Resumo
É um relato de experiências que surge de uma pesquisa em andamento que caracteriza o modelo de intervenção de um Programa Ambulatorial Intensivo de tratamento para o consumo de drogas e/ou álcool, específico para mulheres adultas na gravidez ou puerpério, no Hospital El Pino, em Santiago do Chile. O objetivo é avançar em algumas reflexões a partir dessa experiência de pesquisa em andamento, enfocando as formas de acompanhamento que a equipe de terapeutas ocupacionais realiza nesse programa. São apresentados os antecedentes, os elementos teóricos que norteiam esta pesquisa, os procedimentos e as reflexões sobre os processos de acompanhamento realizados pela equipe de terapia ocupacional, considerando as análises qualitativas preliminares. As primeiras ações de pesquisa em torno dessa experiência nos mostram que os processos de acompanhamento em terapia ocupacional, situados a partir de perspectivas decoloniais, permitem uma leitura teórico-política baseada nos direitos humanos e de gênero, tornando visíveis as violências estruturais produzidas pelo sistema colonial / moderno / patriarcal / racial, que perpassa as histórias de vida de mulheres e de suas famílias. É imprescindível garantir os direitos das mulheres, articular ações nos espaços da vida cotidiana e fortalecer as diversas redes de apoio e apoio à reconstrução de seus projetos de vida. Conclui-se que o uso de drogas, a vivência da gravidez e da maternidade são condicionados pelas desigualdades, estigmatizações e violências estruturais do sistema colonial moderno, por isso é muito relevante que os acompanhamentos em terapia ocupacional incorporem perspectivas decoloniais do sul.
Palavras-chave:
Terapia Ocupacional; Direitos Coletivos; Construção Social do Gênero; Consumo de Drogas; Violência; Maternalidades