Resumo
Introdução:
O caráter persistente de elevada endemicidade da hanseníase em áreas específicas no Brasil segue um desafio. O reconhecimento de redes de convívio domiciliar (RCD) de casos de hanseníase, com base no entendimento sobre riscos e vulnerabilidades ampliadas, é estratégico para controle.
Objetivo:
Analisar a ocorrência da hanseníase em diferentes gerações, a densidade de casos e os perfis sociodemográfico e econômico vinculados a redes de convívio domiciliar (RCD) com sobreposição da doença em municípios do Norte e Nordeste do Brasil.
Método:
Estudo transversal, com dados primários de casos de hanseníase que fazem parte de uma RCD com no mínimo dois casos da doença. Empregou-se regressão logística para estimar razão de chances (OR) com intervalos de 95% de confiança (IC95%).
Resultados:
Duzentos e trinta e três (233) casos de hanseníase foram abordados, vinculados a 137 RCD. Em 53,2% (n=171) dos casos a doença atingiu duas gerações e em 20,2% (n=47), três gerações. Verificou-se maior chance de acometimento de duas ou mais gerações com diagnóstico apenas entre consanguíneos na RCD (OR-Ajustado= 4,35, IC95% 2,15–8,81) e diagnóstico de outros casos antes e depois (OR-Ajustado =8,51, IC95% 3,52–20,60). A maioria pertence a RCD com mais de três casos, com média de 4,1 casos por RCD (desvio padrão=3,3).
Conclusões:
O reconhecimento da sobreposição de casos de hanseníase em uma RCD, o número de gerações acometidas e a densidade de casos podem ser utilizados como indicadores-sentinela da situação epidemiológica e da capacidade operacional para a vigilância da hanseníase.
Palavras chave:
hanseníase; vigilância em saúde pública; vigilância de evento sentinela; busca de comunicante