Apresentação
A aquarela do pintor Paul Klee intitulada Angelus Novus, a qual inspirou a obra de Walter Benjamin, representa um anjo que parece afastar-se de algo que olha fixamente. É um rosto voltado para o passado onde ele enxerga os escombros de uma catástrofe. Uma forte tempestade impede que suas asas se fechem e o anjo acaba sendo impelido em direção ao futuro.
Se pudessem, diz Benjamin, os historiadores, assim como o anjo, contemplariam por mais tempo as ruínas, fazendo justiça à história dos oprimidos e criariam uma "outra memória". Mas ao serem empurrados para a frente, pelos ventos do progresso, abandonam as ruínas da história que continuam se amontoando sobre os escombros.
Essas metáforas me ajudam a apresentar os autores presentes nessa discussão sobre a violência na escola.
Como o anjo de Klee, eles irão demorar, um pouco mais, diante das ruínas de um mundo que o progresso, nas mãos dos vencedores, sempre finge contemplar a escola.
Cada texto apresentar-se-á como uma tentativa de reunir os "cacos" para tornar possível uma nova construção que dê aos conflitos uma visibilidade que ainda não temos. Convidamos o leitor a participar dessa (re)criação, interpretando os textos nas suas linhas e entrelinhas, produzindo interpretações que destruam imagens preconcebidas que nos impedem de ver os diferentes futuros que o passado e o presente comportam.
Então, com vocês, Na mira da violência e no seu rastro "A violência escolar e a crise da autoridade docente", "O poder de fogo da relação educativa na mira de novos e velhos prometeus", "A violência no imaginário dos agentes educativos", "Violência, insegurança e imaginário do medo", "Tentando compreender Prometeu e Dionísio na mira da violência", "Formas contemporâneas de negociação com a depredação", e "O cinema e a escola: Formas imagéticas da violência".
Áurea M. Guimarães
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
30 Maio 2000 -
Data do Fascículo
Dez 1998