Blau22 Blau JN. Migraine pathogenesis: the neural hypothesis reexamined. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 1984;47(5):437-42.
|
Analisar a hipótese de que a migrânea é um distúrbio neurológico primário com manifestações vasculares secundárias. |
O sono, além de ser um gatilho para a migrânea, também pode ser uma forma de resolver a crise. Ademais, a sonolência é considerada um sintoma da migrânea. |
É proposto que áreas sensoriais específicas do córtex e hipotálamo possam atuar como locais onde se inicia uma crise de migrânea. |
Sahota e Dexter66 Sahota RK, Dexter JD. Sleep and headache syndromes: a clinical review. Headache. 1990;30(2):80-4.
|
Avaliar a relação entre sono e cefaleias. |
A migrânea parece estar associada a um aumento do sono REM e dos estágios III e IV do sono não REM. Essa associação está mais relacionada à qualidade do sono do que ao ritmo circadiano. Um período de sono pode resolver a crise. |
Dadas as estreitas relações anatômicas e neuroquímicas entre a cefaleia e o sono, é factível considerar a existência de um substrato comum para esses dois fenômenos. |
Inamorato, Minatti-Hanntjch e Zukerman4242 Inamorato E, Minatti-Hanntjch SN, Zukerman E. The role of sleep in migraine attacks. Arq Neuropsiquiatr. 1993;51(4):429-32.
|
Esclarecer a relação entre a migrânea e o sono. |
Os pacientes relatam que o sono pode os afetar de uma ou várias maneiras. Quando apenas uma maneira foi relatada, o alívio foi o mais frequente, ao passo que para aqueles que relatam a interação de múltiplas maneiras, as crises de migrânea podem ser desencadeadas pela privação ou pelo excesso de sono. |
Os pacientes identificam que o sono os afeta de uma única ou de várias formas, isto sugere que existem vários mecanismos fisiopatológicos participando da crise. |
Kelman e Rains4343 Kelman L, Rains JC. Headache and sleep: examination of sleep patterns and complaints in a large clinical sample of migraineurs. Headache. 2005;45(7):904-10.
|
Examinar as queixas de sono em relação à frequência e à gravidade da cefaleia. |
A cefaleia é desencadeada por privação ou excesso do sono. O sono também pode ser um fator de alívio. Migranosos com poucas horas de sono (<6 h) têm cefaleias mais frequentes e intensas do que migranosos com mais horas de sono, além de serem mais propensos a apresentar episódios matinais. |
O grupo que dorme pouco exibe um padrão de dor mais grave e frequente. As queixas de sono ocorrem com maior frequência entre os pacientes com cefaleia crônica. |
Calhoun e Ford 1313 Calhoun AH, Ford S. Behavioral sleep modification may revert transformed migraine to episodic migraine. Headache. 2007;47(8):1178-83.
|
Avaliar o impacto da BSM na migrânea crônica em mulheres. |
O grupo submetido à BSM relata redução na frequência e na intensidade da cefaleia. Os que dormem menos são mais propensos a transformar a migrânea crônica para episódica. |
A intervenção comportamental no sono foi associada à melhora na frequência e na intensidade da cefaleia, além de tornar as crises esporádicas. |
Gallup e Gallup4444 Gallup AC, Gallup GG JR. Yawning and thermoregulation. Physiol Behav. 2008;95(1):10-6.
|
Avaliar o substrato fisiológico do bocejo na termorregulação. |
Em ratos, a privação de sono prolongada demonstra aumentar a temperatura do cérebro, o que provoca o bocejo. |
Migrânea tem sido associada à disfunção termorregulatória e ao bocejo atípico. Este mecanismo poderia explicar a relação entre a privação do sono e o surgimento de uma crise de migrânea. |
Rains77 Rains JC. Optimizing circadian cycles and behavioral insomnia treatment in migraine. Curr Pain Headache Rep. 2008;12(3):213-9.
|
Discutir a natureza e a prevalência das queixas de sono em pacientes com migrânea. |
Na maior parte dos casos, a insônia precedeu a migrânea. A insônia crônica é significativamente relacionada à cefaleia. A desregulação do sono pode provocar ou reduzir os limiares da dor de cabeça. |
A insônia é o distúrbio do sono mais comum em pacientes com cefaleia. Evidências recentes sugerem que a migrânea pode ser aliviada com uma melhor regulação do sono, seja por terapia farmacológica ou comportamental. |
Yeung, Chung e Won4545 Yeung WF, Chung KF, Won CY. Relationship between insomnia and headache in community-based middle-aged Hong Kong Chinese women. J Headache Pain. 2010;11(3):187-95.
|
Avaliar através de um questionário autoadministrado a frequência de cefaleia, as dificuldades do sono, os distúrbios de humor e o comprometimento funcional em mulheres. |
Mulheres com cefaleia são significativamente mais propensas a relatar sintomas de insônia do que aquelas sem cefaleia. A prevalência de sintomas de insônia é uniforme entre mulheres com cefaleia não especificada, CTT e migrânea. |
A associação entre insônia e cefaleia é mais evidente à medida que se aumenta a quantidade de episódios de cefaleia. Mulheres de meia-idade, com sintomas de ansiedade, depressão e distúrbios do sono apresentam risco aumentado para cefaleia. |
Lovati et al.1515 Lovati C, D’Amico D, Raimondi E, Mariani C, Bertora P. Sleep and headache: a bidirectional relationship. Expert Review of Neurotherapeutics. 2010;10(1):105-17.
|
Revisar a anatomia e a fisiologia dos distúrbios do sono associados à percepção da cefaleia. |
A qualidade do sono está relacionada à presença de alodinia associada à migrânea. |
Os distúrbios do sono podem favorecer a sensibilização central do núcleo do trigêmeo que provoca a alodinia, esta, por sua vez, pode prejudicar o sono. |
Lateef et al.1616 Lateef T, Swanson S, Cui L, Nelson K, Nakamura E, Merikangas K. Headaches and sleep problems among adults in the United States: Findings from the National Comorbidity Survey–Replication Study. Cephalalgia. 2010;31(6):648-53.
|
Avaliar se a migrânea difere da cefaleia não migranosa em termos de insônia e a gravidade dos distúrbios do sono. |
Adultos com cefaleia relatam maior dificuldade de: iniciar o sono, permanecer dormindo e despertar de manhã cedo. Além disso, apresentam mais fadiga durante o dia. |
Adultos com cefaleia apresentam maior risco de apresentar distúrbios do sono, independentemente do tipo de cefaleia. |
Houle et al.4646 Houle TT, Butschek RA, Turner DP, Smitherman TA, Rains JC. Stress and sleep duration predict headache severity in chronic headache sufferers. Pain. 2012;153(12):2432-40.
|
Avaliar as relações entre estresse, duração do sono e cefaleia em pacientes com cefaleias crônicas (migrânea ou CTT). |
Dois dias consecutivos de grande estresse ou pouco sono foram fortemente preditivos de cefaleia, ao passo que dois dias de pouco estresse ou sono adequado foram protetores. |
O risco de cefaleia aumenta proporcionalmente com grande estresse e pouco sono: estes estão fortemente correlacionados e impactam um ao outro. |
Tran e Spierings88 Tran D P, Spierings EL. Headache and insomnia: their relation reviewed. Cranio. 2013;31(3):165-70.
|
Resumir a literatura científica atual referente à natureza da relação entre cefaleia e insônia. |
A cefaleia está mais associada à insônia do que vice-versa. A associação entre insônia e cefaleia é mais comum na insônia severa. |
A insônia é um fator de risco para a cefaleia. Os pacientes com CTT e migrânea devem ser avaliados rotineiramente para insônia. |
Engstrom et al.4747 Engstrom M, Hagen K, Bjork M, Gravdahl GB, Sand T. Sleep-related and non-sleep-related migraine: interictal sleep quality, arousals and pain thresholds. J Headache Pain. 2013;14(1):68.
|
Comparar a qualidade subjetiva e objetiva do sono através de diários e PSG com a cefaleia na migrânea. |
A PSG de pacientes com migrânea, no período intercrise, mostra sinais de privação do sono apesar de não haver diferenças objetivas na quantidade de sono. |
Os pacientes migranosos apresentam uma relativa privação de sono e precisam de mais horas de sono do que os controles. |
Engstrom et al.4848 Engstrom M, Hagen K, Bjork MH, Stovner LJ, Gravdahl GB, Stjern M. Sleep quality, arousal and pain thresholds in migraineurs: a blinded controlled polysomnographic study. J Headache Pain. 2013;14(1):12.
|
Comparar a qualidade subjetiva e objetiva do sono, através de diários e PSG em pacientes com SM e NSM. |
Os pacientes SM apresentam a crise migranosa durante o sono ou ao despertar; enquanto os NSM apresentam a crise ao decorrer do dia. Apenas os pacientes NSM apresentam evidências de privação de sono na PSG. |
Os sinais de privação do sono característicos dos migranosos no período intercrise são evidentes apenas para os pacientes cujas crises acontecem aleatoriamente durante o dia. |
Engstrøm et al.4949 Engstrom M, Hagen K, Bjork MH, Stovner LJ, Sand T. Sleep quality and arousal in migraine and tension-type headache: the headache-sleep study. Acta Neurol Scand. 2014;129(198):47-54.
|
Comparar a qualidade subjetiva e objetiva do sono, através de diários e PSG em pacientes SM, NSM e CTT. |
Apesar do número de horas de sono ser adequado, os grupos CTT e NSM apresentam PSG com evidências de privação de sono. |
Pacientes NSM e CTT apresentam maior semelhança entre si pois precisam de mais horas de sono do que os SM e controles. Os pacientes SM apresentam mais distúrbios do sono do que os controles. |
Walters, Hamer e Smitherman5050 Walters AB, Hamer JD, Smitherman TA. Sleep disturbance and affective comorbidity among episodic migraineurs. Headache. 2014;54(1):116-24.
|
Quantificar as relações entre distúrbios do sono e variáveis relacionadas à cefaleia em pacientes com migrânea episódica. |
Os pacientes com migrânea episódica relatam uma pior qualidade do sono. |
A má qualidade do sono está associada a episódios de migrânea e essa relação não pode ser atribuída exclusivamente às comorbidades como depressão e ansiedade. |
Stark e Stark99 Stark CD, Stark RJ. Sleep and chronic daily headache. Curr Pain Headache Rep. 2015;19(1):468.
|
Avaliar a relação entre a cefaleia crônica e as desordens do sono, principalmente a AOS. |
Além da AOS, a migrânea também pode estar relacionada a parassonias, síndrome das pernas inquietas, sonolência diurna, má qualidade do sono e insônia. |
Há uma relação clara entre AOS e ronco com a dor de cabeça matinal. AOS e migrânea crônica compartilham a obesidade e o forame oval patente como possíveis comorbidades. |
Borkum5151 Borkum JM. Migraine triggers and oxidative stress: a narrative review and synthesis. Headache. 2016;56(1):12-35
|
Apresentar a literatura disponível sobre a capacidade dos gatilhos da migrânea de gerar estresse oxidativo no cérebro. |
O receptor TRPA1, presente nas fibras do tipo C, pode ser ativado pelo estresse oxidativo, promovendo a liberação de CGRP e desencadeando inflamação neurogênica. Exceto na dor pericraniana, os demais gatilhos comuns da migrânea, incluindo privação do sono, são capazes de gerar estresse oxidativo. |
A privação de sono está associada ao esgotamento da glutationa reduzida no cérebro, portanto, é capaz de gerar estresse oxidativo, desencadeando a inflamação neurogênica e a cefaleia. |
Woldeamanuel e Cowan 5252 Woldeamanuel YW, Cowan RP. The impact of regular lifestyle behavior in migraine: a prevalence case–referent study. J Neurol. 2016;263(4):669-76.
|
Avaliar a ocorrência de migrânea episódica e crônica entre pacientes que mantêm e os que não mantêm um estilo de vida regular. |
Os pacientes com migrânea crônica apresentavam um estilo de vida menos regular do que os pacientes com migrânea episódica. |
Um estilo de vida regular, caracterizado por realização de exercícios físicos, horário padronizado de refeições, quantidade de horas adequadas de sono e status de hidratação evitam a migrânea crônica. |
Kim et al.5353 Kim J, Cho SJ, Kim WJ, Yang KI, Yun CH, Chu MK. Insufficient sleep is prevalent among migraineurs: a population-based study. J Headache Pain. 2017;18(1):50.
|
Avaliar a ocorrência de sono insuficiente em três grupos de indivíduos: sem dor, com dor não migranosa e migranosos. |
O sono insuficiente é mais frequente na respectiva ordem: migranosos, pacientes com dor não migranosa e, por fim, indivíduos sem dor. |
O tempo médio de sono relatado foi igual nos três grupos, logo, pressupõe-se que migranosos precisam de mais horas de sono para se sentirem descansados. |
Rosenberg, Butler e Seng1414 Rosenberg L, Butler N, Seng EK. Health behaviors in episodic migraine: why behavior change matters. Curr Pain Headache Rep. 2018;22(10):65.
|
Analisar os hábitos de vida em pessoas com migrânea episódica. |
Estudos recentes sugerem que indivíduos com migrânea episódica apresentam um sono de má qualidade que influencia a frequência e a severidade da dor. |
A migrânea episódica aparenta estar mais associada à qualidade do que à duração do sono. |
Song et al.5454 Song TJ, Yun CH, Cho SJ, Kim WJ, Yang KI, Chu MK. Short sleep duration and poor sleep quality among migraineurs: A population-based study. Cephalalgia. 2018;38(5): 855-64.
|
Correlacionar a frequência e a intensidade dos episódios de migrânea com a duração e a qualidade do sono. |
A intensidade da cefaleia é semelhante em migranosos que dormem < 6 h ou > 6 h. Contudo, em migranosos que dormem < 6 h há uma maior frequência de episódios. |
A curta duração do sono autorrelatada (< 6 h) está associada a um aumento na frequência da cefaleia. |
Bertisch et al.5555 Bertisch SM, Li W, Buettner C, Mostofsky E, Rueschman M, Kaplan ER et al. Nightly sleep duration, fragmentation, and quality and daily risk of migraine. Neurology. 2020;94(5):489-96.
|
Correlacionar temporalmente a qualidade do sono com as crises de migrânea. |
A baixa eficiência do sono está relacionada ao maior risco de cefaleia no segundo dia pós-noite avaliada. |
A baixa eficiência do sono parece aumentar o risco de surgimento de migrânea a partir das 48 horas seguintes ao período de sono comprometido. |
Navarro-Pérez et al.5656 Navarro-Pérez M P, Suller-Marti A, Bellosta-Diago E, Roche-Bueno JC, Santos-Lasaosa S. Impact of 24-hour on-call shifts on headache in medical residents: a cohort study. Headache. 2020;60(7):1427-31.
|
Avaliar o efeito dos turnos de plantão de 24 horas sobre a incapacidade provocada pela cefaleia. |
Entre os médicos que apresentam migrânea, a incapacidade aumentou de pouca ou nenhuma para moderada após seis meses, junto à piora dos sintomas depressivos e ansiosos. |
Não é possível concluir se o aumento da incapacidade provocada pela cefaleia é devido à privação do sono ou à piora dos sintomas depressivos e ansiosos. |