, B.P., FROEHLICH, C. & ZÚÑIGA, M.C. 2009. South American Stoneflies (Plecoptera). Aquatic Biodiversity in Latin America. Pensoft, Sofia & Moscow, v.5., 154p.
- ZWICK, P. 2009. The Plecoptera - who are they? The problematic placement of stoneflies in the phylogenetic system of insects. Aquat. Ins. 31(Suppl. 1):181-194. http://dx.doi.org/10.1080/01650420802666827
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
03 Out 2012 -
Data do Fascículo
Dez 2011
Histórico
-
Recebido
10 Maio 2010 -
Aceito
15 Dez 2010