Necessidades de familiares de pacientes em terapia intensiva e sua percepção da comunicação médica

Cezar, Augusto Garcia de; Castanhel, Flávia Del; Grosseman, Suely

doi:10.5935/2965-2774.20230374-pt

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Sumário

ARTIGO ORIGINAL • Crit. Care Sci. 35 (1) • 2023 • https://doi.org/10.5935/2965-2774.20230374-pt copiar

Necessidades de familiares de pacientes em terapia intensiva e sua percepção da comunicação médica

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

RESUMO

Objetivo:

Compreender a percepção da comunicação médica e das necessidades de familiares com entes queridos em terapia intensiva.

Métodos:

O estudo foi principalmente qualitativo e exploratório, com análise temática dos comentários feitos por 92 familiares com entes queridos em unidades de terapia intensiva ao responderem entrevistas presenciais, incluindo o Quality of Communication Questionnaire e perguntas abertas sobre sua necessidade de mais ajuda, a adequação do local onde recebiam informações e outros comentários.

Resultados:

A média de idade dos participantes foi 46,8 anos (desviopadrão de 11,8), e a maioria deles era do sexo feminino, casada e tinha educação fundamental incompleta ou completa. Foram encontrados os seguintes temas: percepção das características da comunicação médica; sentimentos gerados pela comunicação; considerações sobre questões específicas do Quality of Communication Questionnaire; necessidades dos familiares; e estratégias para suprir as necessidades relativas à comunicação. As características que facilitaram a comunicação incluíram atenção e escuta. As características que dificultaram a comunicação incluíram aspectos de compartilhamento de informações, como linguagem inacessível; falta de clareza, objetividade, sinceridade e concordância entre a equipe; tempo limitado e localização inadequada. Sentimentos como vergonha, impotência e tristeza foram citados quando a comunicação era inadequada. As necessidades dos familiares relacionadas à comunicação incluíam mais detalhes do diagnóstico, do prognóstico e da condição de saúde do ente querido; participação na tomada de decisões e ser questionado sobre sentimentos, espiritualidade, morrer e morte. Outros estavam relacionados às visitas mais longas, ao apoio psicológico, à assistência social e à melhor infraestrutura.

Conclusão:

É necessário otimizar a comunicação médica e a infraestrutura hospitalar para melhorar a qualidade da assistência a familiares.

Descritores:
Comunicação; Família; Estado terminal; Relações profissionalfamília; Unidades de terapia intensiva; Inquéritos e questionários

Versão brasileira do QoC para familiares	Tradução reversa da versão brasileira do QoC para familiares
Gostaríamos de saber, o mais detalhadamente possível, o quanto o(a) médico(a) que cuida dos problemas de saúde de seu(ua) ente querido(a) é bom(a) em falar com o(a) senhor(a) sobre a doença dele(a) e os tipos de cuidados que ele(a) gostaria de receber se ficasse pior ou doente demais para responder por si mesmo(a). Sabemos que muitas pessoas têm grande admiração por seus(uas) médico(a)s. Para nos ajudar a melhorar a comunicação entre médico(a)s e familiares, por favor, seja crítico(a).	We would like to know, in as much detail as possible, how good the doctor taking care of your loved one health problems is good in talking with you about his or her illness and the types of care he or she would want if he or she became sicker or too sick to speak for himself/herself We know that many people think very highly of their doctors. To help us improve communication between doctors and family members, please be critical
Enunciado: Ao falar com o(a) médico(a) sobre questões importantes, como seu(ua) ente querido(a) ficar muito doente, o quanto ele(a) é bom/boa em:	Enunciate: When talking with Doctor important issues, such as your loved one becoming very ill, how good he or she is in:
1. Usar palavras que o(a) senhor(a) consiga compreender.	1. Using words that you can understand.
2. Olhar em seus olhos.	2. Looking you in your eyes.
3. Responder a todas as dúvidas sobre a doença de seu(ua) ente querido(a).	3. Answering all questions about the illness of your loved one.
4. Ouvir o que o(a) senhor(a) tem a dizer.	4. Listening to what you have to say.
5. Preocupar-se com o(a) senhor (a) como pessoa.	5. Caring about you as a person.
6. Dar atenção plena ao(à) senhor(a).	6. Giving you full attention.
7. Falar sobre seus sentimentos se acaso seu(ua) ente querido(a) piorar.	7. Talking about your feelings if your loved one gets sicker.
8. Dar detalhes sobre a condição de seu(ua) ente querido(a), se acaso ele(a) vier a piorar.	8. Giving details about your loved one’s condition if he or she gets sicker.
9. Falar sobre quanto tempo seu(ua) ente querido(a) tem de vida.	9. Talking about how long your loved one might have to live.
10. Falar sobre como o morrer poderia ser.	10. Talking about how dying might be.
11. Envolver o(a) senhor(a) nas discussões do tratamento para o cuidado de seu(ua) ente querido(a).	11. Involving you in discussions about the treatment of your loved one.
12. Perguntar sobre coisas importantes da vida de seu(ua) ente quehdo(a).	12. Asking about important things in life of your loved one.
13. Perguntar sobre suas crenças espirituais ou religiosas.	13. Asking you about spiritual and religious beliefs.

Características	n (%)^* * A porcentagem total é de 102% devido aos arredondamentos para uma casa decimal.
Sexo
Feminino	64 (69,6)
Masculino	28 (30,4)
Escolaridade
Ensino Fundamental incompleto	23 (25,0)
Ensino Fundamental completo	27 (29,3)
Ensino Médio incompleto	9 (9,8)
Ensino Médio completo	16(17,4)
Ensino Superior incompleto	11 (12,0)
Ensino Superior completo	6 (6,5)
Estado civil
Casado	55 (59,8)
Divorciado	1 (1,1)
União civil	24 (26,1)
Viúvo	4 (4,3)
Solteiro	8 (8,7)
Parentesco com o paciente
Filho(a)	32 (34,8)
Cônjuge	26 (28,3)
lrmã(o)	18 (19,6)
Progenitor(a)	9 (9,8)
Cunhado(a)	2 (2,2)
Primo(a)	2 (2,2)
Tio(a)	2 (2,2)
Genro/nora	1 (1,1)

Causa da hospitalização do ente querido	n (%)
Cardiovascular (25; 27,18%)
Aneurisma da aorta abdominal	2(2,17)
Cirurgia coronária não definida, cirurgia de revascularização miocárdica ou angioplastia	7(7,61)
Tromboembolismo pulmonar	3 (3,26)
Insuficiência cardíaca congestiva	1 (1,09)
Cateterização	5 (5,43)
Implante ou substituição de válvula aórtica	4 (4,35)
Enfarte agudo do miocárdio	1 (1,09)
Ressecção de tumor intracardíaco	1 (1,09)
Problemas cardíacos sem causa específica	1 (1,09)
Respiratório ou torácico não cardiovascular (18; 19,55%)
Pneumonia	9 (9,78)
Biópsia ou ressecção pulmonar	2(2,17)
Influenza tipo A	1 (1,09)
Asma	2(2,17)
Insuficiência respiratória	2(2,17)
Doença pulmonar obstrutiva crônica	2(2,17)
Gastrintestinal/abdominal (6; 6,53%)
Ulcera péptica	1 (1,09)
Enterectomia parcial	1 (1,09)
Cirrose	1 (1,09)
Hemorragia intestinal	1 (1,09)
Câncer de intestino	2(2,17)
Neurológica (9; 9,78%)
Hemorragia subaracnoidea	3 (3,26)
Acidente vascular cerebral	2(2,17)
Traumatismo craniencefálico	4 (4,35)
Renal (3; 3,26%)
Doença renal crónica	2(2,17)
Nefrectomia	1 (1,09)
Outras causas (31; 33,70%)
Sepse	16 (17,39)
Linfoma	1 (1,09)
Leptospirose	1 (1,09)
Intoxicação exógena	3 (3,26)
Politraumatismo	3 (3,26)
Transplante de medula óssea	2 (2,17)
Causa pós-cirúrgica não definida	2 (2,17)
Infecção pelo vírus Zika	1 (1,09)
Lúpus eritematoso sistêmico	1 (1,09)
Cetoacidose diabética	1 (1,09)
Total	92 (100,0)

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[1] Autor correspondente: Suely Grosseman, Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas, Universidade Federal de Santa Catarina, Hospital Universitário Polydoro Ernani de São, Thiago Campus Universitário, Rua Professora Maria Flora Pausewang, s/n – Trindade, CEP: 88036-800 - Florianópolis (SC), Brasil, E-mail: sgrosseman@gmail.com