Desempenho de porta-enxertos clonais para pessegueiro ‘BRS-Kampai’ e autoenraizado em região de inverno ameno

Camargo, Robson Rosa de; Penso, Gener Augusto; Pertille, Rafael Henrique; Mayer, Newton Alex; Santos, Carlos Eduardo Magalhães dos; Citadin, Idemir

RESUMO

Sistemas de condução de pessegueiros com porta-enxertos clonais que reduzem vigor da copa são os mais adotados mundialmente. Entretanto, no Brasil ainda se utiliza porta-enxertos propagados por sementes, que são vigorosos e heterogêneos. Este trabalho teve como objetivo selecionar porta-enxertos que induzam qualidade de frutos, eficiência produtiva, controle de vigor, adaptabilidade e estabilidade em ‘BRS-Kampai’ cultivada em regiões subtropicais com invernos amenos. Foram utilizadas metodologias de adaptabilidade e estabilidade e índice de seleção multivariada para determinar os componentes de produção e qualidade dos frutos. O experimento foi conduzido em cinco ciclos. Os tratamentos consistiram de pessegueiro ‘BRS-Kampai’ autoenraizado ou enxertado em 17 porta-enxertos clonais de Prunus spp. As variáveis avaliadas foram produção por planta, produtividade por área, massa de frutos, diâmetro e firmeza de frutos, teor de sólidos solúveis, acidez titulável, volume de copa e eficiência produtiva. Em regiões subtropicais com invernos ‘Ishtara®’, ‘Genovesa’, ‘Santa Rosa’ e ‘Cadaman’ induziram baixa produtividade e baixa qualidade de frutos na ‘BRS-Kampai’ e não apresentam potencial para uso como porta-enxertos. ‘BRS-Kampai’ autoenraizadas ou enxertadas em ‘Flordaguard’ e ‘Okinawa’ são alternativas para o cultivo do pessegueiro, embora os sistemas de condução e poda devam ser ajustados devido ao alto vigor. Os porta-enxertos clonais ‘Tsukuba-3’ e ‘Tsukuba-2’ induziram o maior desempenho produtivo na ‘BRS-Kampai’, aliando qualidade de frutos, produtividade com maior estabilidade e eficiência produtiva tornando-os os mais indicados entre os porta-enxertos estudados.

Termos para indexação:
Adaptação ao clima; sistemas de condução; índice de seleção; produção de pêssegos; Prunus sp.

[1] ^*Corresponding author: idemir@utfpr.edu.br

Treatment	Rootstock	Species	Vigour classification	Genetic Background	Origin	Nematodeos Tolerance	Waterlogging or heavy soils Tolerance	References
1	México Fila 1	P. persica	Vigorous	Open polinization	México	Unknown	Unknown
2	Flordaguard	P. persica	Vigorous	Controlled cross (F6 - Chico 11 × P. davidiana)	University of Florida (USA)	Resistant to M. javanica and M. incognita races 1 and 3	Suscetible	Sherman, Lyrene and Sharp (1991Sherman, W. B., Lyrene, P. M., & Sharp, R. H. (1991). Flordaguard peach rootstock. HortScience, 26(4):427-428.); Byrne et al. (2012Byrne, D. H. et al. (2012). Peach. In M. L. Badenes., & Byrne, D. H. Fruit breeding. 1ed. New York, (pp.312-345).)
3	Tsukuba-3	P. persica	Vigorous	Open polinization	Japan	Resistance to M. incognita race 2 and M. javanica	Tolerant	Rossi et al. (2002Rossi, C. E. et al. (2002). Resistência de frutíferas de clima subtropical e temperado a Meloidogyne incognita raça 2 e M. javanica. Arquivos do Instituto Biológico, 69(2):43-49.); Mayer et al. (2020Mayer, N. A. et al. (2020). Cloning of rootstock selections and Prunus spp. cultivars by softwood cuttings. Scientia Horticulturae, 273:e109609.)
4	I-67-52-4	P. persica	Unknown	Open polinization	USA	Unknown	Unknown
5	Tsukuba-1	P. persica	Vigorous	Open polinization	Japan	Resistance to M. incognita race 2 and M. javanica	Tolorent	Reighard (2002Reighard, G. L. (2002). Current directions of peach rootstock programs worldwide. Acta Horticulturae, 592:421-427.); Rossi et al. (2002Rossi, C. E. et al. (2002). Resistência de frutíferas de clima subtropical e temperado a Meloidogyne incognita raça 2 e M. javanica. Arquivos do Instituto Biológico, 69(2):43-49.); Mayer et al. (2020Mayer, N. A. et al. (2020). Cloning of rootstock selections and Prunus spp. cultivars by softwood cuttings. Scientia Horticulturae, 273:e109609.)
6	Cadaman®	Wild peach × peach interspecific hybrid (P. davidiana × P. persica)	Vigorous	Controlled cross	INRA (France/ Hungary)	Resistant to Meloidogyne incognita, M. javanica; M. arenaria and M. hispanica	Moderately tolerant	Edin and Garcin (1994Edin, M., & Garcin, A. (1994). Un nouveau porte greffe du pêcher cadaman-avimag. L’Arboriculture Fruitière, 475:20-23.); Reighard and Loreti (2008Reighard, G. L., & Loreti, F. (2008). Rootstock development. In D. R. Layne., & D. Bassi. The peach: Botany, production and uses. Oxfordshire; CABI, (pp. 193-220).); Byrne et al. (2012Byrne, D. H. et al. (2012). Peach. In M. L. Badenes., & Byrne, D. H. Fruit breeding. 1ed. New York, (pp.312-345).); Mayer et al. (2020Mayer, N. A. et al. (2020). Cloning of rootstock selections and Prunus spp. cultivars by softwood cuttings. Scientia Horticulturae, 273:e109609.); Minas et al. (2023Minas, I. S. et al. (2023). Peach rootstock development and performance. In G. A. Manganaris., G. Costa., & C. H. Crisosto. Peach. CABI, Series Name: Crop Production Science in Horticulture. (pp. 54-91).)
7	Okinawa	P. persica	Vigorous	Open polinization	IAC (Campinas, Brazil) from Japan	Resistance to M. incognita (except race 3) and M. javanica; tolerant to M. floridensis	Tolerant	Reighard (2002Reighard, G. L. (2002). Current directions of peach rootstock programs worldwide. Acta Horticulturae, 592:421-427.); Mayer et al. (2020Mayer, N. A. et al. (2020). Cloning of rootstock selections and Prunus spp. cultivars by softwood cuttings. Scientia Horticulturae, 273:e109609.)
8	Rigitano	P. mume	Semi-vigorous	Open polinization	UNESP Jaboticabal (Brazil)	Resistance to M. javanica and M. incognita	Unknown	Mayer et al. (2006Mayer, N. A. et al. (2006). Desenvolvimento inicial no campo de pessegueiros ‘Aurora-1’ enxertados em clones de umezeiro e ‘Okinawa’ propagados por estacas herbáceas. Revista Brasileira de Fruticultura, 28(2):231-235. ); Pereira et al. 2007Pereira, F. M. et al. (2007). ‘Rigitano’: nova cultivar de umezeiro para porta-enxerto de pessegueiro. Revista Brasileira de Fruticultura, 29(1):172-175. ; Mathias et al. (2008Mathias, C. et al. (2008). Efeito de porta-enxertos e espaçamentos entre plantas na qualidade de pêssegos ‘Aurora-1’. Revista Brasileira de Fruticultura, 30(1):165-170. ).
9	Barrier	P. persica x P. davidiana	Vigorous	Controlled cross	Italy	Resistant to M. incognita, M. javanica, M. arenaria;	Tolerant	Reighard and Loreti (2008)Reighard, G. L., & Loreti, F. (2008). Rootstock development. In D. R. Layne., & D. Bassi. The peach: Botany, production and uses. Oxfordshire; CABI, (pp. 193-220).
10	BRS-Kampai onw-rooted	P. persica	Vigorous	Controlled cross (Chimarrita x Flordaprince)	Embrapa (Brazil)	Unknow	Tolerant	Raseira et al. (2010Raseira, M. C. B. et al. (2010). Pessegueiro: Cultivar BRS kampai. Revista Brasileira de Fruticultura, 32(4):1275-1278. )
11	G x N.9	P. persica x P. dulcis	Vigorous	Controlled cross	Zaragoza (Spain)	Resistant to M. javanica and M. incognita race 2	Tolerant	Rossi et al. (2002Rossi, C. E. et al. (2002). Resistência de frutíferas de clima subtropical e temperado a Meloidogyne incognita raça 2 e M. javanica. Arquivos do Instituto Biológico, 69(2):43-49.)
12	Clone 15	P. mume	Semi-vigorous	Open polinization	UNESP Jaboticabal (Brazil)	Resistance to M. javanica and M. incognita	Unknown	Mayer et al. (2006Mayer, N. A. et al. (2006). Desenvolvimento inicial no campo de pessegueiros ‘Aurora-1’ enxertados em clones de umezeiro e ‘Okinawa’ propagados por estacas herbáceas. Revista Brasileira de Fruticultura, 28(2):231-235. ); Pereira et al. 2007Pereira, F. M. et al. (2007). ‘Rigitano’: nova cultivar de umezeiro para porta-enxerto de pessegueiro. Revista Brasileira de Fruticultura, 29(1):172-175. ; Mathias et al. (2008Mathias, C. et al. (2008). Efeito de porta-enxertos e espaçamentos entre plantas na qualidade de pêssegos ‘Aurora-1’. Revista Brasileira de Fruticultura, 30(1):165-170. ); Mayer et al. (2020)
13	Ishtara^®	(P. cerasifera x P. salicina) x (P. cerasifera x P. persica)	Semi-vigorous	Controlled cross	INRA (France)	Resistant to M. incognita, M. arenaria, M. hapla, M. hispânica and imune to M. javanica	Moderately tolerant	Reighard and Loreti (2008Reighard, G. L., & Loreti, F. (2008). Rootstock development. In D. R. Layne., & D. Bassi. The peach: Botany, production and uses. Oxfordshire; CABI, (pp. 193-220).); Mayer et al. (2020Mayer, N. A. et al. (2020). Cloning of rootstock selections and Prunus spp. cultivars by softwood cuttings. Scientia Horticulturae, 273:e109609.); Minas et al. (2023Minas, I. S. et al. (2023). Peach rootstock development and performance. In G. A. Manganaris., G. Costa., & C. H. Crisosto. Peach. CABI, Series Name: Crop Production Science in Horticulture. (pp. 54-91).)
14	Nemared	P. persica	Vigorous	F3 seedlings of ‘Nemaguard’ x a red-leaf seedling	USDA (California, USA)	Resistance to M. incógnita (except race 3) and M. javanica	Unknown	Ramming and Tanner (1983Ramming, D. W., & Tanner, O. (1983).‘Nemared’ peach rootstock. HortScience, 18(3):376.); Layne (1987Layne, R. E. C. (1987). Peach rootstocks. In R.C. Rom., & R. F. Carlson (eds.). Rootstocks for fruit crops. Wiley, New York. (pp.185-216). ); Mayer et al. (2020Mayer, N. A. et al. (2020). Cloning of rootstock selections and Prunus spp. cultivars by softwood cuttings. Scientia Horticulturae, 273:e109609.)
15	Santa Rosa	P. salicina	Not informed	Controlled cross (P. salicina x P. simonii x P. Americana)	USA	Unknown	Tolerant	Faust and Surányi (1999Faust, M., & Surányi, D. (1999). Origin and dissemination of plums. In J. Janick. Horticultural reviews, 23. John Wiley & Sons. (pp.179-232). )
16	Capdeboscq	P. persica	Vigorous	Open polinization	Embrapa (Brazil)	Unknown	Tolerant	Finardi (1998Finardi, N. L. (1998). Método de propagação e descrição de porta-enxertos. In C. A. B. Medeiros., & M. C. B. Raseira. A cultura do pessegueiro. Brasília, DF: Embrapa-SPI; Pelotas: Embrapa-CPACT, (pp.100-129).); Mayer et al. (2020Mayer, N. A. et al. (2020). Cloning of rootstock selections and Prunus spp. cultivars by softwood cuttings. Scientia Horticulturae, 273:e109609.)
17	Genovesa	P. salicina	Unknown	Unknown	CPACT, BAG-1, ameixa fila 10	Unknown	Unknown	Sobierajski et al. (2021Sobierajski, G. R. et al. (2021). Vegetative growth, and foliar nutrient contents of peach on different clonal rootstocks. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 56:e02043. ).
18	Tsukuba-2	P. persica	Vigorous	Open polinization	Japan	Resistance to M. incognita race 2 and M. javanica	Tolerant	Reighard (2002Reighard, G. L. (2002). Current directions of peach rootstock programs worldwide. Acta Horticulturae, 592:421-427.); Rossi et al. (2002Rossi, C. E. et al. (2002). Resistência de frutíferas de clima subtropical e temperado a Meloidogyne incognita raça 2 e M. javanica. Arquivos do Instituto Biológico, 69(2):43-49.); Mayer et al. (2020Mayer, N. A. et al. (2020). Cloning of rootstock selections and Prunus spp. cultivars by softwood cuttings. Scientia Horticulturae, 273:e109609.)

Treatment	Rootstocks and ‘BRS-Kampai’ own-rooted	YT	YA	FM	SFD	FFWS	SSC	TA	CV*	YE*
Treatment	Rootstocks and ‘BRS-Kampai’ own-rooted	kg tree^-1	t ha^-1	g	mm	N	°Brix	meq. Malic Ac.	m³	kg m^-3
1	México Fila 1	20.3	14.8	122.2	58.8	83.8	12.0	0.34	4.82	2.38
2	Flordaguard	23.9	17.4	110.0	56.7	79.2	10.9	0.36	5.28	2.44
3	Tsukuba-3	26.1	18.9	110.5	56.1	79.3	10.7	0.34	3.75	3.77
4	I-67-52-4	21.5	15.6	108.2	55.4	77.1	11.5	0.36	3.70	2.96
5	Tsukuba-1	21.1	15.4	112.3	56.8	82.0	11.0	0.37	3.97	2.49
6	Cadaman^®	12.9	9.4	88.1	50.8	76.4	11.6	0.37	3.23	2.80
7	Okinawa	23.4	17.0	112.1	57.4	82.7	11.3	0.34	4.09	2.83
8	Rigitano	15.3	11.1	120.8	60.2	82.3	11.5	0.35	3.47	2.19
9	Barrier	18.5	13.4	107.4	56.9	83.5	10.3	0.38	3.47	3.41
10	BRS-Kampai own-rooted	23.4	17.0	126.6	58.3	82.6	11.5	0.36	5.65	2.18
11	G x N.9	23.4	16.9	113.9	55.8	80.8	11.4	0.35	5.13	2.26
12	Clone 15	18.9	13.7	119.5	57.2	93.1	11.4	0.38	3.78	2.98
13	Ishtara^®	6.1	4.4	71.9	47.3	80.9	12.0	0.36	1.81	2.74
14	Nemared	17.8	12.9	96.4	52.8	78.7	11.3	0.37	4.19	2.22
15	Santa Rosa	9.6	6.9	90.1	52.3	82.6	11.4	0.40	2.74	3.21
16	Capdeboscq	19.2	13.9	119.9	57.6	83.1	11.8	0.36	4.40	1.62
17	Genovesa	8.8	6.4	80.4	49.1	83.3	11.3	0.37	2.34	1.71
18	Tsukuba-2	29.2	21.3	115.9	57.4	81.3	10.7	0.36	3.95	3.03

Mulamba and Mock index					Variables
					YT		YA		FM		FFWS		SFD		SSC		TA
X0					13.8		19.0		107.0		55.4		81.8		11.3		0.4
h2%					78.5		78.5		93.8		85.3		0.0		64.3		39.2
Economic weights per variable (EW)
Scenarios					YT		YA		FM		FFWS		SFD		SSC		TA
EW - Scenario I					1		1		1		1		1		1		1
EW - Scenario II					3		2		2		1		1		1		1
EW - Scenario III					3		1		1		2		2		2		2
Ranking of rootstocks
Scenarios	1°	2°	3°	4°	5°	6°	7°	8°	9°	10°	11°	12°	13°	14°	15°	16°	17°	18°
Scenario I	1	10	7	16	8	18	3	11	12	5	2	4	9	13	14	15	6	17
Scenario II	18	7	10	1	3	11	16	2	8	5	12	4	9	14	6	15	13	17
Scenario III	1	7	10	16	18	8	3	11	12	2	5	4	9	13	14	15	6	17