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Dor aguda e crônica pós-operatória: conhecimento de anestesiologistas e cirurgiões do Nordeste do Brasil sobre sua definição e prevenção

DESTAQUES

  • • Existe uma clara lacuna no treinamento médico quanto ao manejo da dor pós-operatória.

  • • É necessária uma melhora na educação e na compreensão dos conceitos relacionados à dor entre profissionais da anestesiologia e cirurgia.

  • • Fica evidente a urgência em reavaliar a inclusão de conteúdos sobre dor nos currículos dos cursos de medicina.

RESUMO

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS:

A dor pós-operatória crônica (DPC) pode ser definida como uma dor que persiste por dois ou mais meses após a cirurgia, após a exclusão de outras causas. No Brasil, faltam dados confiáveis sobre a incidência de dor pós-operatória aguda e crônica, bem como seu impacto nos pacientes. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento de anestesiologistas e cirurgiões sobre o manejo da DPC.

MÉTODOS:

Este estudo observacional transversal foi realizado por meio de um questionário online distribuído a uma amostra não probabilística de conveniência de anestesiologistas e cirurgiões. O questionário, administrado por meio do Google Forms™, consistia em 22 questões abrangendo informações sociodemográficas, autoavaliação do conhecimento, manejo terapêutico da dor pós-operatória e percepção da necessidade de treinamento adicional. O teste Qui-quadrado ou o Exato de Fisher foi utilizado para analisar os dados.

RESULTADOS:

Os principais achados sociodemográficos indicaram diferença de sexo (p=0,03) entre os cirurgiões. Dos 109 participantes, a maioria não possuía expertise ou especialização no manejo da dor (p=0,02) e obtiveram conhecimento sobre dor e analgesia somente após a graduação (p=0,013). Os cirurgiões forneceram mais respostas incorretas sobre a definição de dor aguda (p<0,001) e dor crônica (p=0,003) do que os anestesiologistas. A maioria dos participantes afirmou se lembrar de ao menos dois fatores de risco para o desenvolvimento de dor crônica em pacientes cirúrgicos (p=0,001). Os participantes não recomendaram o uso de antidepressivos (p=0,024) ou antiepilépticos (p=0,013) para o tratamento da dor aguda. Os anestesiologistas consideraram os opioides fortes adequados para o controle da dor aguda (p<0,001). Em relação à dor crônica, 70,7% dos cirurgiões e 89,7% dos anestesiologistas acreditam que os fármacos antiepilépticos podem ser eficazes no controle desse tipo de dor (p=0,018). O maior tempo de formação foi relacionado a um menor estudo da dor durante a graduação (p=0,041).

CONCLUSÃO:

Cirurgiões e anestesiologistas mostraram déficits substanciais no conhecimento sobre dor pós-operatória. É preciso reavaliar a inclusão do tema da dor nos currículos médicos, e uma abordagem mais prática do tema pode beneficiar muito os futuros profissionais que atuam nessa área.

Descritores
Anestesiologistas; Cirurgiões; Conhecimento; Dor; Pós-operatório

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