Acessibilidade / Reportar erro

A termografia infravermelha pode substituir outros métodos de avaliação da intensidade da dor orofacial? Revisão sistemática

RESUMO

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS:

A mensuração da dor é complexa devido aos seus vários componentes, incluindo o aspecto subjetivo. É extremamente importante estabelecer um método eficaz e seguro para avaliar a dor orofacial (DOF). O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão sistemática para verificar se a termografia infravermelha (TI) pode ser usada como substituta de outros métodos de avaliação da intensidade da DOF neuropática ou musculoesquelética.

CONTEÚDO:

Foram pesquisados cinco bancos de dados: Pubmed, Scielo, Web of Science, Scopus e Cochrane. A questão PECO foi usada para orientar a definição dos critérios de elegibilidade usados para selecionar os artigos. O risco de viés foi analisado usando a escala Joanna Briggs. Cinco estudos atenderam aos critérios de elegibilidade. Dos cinco estudos elegíveis, quatro relataram uma associação entre a intensidade da DOF e a temperatura. Desses, um artigo mostrou que os pacientes com distúrbios temporomandibulares (DTM) e dor apresentaram um aumento na temperatura quando comparados com indivíduos sem dor. Os outros três artigos mostraram uma diminuição da temperatura com o aumento da intensidade da dor. Em apenas um estudo a intensidade da dor não foi significativamente associada à temperatura.

CONCLUSÃO:

A TI não substitui outros métodos de avaliação da intensidade da dor, mas é um importante aliado para complementar os procedimentos diagnósticos. São necessárias investigações adicionais para encontrar um método padronizado de obtenção e análise de imagens infravermelhas orofaciais.

Descritores:
Dor facial; Revisão sistemática; Termografia

ABSTRACT

BACKGROUND AND OBJECTIVES:

Measuring pain is complex due to its various components, including the subjective aspect. Establishing an effective and safe method for assessing orofacial pain (OFP) is extremely important. The objective of this study was to conduct a systematic review to verify whether Infrared Thermography (IT) can be used as a substitute for other methods of evaluating the intensity of neuropathic or musculoskeletal OFP.

CONTENTS:

Five databases were searched: Pubmed, Scielo, Web of Science, Scopus, and Cochrane. The PECO question was used to guide the definition of eligibility criteria used to select the articles. The risk of bias was analyzed using the Joanna Briggs scale. Five studies met the eligibility criteria. Of the five eligible studies, four reported an association between orofacial pain intensity and temperature. Of these, one article showed that patients with temporomandibular disorders (TMD) and pain showed an increase in temperature when compared with individuals without pain. The other three articles showed a decrease in temperature with increasing pain intensity. In only one study pain intensity was not significantly associated with temperature.

CONCLUSION:

IT does not replace other pain intensity assessment methods, but it is an important ally for complementing diagnostic procedures. Additional investigations are necessary to find a standardized method for obtaining and analyzing orofacial infrared images.

Keywords:
Facial pain; Systematic review; Thermography

DESTAQUES

Esta revisão fornece uma análise atualizada da relação entre a intensidade da dor orofacial neuropática ou musculoesquelética e a temperatura.

A termografia infravermelha não substitui outros métodos de avaliação da intensidade da dor, mas serve como um complemento valioso para os procedimentos de diagnóstico.

São necessárias mais investigações para estabelecer um método padronizado de obtenção e análise de imagens infravermelhas orofaciais.

INTRODUÇÃO

A dor orofacial (DOF) é uma condição relacionada aos tecidos moles e duros da cabeça, face e pescoço, potencialmente causada por alterações pulpares e periodontais, vasculares, glandulares, musculares e ósseas, envolvimento dos seios da face e estruturas articulares11 De Rossi S. Orofacial pain: a primer. Dent Clin North Am. 2013;57(3):383-92.. Os fatores de risco para a DOF incluem dor crônica generalizada, sexo feminino, idade e fatores psicológicos22 Shaefer JR, Khawaja SN, Bavia PF. Sex, gender, and orofacial pain. Dent Clin North Am. 2018;62(4):665-82..

É essencial obter o máximo de informações possível sobre as experiências de dor do paciente, pois elas são individuais e subjetivas. Também é necessário considerar as expectativas do paciente em relação ao tratamento, sua saúde em geral e o impacto causado pela dor em sua qualidade de vida33 Hadlaq EM, Khan H, Mubayrik AB, Almuflehi NS, Mawardi H. Dentists’ knowledge of chronic orofacial pain. Niger J Clin Pract. 2019;22(10):1365-71.. Essas informações devem ser obtidas por meio do relato detalhado do paciente sobre o histórico de dor, avaliação clínica adequada, incluindo exame físico abrangente da região dentária, de cabeça e pescoço, palpação, escala analógica visual (EAV) ou escala categórica numérica (ECN), DC/TMD (Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders), RDC/TMD (Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders), Índice Anamnésico de Fonseca (IAF) e exames radiográficos complementares44 Czaplik M, Hochhausen N, Dohmeier H, Pereira CB, Rossaint R. Development of a Thermal-Associated Pain Index score using infrared-thermography for objective pain assessment. Annu Int Conf IEEE Eng Med Biol Soc. 2017:3831-4.

5 Liang H. Imaging in orofacial pain. Dent Clin North Am. 2018;64(4):533-52.
-66 Badel T, Zadravec D, Bašić Kes V, Smoljan M, Kocijan Lovko S, Zavoreo I, Krapac L, Anić Milošević S. Orofacial pain - diagnostic and therapeutic challenges. Acta Clin Croat. 2019;58(Suppl 1):82-9.. No entanto, são métodos com implicações e limitações com relação à sua aplicação.

Para EAV e ECN, é essencial que o paciente esteja totalmente consciente e cooperativo. A observação de parâmetros ou sinais clínicos inespecíficos, além da avaliação subjetiva de parâmetros vitais ou alterações neles, como fluxo lacrimal, sudorese, movimentos defensivos e expressões faciais do paciente, pode ser usada para avaliar a dor. Essas avaliações exigem ampla experiência clínica e observação atenta por parte do dentista44 Czaplik M, Hochhausen N, Dohmeier H, Pereira CB, Rossaint R. Development of a Thermal-Associated Pain Index score using infrared-thermography for objective pain assessment. Annu Int Conf IEEE Eng Med Biol Soc. 2017:3831-4.. Para RDC/TMD e DC/TMD, o operador precisa de treinamento extensivo e domínio do método de avaliação77 Schiffman E, Ohrbach R, Truelove E, Look J, Anderson G, Goulet JP, List T, Svensson P, Gonzalez Y, Lobbezoo F, Michelotti A, Brooks SL, Ceusters W, Drangsholt M, Ettlin D, Gaul C, Goldberg LJ, Haythornthwaite JA, Hollender L, Jensen R, John MT, De Laat A, de Leeuw R, Maixner W, van der Meulen M, Murray GM, Nixdorf DR, Palla S, Petersson A, Pionchon P, Smith B, Visscher CM, Zakrzewska J, Dworkin SF; International RDC/TMD Consortium Network, International association for Dental Research; Orofacial Pain Special Interest Group, International Association for the Study of Pain. Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (DC/TMD) for Clinical and Research Applications: recommendations of the International RDC/TMD Consortium Network* and Orofacial Pain Special Interest Group†. J Oral Facial Pain Headache. 2014 Winter;28(1):6-27.. Para os exames complementares de imagem, incluindo ressonância magnética (RM), tomografia computadorizada (TC) e tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC), há um alto custo envolvido, exposição direta do paciente à radiação ionizante nos exames tomográficos, além da falta de informações na análise de aspectos funcionais fisiológicos, como a microcirculação e o sistema nervoso autônomo da região analisada88 Haddad DS, Brioschi ML, Vardasca R, Weber M, Crosato EM, Arita ES. Thermography characterization of masticatory muscle regions in volunteers with and without myogenous temporomandibular disorder: preliminary results. Dentomaxilofac Radiol. 2014;43(8);20130440..

A termografia infravermelha (TI) vem ganhando espaço como método diagnóstico alternativo. A TI é um método indolor, não invasivo, não ionizante e de baixo custo que revela a distribuição da temperatura corporal e detecta alterações funcionais, nervosas e vasculares por meio de imagens fotográficas em tempo real, com base na captura e transmissão da radiação infravermelha que emana da pele humana99 Manfredini D, Guarda-Nardini L, Winocur E, Piccotti F, Ahlberg J, Lobbezoo F. Research diagnostic criteria for temporomandibular disorders: a systematic review of axis I epidemiologic findings. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radio Endod. 2011;112(4):453-62.. Apesar das vantagens, os valores de temperatura são diretamente afetados pelas condições ambientais e do paciente, que devem ser cuidadosamente controladas para evitar a obtenção de dados imprecisos de temperatura corporal pela TI1010 de Melo DP, Bento PM, Peixoto LR, Martins SKLD, Martins CC. Is infrared thermography effective in the diagnosis of temporomandibular disorders? A systematic review. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol. 2019;127(2):185-92.. Também é importante observar que a imagem termográfica não é um quadro de dor, mas sim uma ferramenta indireta para detectar alterações no suprimento vascular cutâneo, que normalmente resultam em variações na temperatura da pele1111 Taylor H, Warfield CA. Thermography of pain: instrumentation and uses. Hosp Pract (Off Ed). 1985;20(11):164-9.. A TI é um teste fisiológico e, como qualquer teste fisiológico, os valores normais devem ser estabelecidos. Vários autores demonstraram que indivíduos normais apresentam simetria térmica, ou seja, partes correspondentes em lados opostos do corpo apresentam diferenças de temperatura extremamente pequenas1111 Taylor H, Warfield CA. Thermography of pain: instrumentation and uses. Hosp Pract (Off Ed). 1985;20(11):164-9.,1212 Mongini F, Caselli C, Macrì V, Tetti C. Thermographic findings in cranio-facial pain. Headache. 1990;30(8):497-504.. Portanto, qualquer padrão alterado deve ser correlacionado com outros achados clínicos ou testes diagnósticos estabelecidos1111 Taylor H, Warfield CA. Thermography of pain: instrumentation and uses. Hosp Pract (Off Ed). 1985;20(11):164-9..

Os padrões termográficos podem variar em diferentes condições dolorosas1111 Taylor H, Warfield CA. Thermography of pain: instrumentation and uses. Hosp Pract (Off Ed). 1985;20(11):164-9.,1313 Ring EF, Ammer K. Infrared thermal imaging in medicine. Physiol Meas. 2012;33(3):R33-46.. Por exemplo, na distrofia simpática reflexa crônica, geralmente é observado um padrão difuso de hipotermia. Nas síndromes miofasciais, as áreas de gatilho geralmente têm uma temperatura elevada1111 Taylor H, Warfield CA. Thermography of pain: instrumentation and uses. Hosp Pract (Off Ed). 1985;20(11):164-9.. A literatura também diverge com relação ao comportamento da temperatura nos músculos mastigatórios em casos de DOF. Alguns estudos indicaram um aumento da temperatura muscular em indivíduos com DTM em comparação com um grupo de controle1414 Pogrel MA, Erbez G, Taylor RC, Dodson TB. Liquid Crystal thermography as a diagnostic aid and objective monitor for TMJ dysfunction and myogenic facial pain. J Craniomandib Disord. 1989;3(2):65-70.,1515 Nemcovsky CE, Benvenisti A, Gazit E. Variation of skin surface temperature over the masseter muscles in patients with myofascial pain following occlusal splint treatment. J Oral Rehabil. 1995;22(10):763-73., enquanto outros relataram uma diminuição da temperatura1616 Gratt BM, Sickles EA, Ross JB, Wexler CE, Gornbein JA. Thermographic assessment of craniomandibular disorders: diagnostic interpretation versus temperature measurement analysis. J Orofac Pain. 1994;8(3)278-88.,1717 Barão VA, Gallo AK, Zuim PR, Garcia AR, Assunção WG. Effect of occlusal splint treatment on the temperature of different muscles in patients with TMD. J Prosthodont Res. 2011;55(1):19-23..

Sabe-se que medir a dor é uma tarefa complexa devido aos diferentes componentes envolvidos, inclusive o aspecto subjetivo. O estabelecimento de um método de avaliação eficaz e seguro para a DOF é de extrema importância. Além disso, saber mais sobre a relação entre a intensidade da dor e a temperatura é essencial para estabelecer uma abordagem de tratamento mais assertiva. Portanto, o objetivo deste estudo foi avaliar a TI como uma possível ferramenta diagnóstica para substituir outros métodos de avaliação da intensidade da DOF.

CONTEÚDO

A presente revisão sistemática foi conduzida e relatada de acordo com as diretrizes PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses)1818 Moher D, Shamseer L, Clarke M, Ghersi D, Liberati A, Petticrew M, Shekelle P, Stewart LA; PRISMA-P Group. Preferred reporting items for systematic review and meta-analysis protocols (PRISMA-P) 2015 statement. Syst Rev. 2015;4(1):1. e registrada na plataforma Inplasy (International Platform of Registered Systematic Review and Meta-analysis Protocols), com o número de protocolo 202330091.

Estudos que usaram a TI como método de avaliação de pacientes adultos com DOF foram considerados elegíveis. Foram incluídos ensaios clínicos, estudos de caso-controle, estudos de coorte e casos clínicos com mais de três pacientes. Não foram aplicadas restrições quanto ao idioma ou ao ano de publicação. Os critérios de exclusão foram: (1) estudos de revisão da literatura, revisão sistemática, cartas ao editor, capítulos de livros, casos clínicos com até três pacientes; (2) estudos em animais; (3) estudos laboratoriais ex-vivo ou in-vitro; (4) estudos com uma população com menos de 18 anos de idade; (5) estudos que não atendiam ao objetivo desta revisão sistemática; (6) estudos sem um grupo de controle; (7) estudos em que a TI foi aplicada em diferentes regiões da região orofacial; (8) estudos em que a TI foi usada para avaliar e/ou comparar tratamentos e (9) estudos sem outro método de avaliação e comparação da intensidade da DOF de origem neuropática ou musculoesquelética.

A questão orientadora desta revisão sistemática (questão PECO) foi: a TI pode substituir outros métodos de avaliação da intensidade da DOF em pacientes adultos? Sendo que P (população) se referia a pacientes adultos com histórico de DOF neuropática ou musculoesquelética; E (exposição) se referia à exposição ao exame de TI; C (controle) se referia a outros métodos de avaliação da intensidade da DOF; e O (outcome - resultado) se referia à correlação da TI com outros métodos de avaliação da intensidade da DOF.

Estratégia de pesquisa

Cinco bancos de dados eletrônicos foram pesquisados para identificar estudos com possível relevância: Pubmed, Scielo, Web of Science, SciVerse Scopus e Biblioteca Cochrane. Descritores Mesh (Medical Subject Headings) e não-Mesh foram usados para definir as palavras-chave relacionadas a Orofacial Pain (dor orofacial) e Infrared Thermography (termografia infravermelha). Os operadores booleanos OR e AND foram usados no cruzamento de palavras-chave. Outras pesquisas foram realizadas na literatura cinzenta (OpenGrey), na plataforma Google Scholar e foi feita uma pesquisa manual das referências dos estudos incluídos. A tabela 1 apresenta a estratégia de pesquisa nos diferentes bancos de dados.

Tabela 1
Estratégias de pesquisa para todos os bancos de dados

Seleção de estudos e extração de dados

Após coletar as referências de todos os bancos de dados e remover as duplicatas, iniciou-se a primeira etapa de avaliação dos artigos, com base nos títulos e resumos. Dois autores calibrados e independentes realizaram essa etapa. Os estudos que não atenderam aos critérios de inclusão foram excluídos.

Os estudos considerados relevantes foram obtidos na íntegra para leitura e foram avaliados quanto à inclusão ou não nesta revisão. Em caso de discordância entre os autores, a decisão foi tomada por consenso e pela avaliação de um terceiro autor. Após a aplicação dos critérios de elegibilidade, 65 artigos foram selecionados para leitura na íntegra. Desses, 64 artigos estavam disponíveis para leitura completa e conclusão da segunda etapa. A plataforma ResearchGate foi usada para entrar em contato com os autores do único artigo não encontrado, e uma resposta positiva foi obtida. Também foi realizada uma busca manual, que não resultou na inclusão de artigos.

Os dados foram extraídos pelos mesmos dois autores, de forma independente. Em caso de divergência, um terceiro autor estipulou o consenso. Foram extraídos os seguintes dados: nome do(s) autor(es), ano de publicação, país, desenho do estudo, tamanho da amostra, grupos avaliados, condições sintomatológicas, regiões/ músculos/pontos orofaciais avaliados, protocolos de aquisição da termografia (especificações do ambiente, especificações do paciente, regiões examinadas), outros exames realizados, critérios de mensuração da temperatura, critérios de mensuração da intensidade da DOF, resultados encontrados e conclusão. No caso de qualquer informação não obtida nos artigos, foi utilizado o termo não informado.

Avaliação do risco de viés

As avaliações da qualidade metodológica e do risco de viés de cada estudo foram realizadas por dois revisores, independentemente, usando a escala Joanna Briggs para estudos analíticos de corte transversal. Em caso de divergência, o supervisor estabeleceu o consenso. Essa escala foi composta de nove perguntas (itens) e, para cada item, os revisores atribuíram quatro tipos de respostas possíveis, a saber: Sim, Não, Não está claro e Não se aplica. Os avaliadores foram calibrados com relação aos parâmetros estabelecidos para cada uma das possíveis respostas e as pontuações atribuídas foram: Sim = 1, Não = 0, Não está claro e Não se aplica = 0.

Após o julgamento dos itens, os avaliadores definiram a qualidade metodológica geral de cada estudo para classificá-los como bom, moderado ou ruim, com base em uma pontuação geral de respostas Sim. A interpretação das respostas obtidas foi feita de acordo com a metodologia de um estudo de referência1919 Vo MTH, Thonglor R, Moncatar TJR, Han TDT, Tejativaddhana P, Nakamura K. Fear of falling and associated factors among older adults in Southeast Asia: a systematic review. Public Health. 2023;222:215-28., o qual considerou que se a pontuação geral apresentada fosse < 50%, o artigo deveria ser classificado como ruim, se fosse entre 50% e 80% seria moderado, e se fosse > 80% seria bom.

RESULTADOS

O fluxograma PRISMA com a apresentação do processo de seleção de estudos ao longo da revisão sistemática está ilustrado na figura 1. Após a triagem de 7.194 estudos em todos os bancos de dados, 65 artigos foram pré-selecionados para leitura na íntegra e análise. Desses, 60 foram excluídos por não atenderem aos critérios de elegibilidade, e cinco artigos foram incluídos nesta revisão. O tamanho da amostra dos cinco estudos incluídos variou de 23 a 86 pacientes88 Haddad DS, Brioschi ML, Vardasca R, Weber M, Crosato EM, Arita ES. Thermography characterization of masticatory muscle regions in volunteers with and without myogenous temporomandibular disorder: preliminary results. Dentomaxilofac Radiol. 2014;43(8);20130440.,2020 Barbosa JS, Amorim A, Arruda M, Medeiros G, Freitas A, Vieira L, Melo DP, Bento PM. Infrared thermography assessment of patients with temporomandibular disorders. Dentomaxillofac Radiol. 2020;49(4):20190392.. Quatro estudos descreveram o sexo e a idade dos pacientes avaliados, um com mulheres de 22 a 82 anos2121 Haddad DS, Brioschi ML, Arita ES. Thermographic and clinical correlation of myofascial triggerpoints in the masticatory muscles. Dentomaxilofac Radiol. 2012;41:621-9., um com mulheres de 18 a 40 anos2222 Dibai-Filho AV, Costa ACS, Packer AC, Rodrigues-Bigaton D. Correlation between skin surface temperature over masticatory muscles and pain intensity in women with myogenous temporomandibular disorder. J Back Musculoskelet Rehabil. 2013;26(3):323-8., um com mulheres de 33 a 49 anos88 Haddad DS, Brioschi ML, Vardasca R, Weber M, Crosato EM, Arita ES. Thermography characterization of masticatory muscle regions in volunteers with and without myogenous temporomandibular disorder: preliminary results. Dentomaxilofac Radiol. 2014;43(8);20130440., um com ambos os sexos de 18 a 60 anos2020 Barbosa JS, Amorim A, Arruda M, Medeiros G, Freitas A, Vieira L, Melo DP, Bento PM. Infrared thermography assessment of patients with temporomandibular disorders. Dentomaxillofac Radiol. 2020;49(4):20190392.. Um estudo não informou o sexo e a idade dos participantes2323 Canavan D, Gratt BM. Electronic thermography for the assessment of mild and moderate temporomandibular joint dysfunction. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1995;79(6):779-85.. Quatro estudos foram realizados em pacientes com DTM e sem DTM88 Haddad DS, Brioschi ML, Vardasca R, Weber M, Crosato EM, Arita ES. Thermography characterization of masticatory muscle regions in volunteers with and without myogenous temporomandibular disorder: preliminary results. Dentomaxilofac Radiol. 2014;43(8);20130440.,2020 Barbosa JS, Amorim A, Arruda M, Medeiros G, Freitas A, Vieira L, Melo DP, Bento PM. Infrared thermography assessment of patients with temporomandibular disorders. Dentomaxillofac Radiol. 2020;49(4):20190392.,2222 Dibai-Filho AV, Costa ACS, Packer AC, Rodrigues-Bigaton D. Correlation between skin surface temperature over masticatory muscles and pain intensity in women with myogenous temporomandibular disorder. J Back Musculoskelet Rehabil. 2013;26(3):323-8.,2323 Canavan D, Gratt BM. Electronic thermography for the assessment of mild and moderate temporomandibular joint dysfunction. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1995;79(6):779-85. e um foi realizado em pacientes com pontos-gatilho miofaciais2121 Haddad DS, Brioschi ML, Arita ES. Thermographic and clinical correlation of myofascial triggerpoints in the masticatory muscles. Dentomaxilofac Radiol. 2012;41:621-9..

Figura 1
Fluxograma PRISMA 2020 para apresentar o processo de seleção de estudos durante a revisão sistemática

Quatro estudos usaram protocolos de aquisição de imagens termográficas, sendo que três estudos citaram o protocolo recomendado pela Academia de Termografia Neuromuscular (Academy of Neuro-Muscular Thermography)88 Haddad DS, Brioschi ML, Vardasca R, Weber M, Crosato EM, Arita ES. Thermography characterization of masticatory muscle regions in volunteers with and without myogenous temporomandibular disorder: preliminary results. Dentomaxilofac Radiol. 2014;43(8);20130440.,2121 Haddad DS, Brioschi ML, Arita ES. Thermographic and clinical correlation of myofascial triggerpoints in the masticatory muscles. Dentomaxilofac Radiol. 2012;41:621-9.,2323 Canavan D, Gratt BM. Electronic thermography for the assessment of mild and moderate temporomandibular joint dysfunction. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1995;79(6):779-85., um usou a referência da Academia Americana de Termologia (American Academy of Thermology)2020 Barbosa JS, Amorim A, Arruda M, Medeiros G, Freitas A, Vieira L, Melo DP, Bento PM. Infrared thermography assessment of patients with temporomandibular disorders. Dentomaxillofac Radiol. 2020;49(4):20190392. e um estudo usou seu próprio protocolo2222 Dibai-Filho AV, Costa ACS, Packer AC, Rodrigues-Bigaton D. Correlation between skin surface temperature over masticatory muscles and pain intensity in women with myogenous temporomandibular disorder. J Back Musculoskelet Rehabil. 2013;26(3):323-8..

Três estudos usaram a EAV88 Haddad DS, Brioschi ML, Vardasca R, Weber M, Crosato EM, Arita ES. Thermography characterization of masticatory muscle regions in volunteers with and without myogenous temporomandibular disorder: preliminary results. Dentomaxilofac Radiol. 2014;43(8);20130440.,2121 Haddad DS, Brioschi ML, Arita ES. Thermographic and clinical correlation of myofascial triggerpoints in the masticatory muscles. Dentomaxilofac Radiol. 2012;41:621-9.,2222 Dibai-Filho AV, Costa ACS, Packer AC, Rodrigues-Bigaton D. Correlation between skin surface temperature over masticatory muscles and pain intensity in women with myogenous temporomandibular disorder. J Back Musculoskelet Rehabil. 2013;26(3):323-8. como critério para medir a intensidade da dor, dois estudos usaram a ECN2020 Barbosa JS, Amorim A, Arruda M, Medeiros G, Freitas A, Vieira L, Melo DP, Bento PM. Infrared thermography assessment of patients with temporomandibular disorders. Dentomaxillofac Radiol. 2020;49(4):20190392.,2323 Canavan D, Gratt BM. Electronic thermography for the assessment of mild and moderate temporomandibular joint dysfunction. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1995;79(6):779-85.. Quatro estudos relataram uma associação entre a intensidade da dor e a temperatura88 Haddad DS, Brioschi ML, Vardasca R, Weber M, Crosato EM, Arita ES. Thermography characterization of masticatory muscle regions in volunteers with and without myogenous temporomandibular disorder: preliminary results. Dentomaxilofac Radiol. 2014;43(8);20130440.,2020 Barbosa JS, Amorim A, Arruda M, Medeiros G, Freitas A, Vieira L, Melo DP, Bento PM. Infrared thermography assessment of patients with temporomandibular disorders. Dentomaxillofac Radiol. 2020;49(4):20190392.,2121 Haddad DS, Brioschi ML, Arita ES. Thermographic and clinical correlation of myofascial triggerpoints in the masticatory muscles. Dentomaxilofac Radiol. 2012;41:621-9.,2323 Canavan D, Gratt BM. Electronic thermography for the assessment of mild and moderate temporomandibular joint dysfunction. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1995;79(6):779-85.. Um artigo mostrou que os pacientes com DTM e dor tinham temperatura aumentada em comparação com indivíduos normais sem dor2323 Canavan D, Gratt BM. Electronic thermography for the assessment of mild and moderate temporomandibular joint dysfunction. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1995;79(6):779-85., enquanto os outros demonstraram uma diminuição da temperatura com o aumento da intensidade da dor88 Haddad DS, Brioschi ML, Vardasca R, Weber M, Crosato EM, Arita ES. Thermography characterization of masticatory muscle regions in volunteers with and without myogenous temporomandibular disorder: preliminary results. Dentomaxilofac Radiol. 2014;43(8);20130440.,2020 Barbosa JS, Amorim A, Arruda M, Medeiros G, Freitas A, Vieira L, Melo DP, Bento PM. Infrared thermography assessment of patients with temporomandibular disorders. Dentomaxillofac Radiol. 2020;49(4):20190392.,2121 Haddad DS, Brioschi ML, Arita ES. Thermographic and clinical correlation of myofascial triggerpoints in the masticatory muscles. Dentomaxilofac Radiol. 2012;41:621-9.. Em apenas um estudo, a intensidade da dor não foi significativamente associada à temperatura2222 Dibai-Filho AV, Costa ACS, Packer AC, Rodrigues-Bigaton D. Correlation between skin surface temperature over masticatory muscles and pain intensity in women with myogenous temporomandibular disorder. J Back Musculoskelet Rehabil. 2013;26(3):323-8.. A tabela 2 apresenta as informações extraídas dos estudos incluídos na presente revisão.

Tabela 2
Compilado a partir da extração de dados de artigos incluídos nesta revisão sistemática

Considerando a aplicação da escala Joanna Briggs para avaliar os estudos incluídos, os resultados gerais sugeriram uma qualidade moderada, uma vez que os estudos apresentaram uma pontuação média variando de 6 a 7 pontos (66,66% a 77,77%) de um total de 9 pontos (100%). Nenhum estudo apresentou alto risco de viés, de acordo com os parâmetros de avaliação utilizados1919 Vo MTH, Thonglor R, Moncatar TJR, Han TDT, Tejativaddhana P, Nakamura K. Fear of falling and associated factors among older adults in Southeast Asia: a systematic review. Public Health. 2023;222:215-28.. As perguntas que mais afetaram as pontuações foram: O tamanho da amostra foi adequado?, para a qual nenhum estudo demonstrou cálculo apropriado do tamanho da amostra ou representou uma amostra grande o suficiente para fornecer alta validade, e A análise de dados foi realizada em uma porção suficiente da amostra identificada?, uma vez que esses dados não foram apresentados em nenhum dos estudos em questão. A tabela 3 apresenta a avaliação crítica da qualidade metodológica dos estudos incluídos.

Tabela 3
Avaliação crítica da qualidade metodológica dos estudos incluídos, usando a escala Joanna Briggs

DISCUSSÃO

A variação da temperatura corporal tem sido objeto de estudo desde os tempos antigos. Durante a inflamação ou o processo de reparo de tecidos traumatizados, as fibras nociceptivas podem se tornar sensíveis e causar dor. A ativação dos nociceptores é modulada por substâncias algogênicas endógenas (potássio, prostaglandinas, leucotrienos, serotonina, bradicinina, histamina, substância P, etc.). Esses mediadores influenciam o nível de atividade nervosa e, consequentemente, a intensidade da dor. Os neuropeptídeos, como a substância P, causam vasodilatação e edema e podem ser responsáveis pelo aquecimento da pele produzido pela dor1111 Taylor H, Warfield CA. Thermography of pain: instrumentation and uses. Hosp Pract (Off Ed). 1985;20(11):164-9.. A TI tem sido usada para estudar uma série de doenças em que a temperatura pode refletir a presença de inflamação nos tecidos subjacentes, ou seja, onde o fluxo sanguíneo é aumentado ou diminuído devido a uma anormalidade clínica1313 Ring EF, Ammer K. Infrared thermal imaging in medicine. Physiol Meas. 2012;33(3):R33-46..

Com base na relação estabelecida entre dor, atividade muscular e temperatura da superfície da pele, a TI tem sido considerada uma possível ferramenta diagnóstica para avaliar a DOF2222 Dibai-Filho AV, Costa ACS, Packer AC, Rodrigues-Bigaton D. Correlation between skin surface temperature over masticatory muscles and pain intensity in women with myogenous temporomandibular disorder. J Back Musculoskelet Rehabil. 2013;26(3):323-8., de forma não ionizante, indolor e segura para os pacientes99 Manfredini D, Guarda-Nardini L, Winocur E, Piccotti F, Ahlberg J, Lobbezoo F. Research diagnostic criteria for temporomandibular disorders: a systematic review of axis I epidemiologic findings. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radio Endod. 2011;112(4):453-62.. Ela pode demonstrar a atividade cutânea, vasomotora e neurovegetativa, com base na captura e transformação da radiação infravermelha emitida pela pele humana em imagens que refletem a dinâmica microcirculatória local1111 Taylor H, Warfield CA. Thermography of pain: instrumentation and uses. Hosp Pract (Off Ed). 1985;20(11):164-9.,2424 Anbar M, Gratt BM. The possible role of nitric oxide in the physiopathology of pain associated with temporomandibular joint disorders. J Oral Maxillofac Surg. 1998;56(7):872-82.,2525 Vargas JVC, Brioschi ML, Dias FG, Parolin MB, Mulinari-Brenner FA, Ordonez JC, et al. Metodologia normalizada para imagens médicas infravermelhas. Tecnol Física Infravermelha. 2009;52:42-7.. Nesta revisão sistemática, três estudos88 Haddad DS, Brioschi ML, Vardasca R, Weber M, Crosato EM, Arita ES. Thermography characterization of masticatory muscle regions in volunteers with and without myogenous temporomandibular disorder: preliminary results. Dentomaxilofac Radiol. 2014;43(8);20130440.,2020 Barbosa JS, Amorim A, Arruda M, Medeiros G, Freitas A, Vieira L, Melo DP, Bento PM. Infrared thermography assessment of patients with temporomandibular disorders. Dentomaxillofac Radiol. 2020;49(4):20190392.,2323 Canavan D, Gratt BM. Electronic thermography for the assessment of mild and moderate temporomandibular joint dysfunction. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1995;79(6):779-85. apresentaram inferências significativas, porém diferentes, sobre o uso da TI para avaliar a intensidade da dor em pacientes com DTM. Os sintomas dolorosos são uma das principais manifestações clínicas em pacientes com DTM88 Haddad DS, Brioschi ML, Vardasca R, Weber M, Crosato EM, Arita ES. Thermography characterization of masticatory muscle regions in volunteers with and without myogenous temporomandibular disorder: preliminary results. Dentomaxilofac Radiol. 2014;43(8);20130440.,2020 Barbosa JS, Amorim A, Arruda M, Medeiros G, Freitas A, Vieira L, Melo DP, Bento PM. Infrared thermography assessment of patients with temporomandibular disorders. Dentomaxillofac Radiol. 2020;49(4):20190392.,2323 Canavan D, Gratt BM. Electronic thermography for the assessment of mild and moderate temporomandibular joint dysfunction. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1995;79(6):779-85. que apresentaram um padrão térmico assimétrico quando comparados os lados direito e esquerdo2626 Merla A, Ciuffolo F, D’attilio M, Tecco S, Festa F, De Michele G, et al. Functional infrared imaging in the diagnosis of the myofascial pain. Conf Proc IEEE Eng Med Biol Soc. 2004:1188-1891.,2727 Dibai-Filho AV, Costa AC, Packer AC, De Castro EM, Rodrigues-Bigaton D. Women with more severe degrees of temporomandibular disorder exhibit an increase in temperature over the temporomandibular joint. Saudi Dent J. 2015;27:44-9..

Os achados de um estudo2323 Canavan D, Gratt BM. Electronic thermography for the assessment of mild and moderate temporomandibular joint dysfunction. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1995;79(6):779-85. destacaram o uso da TI para incluir ou descartar a DTM como possível causa de DOF, com uma precisão de 89%. De acordo com os autores, a região da ATM de pacientes com DTM e dor era mais quente do que a mesma área de indivíduos sem DTM e dor; e à medida que o nível de dor aumentava, os valores médios de temperatura também aumentavam. Outros estudos realizados em pacientes com DTM também encontraram um aumento na temperatura da pele sobre os músculos masseter e temporal1414 Pogrel MA, Erbez G, Taylor RC, Dodson TB. Liquid Crystal thermography as a diagnostic aid and objective monitor for TMJ dysfunction and myogenic facial pain. J Craniomandib Disord. 1989;3(2):65-70.,1515 Nemcovsky CE, Benvenisti A, Gazit E. Variation of skin surface temperature over the masseter muscles in patients with myofascial pain following occlusal splint treatment. J Oral Rehabil. 1995;22(10):763-73. e na região da ATM1414 Pogrel MA, Erbez G, Taylor RC, Dodson TB. Liquid Crystal thermography as a diagnostic aid and objective monitor for TMJ dysfunction and myogenic facial pain. J Craniomandib Disord. 1989;3(2):65-70.. De acordo com um desses estudos2828 Fischer AA. Documentation of myofascial trigger points. Arch Phys Med Rehabil. 1988;69(4):286-91., as atividades musculares, os espasmos e as contrações são indicados nos termogramas como um aumento na emissão de calor e, consequentemente, um aumento na temperatura. Quando dolorosas, as DTM geralmente estão associadas à hipertermia da pele sobrejacente. A hipótese é que essa hipertermia da pele, causada pela vasodilatação regional, seja induzida pelo óxido nítrico produzido no espaço extravascular da articulação. O óxido nítrico extravascular pode ser produzido por osteoblastos, condrócitos e macrófagos, ou por neurônios estimulados. Sugere-se que esse tipo de dor esteja associado ao aumento da sensibilidade dos nociceptores periféricos pelo óxido nítrico2424 Anbar M, Gratt BM. The possible role of nitric oxide in the physiopathology of pain associated with temporomandibular joint disorders. J Oral Maxillofac Surg. 1998;56(7):872-82.,2929 Arinci A, Ademoglu E, Aslan A, Mutlu-Turkoglu U, Karabulut AB, Karan A. Molecular correlates of temporomandibular joint disease. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2005;99(6):666-70..

Um estudo2020 Barbosa JS, Amorim A, Arruda M, Medeiros G, Freitas A, Vieira L, Melo DP, Bento PM. Infrared thermography assessment of patients with temporomandibular disorders. Dentomaxillofac Radiol. 2020;49(4):20190392. avaliou, em pacientes com e sem DTM, a correlação da temperatura com a intensidade da dor à palpação na região da ATM e dos músculos masseter e temporal anterior. Os autores não observaram diferenças significativas na temperatura de ambos os grupos (com e sem DTM). Ao correlacionar a temperatura com a intensidade da dor à palpação, observaram uma correlação negativa apenas para algumas regiões do músculo masseter. Os autores concluíram que a termografia tem baixa precisão na diferenciação de pacientes com e sem DTM. Outro estudo88 Haddad DS, Brioschi ML, Vardasca R, Weber M, Crosato EM, Arita ES. Thermography characterization of masticatory muscle regions in volunteers with and without myogenous temporomandibular disorder: preliminary results. Dentomaxilofac Radiol. 2014;43(8);20130440. comparou os valores de temperatura na região dos músculos masseter e temporal anterior entre pacientes com e sem DTM. Os autores observaram que os valores de temperatura medidos em voluntários com DTM foram significativamente menores do que os medidos em indivíduos sem DTM. A sensibilidade e a especificidade da avaliação termográfica para a região do masseter foram de 70% e 73%, respectivamente; e, para a região temporal anterior, foram de 80% e 62%, respectivamente.

Um estudo2121 Haddad DS, Brioschi ML, Arita ES. Thermographic and clinical correlation of myofascial triggerpoints in the masticatory muscles. Dentomaxilofac Radiol. 2012;41:621-9. avaliou pontos-gatilho em pacientes com dor miofascial e observou que a imagem termográfica desses pontos é hipo-radiante em comparação com a região correspondente sem pontos-gatilho. Em outras palavras, as áreas do rosto que estavam mais quentes foram correlacionadas com regiões sem pontos-gatilho. Os autores concluíram que a TI possibilita a identificação de pontos sensíveis e que o uso de dados termográficos em conjunto com a avaliação física pode servir como um meio de triagem na prática clínica.

Alguns autores afirmaram que, em casos de hiperatividade muscular, como ocorre com alguns músculos da mastigação em pacientes com DTM, a diminuição da temperatura da superfície desses músculos pode ser devida ao próprio processo contrátil que reduz temporariamente o fluxo sanguíneo muscular. A contração do músculo esquelético comprime os vasos sanguíneos intramusculares. As contrações musculares isométricas podem causar fadiga muscular rápida devido à insuficiência de oxigênio e outros nutrientes1717 Barão VA, Gallo AK, Zuim PR, Garcia AR, Assunção WG. Effect of occlusal splint treatment on the temperature of different muscles in patients with TMD. J Prosthodont Res. 2011;55(1):19-23.,3030 Pita MS, Ribeiro AB, Garcia AR, Pedrazzi V, Zuim PRJ. Variation of surface temperature on superficial masseter and anterior temporal muscles during voluntary teeth clenching with maxillary splints of two different thicknesses. Full Dent Sci. 2013;4(16):592-8.. Outro estudo que relacionou a microcirculação e a temperatura da pele sobre pontos dolorosos em indivíduos com fibromialgia também atribuiu a diminuição da temperatura da superfície nesses pacientes à vasoconstrição periférica que ocorre ao redor dos pontos dolorosos devido à hipóxia local3131 Jeschonneck M, Grohmann G, Hein G, Sprott H. Abnormal microcirculation and temperature in skin above tender points in patients with fibromyalgia. Rheumatology (Oxford). 2000;39(8):917-21..

Em um estudo2222 Dibai-Filho AV, Costa ACS, Packer AC, Rodrigues-Bigaton D. Correlation between skin surface temperature over masticatory muscles and pain intensity in women with myogenous temporomandibular disorder. J Back Musculoskelet Rehabil. 2013;26(3):323-8., a intensidade da dor em mulheres com DTM miogênica não foi associada à temperatura da superfície da pele. Não foram detectadas diferenças significativas de temperatura ou assimetria entre indivíduos com e sem DTM. Esses achados foram justificados pelo fato da TI avaliar a temperatura da superfície da pele, condicionada pela dinâmica microcirculatória local e pelo sistema nervoso autônomo, o que constitui uma medida indireta do fluxo sanguíneo. Outra justificativa pode estar associada a variações nos protocolos de aquisição de imagens termográficas, que podem interferir diretamente na variação da temperatura.

Foram apresentadas revisões sistemáticas anteriores à presente revisão, mas nenhuma avaliou especificamente a intensidade da DOF e da temperatura. Um estudo1010 de Melo DP, Bento PM, Peixoto LR, Martins SKLD, Martins CC. Is infrared thermography effective in the diagnosis of temporomandibular disorders? A systematic review. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol. 2019;127(2):185-92. realizou uma revisão sistemática sobre a eficácia da TI para diagnosticar DTM e concluiu que havia um número insuficiente de estudos sobre a confiabilidade desse exame para diagnosticar DTM. Na mencionada revisão1010 de Melo DP, Bento PM, Peixoto LR, Martins SKLD, Martins CC. Is infrared thermography effective in the diagnosis of temporomandibular disorders? A systematic review. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol. 2019;127(2):185-92. o exame RDC/ TMD foi usado para diagnosticar a DTM. Esse é um instrumento preciso para identificar DTM em pesquisas e na prática clínica. Entretanto, apesar de avaliar a intensidade da dor no Eixo I como parte dos requisitos para o diagnóstico de DTM, essa informação nem sempre é apresentada nos artigos. A mesma situação ocorre com a aplicação da DC/TMD, que, apesar de abordar a intensidade da dor no Eixo II, os estudos nem sempre fornecem essa informação específica. Alguns artigos revisados na íntegra foram excluídos justamente por não apresentarem dados sobre a intensidade da dor3232 Dibai Filho AV, Packer AC, Costa AC, Rodrigues-Bigaton D. Accuracy of infrared thermography of the masticatory muscles for the diagnosis of myogenous temporomandibular disorder. J Manipulative Physiol Ther. 2013;36(4):245-52.

33 Haddad DS, Arita ES, Pinho JC, Brioschi ML, Gabriel J, Vardasca R. The facial thermal effect of dynamic mechanical and vascular provocation tests: Preliminary study. IEEE International Symposium on Medical Measurements and Applications (MeMeA), 2014.

34 Dibai-Filho AV, Costa ACS, Packer AC, Rodrigues-Bigaton D. Correlation between skin surface temperature over masticatory muscles and pain intensity in women with myogenous temporomandibular disorder. J Back Musculoskelet Rehabil. 2013;26(3):323-8.

35 Rodrigues-Bigaton D, Dibai-Filho AV, Packer AC, Costa ACS, Castro EM. Accuracy of two forms of infrared image analysis of the masticatory muscles in the diagnosis of myogenous temporomandibular disorder. J Bodyw Mov Ther. 2014;189(1):49-55.
-3636 Woźniak K, Szyszka-Sommerfeld L, Trybek G, Piątkowska, D. Assessment of the sensitivity, specificity, and accuracy of thermography in identifying patients with TMD. Med Sci Monit. 2015;21:1485-93..

Um estudo3737 Mazza DF, Boutin RD, Chaudhari AJ. Assessment of myofascial trigger points via imaging: a systematic review. Sou J Phys Med Rehabil. 2021;100(10):1003-14. realizou uma revisão sistemática sobre a caracterização da síndrome da dor miofascial e dos pontos-gatilho miofasciais usando a TI. Os autores encontraram resultados contraditórios e, em alguns estudos, não foi observada diferença na temperatura de pacientes com pontos-gatilho em comparação com pacientes de controle. Em outros estudos, houve um aumento da temperatura nas regiões dos pontos-gatilho, quando comparadas às áreas contralaterais não afetadas. Um estudo3838 Moreira A, Batista R, Oliveira S, Branco CA, Mendes J, Figueiral MH. Role of thermography in the assessment of temporomandibular disorders and other musculoskeletal conditions: a systematic review. Proc Inst Mech Eng H. 2021;235(100):1099-112. realizou uma revisão sistemática com meta-análise sobre a TI como método de avaliação de distúrbios musculoesqueléticos e temporomandibulares. Os autores concluíram que, em geral, indivíduos saudáveis apresentaram diferenças térmicas sutis entre os lados. Outro estudo3939 Albuquerque NF, Lopes BS. Musculoskeletal applications of infrared thermography on back and neck syndromes: a systematic review. Eur J Phys Rehabil Med. 2021;57(3):386-96. avaliou a TI como uma ferramenta útil para diagnosticar síndromes de dor nas costas e no pescoço. Os autores concluíram que a TI poderia diagnosticar mudanças na atividade inflamatória e poderia ser usado como uma ferramenta para monitorar a eficácia do tratamento e para identificar desvios de um estado saudável. Outro estudo4040 Wang X, Zuo G, Liu J, Zhang J, Shi X, Fan X, Li X, Gao Y, Chen H, Liu CZ, She Y. Skin temperature of acupoints in health and primary dysmenorrhea patients: a systematic review and meta-analysis. J Pain Res. 2023;16:2027-46. analisou as mudanças na temperatura da pele em pontos específicos de acupuntura em pacientes com dismenorreia primária e indivíduos saudáveis usando a TI. Foi concluído que as pacientes com dismenorreia apresentaram diferenças na temperatura da pele em algumas áreas, em comparação com indivíduos saudáveis.

A literatura sobre a confiabilidade da TI na avaliação da intensidade da dor é controversa, considerando os registros variáveis de temperatura na DOF. De acordo com um estudo1111 Taylor H, Warfield CA. Thermography of pain: instrumentation and uses. Hosp Pract (Off Ed). 1985;20(11):164-9., a TI não é a única resposta para todos os dilemas diagnósticos de condições que causam dor. É apenas um dos procedimentos que o médico pode usar para avaliar o paciente. As informações adicionais da TI podem levar a uma redução dos testes invasivos e direcionar o tratamento para resultados mais bem-sucedidos.

Algumas questões limitantes desta revisão foram a pequena quantidade de evidências encontradas, estudos elegíveis com um pequeno tamanho de amostra e a subjetividade da própria avaliação da dor. A falta de um protocolo padronizado para medir a temperatura e a necessidade de treinamento profissional adequado para fins de aquisição e avaliação de termogramas tornaram-se fatores limitantes da TI. Os valores de temperatura são diretamente afetados pelas condições ambientais e do paciente, o que pode levar a dados imprecisos de temperatura corporal obtidos e analisados pela técnica1010 de Melo DP, Bento PM, Peixoto LR, Martins SKLD, Martins CC. Is infrared thermography effective in the diagnosis of temporomandibular disorders? A systematic review. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol. 2019;127(2):185-92.. Embora alguns estudos tenham observado que o uso da TI era confiável, ainda há uma escassez de literatura sobre a precisão desse instrumento diagnóstico para avaliar a intensidade da dor.

CONCLUSÃO

Os estudos incluídos nesta revisão sistemática mostraram registros variáveis da temperatura medida pela TI na presença de sintomas dolorosos. Portanto, até o momento, a TI não substitui outros métodos de avaliação da intensidade da dor, mas é um importante aliado para complementar os métodos diagnósticos.

  • Fontes de fomento: Este estudo foi financiado em parte pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código Financeiro 001.

REFERENCES

  • 1
    De Rossi S. Orofacial pain: a primer. Dent Clin North Am. 2013;57(3):383-92.
  • 2
    Shaefer JR, Khawaja SN, Bavia PF. Sex, gender, and orofacial pain. Dent Clin North Am. 2018;62(4):665-82.
  • 3
    Hadlaq EM, Khan H, Mubayrik AB, Almuflehi NS, Mawardi H. Dentists’ knowledge of chronic orofacial pain. Niger J Clin Pract. 2019;22(10):1365-71.
  • 4
    Czaplik M, Hochhausen N, Dohmeier H, Pereira CB, Rossaint R. Development of a Thermal-Associated Pain Index score using infrared-thermography for objective pain assessment. Annu Int Conf IEEE Eng Med Biol Soc. 2017:3831-4.
  • 5
    Liang H. Imaging in orofacial pain. Dent Clin North Am. 2018;64(4):533-52.
  • 6
    Badel T, Zadravec D, Bašić Kes V, Smoljan M, Kocijan Lovko S, Zavoreo I, Krapac L, Anić Milošević S. Orofacial pain - diagnostic and therapeutic challenges. Acta Clin Croat. 2019;58(Suppl 1):82-9.
  • 7
    Schiffman E, Ohrbach R, Truelove E, Look J, Anderson G, Goulet JP, List T, Svensson P, Gonzalez Y, Lobbezoo F, Michelotti A, Brooks SL, Ceusters W, Drangsholt M, Ettlin D, Gaul C, Goldberg LJ, Haythornthwaite JA, Hollender L, Jensen R, John MT, De Laat A, de Leeuw R, Maixner W, van der Meulen M, Murray GM, Nixdorf DR, Palla S, Petersson A, Pionchon P, Smith B, Visscher CM, Zakrzewska J, Dworkin SF; International RDC/TMD Consortium Network, International association for Dental Research; Orofacial Pain Special Interest Group, International Association for the Study of Pain. Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (DC/TMD) for Clinical and Research Applications: recommendations of the International RDC/TMD Consortium Network* and Orofacial Pain Special Interest Group†. J Oral Facial Pain Headache. 2014 Winter;28(1):6-27.
  • 8
    Haddad DS, Brioschi ML, Vardasca R, Weber M, Crosato EM, Arita ES. Thermography characterization of masticatory muscle regions in volunteers with and without myogenous temporomandibular disorder: preliminary results. Dentomaxilofac Radiol. 2014;43(8);20130440.
  • 9
    Manfredini D, Guarda-Nardini L, Winocur E, Piccotti F, Ahlberg J, Lobbezoo F. Research diagnostic criteria for temporomandibular disorders: a systematic review of axis I epidemiologic findings. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radio Endod. 2011;112(4):453-62.
  • 10
    de Melo DP, Bento PM, Peixoto LR, Martins SKLD, Martins CC. Is infrared thermography effective in the diagnosis of temporomandibular disorders? A systematic review. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol. 2019;127(2):185-92.
  • 11
    Taylor H, Warfield CA. Thermography of pain: instrumentation and uses. Hosp Pract (Off Ed). 1985;20(11):164-9.
  • 12
    Mongini F, Caselli C, Macrì V, Tetti C. Thermographic findings in cranio-facial pain. Headache. 1990;30(8):497-504.
  • 13
    Ring EF, Ammer K. Infrared thermal imaging in medicine. Physiol Meas. 2012;33(3):R33-46.
  • 14
    Pogrel MA, Erbez G, Taylor RC, Dodson TB. Liquid Crystal thermography as a diagnostic aid and objective monitor for TMJ dysfunction and myogenic facial pain. J Craniomandib Disord. 1989;3(2):65-70.
  • 15
    Nemcovsky CE, Benvenisti A, Gazit E. Variation of skin surface temperature over the masseter muscles in patients with myofascial pain following occlusal splint treatment. J Oral Rehabil. 1995;22(10):763-73.
  • 16
    Gratt BM, Sickles EA, Ross JB, Wexler CE, Gornbein JA. Thermographic assessment of craniomandibular disorders: diagnostic interpretation versus temperature measurement analysis. J Orofac Pain. 1994;8(3)278-88.
  • 17
    Barão VA, Gallo AK, Zuim PR, Garcia AR, Assunção WG. Effect of occlusal splint treatment on the temperature of different muscles in patients with TMD. J Prosthodont Res. 2011;55(1):19-23.
  • 18
    Moher D, Shamseer L, Clarke M, Ghersi D, Liberati A, Petticrew M, Shekelle P, Stewart LA; PRISMA-P Group. Preferred reporting items for systematic review and meta-analysis protocols (PRISMA-P) 2015 statement. Syst Rev. 2015;4(1):1.
  • 19
    Vo MTH, Thonglor R, Moncatar TJR, Han TDT, Tejativaddhana P, Nakamura K. Fear of falling and associated factors among older adults in Southeast Asia: a systematic review. Public Health. 2023;222:215-28.
  • 20
    Barbosa JS, Amorim A, Arruda M, Medeiros G, Freitas A, Vieira L, Melo DP, Bento PM. Infrared thermography assessment of patients with temporomandibular disorders. Dentomaxillofac Radiol. 2020;49(4):20190392.
  • 21
    Haddad DS, Brioschi ML, Arita ES. Thermographic and clinical correlation of myofascial triggerpoints in the masticatory muscles. Dentomaxilofac Radiol. 2012;41:621-9.
  • 22
    Dibai-Filho AV, Costa ACS, Packer AC, Rodrigues-Bigaton D. Correlation between skin surface temperature over masticatory muscles and pain intensity in women with myogenous temporomandibular disorder. J Back Musculoskelet Rehabil. 2013;26(3):323-8.
  • 23
    Canavan D, Gratt BM. Electronic thermography for the assessment of mild and moderate temporomandibular joint dysfunction. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1995;79(6):779-85.
  • 24
    Anbar M, Gratt BM. The possible role of nitric oxide in the physiopathology of pain associated with temporomandibular joint disorders. J Oral Maxillofac Surg. 1998;56(7):872-82.
  • 25
    Vargas JVC, Brioschi ML, Dias FG, Parolin MB, Mulinari-Brenner FA, Ordonez JC, et al. Metodologia normalizada para imagens médicas infravermelhas. Tecnol Física Infravermelha. 2009;52:42-7.
  • 26
    Merla A, Ciuffolo F, D’attilio M, Tecco S, Festa F, De Michele G, et al. Functional infrared imaging in the diagnosis of the myofascial pain. Conf Proc IEEE Eng Med Biol Soc. 2004:1188-1891.
  • 27
    Dibai-Filho AV, Costa AC, Packer AC, De Castro EM, Rodrigues-Bigaton D. Women with more severe degrees of temporomandibular disorder exhibit an increase in temperature over the temporomandibular joint. Saudi Dent J. 2015;27:44-9.
  • 28
    Fischer AA. Documentation of myofascial trigger points. Arch Phys Med Rehabil. 1988;69(4):286-91.
  • 29
    Arinci A, Ademoglu E, Aslan A, Mutlu-Turkoglu U, Karabulut AB, Karan A. Molecular correlates of temporomandibular joint disease. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2005;99(6):666-70.
  • 30
    Pita MS, Ribeiro AB, Garcia AR, Pedrazzi V, Zuim PRJ. Variation of surface temperature on superficial masseter and anterior temporal muscles during voluntary teeth clenching with maxillary splints of two different thicknesses. Full Dent Sci. 2013;4(16):592-8.
  • 31
    Jeschonneck M, Grohmann G, Hein G, Sprott H. Abnormal microcirculation and temperature in skin above tender points in patients with fibromyalgia. Rheumatology (Oxford). 2000;39(8):917-21.
  • 32
    Dibai Filho AV, Packer AC, Costa AC, Rodrigues-Bigaton D. Accuracy of infrared thermography of the masticatory muscles for the diagnosis of myogenous temporomandibular disorder. J Manipulative Physiol Ther. 2013;36(4):245-52.
  • 33
    Haddad DS, Arita ES, Pinho JC, Brioschi ML, Gabriel J, Vardasca R. The facial thermal effect of dynamic mechanical and vascular provocation tests: Preliminary study. IEEE International Symposium on Medical Measurements and Applications (MeMeA), 2014.
  • 34
    Dibai-Filho AV, Costa ACS, Packer AC, Rodrigues-Bigaton D. Correlation between skin surface temperature over masticatory muscles and pain intensity in women with myogenous temporomandibular disorder. J Back Musculoskelet Rehabil. 2013;26(3):323-8.
  • 35
    Rodrigues-Bigaton D, Dibai-Filho AV, Packer AC, Costa ACS, Castro EM. Accuracy of two forms of infrared image analysis of the masticatory muscles in the diagnosis of myogenous temporomandibular disorder. J Bodyw Mov Ther. 2014;189(1):49-55.
  • 36
    Woźniak K, Szyszka-Sommerfeld L, Trybek G, Piątkowska, D. Assessment of the sensitivity, specificity, and accuracy of thermography in identifying patients with TMD. Med Sci Monit. 2015;21:1485-93.
  • 37
    Mazza DF, Boutin RD, Chaudhari AJ. Assessment of myofascial trigger points via imaging: a systematic review. Sou J Phys Med Rehabil. 2021;100(10):1003-14.
  • 38
    Moreira A, Batista R, Oliveira S, Branco CA, Mendes J, Figueiral MH. Role of thermography in the assessment of temporomandibular disorders and other musculoskeletal conditions: a systematic review. Proc Inst Mech Eng H. 2021;235(100):1099-112.
  • 39
    Albuquerque NF, Lopes BS. Musculoskeletal applications of infrared thermography on back and neck syndromes: a systematic review. Eur J Phys Rehabil Med. 2021;57(3):386-96.
  • 40
    Wang X, Zuo G, Liu J, Zhang J, Shi X, Fan X, Li X, Gao Y, Chen H, Liu CZ, She Y. Skin temperature of acupoints in health and primary dysmenorrhea patients: a systematic review and meta-analysis. J Pain Res. 2023;16:2027-46.

Editado por

Editor associado responsável:

Thiago Medina Brazoloto

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Set 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    04 Jan 2024
  • Aceito
    21 Jun 2024
Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 937 Cj2 - Vila Mariana, CEP: 04014-012, São Paulo, SP - Brasil, Telefones: , (55) 11 5904-2881/3959 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: dor@dor.org.br