Resumo:
Este artigo é um ensaio sobre a literatura do campo disability studies. São analisadas críticas feitas por este campo às ideologias e práticas da reabilitação por sua contribuição para a opressão sistemática de pessoas com deficiência. As críticas evidenciam conflitos entre as necessidades das profissões de reabilitação e das pessoas com deficiência, a disparidade de poder entre profissionais e clientes na decisão clínica, o viés capacitista na assistência e a invisibilização da deficiência na formação profissional. Para que o ímpeto de superação destas ideologias e práticas, estimulado pela ampla adoção da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, não fique restrito ao nível discursivo, são analisadas possibilidades concretas de mudança para a prática profissional e educação na fisioterapia e terapia ocupacional em particular. A primeira é garantir o acesso de pessoas com deficiência à formação universitária. A pesquisa acadêmica sobre mas sobretudo por pessoas com deficiência é necessária. Intervenções educativas para mudanças atitudinais de docentes e discentes também podem ser positivas, assim como o treinamento em prática centrada na pessoa e com foco na participação. A crítica dos estudos da deficiência às práticas da reabilitação demanda a ampliação da ação para o combate à opressão. A reabilitação precisa alcançar uma prática de promoção e defesa dos direitos humanos e da justiça social junto às pessoas com deficiência.
Palavras-chave:
Reabilitação; Classificação Internacional de Funcionalidade; Incapacidade e Saúde; Participação Social; Direitos Humanos