Resumo
O objetivo desta pesquisa foi investigar a ocorrência de enterobactérias em passeriformes do gênero Sporophila, provenientes do tráfico ilegal de animais, e analisar sua resistência antimicrobiana. Um total de 35 aves, aparentemente saudáveis e provenientes de criações ilegais, foram encaminhadas ao Laboratório de Estudos Ornitológicos da Universidade Estadual do Ceará (Fortaleza, Ceará, Brasil) por órgãos ambientais. Amostras obtidas a partir de suabes cloacais foram coletadas de cada ave e submetidas a processamento microbiológico tradicional, utilizando técnicas padrão de cultivo e identificação bacteriana. O teste de sensibilidade aos antimicrobianos foi avaliado pelo método de disco de difusão. Das amostras examinadas, 23 (65,7%) apresentaram a presença de enterobactérias, sendo Escherichia coli (28,6%) e Serratia liquefaciens (25,7%) as mais frequentes. A resistência antimicrobiana referente aos isolados totais foi observada com mais frequência em relação à ciprofloxacina (28,1%), seguida por tetraciclina (25,0%) e enrofloxacina (18,8%). Especificamente em relação à Serratia liquefaciens, a taxa de resistência foi a mais altas, atingindo 66,6% dos isolados. Com base nos resultados obtidos, podemos concluir que as amostras cloacais das aves apresentaram isolamento de diversos membros da ordem Enterobacteriales, sendo E. coli e S. liquefaciens as mais frequentes. Também foi observada a ocorrência de resistência antimicrobiana a diversos fármacos utilizados, assim como casos de multiresistência, o que mostra que esse problema está presente em pássaros silvestres oriundo de manutenções ilegais. Isso ressalta a necessidade de considerar a presença de bactérias resistentes a antimicrobianos em programas de soltura, visando evitar a dispersão desses microrganismos no meio ambiente.
Palavras-chave:
Escherichia coli; Serratia liquefaciens; multirresistência